Pedra sobre Pedra, foi a novela do
autor Aguinaldo Silva seguinte ao sucesso arrebatador de Tieta (1989).
Era impossível imaginar um novelão regional que conseguisse chegar ao mesmo
patamar da trama baseada no romance de Jorge
Amado, mas Aguinaldo provou que isso
era possível e fez de Pedra sobre Pedra outro
sucesso. Aliás, todas as outras novelas ditas regionais e com realismo fantástico
do autor foram marcadas pelo sucesso (Fera Ferida/1993, A Indomada/1997 e Porto dos Milagres/2001).
A Novela foi uma
co-produção da Globo com a emissora portuguesa RTP que financiou 20% da
trama e até exigiu a inserção de dois atores do casting português na trama. Pedra sobre Pedra
reestreia no Canal Viva a partir do
dia 25.01 no horário das 14:30h. A novela fez 23 anos neste último dia 06 de janeiro e
matar as saudades de personagens como Pillar Batista, Candido Alegria, Murilo
Pontes e cia vai ser um delicioso prazer.
Aguinaldo Silva conseguiu prender o telespectador sem
cansa-los durante toda a trama usando de
situações inimagináveis que iam de um
personagem que era sugado pela lua até um conquistador que mesmo depois de morto conseguia seduzir as
mulheres de toda a cidade.
Pedra sobre Pedra se passava na pequena cidade de Resplendor, localizada no sertão nordestino, era o palco das disputas políticas entre os Pontes e os Batista. Murilo Pontes ia se casar
com a jovem Pilar Farias, por quem Jerônimo, o herdeiro dos Batista, também era apaixonado. No dia do casamento de Murilo e Pilar, a noiva diz não em pleno altar, por desconfiar de que o rapaz fosse o pai da criança que Eliane, sua melhor amiga, estava esperando. Desejando vingança, Pilar se casa com Jerônimo, inimigo de Murilo, enquanto este se casa com Hilda, uma jovem
que sempre o amara. Dessa união nasce Leonardo, e Murilo vai seguir carreira política em Brasília, enquanto Pilar tem uma filha, Marina, e fica viúva. A filha de Eliane nasce, mas a mãe morre no parto e Pilar assume a educação da menina, dando-lhe o nome da mãe, Eliane.
Vinte e
cinco anos se passam, Murilo (Lima Duarte) está de volta a Resplendor e
reencontra Pilar (Renata Sorrah) querendo fazer de sua filha, Marina (Adriana
Esteves), a prefeita da cidade, destino que ele reservara para seu filho, Leonardo(Maurício Mattar). Mas os dois não contam que seus filhos, ao se conhecerem, se
apaixonam e têm que esconder esse amor por causa da rivalidade entre seus pais, rivalidade essa
que oculta um amor mal resolvido.
No elenco vários
foram os destaques, com atores que pontuaram suas carreiras com brilhantes
atuações : Eloisa Mafalda
(Gioconda); Renata Sorrah (Pillar); Eva Wilma (Hilda Pontes); Lima Duarte (Murilo Pontes), Arlete Salles (Delegada Francisquinha);
Andrea
Beltrão (Úrsula) e Carla Marins
na pele da vilã Eliane.
Adicionar legenda |
Armando Bógus se despediu em alto estilo. O Candido Alegria
foi seu último personagem na tv, o ator morrera em 1993. Mesmo debilitado pela
doença e sendo poupado por Aguinaldo
Silva, o ator exigiu mais espaço na trama e o personagem fechou com chave de ouro o
currículo desse grande ator. O Final do vilão foi mais uma das cenas de
realismo fantástico de Pedra sobre Pedra.
Depois de ter suas falcatruas e vilanias descobertas, Candido se transforma em uma estátua de pedra
que depois de desfaz em argila.
O Realismo
fantástico, um dos grandes charmes das tramas do Aguinaldo, não faltou em Pedra sobre Pedra.
E tinha para todos os gostos. Jorge Tadeu , personagem do Fábio Jr , morria logo nas primeiras semanas da trama assassinado,
supostamente por um dos maridos traídos por sua esposa com o retratista. Depois
da sua morte, em plena praça de
Resplendor uma árvore brota do chão e exala por toda a cidade o cheiro de uma
flor que as mulheres deram o nome da “Flor de Jorge Tadeu”. A Mulher que comia
a flor via o retratista e ganhava uma
noite de amor com ele. A Situação
rendeu boas cenas e várias situações à trama. Osmar Prado , viveu na trama o comerciante Sérgio Cabeleira. O
personagem tinha um segredo, e em noites de lua cheia tinha que ser trancado em
uma grade. O Motivo : É que em noites de lua cheia ele era sugado pelo poder da lua, e se não
ficasse bem preso ao chão não retornaria. Inesquecível a cena em que Tãnia Alves, que fazia sua irmã, junto
com Dona Hilda (Eva Wilma) seguram uma corda com o personagem sendo “abduzido” pela Lua. Sobre o realismo
fantástico ainda, não posso esquecer a Dona Quirina, vivida pela saudosa Míriam Pires, uma mulher com 120 anos e memória intacta.
Um núcleo
interessante de Pedra sobre Pedra
foi o grupo dos ciganos da novela. Mesmo sem se aprofundar na cultura cigana, a
novela mostrava costumes e danças que
davam um charme à trama. Nesse núcleo destaque para Luiza Tomé e Humberto Martins que defenderam muito bem seus personagens.
Eduardo Moscovis estreou nesta
novela vivendo o cigano Tibor.
Pedra sobre Pedra tocou em assuntos
como o racismo, quando Padre Otoniel (Antônio
Pompeo) assume a igreja de Resplonder e ascende a fúria da beata Gioconda, que
não aceita ser guiada religiosamente por um padre negro; o homossexualismo foi tratado através da paixão platônica de Adamastor
(Pedro Paulo Rangel) por Carlão Batista (Paulo Betti).
Uma
passagem da trama, a encenação do autor de Nossa Senhora da Luz, foi um dos
momentos mais emocionantes da novela. Exibida inteira em um capítulo
a encenação foi uma espécie de quadro
dentro da novela. A Gravação envolveu mais de 700 pessoas.
Na
capítulo 30 , a novela apresentou o assassinato de Jorge Tadeu, personagem do Fábio Jr. Em uma das cenas mais
emblemáticas de Pedra
sobre Pedra, o retratista foi encontrado morto rodeado de
borboletas. O “Quem matou Jorge Tadeu?” perdurou pela trama inteira e só no
último capítulo foi revelada a identidade do assassino: Gioconda, que mata o
fotógrafo para se vingar da relação com sua filha Úrsula.
A Trilha
sonora de Pedra sobre Pedra pipocou
nas rádios do Brasil com os sucessos: “Entre
a Serpente e Estrela” do Zé Ramalho;
“O Homem que Amei” da Fafá de Belém; “Cabecinha no Ombro” do Fagner
e Roberta Miranda; “Madana Moraha
Murari” do Homem de Bem , “Brincar
de Ser Feliz” do Chitãozinho e
Xororó e “Pedras que Cantam”
tema de abertura na voz do Fagner.
Pedra sobre Pedra foi um grande novelão e nos deixa com saudades do Aguinaldo Silva escrevendo clássicas
novelas regionais.
Ficha Técnica:
Novela do Autor Aguinaldo
Silva
Direção Geral : Paulo
Ubiratan
Elenco:
Lima Duarte,
Renata Sorrah, Adriana Esteves, Maurício Mattar, Armando Bógus, Eva Wilma,
Eloisa Mafalda, Fábio Jr, Andrea Beltrão, Arlete Salles, Paulo Betti, Carla
Marins, Luisa Tomé, Humberto Martins, Pedro Paulo Rangel, Elizangela, Tãnia Alves,
Marco Nanini, Carlos Daniel, Susana Borges, Osmar Prado, Cécil Thiré, Nivea
Maria , Isadora Ribeira, Miriam Pires, Nelson Xavier, Lilia Cabral, Paula
Burlamaqui, Raimundo de Sousa, Eduardo Moscovis, Selton Mello, Maria Mariana,
Jackson Costa, Teresa Sseiblitz, Ilva Nino, João Carlos Barroso, Rosane
Gofmann, Daniela Faria, Cláudia Scher, Felipe Camargo, Buza Ferraz, Geraldo Del
Rey entre outros.
Exibição : 06 de
Janeiro a 31 de Julho de 1992
Capítulos : 178
Fonte
:
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : memóriaglobo.com, teledramaturgia.com.br
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