Vale Tudo, o remake
do clássico do Gilberto Braga, reescrito pela ManuelaDias, está chegando em sua reta
final e , entre críticas e
aplausos, a nova trama começou com o “copia e cola” da primeira versão
e por volta da sua metade, a autora resolveu fazer mudanças na história e
consequentemente no perfil e rumo de
alguns personagens.
Isso acabou descaracterizando personagens já imortalizados em nossa memória afetiva e causando uma avalanche de criticas a autora, inclusive dos
próprios intérpretes.
Nem
todo personagem de uma novela consegue cair no gosto do público ou marcar a
trama de forma duradoura. Em Vale Tudo de 1988, clássico absoluto da teledramaturgia
brasileira, muitos nomes ficaram eternizados — como Maria de Fátima (GlóriaPires), Raquel (Regina Duarte) , Odete Roitman(Beatriz Segall) e Marco Aurélio (Reginaldo Faria). Com o remake que está no
ar, é interessante relembrar essas figuras que, apesar de fazerem parte da
história, tiveram um papel mais “discreto” digamos assim, passando praticamente em branco em alguns entrechos da trama
ou ganhado novos entrechos tão incoerentes que
ficou chato de acompanhar.
Raquel
- Tais Araujo
Longe de mim aqui falar do trabalho da Tais Araújo ,
que claro foi impecável, acho que o
grande problema desse sumiço da
personagem Raquel, a real protagonista, pelo menos da primeira versão da trama, escrita pelo Gilberto
Braga, praticamente da metade da trama em diante foi muito prejudicial para
o sucesso do remake.
Se foi intencional ou não, o fato é que a partir do momento
em que a Raquel voltou a vender sanduiches na praia e a Tais Araújo manifestou publicamente sua insatisfação com esse arco dramático - Manuela Dias apagou a personagem dos principais
acontecimentos da novela, deixando a Raquel numa posição
de coadjuvante de segundo
escalão. Só pra se ter um exemplo, a responsável por desmascarar
a Odete (Beatriz Segall) na versão de 1988 foi a Raquel (Regina Duarte),
e no remake ficou ao cargo da Heleninha
(Paolla Oliveira).
Raquel sendo menos protagonista do que prometido / esperado,
sofrendo retrocessos dramáticos que para muitos não decorrem de uma necessidade
narrativa foi muito prejudicial a Vale Tudo, perdemos todos.
Ivan – Renato Góes
Seguindo o rastro da
Raquel, o Ivan vivido pelo RenatoGoés, foi outro que praticamente
perdeu o valor da metade da trama em diante. Diferente da primeira versão em que o Ivan só era preso no final trama, nesta
versão ele já foi preso, graças uma tramoia
da Odete (Deborah Bloch) , que o
fez ser acusado por corrupção ativa. Foi solto depois de pagar fiança e, constituiu uma agência de viagens. Mas sem
graça que isso impossível! Pra não ficar tão nítido que, ele fora “esquecido” dentro do remake, participou daquela sequência
pastelão em que junto Raquel (Tais Araujo) e Poliana (Matheus Nachtergaelle) salvam a Maria de Fátima (Bella Campos)
da tentativa de assassinato armada pela Odete.
Heleninha – Paolla Oliveira
Outra personagem icônica
de Vale
Tudo é a Heleninha Roitmann
imortalizada na primeira versão por uma interpretação única
da Renata Sorrah. Eu nunca
esperei o mesmo impacto, mas é fato que
a Paolla Oliveira poderia
ter dado muito mais para essa versão.
A Atriz acabou limitada pelo roteiro, fazendo com que a
Heleninha parecesse “rasa” ou previsível, sem os dilemas ou conflitos que
marcaram outros personagens da trama.
Assim comparada à versão original, a atuação de Paolla não
conseguiu criar uma identidade marcante para a Heleninha, o que desapontou
muito.
Paolla Oliveira entregou uma Heleninha elegante e
tecnicamente correta, mas limitada por esse roteiro e pela pouca relevância da personagem
no enredo.
César – Cauã Reymond
O César do Cauã Reymond fez mais sucesso fora do que dentro do
remake. As polêmicas em torno da suposta briga entre ele e Bella Campos
renderam muitos likes a Vale Tudo.
O personagem acabou
sofrendo uma espécie de apagamento narrativo no início da trama. Diferente da
versão original de 1988, em que Carlos Alberto Ricelli tinha um César
mais ativo, envolvido em conflitos centrais e com forte presença em várias
linhas da história, o César do remake parecia secundário em muitas cenas-chave, voltando a ter mais força
nesta reta final depois do enlace
com Odete Roitmann. A Química entre
ele é Déborah Bloch foi sem
dúvidas crucial para esse destaque. O que ele não teve com a Bella Campos pegou fogo
com a Déborah.
Solange e Afonso - Alice Weigmann e Humberto Carrão
Acho que esses foram os mais prejudicados do remake. Meu Deus
como a Manuela Dias conseguiu transformar um casal ícone da primeira
versão que, ganharam até a capa da disco
internacional, em um casal tão sem química e desinteressante.
Os personagens acabaram ganhando uma dinâmica considerada
“mais irritante” ou “cansativa” pelo público, especialmente quando comparada à
versão original de 1988. Na versão clássica, Solange e Afonso (interpretados pela
Lídia Brondi e Cássio Gabus Mendes) tinham uma química mais leve, com momentos
dramáticos, o que tornava o casal crível e simpático, tanto que entraram
para o hall dos grandes casais da nossa
teledramaturgia.
No remake os personagens foram reduzidos a personagens estereotipados
sem o menor sentido. A Solange de ícone fashion não teve nada e o Afonso, de triatleta a um
personagens ancolôgico, foi do 8 ao 80 em questões de segundos.
Sem um arco dramático
considerado forte, eles foram se apagando até praticamente não surtirem mais nenhum efeito dentro da
trama.
Lais e Cecília – Lorena Lima e Mavie Jinkings
Apesar das intenções de modernizar a abordagem do casal, o desenvolvimento de Cecília e Laís no remake
não atingiu o impacto esperado. A trama careceu de profundidade e relevância
social, especialmente considerando o contexto atual de maior aceitação das
relações homoafetivas. Além disso, a falta de cenas mais afetivas e a abordagem
limitada da adoção como tema central são vistas como falhas na representação do
casal. Lorena Lima e Mavie Jinkings
foram totalmente desperdiçadas no
remake.
Depois de passarem
quase a trama inteira esquecidas, nesta reta final foi criado um pai
falso para a filha adotiva delas,
que resolveu chantageá-las para deixar a
menina sendo criada por elas. Uma trama
que não
acrescentou em nada na história
delas, muito menos na de Vale Tudo.
Renato / João Vicente de Castro
Antes de tudo temos
que perguntar que é o Renato? O personagem
é tão sem função que a gente até esquece que ele está
na trama. Não teve química com nenhum dos seus pares românticos.
O desempenho morno de João Vicente de Castro no papel de Renato
Roitman, personagem originalmente interpretado por Adriano Reys em 1988,
foi um dos fatores principais para esse apagamento do personagem
no ar.
Embora o ator tenha se destacado em produções anteriores por
seu carisma e presença cômica, João Vicente não conseguiu imprimir a densidade
dramática necessária a Renato — um personagem complexo, dividido entre ambição,
charme e dilemas éticos. Sua atuação foi vista como excessivamente contida e
sem força emocional, o que acabou prejudicando o impacto de suas cenas.
Poliana / Matheus Nachtergaelle
Matheus Nachtergaele oferece uma performance notável
como Poliana, trazendo uma nova dimensão ao personagem e abordando temas
contemporâneos com sensibilidade. Sua atuação é um dos pontos altos do remake
de Vale Tudo, sendo amplamente
reconhecida por sua profundidade e humanidade, porém o personagem foi muito mal utilizado dentro da trama. Mesmo na versão original, o Poliana (Pedro Paulo Rangel) era sim uma espécie de orelha da Raquel (Regina Duarte), porém
o personagem tinha vida cênica
e destaque.
Uma das inovações significativas do remake é a abordagem da
assexualidade de Poliana. No enredo, ele revela publicamente sua orientação
sexual, um tema não abordado na versão original de 1988. Essa mudança foi
introduzida pela autora Manuela Dias mas de uma forma tão rasa que, nem
isso salvou o personagem.
Thiago - Pedro Waddington
Pedro Waddington estreou em Vale Tudo vivendo o Thiago
Roitmann, filho da atriz Helena Ranaldi e do diretor Ricardo
Waddington. O ator prometia ser uma revelação mas, a inexperiência e a falta
de espaço dentro do remake fez com que essa estreia não fosse tão feliz assim, O Ritmo
de Vale Tudo não permitiu aprofundar o personagem que sumiu
em momentos chaves da trama como se literalmente tivesse sido esquecido
que ele era filho da Heleninha (Paolla Oliveira).
Lucimar e Vasco - Ingrid Gaigher e Thiago Martins
Lucimar e Vasco se destacam como o alívio cômico e emocional
da trama. Lucimar surge como batalhadora, firme e sensível, trazendo humanidade
às suas escolhas e mostrando vulnerabilidades que aproximam o público. Vasco,
com seu jeito carismático e descontraído, equilibra a tensão com momentos leves
e engraçados, mas sem perder a profundidade quando a história exige.
Essa trama trouxe à tona conflitos reais e cotidianos,
mostrando que, mesmo em meio a grandes dramas e intrigas, questões pessoais
como a pensão podem gerar atritos e dilemas morais. O público acompanhou tanto
os momentos de frustração quanto de entendimento entre os dois, tornando a
história mais humana e próxima da realidade.
A
química entre os dois gera cenas de cumplicidade, amizade e pequenos conflitos
que tornam a relação verossímil, uma tenha sido tão
mal aproveitados nesta reta
final.
Veja Também:
Personagens de Destaque no remake de Vale Tudo
A Coraçao de Déborah Bloch como Odete Roitamnn
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Meus Personagens Favoritos da Tais Araujo |
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Meus Personagens Favoritos da Beatriz Segall |
Déborah Bloch |
Alexandre Nero |
Carolina Dieckmann |
Paolla Oliveira |
Caua Reymond |
Renato Goes |
Humberto Carrao |
Malu Galli |
Alice Weigmann |
![]() |
Vale Tudo - Uma novela icônica e atemporal |
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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