Comédia romântica que marcou a TV no início dos anos 1970 - Última novela de Vicente Sesso na Globo
Comédia romântica que marcou a TV no início dos anos 1970,
Uma Rosa com Amor foi a última novela de Vicente Sesso na Globo.
O autor vinha de dois grandes êxitos às
sete da noite: Pigmalião 70 e Minha DoceNamorada.
Em Uma Rosa com Amor o parzinho
romântico jovem de então dava lugar a um tipo de amor mais maduro e cômico – os
saudosos Marília Pêra e Paulo Goulart
-, afastando-se assim dos belos e jovens atores vivendo romances
água-com-açúcar já conhecidos.
A história gira em torno de Serafina Rosa Petrone
(interpretada por Marília Pêra), uma moça humilde, sonhadora e romântica
que trabalha como secretária em uma empresa e vive apaixonada pelo patrão, o
charmoso Claude Antoine Geraldi (papel de Paulo Goulart), um empresário
francês radicado no Brasil.
Claude,
por sua vez, enfrenta problemas com sua documentação de permanência no país e,
para resolver sua situação, precisa se casar com uma brasileira. Serafina acaba
se tornando a noiva “de conveniência” nesse arranjo — o que dá início a uma
série de situações divertidas, mal-entendidos e momentos de ternura. Aos
poucos, o casamento por interesse se transforma em amor verdadeiro.
A
trama mistura comédia romântica, crítica social leve e drama emocional,
explorando temas como o preconceito de classe, os sonhos das mulheres de origem
humilde e a esperança no amor. Era uma novela otimista e bem brasileira, que
combinava romance com um humor ingênuo, típico da época.
VicenteSesso inspirou-se fortemente no cinema ao criar sua
trama. O nome da protagonista, Serafina Rosa, foi uma homenagem a
Serafina Delle Rose, personagem interpretada por Anna Magnani no filme A Rosa Tatuada (1955),
adaptação da peça de Tennessee Williams. Apesar da referência, as duas
personagens não guardam semelhanças entre si.
Já
a cena em que Serafina Rosa encontra consolo e esperança nas marionetes do
titereiro Pimpinoni (Grande Otelo) tem outra origem cinematográfica: o
filme Lili
(1953), em que Leslie Caron vive uma jovem que também busca
conforto no mundo dos fantoches.
Entre
os diversos encantos da produção, destacou-se a atuação sensível de Grande
Otelo no papel do velho Pimpinoni — um contador de histórias que, por meio
de suas marionetes, dava vida à poesia do cotidiano. Atendendo a uma exigência
da direção da Globo, o personagem ganhou um marcante sotaque italiano.
Outro
ponto de destaque foi a brilhante performance de Marília Pêra como a
protagonista Serafina Rosa, uma
personagem carismática e cheia de graça.
A
novela assinalou o retorno de Yoná Magalhães à TV Globo após um
período afastada da emissora. Após a saída de Glória Magadan, em 1969, tanto a
atriz quanto a escritora foram contratadas pela TV Tupi, onde Yoná
participou da novela Simplesmente Maria.
Para
romper com a imagem das heroínas tradicionais que havia interpretado nas
novelas de capa e espada de Magadan durante os anos 1960, Yoná surgiu de peruca
loira em Uma Rosa com Amor, assumindo
uma das raras vilãs de sua carreira. Yoná reclamou da
caracterização da personagem na época. Em entrevista à revista Contigo
(n° 117), a atriz queixou-se que a personagem era vulgar demais, o que deixava
a trama pouco crível, uma vez que o protagonista Claude (Paulo Goulart) era
obrigado a trocar a mulher rica e bela – Nara – pela feia e pobre Serafina Rosa
(Marília Pêra).
Uma Rosa com Amor marcou
a estreia na televisão das atrizes Jacqueline Laurence e Márcia Couto.
Foi a primeira novela da atriz Dinorah Marzullo, mãe de Marília Pêra,
contracenando com a filha. Primeira novela na Globo da atriz Lélia
Abramo. Único trabalho na emissora da atriz Eleonor Bruno, mãe de NicetteBruno, contracenando com seu genro Paulo Goulart.
Em
razão de sua performance na novela, Lélia Abramo recebeu o prêmio de
melhor atriz de 1973 da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte),
compartilhando a honraria com Eva Wilma, que brilhou em Mulheres de Areia, exibida pela TV Tupi.
A
vinheta de abertura da novela, criada pelo designer e cenógrafo Cyro del
Nero — responsável na época pelas aberturas dos programas da TV Globo,
antes da era Hans Donner — tornou-se bastante emblemática, mesmo que
hoje possa parecer simples. A sequência mostrava uma animação 2D minimalista em
que uma marionete plantava uma rosa e, após seu crescimento, a oferecia à
amada, fazendo referência às marionetes do personagem Pimpinoni, interpretado
por Grande Otelo.
Uma
curiosidade sobre o tema de abertura da novela (composto por Antônio Carlos,
Jocafi e Tavares e interpretado pela dupla Kris e Cristina): um
trecho da música dizia “É um saco sem tamanho nesse pega pra capar…” . A Censura Federal implicou com a expressão “pega pra capar” e
a música foi regravada com a seguinte versão: “É um saco sem tamanho
nesse velho bafafá…”. Entretanto, o tema original já havia sido lançado comercialmente, no LP da
novela.
Em
2010, o SBT comprou os direitos da obra de Vicente Sesso e
produziu uma adaptação de Uma Rosa com Amor,
escrita por Tiago Santiago, com Carla Marins e Cláudio Lins
vivendo o casal Serafina Rosa e Claude.
Seguindo
o costume da época, Uma Rosa com Amor começou a ser reprisada no início da tarde mesmo
enquanto a exibição original ainda ia ao ar às 19 horas, já tendo ultrapassado
a metade da trama, entre 21 de março e 14 de dezembro de 1973.
A
novela ganhou uma nova exibição de 7 de abril a 28 de novembro de 1980, durante
as manhãs, dentro do programa TV Mulher. Como a programação nacional
ainda não era unificada, essa reprise não foi transmitida para todo o Brasil.
Em
28 de outubro de 2024, Uma Rosa com Amor passou a estar disponível na Globoplay, na
seção Projeto Fragmentos, com seis capítulos preservados nos arquivos da
Globo: o 1º, o 2º, o 110º, o 111º, o penúltimo (219º) e o último (220º).
Uma Rosa com Amor conquistou o público na
década de 1970, tornando-se um grande sucesso da Globo, com destaque
para a química entre os protagonistas e seu toque de humor romântico. A trama
recebeu elogios por sua leveza e criatividade, e apesar dos
clichês típicos das novelas da época, permanece marcada na memória dos
telespectadores como uma história envolvente e encantadora.
Ficha
Técnica:
Novela
do Autor Vicente Sesso
Direção
: Wálter Campos
Elenco:
MARÍLIA
PÊRA – Serafina Rosa Petrone (Fina)
PAULO GOULART – Claude Antoine Geraldy
YONÁ MAGALHÃES – Nara Paranhos de Vasconcellos
FELIPE CARONE – Giovanni Petrone
LÉLIA ABRAMO – Amália Petrone
GRANDE OTELO – Pimpinoni
LEONARDO VILLAR – Frazão
TÔNIA CARRERO – Roberta Vermont
MARCOS PAULO – Sérgio
ÊNIO SANTOS – Egídio Paranhos / Olegário
GILBERTO MARTINHO – Carlos de Vasconcellos
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Milton
NÍVEA MARIA – Terezinha
ROBERTO PIRILO – Beto (Roberto Paranhos de Vasconcellos)
VANDA LACERDA – Joana
ARY FONTOURA – Afrânio
HENRIQUETA BRIEBA – Pepa
SELMA LOPES – Antonieta
ELEONOR BRUNO – Catarina
FERNANDO VILLAR – Oscar
HELOÍSA HELENA – Genoveva
JACYRA SILVA – Alabá
BETH BARCELLOS – Beth (Elizabeth Paranhos de Vasconcellos)
TAMARA TAXMAN – Ercy
MONAH DELACY – Rosa Batateira
NELSON CARUSO – Antoninho
MÁRCIA COUTO – Cleide
MARCELO BARAÚNA – Monteiro
JORGE CHERQUES – Hugo Lombardi
JORGE CHAIA – Freitas
MÍRIAN MÜLLER – Janete
PAULO GAMA – Haddad
DINORAH MARZULLO – Carmem
CLÉA SIMÕES – Elisa
HERIVELTO MARTINS FILHO – Dino
JUJÚ PIMENTA – Colibri
e
ADEMIR ROCHA – Julinho (pretendente de Serafina)
ANA MARIA JENSEN – Ninica (amiga de Roberta)
ANTÔNIO ANDRADE – Osvaldo
ANTÔNIO VICTOR – pescador
ARMANDO RIGGO – Gurgel (funcionário do escritório de Claude)
AURIMAR ROCHA – Mr. Darley Smith (empresário americano de negócios com Claude)
FAUSTO FAMMA – secretário
FERNANDA SIMÕES – Maria (faxineira no escritório de Claude)
FERNANDO RESKI – Souza
FRANCISCO SERRANO – Jorge
GONZAGA VASCONCELLOS – delegado
GRACINDO JÚNIOR
IRMA ALVAREZ – Jerusa Garcez
IVAN DE ALMEIDA – mecânico
JACQUELINE LAURENCE – Alzira (amiga de Roberta)
KELLY SILVA – Yara
LIONEL FISCHER – Lionel (advogado de Carlos)
LOUISE MACEDO – Joaninha
MARTHUS MATHIAS – Mathias (secretário de Carlos)
NANAI – cantor
PAULETTE SILVA – Madame Paulette
PAULO RAMOS – Lucas
RACHEL DI BIASI – Silvia (funcionária do escritório de Claude)
ROBERTO MOREL – florista
ROSITA TOMAZ LOPES – Mrs. July Smith (mulher do Mr. Smith)
SANDRA PÊRA – Lúcia
SYLVIA GUIMARÃES – Odília
TONY FERREIRA – bêbado
WALTER PRADO – jornalista
Exibição:
16 de outubro de 1972 a 30 de junho de 1973 (Rio)
18 de outubro de 1972
a 3 de julho de 1973 (SP)
Capítulos : 220
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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