15 anos da primeira e inovadora trama de Bosco Brasil na Globo, que como um robô deu pane no sistema e não foi bem recebida pelo público
As ditas “tramas
inovadoras”, novelas que prometem mostrar além do folhetim limpo e seco
usar de
artifícios antes nunca
utilizados para contar suas histórias sempre
se destacaram na história da nossa teledramaturgia,
infelizmente quase sempre por serem
incompreendidas e assim terem uma baixa
audiência - e como chamamos atualmente - Floparam!
O e10blog começa
o primeiro post do ano
falando de uma trama assim - Tempos Modernos,
inovadora trama do horário das sete
exibida em janeiro de 2010, que
marcou a estrei a solo do Bosco Brasil na Globo e tinha com um dos seus principais personagens
um prédio inteligente, robotizado
e com vontade própria - os primórdios
da inteligência artificial.
Infelizmente nem o Antônio
Fagundes encabeçando um
elenco de peso salvou a trama de ser uma das esquecidas do horário, e mesmo
com os ajustes feitos no decorrer dos
seus 161 capítulos, nada surtiu um efeito satisfatório.
A robótica como inovação na teledramaturgia nem é tão
inovador assim - a própria Globo já utilizou desse artifício em outras tramas que, curiosamente também não despertaram o
interesse do público - Em Transas e Caretas, novela
de 1984, Lauro César Muniz trouxe
o Robô Alcides (Quinzinho) , era interpretado por um
ator que portava o nanismo. E, em plenos anos 1980, a trama propunha-se a falar
sobre os efeitos da modernidade naqueles dias, estabelecendo um comparativo
entre os “transas” – expressão da época para designar uma
pessoa descolada, avançada, “transada” – e os “caretas”, forma
pela qual chamavam os antiquados, conservadores, reacionários. O Robô era
mordomo de um dos protagonistas da história.
Em Morde e Assopra,
Walcyr Carrasco trouxe 2 robôs - Zariguim, um amigo e conselheiro do
cientista Ícaro (Mateus Solano), além de Naomi (Flávia Alessandra),
cuja versão androide foi criada pelo cientista para suprir a falta da sua
esposa, que, teoricamente, estava falecida. Mas recentemente em Travessia, da Glória Perez, trama que
mostrava a influência da tecnologia nos dias atuais o mergulho no
gênero foi dado a partir do robô
Haroldo, que chega para trabalhar como garçom no bar de Nunes (Orã
Figueiredo), causando desconfiança do funcionário da casa, Joel (Nando
Cunha). O público estranhou a presença do “personagem androide”, tanto que
estendeu às redes sociais as suas críticas.
De volta a Tempos Modernos,
Bosco Brasil estreava solo, o autor
havia participado como colaborador
em Coração de Estudante (2002), e
depois na RecordTv em Essas Mulheres e Bicho do Mato entre 2005 e 2007.
A Novela teve com sua
maior inspiração “O Rei Lear”, de Shakespeare,
com o pai, o protagonista Leal (Antônio Fagundes), às voltas com as filhas e a
partilha de seu patrimônio.
A Proposta inicial do
autor era mostrar uma trama com uma
pegada de humor que se passava no centro da cidade de São Paulo,
mais especificamente dentro do fictício Titã, o “edifício inteligente”,
comandado pelo Frank, o robô que
controlava todo o prédio inspirado no computador
Hal 9000 do filme 2001, uma Odisseia no
Espaço (1968), de Stanley
Kubrick. A voz do computador da novela, com quem o protagonista Leal
(Antônio Fagundes) dialogava, era do dublador Márcio Seixas, a mesma voz
do Hal 9000 do filme (primeira dublagem). Com sua voz conhecida há décadas do
público da TV brasileira, Seixas dublou ainda, entre outros personagens
famosos, o Senhor Spock do seriado clássico Jornada
nas Estrelas, o Batman e até o
ator Sean Connery.
A trama de Tempos Modernos conta
a história de Leal Cordeiro (Antônio
Fagundes) é um homem de origem humilde, hoje milionário, que construiu o Titã,
um gigantesco e moderníssimo edifício no centro São Paulo. A moradora mais
antiga é Hélia Pimenta (Eliane Giardini), uma paixão mal resolvida do passado.
Ela se vê novamente na vida de Leal e os corações de ambos voltam a bater forte
um pelo outro, mesmo estando em lados opostos quanto às suas opiniões e
maneiras de levar a vida.
Hélia
e Leal ainda precisam cuidar de seus filhos. Ele é pai de três moças: as peruas
Regeane (Vivianne Pasmanter) e Goretti (Regiane Alves) e a caçula Nelinha
(Fernanda Vasconcellos), uma astrônoma que adora aventura. Hélia, por sua vez,
é mãe de Zeca (Thiago Rodrigues), um rapaz de boa índole. O destino fará,
ironicamente, com que Nelinha e Zeca se apaixonem, provocando a ira de Nara
(Priscila Fantin), ex-noiva dele, que planeja impedir a união do casal.
Enquanto
isso, Regeane namora Albano (Guilherme Weber), chefe de segurança do Titã, que
finge amá-la mas mantém um caso com sua colega de trabalho, Deodora (GraziMassafera), uma mulher bela e perigosa. Albano e Deodora planejam roubar a
fortuna de Leal, o que os leva a diversos planos malignos. E Regeane se vê cada
vez mais envolvida por Portinho (Felipe Camargo), seu ex-marido, já que eles
não conseguem ficar longe um do outro.
A
vida de todos muda com o retorno de Otto Niemann (Marcos Caruso), antigo amigo
de Leal, que tem planos para destruí-lo. A razão do ódio contra o ex-amigo vem
do passado: Otto foi preterido por Leal no coração de Hélia.
Com
a baixa audiência da trama, a ideia original acabou sofrendo uns ajustes que tentaram por a novela
nos eixos - o autor mudou substancialmente Tempos Modernos - Personagens saíram de cena e
outros tiveram seus perfis alterados. O vilão Albano (Guilherme Weber), por
exemplo, teve seu fim precipitado, enquanto sua comparsa Deodora (Grazi
Massafera) deixou de ser uma figura robótica para ganhar ares mais humanos,
chegando até a apaixonar-se. O computador Frank também foi desligado, deixando
de ser o elo entre o mundo atual e o futurista que a novela propunha. O autor
também investiu no melodrama, visando chamar audiência.
Contudo
as mudanças praticamente não surtiram
efeito, Tempos Modernos terminou com
um dos menores índices de audiência para o horário até
então (média de 24
pontos do IBOPE da grande São Paulo), massacrada pela crítica
e esquecida pelo público.
GraziMassafera viveu na trama
de Tempos Modernos sua primeira vilã – Deodora. A Personagem foi muito
criticada por se mostrar numa
interpretação engessada, robótica - Na
verdade, na sinopse original, Deodora se revelaria uma robô, criação de
Niemann (Marcos Caruso). Diante das mudanças para chamar a atenção do público
para a novela, esta trama foi deixada de lado e a personagem humanizada.
PriscilaFantin foi escalada
inicialmente para dar vida a mocinha Nelinha, mas a pedido da atriz, ela
foi trocada pra viver a antagonista da protagonista, a implicante Nara, ficando a Nelinha com FernandaVasconcellos, fazendo com que ela e Thiago Rodrigues, que viveu o
personagem Zeca, vivessem pela
terceira vez na teledramaturgia um
casal -
como em Malhação (2005) e Páginas da Vida (2006).
Tempos Modernos foi
a segunda novela do horário das 19h da Globo que contou com AntônioFagundes no elenco. A primeira foi A Viagem (1994), de Ivani Ribeiro. Fagundes nasceu no
Leblon, no Rio de Janeiro, se mudou para São Paulo aos 6 anos, e passou sua
adolescência no Centro, onde vivia seu personagem.
Um
dos pontos mais badalados da trama é a Galeria do Rock, onde circulam
personagens como Ramón (Leonardo Medeiros), dono da loja “Ao Tiozinho do
Rock”, que vende discos raros.
Alessandra Maestrini viveu na trama a personagem Ditta, que
cantava ópera. A Voz nas canções
da personagem era da própria
intérprete, que começou a estudar canto
lírico aos 15 anos. Na novela, Alessandra aparecia cantando trechos de óperas
como 'Tosca', de Puccini, além de canções como 'Trust Me',
de Janis Joplin. A atriz ficou muito conhecida do público interpretando
a empregada Bozena no seriado Toma Lá, Dá Cá, exibido na TV Globo de 2007 a 2009.
A novela marcou a estreia dos
atores João Baldasserini e Guilherme Leicam e
primeira novela na Globo da atriz Naruna Costa.
A Novela
apresentou para o grande público regiões centrais da cidade de São
Paulo onde foram gravadas várias cenas e serviram de
locações - como como a Praça Ramos, o
Vale do Anhangabaú, o Viaduto do Chá e a rua Líbero Badaró. As gravações foram
finalizadas no Projac, no Rio de Janeiro, onde foi levantada uma cidade
cenográfica de quase 7 mil m² de área construída.
A
fachada do Edifício Titã era o Edifício Grande São Paulo, arranha-céu de 129
metros de altura localizado no Centro Histórico da cidade, na Rua Líbero Badaró
425.
A tradicional Galeria do Rock,
localizada no centro de São Paulo, foi a inspiração para a criação da fictícia
Galeria. O cenário tinha 36 m de extensão e 18 m de largura, apresentando três
andares e 30 lojas. Cada espaço ganhou design e móveis específicos, vitrines
decoradas e detalhes que refletiam a característica de seus personagens. Alguns
estilos encontrados no interior das lojas, como o gótico e o vegan (produtos
naturais, 100% ecológicos), foram pesquisados fora do país.
Ao som da canção “Cérebro
Eletrônico”, do GilbertoGil, interpretada pela cantora Myllena,
a abertura da novela começava com uma panorâmica área sobre os prédios de São
Paulo até focalizar o edifício onde se passava a trama.
TemposModernos, como o nome propunha, tinha
uma proposta de modernidade e ares de inovação em estrutura
dramatúrgica, com sequências e diálogos ágeis e em tons irônicos,
porém entrou para o hall de
outras tramas incompreendidas e
que não despertaram nenhum interesse do público com foram O Amor éNosso! (1981), Sabor da Paixão (2002), Agora é que São Elas (2003),
entre outras que talvez
numa nova reprise, vista sob uma
nova ótica e um outro tempo, ela possa ser justiçada.
Ficha
Técnica:
Novela
do autor Bosco Brasil
Direção
Geral: José Luiz Villmarim
Elenco:
ANTÔNIO
FAGUNDES – Leal Cordeiro
ELIANE GIARDINI – Hélia Pimenta
MARCOS CARUSO – Otto Niemann
FERNANDA VASCONCELLOS – Nelinha (Cornélia Cordeiro)
THIAGO RODRIGUES – Zeca (José Carlos Pimenta)
GRAZI MASSAFERA – Deodora Madureira
GUILHERME WEBER – Albano / Padre Isidro
MALU GALLI – Iolanda Paranhos
REGIANE ALVES – Goretti
FELIPE CAMARGO – Portinho (Vinícius Porto)
VIVIANNE PASMANTER – Regeane
PRISCILA FANTIN – Nara Nolasco
DANTON MELLO – Renato Vieira de Mattos
LEONARDO MEDEIROS – Ramon Piñon
ALESSANDRA MAESTRINI – Ditta
PAULA POSSANI – Maureen Lobianco
DÉBORA DUARTE – Tertuliana
OTÁVIO MÜLLER – Dr. Altemir Bodansky
OTÁVIO AUGUSTO – Faustaço Lombriga
JAIRO MATTOS – Gaulês (Jean-Paul)
CRIS VIANNA – Tita Bicalho
LUCIANA BORGHI – Bárbara Lee
ALINE PEIXOTO – Jannis
JOÃO BALDASSERINI – Túlio Osório
GUILHERME LEICAM – Led
CAROLINE ABRAS – Katrina
TUNA DWEK – Justine
GENÉZIO DE BARROS – Pasquale
PASCHOAL DA CONCEIÇÃO – Zuppo
RICARDO BLAT – Fidélio
SELMA EGREI – Tamara Palumbo
CLÁUDIA MISSURA – Lavinnia Palumbo
ALEXANDRE CIOLETTI – Valvênio
EDMILSON BARROS – Lindomar Mariano Assunção
ALEXANDRA MARTINS – Duba (Dulcinólia Lombriga)
RAFA DE MARTINS – Max do Cavaco
ELIANA PITMAN – Miranda
DARLAN CUNHA – Joca (João Carlos Paranhos)
JOANA LERNER – Heloísa
ANTÔNIO FRAGOSO – Zapata
FABRÍCIO BOLIVEIRA – Nabuco Mota
CARLOS SATO – Ditchã
GILBERTO MIRANDA – Madrugadinha
ALBY RAMOS – Sabiá
ANDERSON LAU – Okuda
NARUNA COSTA – Dodô (Dolores Damasceno)
JANAINA ÁVILA – Milena Morgado
CÁSSIO INÁCIO – Tartana
MARCIA DEL ANILLO – Filó Pendenga (Filomena Ayres Penna, bailarina da escola de
dança de Hélia)
GEORGIA GOLFARB – Val Lopes (segurança do Titã)
PAULO LEAL – Raulzão (Ducha Fria)
XANDY BRITTO – Nelsinho Pallotti (segurança do Titã)
LUCIANA BARBOSA – Izadora Mellão (chefe das recepcionistas do Titã)
SOFIA PORTTO – Malu Leitão (funcionaria da loja de Zapata)
PRAZERES ALVES – Rondônia Alves (cozinheira de Goreti)
as
crianças
POLIANA ALEIXO – Maria Eunice
REBECA ORENSTEIN – Maria Helena
JENIFER DE OLIVEIRA ANDRADE – Maria Clara
ANA KAROLINA LANES – Maria Eugênia
e
ADRIANO PETERMANN – João Altemir (filho de Bodansky)
BETO QUIRINO – Romeu (zelador do manicômio que ajudou a sumir com o arquivo de
Niemann)
BRUNO ABRAHÃO – rival de led na disputa da vaga na Orquestra Jovem
CACO BARESSI – piloto do avião fretado por Niemann para ir atrás de Regeane
CLÁUDIA BORIONI – juíza de menores
CRISTINA POMPEU – recepcionista da faculdade de Jannis
DANIELA DUARTE – Tertuliana (jovem)
ELIAS GLEIZER – Abraãozinho Mota
ELLEN ROCCHE – Cibele Porto
GILBERTO MARMOROSH – joalheiro
GUSTAVO GASPARINI – maestro a quem Ditta pede uma oportunidade a Led
HAMILTON RICARDO – Alípio
HENRIQUE TAXMAN – médico
HERBERT RICHERS JR. – Marcos
ISABEL LOBO – Thais Trancoso (recepcionista de Lavínnia)
JEFFERSON GOULART – João Jonas (filho de Bodansky)
JOÃO PAULO SILVINO – arranja confusão com Zeca na boate
JONATHAN NOGUEIRA – oficial de justiça
JULIANA BOLLER – Larissa (astronauta)
LICURGO SPÍNOLA – Lossacco (dança com Goretti no concurso)
LETÍCIA ISNARD – balconista do aeroporto que impede Led de entrar na área vip
LUCIANO CHIROLLI – Dr. Maringoni
LUIZ HENRIQUE NOGUEIRA – Mendoncinha (cúmplice de Niemann)
MALU ROCHA – madre superiora do convento onde Regeane se abrigou
MARCELO ASSUMPÇÃO – Roberto R (detetive assassinado por Maureen)
MÁRCIO SEIXAS – Frank (voz do robô do Titã)
MARCO ANTÔNIO PÂMIO – Políbio Bretas
MARIA LÍDIA COSTA – Josefa (mulher que avisa Leal sobre o paradeiro de Regeane
e, posteriormente, mãe biológica de Nelinha)
MARÍLIA MARTINS – Drª Calógeras (advogada de Leal)
PABLO AGUILAR – João Maria (filho de Bodansky)
PAULO BETTI – JP
PAULO GIARDINI – médico
PAULO VESPÚCIO – capanga de Nieman que mata Getúlio
RAFAEL SALIMENA – João João (filho de Bodansky)
RITA PORTO – Fátima (dona da loja no Mato Grosso que abriga Regeane)
RODRIGO RANGEL – fiscal da praia que surpreende Helô e Max do Cavaco
RONALDO REIS – fiscal da Prefeitura que embarga a obra de Leal
SANDRO XIMENES – Divino (chefe da equipe técnica do Titã e quebra-galho do SPA)
SÉRGIO MARONE – filho de J.P.
SÉRGIO MONTE – marido de Fátima
SHIMON NAMIAS – Getúlio (caminhoneiro)
TARCIANA SAAD – repórter que entrevista Goretti
VICTOR PECORARO – Maurição (Ricardo Maurício)
WILLIAM VITA – aborda Katrina num bar
ZÉ LUIZ PEREZ – Tito Maranhão (chefe do departamento pessoal do Titã)
Exibição:
11 de Janeiro a 17 de
Julho de 2010
Capítulos:
161
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
Pesquisa: www.wikipedia.com.br www.memoriaglobo.com.br
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