45 anos da primeira novela do Mário Prata fora da Globo
Depois do grande sucesso de
Estúpido Cupido(1976) e do
relevante SemLenço, Sem Documento (1977), MárioPrata apresentou um
laboratório de ideias e criação recusado pela Globo. Infelizmente, tais
ideias não encontraram repercussão na TV Tupi, que já estava em processo de falência, mas mesmo assim se
arriscou e produziu Dinheiro Vivo,
apresentada em agosto de 1979.
O tema central da trama
é polêmico - A história de Zé Márcio (Ênio
Gonçalves) expunha à sociedade os problemas nacionais dos anos de arbítrio com
o país ainda em plena Ditadura Militar.
Porém o que mais
chamou atenção em Dinheiro Vivo era o fictício game
show de televisão, o programa Três Milhões de Cruzeiros,
apresentado por Douglas Fabiani, personagem de Luiz Armando Queiroz,
exibido na trama pela Rede Tupi de Televisão. Neste entrecho, Dinheiro Vivo se
assemelhava à novela Espelho Mágico (1977),
da Globo, que apresentava em seu entrecho a produção e exibição de uma novela
fictícia, Coquetel de Amor.
Os concorrentes ao prêmio máximo do game show eram Zé Márcio Garcia de Oliveira
(Ênio Gonçalves), respondendo sobre o Papa João XXIII; Joaninha (MaitêProença), sobre o “Rei” Roberto Carlos; Dr. Leonardo Pacheco (SérgioMamberti), sobre Marilyn Monroe; Garapa (Cristina Pereira), sobre o Corinthians;
Luiz Roberto Galvão (Henrique Lisboa), sobre o Conde Drácula; e Amanda
Xavier (Annamaria Dias), sobre a Estação Primeira de Mangueira. Justificando o título da novela, Douglas
Fabiani anunciava: “Três Milhões de Cruzeiros, um programa de
dinheiro vivo!”
Dinheiro Vivo protagonizada por
Ênio Gonçalves, Márcia Maria, Luiz Armando Queiroz , Flávio Galvão e MaitêProença conta a história de Douglas
Fabiani (Luiz Armando Queiroz) apresentador do programa de TV fictício , uma competição de perguntas e respostas. Para
disputar o prêmio, surge Zé Márcio (Ênio Gonçalves), um ex-seminarista que
responde sobre o Papa João XXIII. Ao vê-lo na TV, Flávia (Márcia Maria),
dona de uma butique, reconhece no candidato seu ex-namorado Guto, que, no
passado, participou de movimentos estudantis e foi dado como morto em 1969
quando fugia de uma caçada a estudantes na Via Dutra. Flávia, que está
prestes a se casar com Eduardo (Flávio Galvão), fica atordoada. Seria Zé Márcio
e Guto a mesma pessoa?
A novela marcou a
estreia na tv das atrizes Maitê Proença, Cristina Pereira e Imara Reis.
Curiosamente, dez anos depois de Dinheiro Vivo, o ator Luiz Armando Queiroz
apresentou na TV Manchete um programa nos mesmos moldes do game
show da novela da Tupi, pondo em prática na vida real a sua atuação
na ficção. O Sem Limite era exibido semanalmente, nas noites
de terça-feira, e lembrava o formato do consagrado O Céu é o Limite,
programa de grande sucesso que estreou na década de 1950 na TV Tupi e
ficou pelo menos trinta anos no ar, passando por várias emissoras.
O saudoso Sérgio Mamberti interpretou um personagem interessante e inusitado para a época: ele era
o burocrata Dr. Leonardo Pacheco, cujo segredo – guardado a sete chaves – era
um santuário em homenagem à estrela do cinema Marilyn Monroe.
Na
trama, quando a esposa de Pacheco morre, ele não consegue se relacionar com
outras mulheres, pois em todas via a figura de Marilyn Monroe. Até que
um dia, o Dr. Pacheco traveste-se de Marilyn para cantar e dançar como se fosse
a estrela norte-americana.
Assim,
a “Freguesia do Ócio” – nome carinhoso de sua casa na novela – assistiu a um
número musical tirado do filme O Rio das
Almas Perdidas (1954),
estrelado pela atriz. O ator Rodolfo Mayer, que interpretava seu pai na
novela, dizia em cena que Pacheco era Marilyn Monroe em pessoa.
Dinheiro Vivo além
de enfrentar os problemas financeiros da Tupi estreou no mesmo horário
do sucesso Marron-Glacê (1979) na Globo, ficou impossível concorrer de
igual para igual.
Depois
da trama Mário Prata voltou a Globo
em 1985 com o relevante sucesso na trama de Um
Sonho a Mais, onde colaborou com o autor Daniel Más. Em 1987, dividiu com Dagomir
Marquezi e Reynaldo Moraes a adaptação de Helena, clássico do Machado de Assis,
na Rede Manchete. Depois de quase 10 anos sem emplacar
uma trama dividiu com Ricardo Linhares a autoria de O
Campeão (1996) apresentada pela Rede Bandeirantes; e
em 2005 voltou a Globo com a trama de Bang Bang, que se passava num estilizado velho
oeste, até então sua última novela.
Com
direção geral de Jose de Anchieta, Dinheiro
Vivo é lembrada como uma novela que,
embora tenha suas falhas, abordou temas relevantes e provocou reflexões sobre a
sociedade brasileira da época.
Ficha
Técnica:
Novela
do Autor Mário Prata
Direção
Geral José Anchieta
Elenco:
ÊNIO
GONÇALVES – Zé Márcio (José Márcio Garcia de Oliveira) / Guto
MÁRCIA MARIA – Flávia
LUIZ ARMANDO QUEIRÓZ – Douglas Fabiani
FLÁVIO GALVÃO – Eduardo
MAITÊ PROENÇA – Joaninha (Joana Albuquerque)
SÉRGIO MAMBERTI – Dr. Leonardo Pacheco
LIA DE AGUIAR – Isildinha
RODOLFO MAYER – Nonô
IMARA REIS – Marilu
PEDRO PAULO RANGEL – Babito
LUIZ CARLOS LABORDA – Luiz Roberto Galvão
HENRIQUE LISBOA – Carlos Roberto
WÁLTER BREDA – Menezes
WÁLTER PRADO – Juca
DENIS DERKIAN – Carlinhos
WILMA DE AGUIAR – Ema
LUIZ SERRA – Gabriel
VERA PAXIE – Marlene
CRISTINA PEREIRA – Garapa
HERALDO CORRÊA – Tadeu
ANNAMARIA DIAS – Amanda Xavier
HELOÍSA ARRUDA – Dias
MARISA SANCHES – Gumercinda
OSCAR FELIPE – Malta
PAULO BETTI – Caco
SUZANA LAKATOS – Celinha
MARCOS ROSEMBAUM
FÁTIMA RIBEIRO
GENY PRADO
RENATO CONSORTE
EUNICE MENDES
ABRAHÃO FARC
Exibição:
6 de Agosto de 1979 à 21 de Janeiro
de 1980
Capítulos:
149
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Aberturas das Novelas da Rede Manchete |
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
Pesquisa: www.wikipedia.com.br
É uma pena que o Mario Prata não esteja presente em obras da teledramaturgia nos anos 2000. Com a exceção dos primeiros capítulos de Bang Bang, nunca mais tivemos a chance de acompanhar algo que se assemelhasse ao seu estilo narrativo.
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