Um dos atores mais completos que
apareceram nos últimos tempos, Matheus
Nachtergaele vive no seriado Filhos da Pátria, mais um personagem sob medida
para o seu talento. Mesclando regionalidade e humor, o Pacheco é um dos
destaques do seriado que mostrar os primórdios do “jeitinho brasileiro”.
Com a carreira toda alicerçada pelo
teatro, ingressou na carreira artística aos 20 anos à convite de uma amiga. Fez
um teste para a companhia teatral do diretor Antunes Filhos e foi aprovado, em 1989. Aos 22 anos, entrou para a Escola de Arte Dramática da USP, se formando em 1991. Ganhou
notoriedade em 1992 com a companhia Teatro
de Vertigem, sob a direção de Antônio
Araújo, e teve seu trabalho reconhecido por sua atuação no premiado
espetáculo Livro
de Jó.
Foi graças a esse sucesso teatral que o
ator foi notado pelos olheiros da tv e já estreou com um personagem de grande
sucesso popular na teledramaturgia, o Cintura Fina da minissérie Hilda Furacão,
dando início aos seus trabalhos na tv, dosados com drama, comédia e uma
interpretação peculiar, marca registrada dos seus trabalhos.
Para homenagear o Pacheco de Filhos da Pátria, vamos relembrar outros personagens
imortalizados pelo Matheus que só enriqueceram nossa teledramaturgia.
Cintura Fina de Hilda Furacão (1998)
Matheus
Nachtergale estreou na tv em um episódio do seriado Comédia da Vida Privada, mas
seu maior papel veio mesmo no ano
seguinte com o Cintura Fina da minissérie Hilda Furacão, da autora Glória Perez, baseada no romance homônimo de Roberto Drumond. Assim como a Hilda Furacão da Ana Paula Arósio, o Cintura Fina também
foi um personagem real, e isso o transformou
em um desafio para o Matheus. Desafio esse que ele tirou de letra e deu
um show de interpretação e caracterização que só enriqueceu a minissérie. Sua
dobradinha com a Ana Paula Arósio numa química perfeita foi um dos
destaques da minissérie.
João Grilo de O
Auto da Compadecida (1999)
Em 1999, Matheus ganha seu primeiro
protagonista no filme transformado em
minissérie O
Auto da Compadecida, da Adriana
Falcão, Guel Arraes e João Falcão. Em dobradinha com Selton Mello, que vivia o Chico, Matheus como João Grilo deu uma
aula de como fazer humor com prosódia e caracterização, numa perfeição, que
podíamos ter certeza de que ele era
realmente o João Grilo. Além da maquiagem e do figurino, o ator teve a pele escurecido e os dentes amarelados,
além de forçar um olhar vesgo que
deformava sua fisionomia, o que dava
mais credibilidade ao João Grilo.
Padre Miguel de A Muralha (2000)
O Padre Miguel de A Muralha, da autora Maria Adelaide Amaral, foi seu primeiro personagem mais
dramático. Na trama, o Padre que alfabetizava os índios da Fazenda de Lagoa
Serena, cerca de 100 anos depois da
chegada de Pedro Álvares Cabral ao
Brasil. No decorrer da trama ele acaba despertando o amor da Moatira (Maria
Maya) e vive um dilema ao ir se descobrindo envolvido com ela.
Teodorico Raposo de Os Maias (2001)
Em Os Maias, minissérie da autora Maria Adelaide Amaral, baseada no
romance homônimo do Eça de Queiroz, o personagem do Matheus foi responsável pelo tom de humor da trama.
Teodorico Raposo é sobrinho de
Patrocínio das Neves (Mírian Muniz), a Titi. Carola e muito severa, louva a
Deus sobre tudo e todas as coisas, sente total repulsa ao sexo e mantém-se
imaculada. Criou Teodorico como se fosse seu filho e nem desconfia que ele é o
maior dos libertinos, amante de um bom fado, conhecido entre as raparigas como
o “Rapozão das espanholas”. Sempre dando show nesse tipo de personagem, Nachtergaelle mais uma vez construiu um grande papel que foi
um dos destaques da luxuosa produção de Os Maias .
Pai Helinho de Da Cor do Pecado (2004)
De volta às novelas em 2004, na trama de
Da Cor do Pecado,
do autor João Emanuel Carneiro, deu
vida ao falso vidente Pai Helinho, que
roubou a cena enganando quem desejava se
comunicar com parentes falecidos. No decorrer da trama, começa realmente, a ser atormentado por
espíritos e passa a recorrer ao pai de Santo Gaudêncio, numa interpretação
afetada e inesquecível do Francisco Cuoco. A trama do Pai Helinho virou uma espécie de seriado dentro de Da Cor do Pecado,
com importância igual ao da trama principal.
Tito de Queridos Amigos (2008)
Em Queridos Amigos, minissérie da Maria Adelaide Amaral, Matheus Nactergaele
voltou a viver um personagem dramático com o jornalista e comunista ferrenho
Tito. Ele acreditava piamente na cartilha marxista e tem orgulho de sua
participação na ativa política. Foi por causa desse engajamento que seu
casamento com Vânia (Drica Moraes) acabou desmoronando. Hoje tem uma vida equilibrada e simples e
acaba não suportando o fato da ex-mulher ter casado com um homem rico e viver
junto com seus filhos uma vida dosada no que ele considera futilidades. No
decorrer da minissérie, Matheus e Drica Moraes nos proporcionaram grandes cenas com os embates do
ex-casal.
Queixão de Ó Pai, Ó (2008
e 2009)
Em 2008 e 2009, o ator protagonizou ao
lado de Lázaro Ramos a versão para a
tv de Ó Pai, Ó,
do Mauro Lima, Monique Gandenberg, Guel
Arraes , Jorge Furtado e o bando do Teatro
Olodum. Dando um show de prosódia como um típico baiano, o ator na pele do malandro Queixão mostrava mais uma faceta do seu trabalho.
Miguezim de Cordel
Encantado (2011)
Em Cordel Encantado, da Thelma Guedes e Duca Rachid, Matheus Nachtergaele deu vida ao
profeta e pregador, Miguezim, que habitava
a cidade de Brogodó. Considerado loucos para muitos na cidade, lutava
contra o vilão Timóteo (Bruno Gagliasso) e era a favor de Açucena (Bianca Bin)
e Jesuíno (Cauã Reymond).
Seu Encolheu de Saramandaia (2013)
Seu Encolheu, que o Matheus
Nachtergaele viveu no remake de Saramandaia, do Ricardo Linhares, era um dos esquisitos moradores de Bole-Bole. Chefe de gabinete do prefeito Lua (Fernando
Belo), é apaixonado pela mulher, dona Redonda (Vera Holtz). Eles têm uma relação intensa e sensual e, sempre que
pode, exalta o corpo da esposa. Quando menino, um boi zebu quebrou todos os
ossos do seu corpo e, desde então, ele faz a previsão do tempo conforme o osso
que dói. É bolebolense e seguidor de Zico Rosado (José Mayer). Fica desolado
depois que Redonda explode de tanto comer e só se alegra com a visita da irmã
gêmea de sua esposa, Bitela (Vera Holtz).
Fernando de Doce de Mãe (2014)
Outro personagem dosado no humor e na
simplicidade que marcou a carreira do Matheus
Nachtergaele foi Fernando do seriado Doce de Mãe. Um dos filhos mais apegados à Dona
Picucha (Fernanda Montenegro), homossexual assumido, trabalha em um bar à noite e namora
Roberto (Evandro Soldatelli). Reluta para transformar seu negócio em um bar
gay. É talentoso e cozinha tão bem quanto a mãe.
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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