O especial “Falas Femininas”
foi o grande destaque dessa semana na tv.
Com o subtítulo de “Histórias Impossíveis”, o projeto é uma criação de Renata Martins,
Grace Passô e Jaqueline Sousa, com direção de gênero do José Luiz
Villamarim. Ao longo do ano, novos episódios serão produzidos e irão ao ar
em datas que celebram causas e lutas sociais – Dia dos Povos Indígenas
(Falas da Terra), Dia do Orgulho LGBTQIAPN+(Falas de Orgulho), Dia
Nacional das Pessoas Idosas (Falas da Vida) e Dia da Consciência Negra
(Falas Negras).
O Falas Feminina tocou em um ponto importante da nossa
sociedade, a relação patroa x empregada , que por causa do tempo de trabalho ou
a proximidade das famílias, misturam a
relação que em muitas vezes tem como
principal característica a fatídica frase “Ela é como se fosse da
família!” – Como quase a patroa
se refere a empregada.
O Especial mostrou com qualidade e sutileza várias situações
que estão presente na vida de inúmeras pessoas. Laura, a personagem da Isabel Teixeira, a
patroa, mora em uma apartamento de luxo da zona sul do Rio de Janeiro, onde sua
vista é linda em contra partida ao da empregada (projetado em praticamente
assim em todos os prédios) fica de frente para outras janelas dos demais
quartos de empregadas do condomínio. Outro
detalhe que pontua o especial são os olhares, a troca desses olhares.
Inicialmente, o olhar de Laura reflete
um medo disfarçado de acolhimento, enquanto o de Mayara, a doméstica vivida
pela Luellem de Castro expõe um genuíno carinho que sente pela patroa,
porém a chegada do último dia de expediente dela derruba máscaras expondo uma relação bem diferente do que
ambas pensavam viver até então.
A Queda de Mayara, o ponto X do especial, após um natural
desiquilíbrio enquanto tenta limpar a
janela pelo lado de fora, sem nenhum equipamento de proteção, apenas contando
com a proteção e força da patroa , nos deixa no estado de alerta. Não ficamos
sabendo claramente o que aconteceu – Se
Mayara realmente caiu, e a Laura conseguiu se safar da culpa ? Se a situação
nunca aconteceu, e a Mayra simplesmente foi embora as 18 horas (fim do
expediente), e o restante é apena o imaginário / inconsciente de Laura, que
talvez preferisse ver a empregada morta ao invés de vê-la mudando de vida . .
.enfim é um jogo de suspense emocional
psicológico que só engrandeceu a história e mostrou para o público que ainda há
muito a ser mudado, muito a ser
melhorado nesse campo, por mais que as pessoas se digam modernas , emancipadas e andando de acordo com
as mudanças.
O Texto e Qualidade técnica do episódio, também chamado de “A
Mancha”, uma referencia a mancha da janela, são o diferencial. Sem muita pirotecnia, o
público foi brindado com um projeto ímpar.
As estrelas do
especial só
aplausos para Isabel Teixeira e Luellem de
Castro.
Isabel Teixeira, depois da visceral Maria Bruaca de Pantanal (2022), foi soberba
na pele de Laura , uma personagem que exigia um outro tipo de entrega,
e a atriz esteve em todas as cenas na medida certa, seja
com texto ou apenas com os olhares fortes e penetrantes da patroa “cidadã”.
Já Luellem de Castro, que brilhou no humor na
série Encantados, disponível na Globoplay, emocionou na
pele da doméstica Mayara, representando com maestria milhares de Mayara´s
brasil a fora.
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Fonte:
Texto : Evaldiano de
Sousa
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