Ivani Ribeiro, a autora que o post de
hoje vai homenagear, é uma expecte no gênero e foi através das suas novelas que
muitas emissoras conquistaram destaque na teledramaturgia desde a década de 60,
quando ela estreou.
A
Autora nasceu em São Vicente em São Paulo
e depois de se formar na escola
Normal se mudou para a capital para tentar uma faculdade. Porém já tinha como objetivo ingressar no
rádio. A Oportunidade surgiu na Rádio
Educadora como intérpretes de canções folclóricas, algumas de sua autoria.
Mas seu talento para escrever logo surgiria e foi reconhecido na rádio com o
sucesso dos programas como o Teatrinho da Tia Chiquinha e As Mais Belas Cartas de Amor. A
Radiofonização de filmes como atriz e autora ajudaram a escrever de vez o nome
de Ivani Ribeiro na história do
rádio no Brasil.
Sua
estreia na teledramaturgia aconteceu na Rede Tupi com a série Os Eternos
Apaixonados em 1952 e começava ali a história de uma das autoras
mais ecléticas do meio, que mais diversificou seus trabalhos falando dos mais
diversos temas através de tramas com drama ou comédia.
Ivani Ribeiro passou por praticamente
todas as emissoras escrevendo seu nome como grande novelista. Resolvi então
dividir o post por canal para relembrar com mais organização todos os sucessos
que a autora escreveu.
Na Rede Excelsior:
Ivani
se dividiu na década de 60 entre a Tv
Tupi e a Excelsior, mas nesta última foi onde escreveu mais novelas na década.
Estreou em 1960, com Teatro 9
que apresentava teleteatros divididos em história, sendo a primeira novela
apresentada a trama de Corações em Conflitos (1963),
que também era a sua primeira diária. A trama era adaptada de um dos grandes
sucessos radiofônicos escritos pela autora.
Em
1964, escreveu Ambição,
mas foi com A
Moça que Veio de Longe, protagonizada por Rosamaria Murtinho, que Ivani Ribeiro se consagraria, e o gênero da telenovela se
tornava fixo na grade de todas as emissoras.
Foi a Tv Excelsior que fez com que Ivani se consagrasse no
horário das 7:30 onde a autora escreveu 13 novelas consecutivas, ou seja mais
de 1600 capítulos. Assim a autora escreveu A Outra Face de Anita (1964); Onde Nasce a Ilusão (1964), que tinha como temática o circo; A Indomável (1965) que teve um produção milionária e suas
primeira incursão numa trama mais leve e com a comédia como pano de fundo e
dois sócias como protagonistas, Vidas Cruzadas (1965).
Histórias de sócias e irmãos gêmeos se tornaria uma das marcas registradas
também da autora no decorrer da sua carreira. Ainda no ano de 1965, a autora
escreveu A Deusa
Vencida e A Grande Viagem.
O
suspense policial entrou na teledramaturgia através das tramas de Anjo Marcado ,
Almas de Pedra e As Minas de Prata, as três apresentadas em 1966 e
esta última baseada no romance de José
de Alencar, que em 2001 serviu de base para a trama de A Padroeira, escrita pelo Walcyr Carrasco e apresentada na Globo.
Durante
toda a década de 60 a autora continua escrevendo tramas para a Excelsior, assim veio Os Fantoches (1967)
, baseada no livro Ten Little Niggers
(O caso dos Dez Negrinhos) da Ágatha
Christie; O
Terceiro Pecado e A Marulha,
em 1968; Os Estranhos(1969), que teve
personagens extraterrestres e uma participação especialíssima do rei do
futebol, o Pelé e A Menina do Veleiro Azul, que começava mostrar as
dificuldades pelas quais a emissora passava começando pela dificuldade de escalação do elenco.
Mesmo
em crise, em 1979 Ivani Ribeiro
escreveu Dez
Vidas, aquela que seria sua
última novela para o Canal. A trama foi baseada no livro Caminho da Liberdade, do autor Wanderley Torres, contando a vida de Tiradentes e a inconfidência mineira.
Na
Tupi
Durante
a década de 60 a autora escreveu algumas
novelas para a Rede Tupi com relevante sucesso como Alma Cigana, A Gata e Se o Mar Contasse todas no ano de 1964, mas foi no início da década de
70, depois de se desligar da Excelsior,
que Ivani Ribeiro apresentou suas
melhores tramas no canal.
Assim
veio As Bruxas e Meu Pé de Laranja
Lima em
1970; A Selvagem e
Nossa Filha
Gabriela em 1971 e Camomila e Bem me
Quer em 1972.
Porém
foi com Mulheres
de Areia apresentada no horário das
20 horas em 1973, baseada em uma antiga
radionovela sua, que Ivani conseguiu fazer a Tupi brigar de igual pra igual com o tradicional horário da Globo. A novela consagrou Eva Wilma no papel das inesquecíveis
gêmeas Ruth e Raquel.
Ivani
continuou emplacando sucesso na Tupi
como Os
Inocentes (1974), baseada na peça A Visita da
Velha Senhora de Durremantt;
A Barba Azul (1974) e A Viagem (1975),
ambas protagonizadas por Eva Wilma e
O Profeta (1977). As três últimas tiveram remakes anos depois que foram tão sucesso quando as
originais. Foi com A Viagem e
O Profeta que
a autora entrou no tema espirita que foi
um dos grandes trunfos de ambas as tramas.
Em
1978, Ivani Ribeiro abordou o tema
indígena com a trama de Aritana, seu último trabalho na Rede Tupi. Para a novela a autora teve
o auxílio do sertanista Orlando Vilas
Boas. Infelizmente, Aritana foi mal interpretada exatamente por aqueles que Ivani Ribeiro tentou homenagear, o povo
indígena. Para tentar explicar a real intenção da autora que pretendia apenas
mostrar a cultura do povo indígena, A
Tupi produziu o especial O Caso Aritana – Uma novela à Parte,
que contou com a participação de Carlos
Zara, diretor da novela, os irmãos Vilas-Boas e boa parte do elenco.
Na Record
Como
já foi dito no início do post, Ivani
Ribeiro estreou como escritora na Record
com Desce o Pano em 1957, e para a emissora ainda escreveu O Leopardo (1972) sob o pseudônimo de Arthur Amorim.
No SBT
Na
emissora do Silvio Santos, Ivani Ribeiro
escreveu apenas uma novela, O Espantalho em
1977, que anos depois sua história se juntaria
à Mulheres
de Areia no remake da novela que a autora escreveu para a Globo. O Fracasso da novela fez com que Silvio Santos desativasse o núcleo de teledramaturgia e
“emprestasse” Ivani para a Rede Tupi.
Na Bandeirantes
Em
1980, com a falência da Tupi, Ivani
Ribeiro se transferiu para a Rede Bandeirantes e teve muito êxito com
o remake de A
Deusa Vencida e Cavalo Amarelo em 1980. No mesmo ano, na trilha do grande sucesso de Cavalo Amarelo que tinha a Dercy
Gonçalves como protagonista, a autora escreveu o Argumento de Dúlcinéia vai à
Guerra, uma espécie de continuação da trama muito a contragosto e
acabou deixando a novela a cargo de Sérgio
Jockmann.
Mesmo
descontente, Ivani Ribeiro escreveu
para a Bandeirantes a segunda adaptação para a tv de Meu Pé de Laranja Lima (1980),
do autor José Mauro de Vasconcellos.
Com a produção a Bandeirantes
pretendia prender o público infantil. Em 1998, a própria Bandeirantes produziu a terceira adaptação do romance.
Em
1981, de olho no público infanto-juvenil, Ivani Ribeiro escreveu a novela Os Adolescentes, onde foi auxiliada
pelo psiquiatra Paulo Gaudêncio. Mas
a relação entre a autora e a emissora já estava muito abalada e só se agravou
quando a direção da Bandeirantes
exigiu que Ivani deixasse Os Adolescentes sob à responsabilidade Jorge Andrade, para assumir a trama de Os Imigrantes (1981), quando Benedito Ruy
Barbosa voltou para a Globo.
Mesmo com todo o profissionalismo da autora a situação ficou insustentável e Os Adolescente acabou sendo o último trabalho da Ivani no Canal ,
que finalmente estrearia na Globo em 1982.
Na Globo
A fase
Globo da Ivani Ribeiro começou em 1982 com a trama de Final Feliz, esta sem dúvidas sua melhor
fase e que esse autor que vos fala
acompanhou por completo. Final Feliz foi a única novela inédita da autora
na Globo, todas as outras foram
remakes ou baseadas em antigos sucessos dela. A trama contou com uma forte
campanha de merchandising sobre o
tabagismo, além de falar sobre o amor na terceira idade e deficiência mental
através dos personagens vividos por Irving
São Paulo e Stênio Garcia. O Stênio inclusive ganhou o prêmio de Destaque
do Ano pela APCA e foi contratado
por um ano para divulgar o turismo no Ceará. Seu personagem era nordestino e
esse destaque ajudou muito na divulgação das belas praias cearenses.
Depois
de Final Feliz começa em 1984 a era dos remakes e adaptações dos
grandes sucessos que ajudaram a escrever a história da autora em outros canais.
Assim vieram Amor com Amor se Paga(de 1984, remake de Camomila e Bem me Quer), a clássica
e cult A Gata Comeu (de 1985, remake de A Barba Azul),
Hipertensão (de 1986, remake de Nossa Filha Gabriela) e O Sexo dos Anjos (de 1989, remake de O Terceiro Pecado).
A
Década de 90 ficou marcada por dois grandes remakes da autora que se
transformaram em clássicos da teledramaturgia pelo conjunto da obra: Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994).
Ambas são consideradas as melhores novelas de todos os tempos em seus
respectivos horários. Lembro-me que na época
da primeira exibição de Mulheres de Areia, a imprensa especula o fato de a
trama ter mais audiência do que a trama do horário nobre apresentada na época.
Isso aconteceu pouquíssimas vezes na história da teledramaturgia brasileira.
Ivani Ribeiro foi a primeira autora a
ter uma trama sua reprisada por duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo e é
a única que teve três tramas reprisadas por duas vezes: A Gata Comeu (1985), Mulheres de Areia (1993) e A Viagem (1994).
Ivani
nos deixou em 17 de julho de 1995, aos 79 anos, por insuficiência renal em
decorrência do diabetes e seu último trabalho foi a novela Quem é Você, no ar em 1996. A autora havia deixado o argumento da trama
pronto e Solange Castro Neves, sua
fiel colaboradora em tantos outros trabalhos, escreveu a trama que contava a história do
duelo entre duas irmãs vividas pela Cássia Kiss Magro e a Elizabeth Savalla e ainda mostrava um adorável núcleo da terceira idade com grandes nomes da
história da teledramaturgia como Castro Gonzaga, Norma Geraldy, Alberto
Peres, Ênio Santos e Vanda Lacerda.
A
autora ainda tinha um projeto para minissérie com o título de O Sarau, baseada em obras do escritor Machado de Assis, porém o projeto
infelizmente foi abortado.
Mesmo
depois da morte da Ivani Ribeiro vários
outros autores continuaram bebendo do talento da autora
escrevendo tramas e incluindo núcleos ou histórias de suas novelas como na minissérie A Muralha ,
da Maria Adelaide Amaral em 2000 e O Profeta, da Elizabeth Jhin em 2006.
Falar
da Ivani Ribeiro foi um grande
prazer e revisitar sua obra, principalmente a de antes da década de 80 que
ainda não conhecia, foi uma viagem fantástica por um mundo mágico criado por
uma mente brilhante de uma das melhores
novelistas de todos os tempos.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : www.wikipédia.com.br www.memoriaglobo.com.br
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