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“Passaporte para Liberdade” uma superprodução apresentada em horário e época nada propícios

 


        A Globo passou quase 3 anos  na produção da superprodução de  O Anjo de Hamburgo” , digo  Passaporte para  Liberdade (preferia o título anterior), e simplesmente resolveu apresenta-la em uma época e horários que certamente não farão jus o que a história e trabalho dos envolvidos merecia.

        Apresentada quase  na virada de um dia para o outro e nas  últimas semanas do ano, não parece ser uma boa estratégia para uma produto que se pretendia ter sucesso. A impressão que ficou é que a Globo quer “esconder” a história, depois de todo o trabalho que deu.

        A superprodução, que é uma parceria da Tv Globo , Floresta e Sony Pictures Televison,  escrita por Mário Teixeira e direção geral do Jayme Monjardim, começou a ser gravada em 2018, antes da Pandemia, e devido a problemas burocráticos teve suas gravações várias vezes adiadas.  Com colaboração de Rachel Anthony ,  direção de Seani Soares ,  a minissérie conta a história  da  pouco conhecida em seu país, a brasileira  Aracy de Carvalho  (Sophie Charlotte)  que entrou para a história mundial ao arriscar a própria vida para salvar judeus que precisavam escapar do nazismo na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial.

         O título   Passaporte para Liberdade, foi oficializado em setembro de 2021,  após a publicação do estudo dos historiadores Fábio Koifman e Rui Afonso em Judeus no Brasil: História e Historiografia, que questiona o gesto de heroísmo por parte dos funcionários do consulado do Brasil em Hamburgo.  A partir dos arquivos do Ministério das Relações Exteriores, os historiadores concluíram "que nenhum visto irregular ou qualquer ilegalidade foi praticada pelo serviço consular da representação brasileira em Hamburgo no período em que a ajuda humanitária a perseguidos judeus é atribuída". Os vistos foram emitidos de acordo com as determinações do Itamaraty e apenas era cumprido o que previa a legislação brasileira. Aracy de Carvalho não tinha poder de emitir vistos nem condições de adulterá-los por não ser diplomata e sim funcionária contratada.  A tese era defendida pelos historiadores desde o anúncio da produção da minissérie, em 2018.

        Acho que  exatamente devido essa tese,  que vai totalmente contra a essência da série ,  a Globo  resolveu além de mudar o título, tirando a ênfase da Aracy do título ,  resolveu dar essa “escondida” na superprodução nas duas últimas semanas do ano, época que  a maioria do público não fica em casa para ver a tv.

        Mas independente desses injustos dias e horários  de apresentação ,   Passaporte para a Liberdade enche os  olhos com a riqueza de detalhes da produção e direção cirúrgica do Jayme Monjardim, o que faz jus  aos alardeados altos custos  da série.




        Mas sem dúvidas  o grande destaque mesmo da série é seu elenco – Sophie Charlotte, depois do meme com a sua personagem em Ti Ti Ti (2010),  fecha o ano   comprovando com a Aracy a grande atriz que é.  Assim  como em O Rebu (2014) ou  Todas as Mulheres do Mundo (2020), que credenciam seu talento, Passaporte para a Liberdade é seu grande salto. A Atriz está perfeita na  interpretação  discreta e pertinente  de uma personagem tão  representante   da nossa    história.  A Sophie contou em entrevista que assim que soube da produção, correu atrás e pediu diretamente ao diretor para viver a Aracy, talvez o fato dela ter nascido em Hamburgo , na Alemanha tenha pesado na decisão, mas vendo a série no ar, é impossível imaginar outra atriz vivendo Aracy de Carvalho.



        Rodrigo Lombardi também se destaca na pele de João  Guimarães Rosa. A química com Sophie Charlotte  é  perfeita e o ator que sempre se transforma no que interpreta, já está em  minha memória eternizado como  o poeta, diplomata , romancista  e médico brasileiro que marcou sua passagem por Hamburgo.



        A  minissérie que também   será apresentada no mercado internacional mesclou o seu elenco com vários nomes estrangeiros  e eu não posso deixar de citar alguns nomes que já marcaram a série nessa primeira semana de exibição : Os alemães Peter Ketnath e Stefan Winert , que dão vida ao capitão das tropas SS Thomas Zumble  e ao amigo de Aracy, Milton Hardner, respectivamente;  o britânico Thomas Sinclair Spencer, que interpreta o facínora soldado nazista Karl Schaffler; a atriz israelense Sivan Mast que vive Helena Krik, jovem de resistência contra Hitler que se apaixona pelo judeu Rudi  Katz, vivido pelo italiano Jacopo Garfagnolli, além da polonesa Izabela Gwizdak, que na trama é Margarethe levy, esposa de Hugo   (Bruce Gomleysky).

        Passaporte para  Liberdade é uma luxuosa minissérie em todos os sentidos,  e com certeza  o sucesso no mercado internacional  é garantido. Nesta primeira semana vale destacar o traumático momento da chamada “Noite dos Cristais”  - em que novembro de 1938, quando o regime nazista impôs a destruição de templos, lojas e sinagogas judaicas – A Sequencia impressionou pelo nível de realismo.

 

Veja Também :

Meus Personagens Favoritos do Rodrigo Lombardi 


Fonte:

Texto : Evaldiano de Sousa

 

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