O Ano de 2021 , diferentemente do que pensamos lá no
finalzinho de 2020, não foi como era
para ser , mas sem dúvidas foi a prova
dos nove – Conseguimos vencer a COVID19 e vamos entrar 2022 ainda mais
cheios de esperanças.
As produções de televisão continuaram em marcha lenta, era
preciso ter cuidado, e como estávamos experimentando um novo “Novo”, tudo foi
milimetricamente pensado e no gênero de séries, seriados ou minisséries , tudo
que foi apresentado praticamente já estava gravado e havia sido disponibilizado
antes na plataforma de streaming da Globo, e talvez até por isso que alguns títulos
passaram em branco ou talvez não tenha tido a mesma recepção que tiveram na Globoplay.
Apenas
Sob Pressão foi
gravada especialmente para a tv aberta e por isso pode ser considerada uma
vencedora, conseguiu falar de doença tendo como cenários um hospital em um ano em que não aguentávamos mais falar disso, mas
ao mesmo tempo, os episódios mostrando superação, foram cruciais para mais uma temporada de
sucessos.
O humor foi bem representado por Shippados , ousamos com produções como As Five e Todas as Mulheres do Mundo, além das
impactantes Carcereiros, Ilha de Ferro e Arcanjo Renegado,
além dessa bela surpresa de final de ano que a Globo nos reservou - Passaporte para Liberdade.
Shippados (Globo - 12 a 29 de Janeiro de 2021)
Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch em
texto de FernandaYoung e Alexandre Machado era
o que faltava a tv aberta. Os autores reconhecidos
pelos textos extremamente peculiares porém ao mesmo tempo
populares, imortalizado em séries como Os Normais (2001-2003), Separação !?(2010), Como Aproveitar o Fim do Mundo (2013)
e Vade Retro (2017) entre outros, encontraram uma dupla
certa para dar vida a mais um casal complexo e inesquecível de suas criações.
Shippados, lançada em 2019 na Globoplay, chegou eà
Tv aberta em 2021 mostrando pela primeira vez a Tatá
Werneck vivendo uma personagem sem ser ela propriamente dita, o perfil
cômico porém melancólico do papel caiu como uma luva na
intérprete, assim como o Eduardo que era sempre fadado aquelas participações loucas
nos programas da Globo desde que saiu do Programa Pânico.
Os dois em sintonia total encararam Rita e Enzo com uma propriedade digna de grandes astros. Se alguém ainda tinha dúvida do talento deles além do humor, Shippados prova que eles são acima de tudo atores - seja fazendo humor escrachado, humor inteligente ou drama - e esse casamento com o texto dos autores , química perfeita.
Carcereiros (Globo - 18 a 22 de Janeiro de 2021)
Aclamada em sua
primeira temporada, e com uma segunda temporada mais folhetinesca e menos
documental, a série Carcereiros apresentou sua terceira e última temporada de 18 à 22.01.2021 (exceto
na quarta dia 20.01) no horário de shows da Globo e
terminou sem muito alarde.
Essa
terceira temporada foi adaptada para a tv do filme Carcereiros - Noite sem Fim, de 2019, com cenas inéditas
e flashbacks das 2 primeiras temporadas.
O chamariz do filme e desta temporada é
a participação do ex-BBB Kaysar Dadour , que dar vida um terrorista internacional que passa
uma noite no presidio onde Adriano (Rodrigo Lombardi) é o chefe da carceragem.
Mas a participação não passa de literalmente um mera participação, o personagem
do ex-BBB pouco interfere na história.
Destaque
mesmo para Rodrigo Lombardi, que
herdou o Adriano do Domingos Montagner, que
infelizmente morreu em um acidente em quanto gravava a novela Velho Chico (2015), e não pode assumi-lo. Hoje vejo que o
personagem sempre foi do Rodrigo Lombardi,
impossível imaginar outro profissional encarnar de forma tão visceral um papel.
A Fórmula de Carcereiros cansou
durante essas três temporadas, mas sempre será gratificante ver
entrega aos personagens do Lombardi, e o Adriano é com certeza um
dos ícones no seu currículo.
Todas as Mulheres do Mundo (Globo – 02 de fevereiro a 20 de abril
de 2021)
Todas as Mulheres do Mundo foi uma grande homenagem a Domingos de
Oliveira, que nos deixou em março de 2020, com a
história baseada em sua obra, com destaque para o filme homônimo de
1966, estrelado por Paulo José e Leila Diniz.
A
Série é escrita por Jorge Furtado, famoso por
clássicos como Agosto (1993), Memorial de Maria Moura (1994), Doce
de Mãe (2014), Nada Será como Antes (2016) entre outros, e Janaína Fisher, com
a direção artística da Patrícia Pedrosa.
O Primeiro episódio apresenta a primeira louca paixão
de Paulo, que se encanta ao conhecer Maria Alice, os protagonistas
vividos pelo Emílio Dantas e Sophie Charlotte, sem
dúvidas uma ótima escalação, ambos mostram uma total sintonia entre
si e na interpretação dos personagens.
Paulo
é um galã desconstruído adorável, e o Emílio soube como ninguém fazer esse
tipo. Impressionante como ele consegue mostrar perícia na
simplicidade das cenas e no perfil delicado.
Mas a estrela da série mesmo é Sophie Charlotte, a
Maria Alice. Impressionante como em 10 anos aquela menininha de Malhação se transformou em uma das atrizes mais competentes e cult da sua
geração. O que é comprovado em Passaporte
para Liberdade, que veremos em um dos
próximos itens do post.
Na
Série , destaque ainda para Fernanda Torres, Lilia Cabral, Felipe Camargo, Fábio Assumpção, Maria
Ribeiro, Matheus Nachtergaele e Martha
Nowill (que também e roteirista da série).
Arcanjo Renegado (Globo – 4 de fevereiro a 8 de abril
2021)
Arcanjo
Renegado, criação
do José Junior, da ONG AfroRegaee e
direção geral de Heitor Dhalia,
mostrou a que veio, provando que merecia esse reconhecimento da tv
aberta. A Série já estava na Globoplay desde o final do ano ano de 2020.
Mesmo sem grandes
novidades no estilo, Arcanjo
Renegado tem seus pontos
fortes, a começar pelo protagonista defendido com maestria por Marcelo
Mello Jr, que há tempos merecia um papel a sua altura na tv.
O Elenco mostrou vários
rostos conhecidos brilhando em papéis complexos como, Érika
Januza (Sarah, irmã de Mikhael), Alamo Facó (O
Jornalista independente Ronaldo) e Rita Guedes (Manuela
Berenguer).
Mesmo com a
formula e conteúdo já bem explorado na tv aberta, no
streaming e nos cinemas , Arcanjo Renegado deixa
uma impressão positiva, com diálogos precisos e pertinentes, direção
cirúrgica e um elenco muito bem
escolhido.
Ilha
de Ferro (Globo
– 9 a 20 de agosto de 2021)
Ilha de Ferro, criada por Max Mallmann e Adriana
Lunardi, foi uma incógnita. Elogiadíssima pela crítica ,
inclusive a internacional – a revista Variety a considerou a
melhor série internacional do ano, aqui no Brasil a história foi se esvaindo a
cada novo episódio. O excesso de dramas dos protagonistas sem o tão aguardado
final feliz, no qual estamos acostumados nas produções de
teledramaturgia do Brasil, fizeram o público perder o total interesse na tv
aberta assim como no streaming, e a Ilha de Ferro acabou
“afundando”.
Vale ressaltar que
mesmo sem o esperado sucesso, o elenco da trama fora de suas zonas
de conforto foi o grande destaque da série. Cauã Reymond , no posto de galã descontruído; Sophie Charlotte nuva vibe
drogada e livre de quaisquer vaidades, e mesmo assim linda na pele da Leona e Maria Casadevall numa vibe sexy dominadora, protagonizaram
cenas fortes, dramáticas e de muita sensualidade, o que aliás são as principais característica da série. Muita nudez contextual que
moldura os acontecimentos e enfeita os diálogos impecáveis. Destaque
também para Kléber
Toledo (Bruno), Milhem Cortez (Astério), Taumaturgo Ferreira (Valdomiro) e Jonathan Azevedo (Fiapo).
Sob Pressão (Globo – 12 de agosto a 21 de Outubro de 2021)
A Globo finalizou a quarta temporada de Sob Pressão,
deixando uma sensação de cansaço
. Talvez o enredo contado de dentro de um hospital
em um momento em que os hospitais praticamente estiverem em
evidência desde o início da Pandemia, tenha saturado a criação da
trinca de autores Luís Noronha, Cláudio Torres e Renato
Fagundes.
Essa quarta temporada trouxe
um diferencial - o foco em outros temas tão pertinentes
quanto a precária situação da saúde pública nacional – Foram tocados
em temas como a fome, abuso sexual , homofobia, racismo e
o acesso dos menores as armas de fogo. Temas abordados de
uma forma magistral.
A Vida pessoal dos
médicos foi ainda mais aprofundada, em destaque pelo drama da guarda do filho
de Evandro (Júlio Andrade) que durou por todos os 11
episódios, além do foco em outros
médicos, como os problemas da Vera (Drica Moraes) com o filho e o reencontro do Dr, Mauro (David
Junior) com uma paciente a qual ele cometeu um erro médico no
passado.
Carolina (Marjorie Estiano) e Evandro se separaram novamente durante a temporada para
se encontrarem no final, mas uma das abordagens mais bonitas dessa
temporada foi a que teve a participação especialíssima da Cláudia
di Moura vivendo Dona Maria , a avó de um paciente atingido por
um tiro nos primeiros episódios e que passou por toda a temporada dando
verdadeiras lições de perseverança e fé na luta pela saúde do neto.
Sem dúvidas foi uma
temporada com destaques, mas irregular, sem conseguir se livrar das
amarras as quais a fórmula impõe. Agora é aguardar se a
quinta e última temporada conseguirá se superar.
As Five
(Globo – 26 de Outubro a 25 de Novembro de 2021)
Outra série que teve um
horário ingrato na tv aberta depois de
disponibilizada no streaming foi As Five, a spin-off
de Malhação –
Viva a Diferença. A série continuou a trama de Cao Hamburger mostrando o início da vida adulta de Keyla (Gabriela
Medvedosvski), Ellen (Heslaine Vieira), Tina (Ana Hikari), Lica (Manoela
Alperti) e Bené (Daphne Bozaski).
Desmitificando o final feliz
da trama teen, a série mostra as cinco protagonistas passando muito perrengue
nesta fase adulta tentando se firmar com maturidade entre relacionamentos e
profissão.
As Five ficou marcada pela ousadia dos entrechos. Nós que
estávamos acostumados com as ainda adolescentes saída da Malhação, fomos apresentados a mulheres que sabiam o que queriam
e em nenhum momento baixavam a cabeça. Com isso, a série ficou anos luz da
trama teen tendo como pano de fundo muito sexo, drogas, música eletrônica e
drama.
As cinco estrelas fizeram
jus ao sucesso de Malhação e seguraram com maestria o perfil mais maduro das Five
e foram sem dúvidas o grande trunfo da minissérie.
Passaporte para Liberdade (Globo – 20 a 30 de dezembro de 2021)
A Globo passou quase 3
anos na superprodução
de “O Anjo de Hamburgo” , digo Passaporte para Liberdade (preferia o título
anterior), e simplesmente resolveu apresenta-la em uma época e horários que
certamente não farão jus o que a história e trabalho dos envolvidos merecia.
A superprodução, que é uma parceria da Tv Globo , Floresta e Sony Pictures Televison, escrita por Mário Teixeira e
direção geral do Jayme Monjardim, começou a ser gravada em 2018,
antes da Pandemia, e devido a problemas burocráticos teve suas gravações várias
vezes adiadas. Com colaboração de Rachel Anthony , direção
de Seani Soares , a minissérie conta a
história da pouco
conhecida em seu país, a brasileira Aracy de Carvalho (Sophie Charlotte) que entrou
para a história mundial ao arriscar a própria vida para salvar judeus que
precisavam escapar do nazismo na Alemanha durante a 2ª Guerra Mundial.
Independente desses injustos dias e
horários de apresentação , Passaporte para a Liberdade enche
os olhos com a riqueza de detalhes da produção e direção cirúrgica
do Jayme Monjardim, o que faz jus aos alardeados altos
custos da série.
Mas sem
dúvidas o grande destaque mesmo da série é seu elenco – Sophie Charlotte, fecha o
ano comprovando com a Aracy a grande atriz que
é. Assim como em O Rebu (2014) ou Todas as Mulheres do Mundo (2020), que
credenciam seu talento, Passaporte para a Liberdade é seu grande salto. A
Atriz está perfeita na interpretação discreta e
pertinente de uma personagem tão representante da
nossa história.
Rodrigo Lombardi também se destaca na pele de João Guimarães Rosa. A química com Sophie
Charlotte é perfeita e o ator que sempre se transforma no que
interpreta, já está em minha
memória eternizado como o
poeta, diplomata , romancista e
médico brasileiro que marcou sua passagem por Hamburgo.
A minissérie que também será apresentada no mercado internacional mesclou o
seu elenco com vários nomes estrangeiros e eu não posso deixar de citar alguns nomes que já
marcaram a série nessa primeira semana de exibição : Os alemães Peter
Ketnath e Stefan Winert , que dão vida ao capitão das tropas SS Thomas
Zumble e ao amigo de
Aracy, Milton Hardner,
respectivamente; o
britânico Thomas Sinclair Spencer, que interpreta o facínora soldado nazista Karl Schaffler; a atriz
israelense Sivan Mast que
vive Helena Krik, jovem de resistência contra Hitler que se apaixona pelo judeu Rudi Katz, vivido pelo italiano Jacopo
Garfagnolli, além da polonesa Izabela
Gwizdak, que na trama é Margarethe levy,
esposa de Hugo (Bruce
Gomleysky).
Passaporte para Liberdade é uma luxuosa minissérie em todos os sentidos, e com
certeza o sucesso no mercado internacional é garantido.
Vale destacar o traumático momento da chamada “Noite dos Cristais” -
em que novembro de 1938, quando o regime nazista impôs a destruição de templos,
lojas e sinagogas judaicas – A Sequência impressionou pelo nível de realismo.
Veja Também:
Balanço Minisséries / Seriados / Série 2020
Fonte:
Texto
: Evaldiano de Sousa
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