A partir desta segunda (06.12) , O Cravo e a Rosa, primeiro grande sucesso do autor WalcyrCarrasco na Globo está de volta em uma edição especial.
A comédia romântica leve e divertida alavancou a audiência do horário das seis como nunca se tinha visto até então e gabaritou Walcyr para o seleto time de grandes autores da casa.
A novela que já foi reprisada por duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo (2003 e 2013), e uma no Canal Viva em 2019, todas marcadas pelo sucesso, se passa nos anos 20 e sempre será uma história atemporal.
Com mais de 20 anos entre a próxima reprise e a exibição original , O Cravo e a Rosa foi uma ótima escolha para dar uma alavancada no horário em que a Globo sofre para se manter líder.
Para os que não lembram, segue abaixo 10 motivos entre os muitos, para não perder um capítulo sequer.
1 – A Trama principal inspirada em A Megera Domada
A trama é inspirada no clássico “A Megera Domada”, de Shakespeare, com referências nas novelas A Indomável (Tv Excelcior/1965), da Ivani Ribeiro e O Machão (Tv Tupi/1974), do Sérgio Jockyman, que também foi baseada na obra do Shakespeare.
Muitos personagens vieram de O Machão mesmo, principalmente os protagonistas, dada as devidas proporções claro. Para facilitar a narrativa e empatia do público, e levando em consideração que a trama era uma comédia romântica, Catarina teve seu perfil contestador atenuado para tornar a personagem mais simpática.
O Clássico de “Cyrano de Bérgerac”, de Edmon Rostand foi outra referência para a trama através dos personagens Bianca, Heitor e Edmundo, vividos por Leandra Leal, Rodrigo Faro e Ângelo Antônio. Bianca amava o físico de um e a alma de outro. O sentimento e as dúvidas de Bianca entre um e outro proporcionou cenas emocionantes e hilárias para O Cravo e a Rosa.
2 – Primeira novela do Walcyr Carrasco na Globo
Walcyr Carrasco estreou na Globo em O Cravo e a Rosa – que estreia, hein! O Autor foi trazido pela emissora por Wálter Avancini, depois do grande sucesso de Xica da Silva, que Walcyr escreveu e Walter dirigiu na Rede Manchete em 1996. Na verdade, Walcyr ainda era contratado do SBT quando “escondido” escreveu Xica da Silva. Reza a lenda que depois que Silvio Santos descobriu, “obrigou” Walcyr escrever Fascinação (1998), antes de terminar seu contrato e ele finalmente começar O Cravo e a Rosa.
O Fato é que O Cravo e a Rosa consagrou Walcyr logo em seu primeiro trabalho, e depois foi responsável por outros grandes sucessos da emissora como Chocolate com Pimenta (2003), Alma Gêmea (2005), Caras e Bocas (2009), Verdades Secretas (2015) , Êta Mundo Bom (2016) entre outras.
3 – A Química entre Eduardo Moscovis e Adriana Esteves
A Química entre Eduardo Moscovis e Adriana Esteves foi fator determinante para o sucesso da trama. Petruchio e Catarina impecavelmente bem construídos por seus interpretes , sem a química entre eles teria muito prejudicada a empatia junto ao público que se entregou ao casal mais improvável da história da teledramaturgia. Ambos os atores vinham de personagens totalmente diferentes dos perfis do Petrucchio e Catarina. Eduardo vinha do Carlão de Pecado Capital (1998), o remake da Glória Perez e a Adriana tinha acabado de nos brindar com a Sandrinha de Torre de Babel (1998), do Silvio de Abreu, e se entregaram de tal forma aos protagonistas de O Cravo e a Rosa que deram um novo status aos seus trabalhos, mostrando que sabiam fazer um humor inteligente e brincar com um bom texto em mãos.
4 – Bianca (Leandra Leal), Edmundo (Ângelo Antônio) e Heitor (Rodrigo Faro)
Outra trama que chamou atenção em O Cravo e a Rosa é a história da doce Bianca, a irmã de Catarina, vivida pela atriz Leandra Leal. Com Catarina casada, Bianca que ao contrário da irmã sonhava em se casar, Dinorá (Maria Padilha) dá o prosseguimento ao seu plano de casar o irmão Heitor com a mais nova herdeira do banqueiro Batista (Luis Mello). O pilantra conquista o coração de Bianca através de poemas românticos escritos na verdade pelo professor Edmundo, um intelectual, o inverso do fortão Heitor. Ao longo da história Bianca descobre que ele é o seu verdadeiro amor, e que Heitor apenas se interessava por seu dinheiro. Porém enquanto isso Bianca vive um grande dilema – gosta da inteligência de Edmundo e do corpo de Heitor.
5 - Núcleo Caipira
Um núcleo que chamou muita atenção em O Cravo e a Rosa e proporcionou momento hilários e memoráveis sem dúvidas foi o dos Caipiras, a família de Petrucchio.
Calixto (Pedro Paulo Rangel) se casa com dona Mimosa (Suely Franco), a empregada que criou Catarina (Adriana Esteves) e Bianca (Leandra Leal) desde a morte da mãe delas, e que continua trabalhando para Catarina depois do casamento dela com Petruchio (Eduardo Moscovis).
Januário (Taumaturgo Ferreira), por sua vez, continua fazendo a corte a Lindinha (Vanessa Gerbelli) e sendo esnobado por ela, mesmo depois de a jovem ser escorraçada de casa por Calixto, após descobrirem suas maldades para separar Petruchio e Catarina. Mas a sorte do rapaz muda quando o rico Joaquim (Carlos Vereza) descobre que ele é seu filho, fruto de uma aventura no passado. Pouco depois, o fazendeiro morre e deixa todas as suas posses para o porquinho de estimação de Januário. Marcela (Drica Moraes), que não reconhece o caipira como irmão, astutamente compra o porco dele antes que ele possa reivindicar o dinheiro.
Desmascarada no final da trama, Marcela está certa de que ainda pode contar com o dinheiro da herança de Joaquim, já que é dona do porquinho, mas é surpreendida por um golpe dado pelo próprio pai: o animal não herdou nada, tudo não passou de uma farsa armada por Joaquim que, quando convencido do verdadeiro caráter da filha, instruíra os advogados para que a história do porquinho fosse usada como artifício até que a situação legal de Januário fosse regularizada e ele pudesse receber sua fortuna sozinho. Januário consegue finalmente conquistar Lindinha que, depois de pagar por tudo o que fez, arrepende-se e pede perdão por seus erros.
6 – Nem o esticamento prejudicou O Cravo e a Rosa
Inicialmente, O Cravo e a Rosa havia sido pensada para ser uma trama curta, com poucos capítulos, assim como fora a antecessora Esplendor (2000). Porém quando Walcyr já estava no segundo terço da trama, e com certeza depois que a Globo viu o sucesso com a trama no ar, o autor foi avisado que ao invés de 90 seria uma trama normal com até 200 capítulos. Com isso Walcyr teve que se desdobrar para continuar o fôlego da trama mesmo depois do esticamento. Para isso providenciou uma vilã a altura do texto para infernizar a vida dos protagonistas e outros personagens da novela. A Lindinha , da Vanessa Gerbelli, até então fazia as vezes de vilã e principal empecilho para felicidade de Petrucchio e Catarina, mas era uma personagem muito infantil. Drica Moraes, que havia se destacado como a vilã Violante de Xica da Silva (1996), entrou em O Cravo e a Rosa como a perigosa Marcela, uma mulher interesseira e ex-namorada de Petrucchio. O Cravo e a Rosa acabou fechando sua exibição com um total de 221 capítulos.
7 – O Inesquecível destaques dos atores mostrando seu lado cômico
Além de Eduardo Moscovis e Adriana Esteves, que brilharam fazendo humor na pele dos protagonistas da novela, outros atores fizeram da trama um palco e se destacaram também no humor : Ney Latorraca (Cornélio) e Maria Padilha (Dinorá), LuisMello (Batista) e Drica Moraes (Marcela); Pedro Paulo Rangel (Calixto) e Suely Franco (Dona Mimosa); Eva Todor (Josefa) e Carlos Vereza (Joaquim); Taumaturgo Ferreira (Januário) e Vanessa Gerbelli (Lindinha) entre outros.
8 - Trilha Sonora
O Grande destaque da trilha sonora da trama era canção de abertura “Jura”, samba de Sinhô, imortalizado em 1929 por Mário Reis, gravado para a novela por Zeca Pagodinho, que deu o charme brejeiro que a trama pedia. A trilha tem 14 faixas musicais mesclada com temas comerciais e típicos sertanejos bucólicos.
9 - Abertura
Outro ponto marcante de O Cravo e a Rosa foi sua abertura. Inspirada em fotos e filmes do início do século. No filme um camafeu girava no ar abrindo e fechando mostrando imagens em preto e branco com aparência de película antiga, tipo cinema mudo, de vários personagens da novela. Em 2001, a abertura foi escolhida a melhor do ano pelo júri do II Festival Latino-Americano de Cine Vídeo, em Mato Grosso do Sul.
10 - Figurino e Caracterização
Para uma trama de época a perfeita caracterização e seus figurinos sempre são fatores importantíssimos para fazer com que o telespectador viaje para época e a narrativa flua com coerência. O Cravo e a Rosa não pecou em nenhum momento nesse quesito.
Cerca de mil peças compuseram o figurino confeccionado especialmente para novela. A figurinista Beth Felipecki se baseou em filmes e personagens da literatura para criar os figurinos que marcavam o perfil dos personagens. Os de Catarina (Adriana Esteves), por exemplo, teve como uma de suas inspirações a boneca Emília, do Sítiodo Pica pau Amarelo, de Monteiro Lobato. A personalidade forte da personagem era retratada em seus figurinos coloridos, com cores vibrantes e alguns acessórios masculinos, como gravatas.
Foi Beth quem deu dicas para o visual do Petrucchio (Eduardo Moscovis). Foi por ideia dela que o ator deixou a barba crescer e clareou os cabelos, dando os aspecto desleixado e maltratado pelo sol ao protagonista.
O andar pesado de Petrucchio, muito importante na caracterização do mesmo, também surgiu depois que Beth Felipecki apresentou ao ator um par de coturnos com os quais Eduardo conseguia pisar forte e pesado.
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