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Novelas Inesquecíveis – O Astro (1977)

 
        Uma novela que foi idealizada com a certeza de que daria certo, que arrebataria o público de tal maneira que jamais fosse esquecida. Pelos menos  isso foi o que Daniel Filho mencionou em seu livro “Antes que me esqueçam” sobre a novela O Astro da autora Janete Clair.
        A Expectativa do autor mais pareceu uma profecia, O Astro foi  um dos maiores sucesso da história da teledramaturgia nacional e neste hoje (06.12.)  a trama completou 37 anos de sua estreia.
Herculano Quintanilha

        A Novela tinha um magnetismo tão grande, que até os exageros usados propositalmente pela produção, como o turbante do Francisco Cuoco, ou a caracterização da família árabe de  Salomão Hayalla, soou como principais atrativos da novela.
        O Astro obteve índices de audiência maiores que as transmissões dos jogos de futebol da Copa do Mundo da Argentina de 1978.

        Janete Clair se inspirou na ascensão do ex-ministro do bem estar social da Argentina, Luiz Lopes Rega, conhecido como “El brujo”, muito importante e influente na administração de Péron. A autora já havia tentado escrever a   história em 1973, mas a censura não permitiu, assim então a autora apresentou O Semideus. O Primeiro nome pensado tanto para  O Astro, como para O SemiDeus , foi O Bruxo, título que a censura também implicou.


        Um dos  pontos mais fortes da novela sem dúvidas foi a morte do Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo) e a investigação de quem seria o assassino  que fez a novela virar notícias nos quadro cantos do país. Minha mãe conta uma passagem interessante. Eu nasci em 04 de maio de 1978, ou seja, faltava pouco mais de 2 meses para o término de O Astro. Ela lembra que ouvia as enfermeiras falando pelos corredores do hospital na preocupação de não aparecer nenhuma emergência na hora que a novela começasse.
        O Assassinato de Salomão  causou  curiosidade até no então  presidente Ernesto Geisel. Em 1978 a profissão de ator estava sendo regulamentada no Brasil, e Daniel Filho entre outros atores e diretores foram a Brasília representando a classe artística. Geisel chamou Daniel de lado e perguntou : Afinal de contas quem, matou Salomão Hayalla? Daniel Filho rapidamente respondeu  : “Isso é segredo de Estado, e de segredo de estado o senhor entende, não é?
        A Novela mudou o horário de muitos compromissos, ninguém poderia pensar em perder nenhum capítulo da trama, principalmente em sua reta final.


        A novela começa em 1962, ano da conquista do bicampeonato mundial de futebol pelo Brasil, quando, na cidade de Guariba, Herculano Quintanilha (Francisco Cuoco)  é traído pelo companheiro de trapaças, Neco da Silva (Flávio Migliaccio), que foge com o dinheiro angariado para a reforma da igreja do lugarejo com a conversa dos "arquitetos". Herculano é humilhado em praça pública e foge para o Rio de Janeiro, deixando a mulher, Doralice (Cleyde Blota), e o filho pequeno Alan (Stepan Nercessian), prometendo vir buscá-los um dia. A história, então, começa a se passar no ano de 1974, doze anos depois, quando Herculano trabalha numa churrascaria, fazendo apresentações na pele de um tarólogo, astrólogo, cartomante, quiromante e assemelhados. Numa de suas apresentações, reconhece entre os clientes o amigo traidor, Neco, de quem novamente se aproxima, porém cheio de mágoa e à espera de uma oportunidade para se vingar.
Paralelamente (a princípio), corre a história da milionária família Hayalla, capitaneada pelo patriarca Salomão (Dionísio Azevedo), que é casado com a fútil Clô (Thereza Rachel) e pai de Márcio (Tony Ramos), um jovem que se diz enviado de São Francisco de Assis e rejeita a riqueza da família. Salomão sempre planejou que o filho tomasse conta de tudo um dia, mas o rapaz não se mostra nem um pouco propenso. Márcio resolve sair de casa, depois de ser internado num hospício, fugir e se desentender mais uma vez com o pai. Nessa fuga, conhece Herculano, que se aproxima aos poucos dos Hayalla, graças a uma de suas clientes, Beatriz (Heloisa Helena), secretária da diretoria do grupo. É também através de Beatriz que, na churrascaria, Herculano conhece Amanda Mello Assumpção (Dina Sfat), diretora da construtora que leva o seu nome de família e ex-mulher de Samir Hayalla (Rubens de Falco), um dos tios paternos de Márcio.


Outra cena muito marcante de O Astro  foi a que Tony Ramos na pele do Márcio Hayalla, se despe das roupas compradas  pelo pai e sai às ruas  como veio ao mundo. A Cena representava a negação do personagem a fortuna do pai, um espécie de São Francisco de Assis  do mundo moderno. Tony Ramos não havia sido o primeiro pensado para viver  o Márcio. O Ator que havia estreado na Globo um ano antes, na novela Espelho Mágico (1977), do Lauro César Muniz, aceitou um pedido do Daniel Filho para fazer testes com as atrizes que viveriam a Lili. Tony se saiu  bem nos testes que  Daniel Filho fincou o pé e disse que o personagem tinha que ser dele. Assim o ator viveu um dos seus grandes momentos na Tv vivendo o primeiro nu masculino da tv brasileira, e sua dobradinha com Elizabeth Savalla, que interpretou a Lili, foi sucesso absoluto. O Casal logo que terminou O Astro, foi escalado para protagonizar a próxima trama da autora Janete Clair, a novela Pai Herói (1979).


O Astro consagrou Francisco Cuoco vivendo novamente um personagem criado por Janete Clair; assim como a saudosa Dina Sfat, em um dos seus grandes momentos na tv vivendo a inesquecível Amanda, e Thereza Rachel na pele da Clô Hayalla.


A tão aguardada identidade e os motivos  que levaram ao assassinato de Salomão Hayalla foram revelados no último capítulo.  Tal quais outras inspirações que a autora teve, o final de O Astro foi tirada de uma notícia de jornal. Janete leu sobre o assassinato da Jovem Claudia Lessin Rodrigues. Os acusados eram um rapaz viciado em cocaína e seu amigo, um cabeleireiro. Na novela os assassinos foram Felipe Cerqueira (Edwin Luisi), um taxicômano mau-caráter e Henri (José Luis Rodi), seu amigo e cumplice. Felipe matou Salomão com uma coronhada de revólver na cabeça. Salomão sabia da ligação entre Felipe e sua mulher, Clô (Thereza Rachel), e que ele estava envolvido com drogas.  A Foto do assassinato com a revelação do assassino foi capa do Jornal do Brasil três dias antes : “O Assassino é Felipe!”.  



Em 2011, a clássica trama  ganhou um remake no horário das 23 horas, com Rodrigo Lombardi, Carolina Ferraz, Thiago Fragoso  e Regina Duarte, nos papéis que foram de Francisco Cuoco, Dina Sfat, Tony Ramos e Thereza Raquel. O Remake é o de maior audiência entre os quatro já apresentados no horário.


O Astro foi uma espécie de Avenida Brasil da década de 70. Um novelão bem ao estilo da Janete, que usou de todos os subterfúgios  para prender o telespectador e conseguiu. Não teve um brasileiro sequer que não tenha se encantado com o poder do turbante daquele espetáculo em forma de novela.

Ficha Técnica :
Resultado de imagem para fotos da novela o astro 1977
Novela da Autora Janete Clair
Direção Geral : Daniel Filho
Elenco :
Francisco Cuoco, Dina Sfat, Dionísio Azevedo, Tony Ramos, Elizabeth Savalla, Thereza Rachel, Rubens de Falco, Carlos Eduardo Dolabella, Flávio Migliaccio, Edwin Luisi, Ida Gomes, Silvia Salgado, Stepan Nercessian, Angela Leal, Heloisa Mafalda, Heloisa Helena, Ênio Santos, Cleyde Blota e Carlos Poyart entre outros.

Exibição : 06 de Dezembro de 1977 à 08 de Julho de 1978
Capítulos : 186

Francisco Cuoco em O Astro - 1ª versão, 1977. TV GloboElizabeth Savala e Francisco Cuoco em O Astro - 1ª versão, 1977. TV GloboRubens de Falco e Dina Sfat em O Astro - 1ª versão, 1977. Nelson Di Rago/TV GloboCleide Blota e Elizabeth Savala em O Astro - 1ª versão, 1977. Cedoc/TV Globo

Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : memóriaglobo.com, teledramaturgia.com



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