Um homem considerado o mais rico do mundo e que com um doença grave
volta ao país natal em um redoma para morrer em paz. Pelo menos isso é o que é
divulgado, mas na verdade Volpone volta com a intenção de provar sua inocência
na acusação de assassinato do seu futuro sogro há 20 anos.
Este era o mote principal da novela Um Sonho a Mais, do
autor Daniel Más com argumento do
autor Lauro César Muniz, baseada na peça Ben Johnson , Volpone , e
que está fazendo neste mês 30 anos de estreia. Daniel Más, na verdade só ficou até o capítulo 37, daí em diante Mário Prata assumiu a trama junto com Dagomir
Marquezi.
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A Ideia inicial acabou não sendo bem aceita pelo público e a censura da
Nova República acabou não aprovando a
comédia feita em torno dos personagens da trama travestidos de mulher.
Assim personagens como Ana Bella Freire (Ney Latorraca), Florisbella
(Marco Nanini) e Clarabela (Antõnio Pedro) tiveram que sair da trama.
Mesmo com toda essa pressão Um Sonho a Mais pode
ser considerada a primeira novela a apresentar o primeiro beijo entre dois
homens em cena. Ney Latorraca, na
pele de Anabela e Carlos Kroeber que
vivia o seu apaixonado Pedro Ernesto, protagonizaram esse beijo. Na verdade não
chegou a ser um beijão, foi uma leve “bitoquinha”, mas um grande passo para
humanidade.
Além do Volpone e Anabela
Freirre, Ney Latorraca viveu ainda
mais três personagens em Um Sonho a Mais : O
Médico, Nilo Peixe; O Motorista
escrachado sempre de braguilha aberta, André e o advogado Augusto Melo Sampaio.
Ney Latorraca foi sem dúvidas o grande destaque dessa novela e praticamente a
carregou nas costas. Mesclando grandes cenas dramáticas com o humor cult
instalado na trama depois das mudanças iniciais, marcaram a interpretação do
ator.
Foi o próprio Ney Latorraca
que convenceu o diretor Roberto Talma
a gravar as cenas iniciais da novela no Egito, dando o ar glamoroso que Volpone
precisava, já que ele era um dos homens mais ricos do mundo. O Hotel onde a
novela foi gravada era o mesmo do filme Morte no Nilo, com a Bette
Davis.
Susana Vieira, que deu vida a cínica Renata, também teve muito destaque. Desfilando
um visual chiquérrimo e no auge da moda da época. Ela apareceu louríssima de
cabelos curtos. A personagem lhe rendeu um ensaio interno em uma das edições da
revista Playboy daquele ano.
O Saudoso Carlos Kroeber, fez
do atrapalhado e apaixonado Pedro
Ernesto seu personagem mais lembrado na
Tv.
O Ator Anselmo Vasconcellos
marcou o seu punk e louco personagem Edgar Chaves com a gíria “Tá
Maus” , repetida nos quatro cantos do Brasil. O Ator vivia no início da
trama o advogado Edson Chaves com pouco destaque. Com a mudança de autores o
personagem desapareceu, voltando como
esse irmão punk. Inesquecível a cena em que Edson, depois de retornar a trama
como inimigo de Volpone, tortura o irmão
Edgar para saber segredos de Volpone que só ele provavelmente saberia. A
Tortura? Edson tranca o irmão em quarto com a música “Não se Reprima” dos Menudos no mais alto volume. Tortura
total, não?!
Cissa Guimarães deu vida à abelhuda repórter Amélia Bicudo na trama, com muito destaque
na novela. Coincidência ou não, logo depois do término da trama a atriz foi
convidada para virar repórter do Vídeo Show, conhecida por “Quebrar o coco e não arrebentar a sapucaia”
. A atriz ficou no programa até 2001.
Silvia Bandeira, protagonista da novela, foi escolhida de uma maneira jamais feita
antes. Através de um programa de computador foram jogadas as informações da
personagem Stella, cruzando com características de várias atrizes do casting da
Globo. O programa sugeriu Silvia Bandeira, que curiosamente não
tinha feito ainda nenhuma novela inteira, e tinha ganhado destaque graças ao
sucesso do filme Bar Esperança, no qual havia sido premiada.
Maitê Proença vivia uma personagem importante dentro da novela Um Sonho a Mais, a interesseira
Valéria, que no decorrer da trama descobria ser filha do milionário assassinado
Dr. Telles (Rubens Corrêa), ou seja era irmã de Stella. Porém a personagem
acabou saindo sem mais explicações da trama, assim com um dos seus pares,
Joaquim , vivido pelo Edson Celulari.
Na verdade ambos tiveram que deixar a novela devido ao compromisso firmado na
gravação do filme Brasa Adormecida.
“Um Sonho a Mais não faz mal . . . “ Essa frase ficou imortalizada no grande sucesso do grupo Roupa Nova na música “Wisky a Go-GO” tema de abertura da
novela. O vídeo mostrava um bailinho dos anos 60, com elementos típicos do
início da década, em forma de gags humorísticas. A abertura é lembrada com uma
das mais bonitas até hoje e a música tema
continua fazendo sucesso absoluto no repertório do Roupa Nova.
O Ator Ricardo Zambelli, que
fazia um rico entediado na trama, morreu
pouco dias depois da estreia da novela num acidente automobilístico no carnaval
daquele ano. O Ator era marido da também atriz Zaíra Zambelli.
Volpone teve um final poético. Ele descobre realmente ter uma doença
incurável, recorre a vários médicos e depois de uma cirurgia parece ter se curado da doença. No último capítulo é
revelado que Renata foi a responsável
pelo assassinato no qual ele havia sido culpado, e acaba morrendo ao conseguir captura-la tentando fugir do
país.
Na cena final, Volpone e Stella num cenário que representava o céu
recebe os cumprimentos de todo o elenco da trama. Todos vestidos de branco numa
grande confraternização.
Um Sonho a
Mais pode a ter
não ter sido um grande sucesso das sete, mas no passar dos anos é notável que
no mínimo a trama ganhou ares de cult, graças ao tema delicado e o enredo mais do que interessante. Não acho
nem exagero que um remake dela poderia até ser benvindo nos dias de hoje. Com os novos padrões e sem a
censura, o núcleo dos travestis poderia sem
bem melhor desenvolvido e render situações hilárias.
Ficha
Técnica:
Novela dos autores : Daniel Más e
Mário Prata
Argumento : Lauro César Muniz
Direção Geral : Roberto Talma
Elenco :
Ney Latorraca, Susana
Vieira, Silvia Bandeira, Marco Nanini, Fulvio Stefanini, Maitê Proença, Edson
Celulari, Tássia Camargo, Anselmo Vasconcellos, José Lewgoy, Yara Amaral,
Carlos Kroeber, Cissa Guimaraes, Roberto Bataglin, Cláudia Magno, Tamara
Taxmann, Antônio Pedro, Chaguinha, Lupe Gigliotte, Paolette, Marcia Porto,
Henriqueta Brieba, Ricardo Zambelli, Aracy Balabanian, Rubens Corrêa entre outros.
Exibição : 04 de Fevereiro à 02
de Agosto de 1985
Capítulos : 153
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : teledramaturgia.com , memóriaglobo.com, wikipédi.com
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