E
foi ao ar nesta última sexta-feira (28.08) o último capítulo da novela Babilônia, do autor Gilberto
Braga, e diferente do que se esperava e não muito distante do histórico da
trama, o
capítulo foi um dos mais decepcionantes da história da teledramaturgia
nacional.
Com
desfechos desinteressantes e até previsíveis, muito diferente de clássicas
tramas do Gilberto Braga, a impressão que se deu é que o autor e seus
colaboradores estavam tão desestimulados,
que usaram o último capítulo para se vingar da camada de telespectadores que
julgaram, mutilaram, sentenciaram e transformaram Babilônia na destruidora da moral e bons
costumes. Isso ficou ainda mais notável com o show de beijos gays distribuídos na
parte final entre Tereza e Estela, personagens da Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg; e Ivan com Sérgio,
personagens dos atores Marcelo Mello Jr
e Cláudio Lins. Vale lembrar que foi o beijo gay no primeiro capítulo o estopim dessa trilha de rejeição da trama.
A
Revelação da identidade do assassino do Murilo (Bruno Gagliasso), que morreu
graças a baixa audiência da novela com muito se comentou nas redes sociais,
decepcionou. Otávio (Herson Capri) e Oswaldo (Werner Schunemann) foram os
assassinos. Conforme a história, o personagem morreu porque Otávio imaginou que
fosse ele o amante da Beatriz (Glória Pires). Ou seja, morreu por engano. O
final lembrou até o assassinato da Odete Roitmann, a Beatriz Segall em Vale Tudo (1988), que também foi morta por engano, quando a Leila
(Cássia Kiss Magro) imaginou que ela fosse a Maria de Fátima (Glória Pires),
amante do seu marido Marco Aurélio (Reginaldo Faria). Mas claro sem
comparações.
O
embate final entre as vilãs Beatriz
(Glória Pires) e Inês (Adriana Esteves) outro momento aguardado do
último capítulo, foi outra grande decepção. Depois de presas para pagar seus
crimes, inclusive a Inês pagando por um da Beatriz, fogem da cadeia com carro
esperando na porta e tudo, bem ao estilo do filme Thelma e Louise (1991), brigam e na disputa pela direção do carro caem
em um despenhadeiro. A Cena final da tomada com Glória Pires e Adriana Esteves se olhando com uma expressão de
interrogação me pareceu que as atrizes
estavam se perguntando : É só isso o nosso final?
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Uma das coisas que nunca consegui
engolir em Babilônia foi a transformação da Regina (Camila Pitanga) de
barraqueira que usava a expressão “Playba” para a lady gerente de um
restaurante de luxo. Do dia para a noite a personagem começou a se comportar
educadamente e se vestir com classe. Inexplicável!
Babilônia teve sim seus destaques,
afinal o ótimo elenco conseguiu tirar leite de pedra em algumas situações. O Texto
e o roteiro pode não ter decolado, mas o elenco primoroso, outra característica
das tramas do Gilberto Braga, deu seu show.
Glória Pires foi mais uma vez estrela
absoluta e praticamente levou a história nas costas. Enquanto alguns
personagens devido a decepção de seus interpretes pelo andamento da trama murcharam
dentro da história, a Beatriz continuou firme e forte a cada situação,
mostrando a força e o talento de uma atriz do seu nível.
O
Casal jovem Lais e Rafa, personagens da Luisa
Arraes e Chay Suede, bem ao estilo Romeu e Julieta , também conquistou o
publico quando a falta de química entre o Vinícius (Thiago Fragoso) e Regina
(Camila Pitanga) não deixou o casal decolar.
E
Por falar em química, Marcelo Mello Jr , que perdeu o parceiro Marcos Pasquim como par romântico do seu personagem, acabou brilhando ainda mais com o substituto Claudio Lins, num jogo de química
certeiro entre os intérpretes.
Na
comédia, destaque absoluto para Arlete Salles como a esfuziante Consuelo.
A personagem que era a personificação viva do preconceito e falta de caráter,
seguiu uma linha cômica, que acabou nos fazendo adorá-la ao invés de odiá-la.
Uma
pena que personagens que prometiam tanto acabaram se apagando dentro da novela
como a Alice da Sophie Charlotte, O
Evandro do Cássio Gabus Mendes, O Murilo da Bruno Gagliasso, a Inês da Adriana
Esteves entre outros que tinha um perfil apontado para o sucesso, mas as
adaptações à trama podaram esses perfis e eles acabaram não se encontrando mais
dentro da novela.
Por
causa da rejeição à Babilônia, nunca saberemos se a história original traçada por Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João
Ximenez Braga seria o sucesso arrebatador anunciado e aguardado pela
chamadas de estreia, mas com certeza seria uma história mais coerente e
aceitável que a apresentada.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Quem nasceu para crítica, nasceu e ponto final.Adorei seus texto. Todas as suas observações são pertinentes. Só tenho uma dúvida. Uma não, vários, que aliás, devem fazer parte também da maioria dos expectadores brasileiros : por quê o folhetim foi tão rejeitado? Será que foi pela
ResponderExcluiridade das atrizes que representaram o casal homoafetivo? Por quê Carlos Alberto precisou morrer? Por quê a personagem Regina transformou-se em uma lady, se esta caricatura não representa a maioria ? Abraços !
Babilonia só fez confirmar que Gilberto Breaga há muito tempo se tornou um autor caricato, maniqueísta, previsível e ultrapassado. Babilônia é um mais do mesmo malfadado e patético, uma trama totalmente anos 1990. Já vai tarde babilônia até nunca mais.
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