Com esse post
o e10blog estreia mais uma seção. A
Partir de então mensalmente um grande e
renomado autor de novelas e minisséries
será merecidamente homenageado pelo blog.
E Para
começar, por que não com o pé direito e já estrear com ninguém mais ninguém
menos que Gilberto Braga, autor de Babilônia, que está precisando desse carinho depois de tanta
rejeição a sua trama.
Gilberto Braga se consagrou ao escrever
sobre a alta sociedade mostrando toda a sujeira que eles insistem em jogar para debaixo dos tapetes
persas de suas salas. Isso sem falar nos inesquecíveis “Quem Matou?” que o autor
sabe criar como nenhum outro.
Adicionar legenda |
Atualmente Gilberto Braga amarga uma rejeição
drástica a trama de Babilônia, que foi anunciada como uma grande inovação e uma novela forte. Foi tão
forte que o público ficou amedrontado e fugiu da trama. As adaptações que o
autor foi obrigado a fazer saíram pior
que a encomenda, uma pena. Tinha certeza que o autor conseguiria salvar Babilõnia tal qual acontecera com O Dono do
Mundo (1991)
e Insensato
Coração (2011)
, duas outras tramas suas que também sofreram
para emplacar.
Babilônia pode até terminar com
uma das tramas mais fracas do autor, mas
isso em nada vai abalar a grande contribuição que o Gilberto Braga já deu a teledramaturgia nacional nesses mais de 40
anos de carreira.
Gilberto
Braga nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Começou como crítico de
cinema e teatro, e em 1973 estreou na tv escrevendo o Caso Especial Praias Desertas.
Mas eram as novelas que transformariam o
nome do autor em um dos mais conceituados.
Sua primeira
novela foi Corrida do Ouro (1974) em parceria com Lauro César Muniz, e no ano seguinte colaborou com Janete Clair na trama de Bravo, substituindo a autora na reta final quando ela precisou
se afastar para assumir outra trama.
As adaptações
literárias foram o ponto forte do autor em sua primeira fase com destaque para Helena (1975), do Machado
de Assis; Senhora (1975) do José de Alencar e um dos maiores sucessos da teledramaturgia
nacional, a adaptação do romance de Bernardo
Guimarães, Escrava Isaura
(1976). A novela foi por anos a produção mais vendida da Rede Globo consagrou Lucélia
Santos e firmou o nome do Gilberto Braga como ótimo roteirista.
Em 1977, outra adaptação do autor de sucesso para o horário das seis foi Dona Xepa, adaptação da peça de Pedro Bloch, que caiu no gosto do
público e foi mais um degrau subido pelo autor
para o horário nobre.
Em 1978, Gilberto Braga elevado ao horário nobre
apresentou a novela que marcou a história da teledramaturgia nacional, Dancin´Days, baseada em uma ideia de Janete Clair chamada “A
Prisioneira”. A novela foi um
sucesso arrebatador com destaque para Sônia
Braga na pele da mocinha Julia Matos
e Joana Fomm sua rival e irmã Yolanda Pratini.
O sucesso de Dancin Days garantiu ao autor permanência no horário
nobre e na década de 80 ele escreveu ainda Água Viva (1980), Brilhante (1981), Louco Amor (1983) e Corpo a Corpo (1984).
Em 1986, o
autor escreveu sua primeira minissérie, Anos Dourados, considerada um clássico no gênero e em 1988 baseado no
romance de Eça de Queiroz, adaptou para a tv em forma de minissérie O Primo
Basílio, ambas com sucesso indiscutível.
Foi também em 1988 que o autor parou o Brasil com a pergunta : “Vale a pena ser honesto no Brasil
de hoje?”. Ela foi o mote
principal de Vale Tudo , a novela que mexeu com os quatro cantos do Brasil que
acompanhou a trama da honesta Raquel, vivida por Regina Duarte e as vilãs Odete Roitmann e Maria de Fátima,
personagens da Beatriz Segall e Glória
Pires. O “Quem Matou Odete Roitmann?” ocorrido na reta final da trama fez com que praticamente
todos os brasileiros apostassem em um nome para o assassino da grande vilã. A
Revelação que causou surpresa, pois naquela época sem internet e sem as
notícias automáticas só ficamos sabendo a identidade realmente quando a cena
foi ao ar, Leila, a personagem da Cássia Kiss, era a responsável pelos
tiros.
Na década de
90, Gilberto Braga continuou na
trilogia sobre a corrupção no Brasil em O Dono do Mundo (1991) , trama que chegou a ser
inicialmente rejeitada pelo público e Pátria Minha (1994), em que o autor
agora ao invés de perguntar, confirmava que valia a pena sim ser honesto no
Brasil.
Em 1992, o autor deu uma grande contribuição a politica nacional com a Minissérie Anos Rebeldes, que tinha como pano de fundo os anos de chumbo da ditadura militar, baseada nos livros de Zuenir Ventura e Alfredo Sirks. A Minissérie fez com que muitos jovens naquela época repensassem o cenário político e houve quem dissesse que a minissérie foi uma das responsáveis pelos caras-pintadas terem idos às ruas pedir o impeachment do então Presidente Fernando Collor de Mello.
Fechando a década,
em 1998 foi a vez do Brasil tentar
descobrir em Labirinto, a identidade
do assassino que matara Otácilio Martins Fraga (Paulo José), um rico empresário no assassinato ocorrido
logo no primeiro capítulo.
E em 1999, em parceira com Alcides Nogueira e Sérgio Marques, escreveu para o horário das seis
a também clássica Força de Um Desejo,
uma novela tão boa que se veiculada no horário nobre com certeza seria mais uma
das clássicas criadas pelo autor.
Os anos 2000 foram marcados por dois
sucessos do Gilberto. Em 2003, o autor
juntou três dos atores com quem mais gosta
trabalhar : Malu Mader (Anos Dourados, Anos Rebeldes, O Dono do Mundo, Labirinto e
Força de Um Desejo); Fábio Assumção (Labirinto, Pátria Minha, Força de Um Desejo) e Claudia Abreu
(Labirinto,
Anos Rebeldes, Pátria Minha e Força de Um Desejo) e escreveu Celebridade , que tinha como pano de fundo o
mundo da Fama. A trinca de protagonistas foi o grande destaque da novela, assim como Déborah Secco (Darlene), Déborah
Evelyn (Beatriz) e Márcio Garcia
(Marcos). O Duelo de vilões entre a cachorra Laura e o asqueroso Renato Mendes,
personagens da Cláudia Abreu e Fábio
Assumpção rendeu cenas inesquecíveis
à trama, assim como a surra que Maria Clara (Malu Mader) dá em Laura entrou para
os anais da teledramaturgia nacional.
Três anos depois
de Celebridade, Gilberto Braga
voltou ao horário nobre com Paraíso Tropical.
A Novela que foi a primeira global a ser indicada ao Emmy Internacional de melhor novelas, também
é lembrada como a primeira do autor a ter problemas com rejeição do
grande público. Claro que a rejeição nem se compara o que acontece hoje com Babilônia, e no decorrer da trama Paraíso Tropical entrou nos trilhos e terminou com
relevante sucesso. Wagner Moura e Camila
Pitanga, que viveram os vilões Olavo e Bebel , foram o grande destaque da
novela.
Em 2011, Insensato
Coração foi
a primeira novela do autor que acompanhei já via #Twitter , e as redes sociais viraram uma espécie de nova medição de IBOPE e
audiência. Ou seja, se não bombava nas redes, provavelmente não decolaria. Foi
exatamente isso que ocorreu com Insensato
Coração. Com uma trama inicial seriada, com histórias que se iniciavam e terminavam dentro de mais ou menos uma
semana, a novela só engrenou mesmo com a entrada de Glória Pires, que deu vida a Norma que acabou sendo a grande vítima
do vilão Léo, do Gabriel Braga Nunes.
Insensato
Coração foi
a primeira novela do horário nobre a ser chamada oficialmente de “Novela das nove” ao invés de “Novela das oito” como eram chamadas as
tramas apresentadas no horário até então.
Não tem como
finalizar esse post sobre a carreira do Gilberto
Braga sem desejar mais audiência à Babilônia que I Love Paraísópolis ... ops brincadeirinha ! Na verdade
o autor merece ser lembrado por seus sucessos e não apenas por
suas tramas fortes que chocaram uma parcela do público. Se Insensato
Coração (2011)
e Babilônia (2015) não puderam ser contadas da maneira que o
autor queria, Vale Tudo (1988), Pátria Minha (1994) Celebridade (2003) entre outras puderam, e entre sucessos e incompreensões
o autor continua no hall de um dos melhores novelistas do mundo. Ninguém fica imune a uma trama escrita por Gilberto Braga.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : teledramaturgia.com , memóriaglobo.com
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