Hoje
vou relembrar a carreira de um dos meus autores preferidos e com certeza um dos
mais importantes para o atual modelo das nossas novelas.
Cassiano Gabus Mendes nos deixou
precocemente em 18 de agosto de 1993, mas contribuiu tanto
com seu trabalho e talento para a teledramaturgia nacional que se tornou
inesquecível e um ícone na arte de escrever tramas.
Versátil,
Cassiano foi além de consagrado autor de
novelas, ator, produtor, roteirista,
sonoplasta, contrarregra, ou seja fez de tudo dentro de um veículo que ele
conhecia como poucos.
Filho
do radialista, Otávio Gabus Mendes,
Cassiano estreou na tv junto com a Tupi em 1950, e tal qual o pai adaptou
filmes para rádio teatro. Escreveu A Vida por um Fio, foi idealizador da Tv de Vanguarda, um marco
na tv na década de 50, além de ser o criador do original de Alô Doçura,
série romântica de muito sucesso protagonizada por Eva Wilma e John Hebert.
Na
década de 60, Cassiano continuou
investindo nas comédias românticas em série, e na Tupi
ainda escreveu O
Amor tem Cara de Mulher (1966) e em
1977, na Tv Escelsior, Os Galãs Atacam de Madrugada.
Porém
foi em 1968, com a idealização da novela Beto Rockfeller, que o autor teve sua ideia
mestra. A novela que foi escrita por Bráulio
Pedroso com base nas ideias do Cassiano se transformou em um dos maiores
sucessos da teledramaturgia nacional que ficou dividida entre antes e depois de
Beto Rockfeller.
O
sucesso de Beto Rockfeller
credenciou Cassiano Gabus Mendes que
estreou na Globo como novelista com Anjo Mau, o primeiro
grande sucesso do autor que perpetuou seu estilo de escrever que acabou se
transformando no estilo do horário das sete global, com suas tramas leves,
charmosas, com toques de comédia , beleza,
folhetim e muito bom gosto.
Assim
em 1977, o autor escreveu a recorde de
audiência Locomotivas,
protagonizada por Aracy Balabanian,
Walmor Chagas e Lucélia Santos. A novela foi abraçada de tal forma pelo
público que até hoje é lembrada com uma das melhores já apresentada no
horário.
Mas o
autor não se contentou com esse sucesso inicial e continuou na década de 70
apresentando sucessos como Te Contei? (1978)
e Marron
Glacê (1979).
Na
década de 80, o autor brincou com vários
ritmos e estilos e foi consagrado pela
crítica e pelo público com sucesso como Plumas e Paetês (1980),
que tinha o mundo da moda como pano de fundo; Elas por Elas (1982), protagonizada por Eva
Wilma e que contava a história do reencontro de sete amigas do passado; Ti Ti Ti (1985),
Brega e Chique (1987) e Que Rei Sou Eu (1989).
Essas três últimas consideradas clássicas. São sempre citadas como as melhores
novelas já apresentadas pela Globo, sejam pelo elenco impecável com Reginaldo Faria e Luiz Gustavo em Ti Ti Ti;
a saudosa Marília Pêra, Marco Nanini e
Glória Menezes em Brega e Chique e Edson Celulari, Stênio Garcia e Tereza
Rachel no capa-espada Que Rei Sou Eu?; ou
pela excelência no texto e importância
para história do Brasil na época.
Em
1983, entre uma novela das sete e outra, Cassiano
Gabus Mendes estreou no horário nobre com a novela Champagne. A Globo resolveu ressuscitar o horário das
dez, e assim escalou Janete Clair,
que tradicionalmente escrevia para o horário das oito foi elevada para as dez,
e Cassiano consagrado no horário das sete, foi promovido para o horário nobre.
Infelizmente as passagens do autor no horário nobre não causaram o mesmo efeito que ele fazia às
sete horas. Champagne sofreu na
audiência e em nada lembrou as novelas charmosas que marcaram a carreira do
autor. Em 1990, Cassiano voltou a enveredar no horário das oito com a trama de Meu Bem Meu Mal,
que inclusive será uma das próximas
reprises do Canal Viva. A trama da
década de 90 não chegou a ser nenhum fenômeno de sucesso, mas o autor se saiu bem melhor do que em Champagne.
Quem sabe se Cassiano tivesse mais
tempo, sua terceira jornada no horário nobre fosse o tão aguardado sucesso que
ele ficou nos devendo nesta faixa.
Em
1993, Cassiano Gabus Mendes voltou
ao seu tradicional horário das sete, com a trama de O Mapa da Mina. A novela acabou se
tornando a última do autor, que viria a falecer
antes do seu término. Cassiano já havia deixado todos os capítulos
escritos.
Adicionar legenda |
A Globo homenageou o autor no último
capítulo da novela com uma mensagem
gravada por Lima Duarte (Numa
participação especial) falando do seu grande amigo.
As novelas do Cassiano viraram atemporais, prova disso e
que dois remakes de tramas suas são os maiores sucessos até então nesse gênero
: Anjo Mau (1997) e Ti Ti Ti (2010), da
autora Maria Adelaide Amaral, que colaborou com autor em Meu Bem Meu Mal (1990) e O Mapa da Mina (1993).
Cassiano
é pai dos atores Cássio e Tato Gabus
Mendes que também participaram de várias novelas do pai, mas o autor deixou
vários outros filhos órfãos do charme do seu talento ao escrever novelas.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : teledramaturgia.com, memóriaglobo.com
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