Há exatos cinco anos (26.03.2012)
estreava no horário nobre da Globo
aquela que seria a novela mais comentada,
aplaudida e aclamada até então.
Sucesso de público e crítica Avenida Brasil era o segundo
trabalho do João Emanuel Carneiro no
horário nobre e sua consagração como
grande autor da casa.
Pouquíssimas vezes na história da
teledramaturgia nacional uma novela literalmente parou o Brasil e juntou todos
os tipos de público à frente da tv para acompanhar as aventuras de seus
personagens.
Avenida Brasil inclusive é a primeira dessa era
digital em que passamos à acompanhar às novelas junto às redes sociais, e nesse
campo a trama foi invencível. A chuva de #OiOiOi
´s que se aglomeravam nas redes nos primeiros acordes da abertura mostravam a
hipnose que a trama causava. Outras hastag´s também marcaram os 7 meses de
exibição da trama como o #HiHiHi do
personagem Nilo (José de Abreu), #MeServeVadia, que a Nina (DeboraFalabella) proferiu quando foi à forra na vingança contra Carminha (AdrianaEsteves) e o #ÉtudoCulpadaRrrrita que a vilã Carminha amargou incessantemente
cada vez que um dos seus planos não dava certo.
O sucesso de Avenida Brasil em pleno ano de 2012 com a proliferação da internet e
da tv por assinatura é ainda mais surpreendente, e torna seu autor ainda mais inteligente por
conseguir manter a trama sempre interessante em toda sua trajetória. Nem alguns
percalços (como o pen-drive da Nina) ou
clichês (O “Quem Matou?” o Max na reta final) tiraram o brilho da trama.
O ruim de uma trama que se torna sucesso
é o fato da obrigação das tramas seguintes repetirem esses sucesso o que quase
nunca acontece. No caso de Avenida Brasil, até hoje nenhuma das trama
posteriores à ela (Salve Jorge/2012, Amor à Vida/2013, Em Família/2014.
Império/2014,
Babilônia/2015,
Velho Chico/2016
e A Lei do Amor/2016),
conseguiu nem 40% desse feito. Nem
mesmo o tão aguardo retorno do João Emanuel Carneiro ao horário foi
capaz de vencer ou quem sabe chegar perto de Avenida Brasil. Em 2015, três anos depois o autor
voltou ao horário apresentando a trama de A Regra do Jogo, que pecou exatamente pelo fato de
ser totalmente diferente de Avenida. O autor
não primou pela simplicidade batida que tanto agradou em Avenida Brasil,
dando ênfase a uma trama policial complexa e com pouquíssimo apelo popular.
A história da teledramaturgia mostra que
é difícil sempre apresentar uma trama dita “fenômeno” na tv. Dentro da Globo isso ocorreu apenas quatro vezes
já contando com Avenida
Brasil.
Em 1972, o Brasil parou para acompanhar
o drama da Simone Marques (Regina Duarte) em Selva de Pedra da Janete
Clair. No capítulo 152, no ar em 04.10.1972, a noite em que Simone era
desmascarada, o índices de aparelhos sintonizados na trama na cidade do Rio de
Janeiro foi de 100%. Não houve um entrevistada do IBOPE que tenha dito não está
sintonizado em Selvade Pedra.
Treze anos depois, Roque Santeiro (1985) virou febre nacional ao retratar na pequena
cidade de Asa Branca, transformada no microcosmo do Brasil, uma história
que mostrava que o mito era mais forte
que a verdade. Dias Gomes e AguinaldoSilva brigaram pelo sucesso da trama que imortalizou personagem como a
Viúva Porcina (Regina Duarte) e Senhorzinho Malta (Lima Duarte).
Em 1989, três anos depois de Roque Santeiro, foi
a vez de ValeTudo, do autor Gilberto Braga, parar de novo o Brasil
à frente da Tv para acompanhar a
história de Raquel (Regina Duarte) que tentava provar que valia a pena ser
honesta no Brasil sim! As vilãs Maria de Fátima e Odete Roitmann, vividas magistralmente pela Glória Pires e Beatriz Segall, foram odiadas (e amadas) nos quatro cantos do país. O
Assassinato da Odete Roitmann faltando treze capítulos para o final da novela
prendeu o telespectador de tal modo que até hoje é o “Quem Matou?” mais famoso
da história da tv.
Assim, apenas 24 anos depois de Vale Tudo,
é que com Avenida
Brasil, a Globo conseguiu
o feito de parar o país novamente. Quantos anos
será que teremos que esperar novamente?
Avenida Brasil pode ser chamada de
aquela novela apresentada na época
exata. Focada na classe C (que emergiu após o Governo Lula), o autor fez um bom
uso disso mostrando um panorama socioeconômico do país através dos pitorescos
personagens da trama. Assim como Asa Branca foi em Roque Santeiro (1985), o bairro do Divino, principal locação da
trama, era um microcosmo do Brasil.
Com excelente direção cinematográfica da Amora
Mautner e José Luiz Vilamarim que nos apresentou tomadas e fotografias
ainda não exploradas em novelas até então; o elenco escolhido à dedo e em estado de graças
aliados ao bom texto do João Emanuel, Avenida Brasil foi
em seu conjunto da obra uma produto ímpar apresentado em forma de novela. Mesmo
depois de cinco anos, numa época em que tudo na tv é tão “descartável”, os carismáticos personagens da trama continuam
ainda muito vivos em nossa memória provando o forte apelo popular em forma de
fenômeno que é Avenida
Brasil.
Fonte:
Texto : Evaldiano de
Sousa
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