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Enquete e10blog

Novelas Inesquecíveis – O Direito de Nascer (1964)


        Hoje o e10blog vai falar da primeira novela da história da teledramaturgia considerada um fenômeno e um marco para a história das novelas. Extremamente melodramática a história de Albertinho Limonta   em busca dos seus laços familiares conquistou o público que se sentia na pele do personagem, e  transformou O Direito de Nascer uma das primeiras grandes novelas brasileiras.
        A trama era baseada em um original mexicano do Félix Caignet, e adaptada com maestria por Talma de Oliveira e Teixeira Filho, e em sua essência era uma história simples sem segredos guardados para o final na tentativa de prender o público, na verdade nós já sabíamos toda a história, e o que  nos prendia era como cada história de laço familiar iria ser revelado ou descoberto.

        A novela se passava em Havana, Cuba, 1899. A jovem Maria Helena de Juncal (Nathália Timberg), filha de um dos homens mais importantes e poderosos de Havana, Dom Rafael Zomora de Juncal (Elizio de Albuquerque), está apaixonada por Alfredo Martins (Henrique Martins), filho de Dom Ramiro Martins, ex-sócio e inimigo do pai da moça. Eles sempre se encontram às escondidas e a única pessoa que sabe desses encontros é a negra Dolores (Isaura Bruno), confidente de Maria Helena e empregada dos Juncal há muitos anos. Em uma de suas conversas, Maria Helena revela o que Dolores já desconfiava: a menina engravidou de Alfredo. As duas se desesperam, pois Dom Rafael jamais aceitaria esse neto bastardo.

Alfredo não aceita o filho e sugere aborto, deixando Maria Helena revoltada, pois quer ter o filho de qualquer maneira. Seus pais ficam sabendo da gravidez e Dom Rafael, revoltado, exige saber o nome do amante da filha. Maria Helena não diz, ele a surra e amaldiçoa o próprio neto. Ao descobrir que Alfredo Martins é o pai da criança, Dom Rafael obriga o rapaz a casar com sua filha, mas Maria Helena não aceita e ele manda Dolores e Maria Helena para uma de suas fazendas, onde ninguém poderá descobri-las. Dom Rafael instrui seu criado Bruno para que o chame apenas dias antes do parto.

      A criança nasce, um menino, que é chamado de Alberto. Dom Rafael ordena que Bruno mate o bebê. Enquanto Maria Helena e Dolores dormem, Bruno rouba a criança e foge para o cafezal. Dolores desperta e pressentindo o que está para acontecer, sai correndo pela casa, rouba uma arma de Dom Rafael e vai atrás de Bruno pelo cafezal. Dolores encontra Bruno com uma faca tentando matar Albertinho no meio da mata. Ela atira em Bruno, que cai desmaiado, enquanto ela foge com o bebê. Maria Helena acorda, procura por Dolores e Dom Rafael diz que ela fugiu com a criança.

Maria Helena volta para sua casa em Havana e não é mais a mesma menina, está triste e angustiada, não se conforma com o ato de Dolores. O casal Juncal faz de tudo para que ela se alegre e esqueça do passado. Maria Helena conhece Jorge Luís (José Parisi), afilhado da Condessa Victória (Clenira Michel), uma das maiores fortunas de Havana. Apesar de namorar Emília , melhor amiga de Maria Helena, Jorge Luís se apaixona por Maria Helena e marcam o casamento. A família Juncal está novamente feliz, pois parece que Maria Helena encontrou seu caminho. Mas ela conta seu segredo a Jorge Luís e ele rompe, casando-se enfim com Emília. Dom Rafael fica irado e abandona Maria Helena na porta de um convento.

Dez anos se passam, Dolores e Albertinho moram agora em Santiago e começam a surgir problemas: na escola os amigos de Albertinho vivem dizendo ao garoto que Dolores não é sua mãe pois ela é negra e ele branco. Apesar de tudo Albertinho ama muito Dolores e a trata como mãe, Mamãe Dolores. Por uma coincidência, Jorge Luís se encontra com Albertinho (Amilton Fernandes), que lhe presta um favor. Albertinho convida Jorge Luís para ir a sua casa. Convivendo com a família, começa a desconfiar que ele é filho de Maria Helena. Jorge Luís acompanha o crescimento e banca os estudos de Albertinho em Havana que se torna um famoso médico.

Anos depois, Dom Rafael sofre um acidente grave precisando de transfusão de sangue. Albertinho, já médico formado, ouve a notícia no rádio, se oferece como doador e salva a vida do homem, sem saber que ele é seu avô. Os anos e ironias da vida mostrarão que Dom Rafael, o avô poderoso, estava errado. O neto bastardo o salva da morte e acaba se casando com sua neta, Isabel Cristina (Guy Loyp).

Antes da apresentação na tv, a novela já havia feito sucesso na Rádio Tupi  em São Paulo com com Wálter Forster (Albertinho Limonta), Guiomar Gonçalves (Mamãe Dolores), Yara Lins (Maria Helena), Heitor de Andrade (Dom Rafael) e Norma Lopes (Isabel Cristina).



O Direito de Nascer teve uma força tão grande que por anos alguns atores ficaram marcados pelos personagens na trama.  Guy Loup que viveu Isabel Cristina, assinou por muito tempo pelo nome de sua personagem na trama. A Boina usada por Albertinho Limonta virou moda mesmo a novela sendo de época, assim como os vestidos de Chita da Mamãe Dolores, febre entre as donas de casa. Aliás, a trama teve mais 2 outras versões, em 1978 na Tupi  e 2001 no SBT, e a boina sempre voltou à moda quando a novela esteve no ar.



Nathália Timbeg foi espetacular na pele da sofredora Maria Helena, comovendo o público com seu sofrimento. Impossível imaginar uma personagem que tenha chorado e sofrido mais na história das novelas.

O Novelista Teixeira Filho só escreveu os primeiros 15 capítulos da novela, pois teve que se exilar devido a insegurança política no Brasil. O Autor ficou seis meses na Argentina.



O último capítulo de  O Direito de Nascer foi marcado por  festas sem precedentes, com todo o elenco da novela no saguão dos Diários Associados na noite da sexta-feira (13.08.1965), na Rua Sete de Abril, onde desfilaram em carro aberto pelas ruas centrais da cidade.  No dia seguinte no Rio de Janeiro, a festa tomou proporções de final de copa do mundo, com o estádio do Maracanãzinho  lotado  com o povo em uma espécie de hipnose enlouquecido para se despedir do elenco  da novela. Gritavam o nome de Mamãe Dolores, a atriz Guy Loup chegou a desmaiar ante a emoção do multidão ao se despedir do elenco que fizeram parte das suas vidas por meses.  Também houve um festa no Mineirão em Minas Gerais.

        Uma novela nunca  tinha tomado tamanha projeção junto ao público, e até hoje nem tramas fenômenos como Beto Rockfeller (1968), Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra  (1972) ou Roque Santeiro (1985) chegaram perto do que foi a euforia em torno de O Direito de Nascer.

Ficha Técnica

Novela da autor Teixeira Filho e Talma de Oliveira
Baseado no original mexicano Félix Gaignet
Direção Geral: Henrique Martins

Elenco:
NATHÁLIA TIMBERG – Maria Helena
AMILTON FERNANDES – Albertinho Limonta
ISAURA BRUNO – Mamãe Dolores
GUY LOUP – Isabel Cristina
JOSÉ PARISI – Dom Jorge Luís Belmonte
ELIZIO DE ALBUQUERQUE – Dom Rafael Zamora de Juncal
MARIA LUIZA CASTELLI – Conceição
ROLANDO BOLDRIN – Dom Ricardo de Monteverde
VININHA DE MORAES – Dorinha
HENRIQUE MARTINS – Dom Alfredo Villareal Martins
CLENIRA MICHEL – Condessa Victória de Monteverde
LUIZ GUSTAVO – Osvaldo
ADRIANA MARQUES – Rosário
MÍRIAM KEER – Graziela
VERA CAMPOS – Julinha Monteiro
MARCOS PLONKA – Dom Mariano
LÉO ROMANO – Ramon
JANE BATISTA – Dona Assunção
GENÉSIO CARVALHO – Fabiano
XISTO GUZZI – Dr. Ferrara
AÍDA MAR – madre
DALILA TOMAZ – criada
OSWALDO LOUREIRO
MEIRE NOGUEIRA
Exibição: 07 de Dezembro de 1964 à 13 de Agosto de 1965
Capítulos : 160

Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa

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