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Enquete e10blog

Globo 60 anos - 60 Novelas que marcaram a teledramaturgia (post 1)

  


        A Maior  emissora do país está completando 60 anos no ar (fundada  em 26 de abril de 1965) e não tem como tentar  pensar em televisão no Brasil e não citar a Globo, que  marcou a história de  muita gente com seu jornalismo, entretenimento, reality´s e  principalmente com  a teledramaturgia, as novelas  que sempre foram sua alma.

        Com mais de 300 títulos  apresentados nesse    60 anos, a emissora marcou e ajudou a escrever e mudar a história  nessas 6 décadas. Ditou regras, desfez algumas,   mudou comportamentos,   abriu discussões , quebrou tabus, conscientizou, polemizou, construiu . . . enfim  fez  histórias para  mudar  vidas.

        A  moda  no Brasil sempre  foi guiada  pelas novelas  - Qual mulher não  usou os  laços da Viúva Porcina de Roque Santeiro ou copiou os penteados da Lídia Brondi em  Vale Tudo (1988)   ou Meu  Bem Meu Mal (1991)  e  as  maquiagens da Jade de O Clone  (2001) ou  da Maya  de Caminho das Indias (2009)?  E  Os homens adoravam as  blusas  sem gola do Flamel de Fera Ferida (1993)  ou as bermudas curtas do Crô de Fina Estampa (2011). 

        A Sociedade  foi apresentada aos avanços da ciência em tramas  como Barriga de Aluguel  (1990), De Corpo  e Alma (1992) e  O Clone (2001) ; a  história do  Brasil  foi contada em tramas  como Escrava Isaura (1976), Sinhá  Moça (1986), Nos Tempos  do Imperador (2021)  . . .  enfim um panorama  mostrado  através  da tela  da tv  numa  junção de muitos talentos que fizeram e fazem  da  teledramaturgia  da Globo um patrimônio nacional.

        Para comemorar esses 60 anos  o  e10blog  vai relembrar  60 novelas  ( em  6 post´s  - 10 títulos  em cada um )   mais marcantes     produzidas  pela emissora. 

 

Ilusões Perdidas (1965)



         No dia 26 de abril de 1965, a Rede Globo, na época ainda apenas  em São Paulo com o nome de Tv Paulista, que havia sido recém-comprada pelo Jornalista Roberto Marinho, lançou a primeira telenovela diária do canal. Até então as novelas eram semanais ou em dias alternados.

        Ilusões Perdidas teve autoria de Ênia Petri ,  direção geral Libero Miguel e Sérgio Brito,  56 capítulos  e a musa Leila Diniz como a vilã protagonista.

         Leila Diniz estreou como atriz de novelas em Ilusões Perdidas, e com certeza o mito formado  em torno das opiniões e estilo de vida da atriz ajudaram a alavancar o interesse do público na trama, que queriam ver uma das mulheres mais bonitas da sua época. Em 1970 , a Globo não renovou o contrato da atriz, alegando razões morais. A Atriz havia sido acusada de ter ajudado militares de esquerda na época da ditadura.  Dois  anos depois, Leila morreu em um acidente aéreo numa viagem de volta da Austrália.

        Em resumo Ilusões Perdidas ficou marcada por  iniciar uma das características mais fortes de uma novela, antes mesmo do folhetim e do casal romântico principal. A Continuidade e assiduidade das apresentações.  Era preciso que a novela tivesse diariamente dentro das casas para que as donas delas se apegassem as histórias e aos seus personagens.

 

Irmãos Coragem  (1970)



         Janete Clair escreveu em 1970,  uma das novelas mais marcantes da nossa teledramaturgia, Irmãos Coragem, protagonizada por  Tarcísio Meira, Claudio Marzo e Cláudio Cavalcanti.

         A Novela teve como inspiração os filmes de bang bang, americanos e italianos, e nós pudemos conferir cenas com muito tiroteio, cavalos e duelos, tudo bem ao estilo western, o que transformou a trama em um  verdadeiro “faroeste Caboclo”. A Autora também usou como base os romances, “As três máscaras de Eva” de Corbert H. Trigpen e Hervey M. Checkley , e “A Pérola”  do John SteinBeck. Mas a autora também buscou inspiração nos romances “Os Irmãos Karamazov” , de Dostoiévski, e “O Garimpeiro “ de Herbert Salles , e na peça “Mãe Coragem” de Bertold Brecht.

        A Novela revolucionou o cenário dramaturgo devido aos altos índices de audiência atingidos. Em pleno a copa de 70, onde o Brasil foi tricampeão, na segunda feira que sucedeu  a final,  Irmãos Coragem deu mais audiência do que a transmissão da partida.

         Janete Clair deu uma grande sacada ao  fazer  de um dos irmãos coragem, um jogador de futebol. Impulsionado com o clamor da copa do mundo de futebol da época, o grande publico se identificou logo com o Duda Coragem vivido por Cláudio Marzo, e acompanhou toda a trajetória de sucesso, decepções  e decisões que um jogador saído de uma pequena cidade do interior passava a virar ídolo nacional. Na trama o Duda depois de já consagrado , volta a pequena cidade natal, e reencontra seu amor do Passado , Ritinha  vivida pela atriz Regina Duarte , os dois voltam a se envolver e a moça engravida,  o que choca a cidade inteira. Duda se ver obrigado a casar-se com ela para tentar limpar sua honra, mesmo tendo um envolvimento com a  fútil Paula ( Míriam Pérsia ) .  Cláudio Marzo e Regina Duarte tiveram que deixar a trama antes do seu final, o casal iria protagonizar a próxima trama das sete  Minha Doce Namorada (1971). 

 

Minha Doce Namorada (1971)



        A Novela  que consolidou o estilo romântico “água-com-açúcar” e transformou Regina Duarte em namoradinha do Brasil.

        A Trama foi um dos  maiores exemplos do estilo romântico “Água com açúcar” e foi um sucesso arrebatador do início da década de 70. E Olhe que a novela foi feita às pressas para substituir uma sinopse que havia ficado inviável para o horário.

          Vicente Sesso inspirou-se em textos que escrevera anteriormente e usou como eixo central uma história infanto-juvenil já apresentada no Teatro Fantasia, exibido na Tv Record de São Paulo  na década de 50. 

          Regina Duarte e  Cláudio Marzo , os protagonistas da trama ainda gravavam a novela Irmãos Coragem (1971)  quando foram escolhidos para viver o par romântico na trama. Seus personagens saíram antes do término da trama de Janete Clair para começar as gravações de Minha Doce Namorada.

 

Selva  de Pedra (1972)



           Em 12 de Abril de 1972 entrava no ar pela   Rede Globo a história de  Cristiano Vilhena ( Francisco Cuoco )   um simples tocador de tumbo  que depois de ridicularizado por um playboy   o mata, dando o ponto pé inicial de mais uma grande sucesso da usineira de sonhos Janete Clair ,  a clássica Selva de Pedra.

        A novela foi um sucesso arrebator  , apesar da autora já vir de quatro trabalhos seguidos no horário, entre novembro de 1969 e janeiro de 1973, Janete Clair escreveu ininterruptamente Véu de Noiva, Irmãos Coragem , O Homem que deve Morrer e Selva de Pedra, em nenhum momento ela deixou a trama cair  nas hoje famosas “barrigas” , os telespectadores eram sempre tomados por surpresas  e ganchos deixados para o capítulo seguinte , tornando impossível perdê-lo.

 

A Trama alcançou índices inimagináveis para os dias atuais.  No capítulo de nr. 152  , na noite em que Simone é desmascarada o IBOPE atingiu 100% dos aparelhos ligados no horário , não houve um entrevistado  sequer que tivesse dito que estava sintonizado em outro canal.

  Cenas inesquecíveis de Selva de Pedra :

·        O acidente com o Fusca da Simone. O Trecho da estrada  Rio  - Petrópolis , onde foi  gravado as cenas , virou ponto turístico ;

·        A Cena da Fernanda se rasgando depois de ser abandonada por Cristiano no altar; e

·        O Julgamento de Cristiano , quando Simone entra  e inocenta seu grande amor e a cena final do casal subindo em  um transatlâncico ao som de “Rock and Roll Lulluby”  do B. J. Thomas.

 

O Bem Amado (1973)



         O Bem Amado  foi  pioneira em vários aspectos. A  trama foi a primeira  global   apresentada totalmente em cores; abriu as portas do mercado internacional (antes de O Bem  Amado  apenas o texto era comercializado) e foi a primeira usar uma narrativa genuinamente brasileira em seus entrechos.

         DiasGomes se inspirou no fato parecido ocorrido no Espirito Santo, onde um candidato se elegeu prefeito prometendo a construção de um cemitério na cidade.   A novela foi a transposição para  tv da peça O Bem Amado  e Mistérios do Amor e da Morte , que ele só conseguiu desengavetar em 1969.  

        A novela teve três grandes personagens que marcaram a carreira de seus intérpretes: O Próprio Odorico Paraguaçu , imortalizado por Paulo Gracindo; Zeca Diabo vivido pelo Lima Duarte e Dirceu Borboleta do inesquecível Emiliano Queiroz.

        Um dos pontos fortes de O Bem  Amado eram os cacos e improvisos  permitidos pelo autor. Paulo Gracindo , Lima Duarte e Emiliano Queiroz abusavam desse direito e talvez exatamente por causa dessa liberdade em cena é que  seus personagens  tenham ficado   tão marcantes e inesquecíveis.

       

Gabriela (1975)



        Ela  é  uma das mulheres mais sensuais da história da teledramaturgia nacional  - Gabriela, personagem imortalizada  por SôniaBraga na novela homônima escrita por Walter George Durst , baseada no romance Gabriela, Cravo e Canela do autor Jorge Amado.

        A Novela foi idealizada  em comemoração aos 10 anos da Globo e sua hegemonia no ramo das telenovelas,   se tornando um dos grandes sucessos da emissora.

          Sônia Braga foi escolhida  depois  de testes com várias outras atrizes, e acabou imortalizando a personagem na tv e no cinema no filme de 1983. Gabriela  a transformou  em estrela nacional e  abriu as portas internacionais para atriz que soube dosar como nunca a sensualidade selvagem feminina mesclada a ingenuidade que a personagem transpirava. Aliás, a sensualidade da novela  foi só sugestiva, em meados dos anos 70 era impossível abusar da nudez,   porém mesmo sem nudez a novela não ficou devendo em nada em sensualidade. Sônia Braga toda vestida ainda povoa o imaginário masculino com beleza brejeira de Gabriela.

          A Cena da Gabriela subindo no telhado para soltar um pipa entrou para a história da tv e transformou Sônia Braga em símbolo sexual imediatamente.

        Além dos altos índices de audiência que a novela  teve,  ainda ganhou o prêmio da Associação Paulista  dos Críticos de Arte  (APCA) de melhor trama de 1975.

         Elizabeth Savalla estreou na novela,  e também foi um dos destaques da trama na pele da rebelde Malvina. A atriz  ganhou o prêmio da APCA de atriz revelação do ano. A trama da personagem foi usada para mostrar a luta das mulheres contra o jugo familiar. Malvina batia de frente com toda a família em nome do verdadeiro amor, e tinha atitudes muito avançadas para época.

        No elenco vale destacar momentos memoráveis e  interpretações inesquecíveis dos atores  Armando Bógus (Nacib); JoséWilker (Mundinho Falcão), Paulo Gracindo (Cel. Ramiro Bastos); Fúlvio Stefanini (Tonico Bastos); Nívea Maria (Jerusa); Eloisa Mafalda (Ana Machadão), Dina Sfat (Zarolha) entre outros.

        A Abertura da novela  foi  muito elogiada e citada entre as melhores até hoje. O artista plástico Aldemir Martins, que ilustrava os livros de Jorge Amado, foi o responsável também pelas ilustrações do vídeo de abertura.

         Gabriela foi a primeira novela  com apelo sensual como  tema principal , e depois da adaptação várias outras mulheres  criadas por Jorge Amado tomaram vida na tv (Tieta/1989 , Teresa Batista/1990). A novela já teve quatro reprises  na Globo  e nas quatro ocasiões com muito sucesso.

 

Estupido Cupido (1976)



        Primeira novela do Mário Prata , que apesar da falta de conhecimento do veículo, conseguiu mostrar um trama cheia de bons diálogos , e com o detalhe de a história se passar em um passado não muito distante e ao mesmo tempo pouco falado. Assim , Estúpido Cupido foi o grande sucesso da teledramaturgia daquele ano.

        As tramas principais opunham um bando de adolescentes, fãs de lambretas e rock’n’roll, às opressões do mundo adulto. Porém, tudo leve, sem maiores conflitos, afinal, a novela era exibida às 19 horas sob a vigilância da censura do Regime Militar. Mesmo assim, algumas abordagens foram levantadas, como a emancipação da mulher: Maria Teresa (Françoise Forton) queria trabalhar e morar na capital, contrapondo o noivo João (Ricardo Blat), que preferia casar e permanecer no interior.   Ao longo da trama, o casal chega a um consenso: Tetê cede às pressões do amado e troca o concurso de Miss Universo pelo casamento, mas no final o casal está morando na cidade grande.

        Com o sucesso da novela, todo o país voltou a dançar as músicas dos anos 60, os concursos de twist se multiplicaram em festas e colégios e as moças voltaram a usar saias rodadas e rabo-de-cavalo. Assim como as jaquetas de couro para os rapazes, retratando a geração “juventude transviada”.

       Estúpido Cupido foi a última novela da Globo produzida em preto e branco. Os seus dois últimos capítulos foram gravados em cores. A novela substituta, Locomotivas, foi a primeira do horário das sete da noite gravada inteiramente colorida.  Os dois últimos capítulos serviram como epílogo da trama, mostrando na atualidade (no ano de 1977) o paradeiro dos personagens cuja história iniciara-se em 1961.

 

Escrava Isaura (1976)



         Com a novela Escrava Isaura do autor Gilberto Braga, que era uma adaptação do famoso romance de Bernardo  Guimarães, a teledramaturgia levou um “baque”  no bom sentido da palavra, devido ao tamanho  sucesso e repercussão que a trama teve.  

Quase 50  anos depois da exibição original a novela já foi vista em mais  de 80 países com sucesso absoluto em todos. Lucélia Santos a grande estrela da novela foi catapultada ao sucesso junto com novela e entrou logo pro casting das grandes estrelas  da Globo  em seu primeiro papel. Apesar de não ter sido a primeira a ser cogitada para viver a escrava, Lucelia Santos fez da Isaura a personagem mais importante  da sua carreira.

         Além de Lucélia Santos, é impossível imaginar Rubens de Falco sem lembrar do perverso Lêoncio, até hoje o personagem mais marcante na carreira do ator. A química e o sucesso da dupla foi tão grande que exatamente 10 anos depois , a Globo lançou a novela Sinha Moça do Benedito Ruy Barbosa que tinha  como pano de fundo a escravidão no Brasil, e trazia Lucélia Santos e Rubens de Falco nos papéis principais, só que desta vez como pai e filha.

        Um sucesso no grau que foi o de Escrava Isaura acontece uma  vez em anos, podemos contar nos dedos, e isso mesmo levando em conta a precariedade da produção que por muitas vezes deixou a desejar, como na clássica cena final em que por um erro de continuidade podemos ver nitidamente que Isaura toma realmente a  taça envenenada por Rosa (Léa Garcia), e não  ao contrário  com diz a história.  Mas no fim tudo deu certo, Rosa morre  e Isaura fica livre para viver ao lado de seu grande amor.

 

O Astro (1977)



               Uma novela que foi idealizada com a certeza de que daria certo, que arrebataria o público de tal maneira que jamais fosse esquecida. Pelos menos  isso foi o que Daniel Filho mencionou em seu livro “Antes que me esqueçamsobre a novela O Astro da autora Janete Clair.

        A Expectativa do autor mais pareceu uma profecia, O Astro foi  um dos maiores sucesso da história da teledramaturgia nacional.

                A Novela tinha um magnetismo tão grande, que até os exageros usados propositalmente pela produção, como o turbante do Francisco Cuoco, ou a caracterização da família árabe de  Salomão Hayalla (Jardel Filho), soou como principais atrativos da novela.

        OAstro obteve índices de audiência maiores que as transmissões dos jogos de futebol da Copa do Mundo da Argentina de 1978.

        Uma cena muito marcante de O Astro  é a do  TonyRamos na pele do Márcio Hayalla, se despe das roupas compradas  pelo pai e sai às ruas  como veio ao mundo. A Cena representava a negação do personagem a fortuna do pai, um espécie de São Francisco de Assis  do mundo moderno. Tony Ramos não havia sido o primeiro pensado para viver  o Márcio. O Ator que havia estreado na Globo um ano antes, na novela Espelho Mágico (1977), do Lauro César Muniz, aceitou um pedido do Daniel Filho para fazer testes com as atrizes que viveriam a Lili. Tony se saiu  tão  bem nos testes que  Daniel Filho fincou o pé e disse que o personagem tinha que ser dele. Assim o ator viveu um dos seus grandes momentos na Tv vivendo o primeiro nu masculino da tv brasileira, e sua dobradinha com Elizabeth Savalla, que interpretou a Lili, foi sucesso absoluto. O Casal logo que terminou O Astro, foi escalado para protagonizar a próxima trama da autora Janete Clair, a novela Pai Herói (1979).

        O Astro consagrou Francisco Cuoco vivendo novamente um personagem criado por Janete Clair; assim como a saudosa Dina Sfat, em um dos seus grandes momentos na tv vivendo a inesquecível Amanda, e Thereza Rachel na pele da Clô Hayalla.

        A tão aguardada identidade e os motivos  que levaram ao assassinato de Salomão Hayalla foram revelados no último capítulo.  Tal quais outras inspirações que a autora teve, o final de O Astro foi tirada de uma notícia de jornal. Janete leu sobre o assassinato da Jovem Claudia Lessin Rodrigues. Os acusados eram um rapaz viciado em cocaína e seu amigo, um cabeleireiro. Na novela os assassinos foram Felipe Cerqueira (Edwin Luisi), um toxicômano mau-caráter e Henri (José Luis Rodi), seu amigo e cumplice. Felipe matou Salomão com uma coronhada de revólver na cabeça. Salomão sabia da ligação entre Felipe e sua mulher, Clô (Thereza Rachel), e que ele estava envolvido com drogas.  A Foto do assassinato com a revelação do assassino foi capa do Jornal do Brasil três dias antes : “O Assassino é Felipe!”.  

        O Astro foi uma espécie de Avenida Brasil da década de 70. Um novelão bem ao estilo da Janete, que usou de todos os subterfúgios para prender o telespectador e conseguiu. Não teve um brasileiro sequer que não tenha se encantado com o poder do turbante daquele espetáculo em forma de novela.

 

Dancin´Days (1978)



        “Abram suas asas, solte suas feras”

         Impossível cantar esse refrão do clássico tema cantado pelas Frenéticas e não ser levado imediatamente ao mundo da trama de Dancin´Days,  do autor Gilberto Braga que marcou a teledramaturgia.

        O sucesso da trama elevou Gilberto Braga ao casting de grandes autores da emissora logo em seu primeiro trabalho em horário nobre e transformou Sônia Braga em estrela nacional e internacional.  A Novela foi  matéria de reportagem da revista americana Newsweek  falando sobre o efeito que a  trama causou na sociedade brasileira, ditando regras e lançando moda. Foi a primeira novela brasileira  que o México, pais tradicional em exportação de novelas,  apresentou. Até hoje  Dancin´Days já foi vista em mais de 40 países.

        Para o título da trama, Gilberto Braga pegou o nome emprestado da boate de Nelson Motta, a Frenetic Dancing Days Discothéque. A Discoteca foi mantida pelo produtor musical durante quatro meses do ano de 1976, no recém-inaugurado Shopping da  Gávea no Rio de Janeiro.

          Sônia Braga, que já havia se transformado em estrela nacional em Gabriela (1975), com a Júlia Matos  foi aclamada pela crítica e pelo público, começando abrir  as portas para sua carreira internacional. Com interpretação  contida e quase introspectiva da Júlia em sua primeira fase, foi visceral  na segunda fase em que a personagem volta e brilha triunfal no decorrer da trama. Betty Faria foi a primeira opção pensada para viver a Júlia Mattos, mas a atriz já estava em volta com o programa musical Brasil Pandeiro que apresentou no final da década de 70. Sorte de Sônia Braga que brilhou  se consagrando de vez como grande atriz. Depois de Dancin´Days, a atriz estrelou  ainda a trama de Chega Mais em 1980, e depois mudou-se para os Estados Unidos e começou sua carreira internacional. 

         Yolanda Pratini foi entregue a Norma Benguell, que inclusive já havia gravado algumas cenas quando se desentendeu com Daniel Filho e deixou a novela. Joana Fomm, que fazia a personagem Neide, empregada da casa de Celina (Beatriz Segall), assumiu a personagem, iniciando com ela,  o leque de vilãs  que viveria a partir de então.

        A Dobradinha Sônia Braga x Joana Fomm foi outro ponto forte da trama. As irmãs brigaram até o último segundo da novela se reconciliando no final em uma das cenas mais marcantes da novela – a briga de Júlia e Yolanda na boate – uma das clássicas da nossa teledramaturgia.

         Outros nomes do elenco também fizeram de Dancyn´Days um palco de tão bem que estiveram em seus papéis -  como os saudosos Mário Lago, na pele do sofisticado e sonhador Alberico; Yara Amaral, que com sua interpretação magistral salvou a problemática Áurea do suicídio previsto na sinopse da trama, e  junto como Joana Fomm, ganhou o prêmio de melhor atriz do ano pela APCA  e Lourdes Mayer como a simplória Ester.

         Dancin´Days  sempre será lembrada como a  novela que serve de referência  , imortalizou interpretações, marcou estilo e pontou  em nossa memória o início da era disco.    

        Esse é o primeiro de 6  post que vou fazer para comemorar os 60 anos da Globo.  


Veja Também:

Globo  50 anos


Irmãos Coragem Volume 1 

Minha  Doce Namorada (1971) 


Aberturas Inesquecíveis - O Bem Amado (1973) 



Novelas Inesquecíveis - O Bem Amado (1973) 

Trilha Sonora Eterna - O Bem Amado (1973) 

Novelas Inesquecíveis - Tieta (1989) 

Tieta Volume 1 

Tieta Volume 2

Uma Saudade - Paulo Gracindo 



Encontros Cênicos - Susana Vieira x José Wilker 

Escrava Isaura 



Escrava Isaura (2004) 



Lucelia Santos 



Rubens de Falco 



Sinha Moça 

Dancin Days (1978)



Dancin Days (1978) 

Fonte:

Texto: Evaldiano de Sousa 


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        E um dos maiores sucessos e fenômenos da teledramaturgia nacional estreava há exatos 30 anos – Vale Tudo , do autor Gilberto Braga .         “Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?”.         Com essa pergunta Gilberto Braga dava o    pontapé inicial à trama e o “hoje” da pergunta  nos remete há 30 anos atrás em 1988, ano em que se refletiam  os principais problemas políticos do país,  mas a pergunta infelizmente parece mais atual do que nunca.          Vale Tudo   juntou o mais fiel dos folhetins com uma crítica social aguçada, que fez os brasileiros pararem para pensar.  Gilberto  usou como  os dois pontos dessa história as figuras de Raquel Acciolly ( Regina Duarte ) e Ivan ( Antônio Fagundes )  representando o lado honesto e integro , e Odete Roitmann ( Be...

Globo 60 anos - 60 Novelas que marcaram a teledramaturgia (Post 2)

        Continuando a comemoração dos   60 anos   da Globo vamos   relembrar mais 10 tramas que   marcaram a emissora   nesses anos.           Antes de ver o post   2, se delicie   com o   POST 1 , publicado anteriormente.   Pai Herói (1979)          Óbvio que  falar de  Pai Herói   e não cantarolar a música –  Pai, você foi meu herói, meu bandido ..   É impossível. A música   do cantor  Fábio Jr  virou marca registrada da trama. Na verdade a música nem foi gravada para a novela ,  já havia sido apresentada em um dos episódios no seriado  Ciranda, Cirandinha  ( 1978) onde o  Fábio interpretava um cantor que buscava o sucesso, mas foi na abertura da novela que ela virou hit em todo o pais é até hoje é lembrada e usada em homenagens aos pais. ...

Feliz 2025 !!

          Celebrar o Ano Novo é um momento especial de renovação e esperança. É uma ocasião em que refletimos sobre as conquistas do ano que passou e traçamos metas para o que está por vir. As palavras que compartilhamos nesse período carregam o poder de inspirar e fortalecer os laços com aqueles que amamos.         O e10blog teve um ano muito   produtivo, foi mais um ano   recebendo novos   leitores, aprendendo sempre e   passando um pouco do   que aprendi   nesses mais de 10 anos -   é sempre uma troca   incalculável.           Para fechar o   ano deixo vocês com esse trecho da novela A Vida daGente , com a   inesquecível NicetteBruno   brindando o   tempo!   Veja Também: Nicette Bruno Fonte: Texto:   Evaldiano de   Sousa Vídeos: You Tube