Impecável e sempre dentro do tom, “Volta por Cima” termina sem enrolação e como grande acerto do ano
Uma novela impecável em todos os sentidos, desde o texto, direção, atuações, temas abordados,
vilões, os protagonistas, a valorização e escalação de atores e atrizes
veteranos, Volta
por Cima pode não ter emplacado nas redes sociais e a
audiência não tão expressiva assim, mas foi
sem dúvidas a melhor trama do ano.
Cláudia Souto foi primorosa na construção dos personagens tão críveis e ao mesmo tempo pincelados à medida certa para servir ao folhetim, sem forçar a barra ou apresentar enredos incoerentes, sabendo
equilibrar com maestria a comédia e
o drama sem se perder.
O Capítulo final, com os
personagens retornando ao palco
inicial - o ônibus – um dos protagonistas
da história, fechou como a cereja do
bolo. Muita tensão e emoção com o filho da Madá (Jéssica Ellen) nascendo onde ela perdeu o pai e o embate
final entre Gerson (Enrique Diaz) e Osmar (Milhem Cortaz), dois
monstros da atuação, coroou o desfecho.
Aliás
a cena
aconteceu toda em pleno sambódromo da
Sapucaí ... nada mais simbólico.
Milham
Cortaz, finalmente em
um bom papel nas novelas, com um personagem a sua altura, brilhou com todas as
nuances transitando entre o drama
e comédia sem cair no ridículo ou no caricaturismo. Deu tanto charme ao Osmar que
nós adoramos odiá-lo , e depois
assim com a família da Madá, o perdoamos.
Enfim um espetáculo em forma de personagem.
Jéssica Ellen, com a Madá , foi o
grande destaque. A protagonista não ficou se lamentando o tempo todo, muito pelo contrário, se destacou por
ser forte, revidando os tapas
que seus algozes lhe deram. Incomodou os que esperavam a
mocinha contida, serena, dependente . . . foi uma
composição incrível.
Vivendo um dos seus melhores
momentos na tv com seu
primeiro protagonista oficial, Fabricio Boliveira,
já provou em mais de 20 anos de carreira que
é um dos mais completos profissionais da sua
geração, mas precisava do Jão de Volta por Cima, para lhe dar
a projeção mais que merecida.
Amaury
Lorenzo , aclamado com a grande revelação de Terra e Paixão, foi alçado ao posto de
protagonista logo em seu segundo
trabalho. O Chico iniciou a
trama com uma espécie de vilão do bem, dividindo seu
amor entre Mada (Jéssica Ellen) e Roxelle (Isadora
Cruz), mas logo caiu nas graças do
telespectador e termina a novela com mais
um ótimo trabalho na tv, provando seu
talento nato para fazer crescer
personagens em cena.
Isadora
Cruz
ao contrário do que era esperado, sua Roxelle em Volta Por Cima, mostrou toda a versatilidade do
seu talento e elevou
seu status profissional. A
espevitada das sete em nada lembrou a romântica Candoca de Mar do Sertão (2022) ou a apagada Cris de Haja Coração (2016). A personagem não ficou presa ao
posto de periguete, com namoricos
e romances, circulou com maestria
e coerência em vários núcleos
e na reta final ainda entrou num entrecho da
trama que ganhou as redes sociais e fez da
Roxelle a grande estrela . Roxelle
viveu uma relação abusiva com Gerson (Enrique Diaz) e mantida em cárcere privado, faz o sinal
universal de socorro para avisar outras mulheres que está sofrendo violência
doméstica. Mantida como refém por Gerson, Roxelle aproveitou que o contraventor
a levou para jantar e viu uma chance de ouro para escapar. Ela esbarrou em uma
mulher na hora em que ia ao banheiro, acompanhada do namorado, e pelas costas
fez o sinal. Além da importância social do tema, a segurança da
intérprete da periguete que, até então era
tida com uma mulher empoderada e que sabia o que estava fazendo a se
envolver com Gerson, jamais aceitaria
uma relação desse tipo, foi crucial para a credibilidade da sequência.
Nossa
eterna Cigana Dara de Explode Coração voltou com tudo às
novelas na trama de Volta por Cima, da Claudia Souto. Muito
bom ver a volta de atores veteranos, principalmente em papéis de destaque, e
a Teresa Seiblitz como a
Doralice, esta reconquistando o público, mostrando
sua beleza e talento.
Nessa leva de veteranos bem aproveitados em Volta por Cima vale citar o trabalho
impecável de Betty Faria, Drica Moraes, Iara Jamra, Lucinha Lins
entre outros que aqueceram nossos
corações cada vez que entravam em cena.
Pri
Helena foi a ótima revelação de Volta por Cima. A atriz que vem de
pequenas participações, fez da Cacá uma personagem promissora, que no decorrer
da trama tomou ares de antagonista, mostrando muito talento e
profissionalismo. Na reta final se redimiu e ganhou um desfecho
feliz nos braços do Chico.
As
tramas paralelas bem conectadas deram ainda mais credibilidade e profundidade
ao enredo. Não foram apenas jogadas para encher
capítulo, enriqueceram muito
o conjunto da obra.
Volta por Cima foi uma grata surpresa
do horário das sete, não foi mais uma comédia
forçada com personagens estereotipados, a novela entregou
algo leve, mas com conteúdo, falou de
contravenção sem pesar a mão, e
ao mesmo tempo sem romantizar, nos fez
embarcar nas histórias e refletir sobre as mesmas, tudo isso sem fugir do
clássico folhetim.
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Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
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