O Crime de colarinho branco como
principal personagem numa luta maniqueísta do folhetim costurada a uma trama
moderna dava o tom de Roda de Fogo, novela do autor LauroCésar Muniz , elaborada por um grupo de autores da Casa de Criação Janete Clair
- Dias Gomes, Ferreira Gullar,
Euclydes Marinho, Luiz Gleiser, Joaquim Assis, Marília Garcia e Antônio Mercado.
A Casa de Criação Janete Clair foi
criada em 1985, por Dias Gomes, seu
viúvo, com o objetivo de selecionar e elaborar roteiros para a tv.
Roda de Fogo é considerada uma da novelas mais
bem escritas para a Tv , tendo como seu maior mérito um retrato do Brasil em seu subtexto , mostrando o capitalismo selvagem através de corrupção dos empresários, as
negociatas, falcatruas, políticos corruptos e personagens decadentes do regime
militar (entre os quais um general
aposentado e um ex-torturador).
Fora dessa temática política, Roda de Fogo também chamou atenção pelos grandes personagens que
se tornaram inesquecíveis, como Tarcísio Meira na pele do vilão Renato Villar, que no decorrer da trama
foi se arrependendo de seus atos, ganhou a empatia do público, o amor da Juíza
Lúcia Brandão, da exuberante BrunaLombardi, e se tornou um mártir contra a corrupção.
Além do Tabaco do Osmar Prado, e suas aventuras para administrar o namoro com três
mulheres; e a sofisticação em forma de gente da Carolina D´avilla com suas indefectíveis ombreiras, vivida pela
Renata Sorrah.
Para embalar personagens tão marcantes
numa trama, a trilha não poderia ser diferente, e Roda de Fogo tem
trilha nacional daquelas em que
praticamente todas as músicas foram hits incansavelmente tocados nas rádios na
época e que até hoje são faixas presentes nas rádios saudosistas, graças a
seleção impecável de Mariozinho Rocha.
A trilha abria com ninguém menos que a
impecável Simone, numa interpretação
mais que sensível na música
“Em Flor (Too Young)” que
embalou a complexa personagem Maura Garcez,
uma torturada no regime militar
que na trama sofria com os traumas deixados, vivida pela Eva Wilma. A faixa seguinte
trazia a primeira representação na trilha do rock brasileiro em seu melhor
estado com os Paralamas do Sucesso em “Você”,
música obrigatória em todas as festinhas
e shows da época, e que na trama foi
tema da linda e exuberante Lais, vivida pela Lúcia Veríssimo na trama. A personagem prometia muito com o
objetivo de se transformar em uma mulher famosa no jet set sempre querendo
aparecer, uma espécie periguete de luxo da época. Porém a atriz acabou se
desentendo com a produção e foi afastada logo nos primeiros capítulos da
novela.
“Tema
de Ana Maria” , como o próprio
título da música da Clock dizia, era tema da
personagem vivida pela Isabela Garcia.
Neta do general Hélio
D’Ávila (Percy Ayres) e irmã de Felipe (Paulo Castelli). Jovem bonita,
supercontrolada pelo avô, balança as estruturas familiares quando se envolve
com Pedro (Felipe Camargo). A música totalmente instrumental é uma das faixas marcantes do LP. Até hoje
quando preciso pensar um pouco, tipo sair do ar, ouço essa música e entro num
estado de paz total.
Mas falando na trilha de Roda de Fogo nenhuma outra faixa é tão marcante e bombástica
como “Transas” do Ritchie, o tema dos protagonistas
Renato Villar e Lúcia Brandão, numa intepretação inesquecível do Tarcísio Meira e da linda e exuberante Bruna Lombardi. “Tanto tempo faz que a gente transa E não se conversou Tanto vício, tanta fuga pra saber Se é amor”. Olha essa
letra. Forte e sem se preocupar nenhum um pouco com os atuais rígidos padrões
morais. Sem dúvidas um dos melhores temas de novelas de todos os tempos em uma
das melhores interpretações do Ritchie.
Outra bomba musical na trilha de Roda de Fogo era o tema de abertura. “Pra Começar” da Marina Lima
virou hino, e ao fechar os olhos
consigo imaginar do começo ao fim a abertura da trama com aquele letreiro em
chamas e tudo mais. A
música tema de abertura apresentada na novela era uma versão diferente do que
foi gravado no disco: na abertura era uma versão em estúdio, e no disco, uma
versão ao vivo.
Eu sou fã declarado da Rosana, hoje Rosannah Fuengo, e que na década de 80 foi presença constante nas trilhas de novelas. Depois de “O Amor e o Poder” sucesso na trilha de Mandala em 1986, “Nem um Toque” que foi o tema da Helena Avillar, vivida pela Mayara Magri em Roda de Fogo, é a minha preferida da cantora. Um musicão no sentido mais amplo da palavra. Da Rosana gosto também de “Onde o Amor me Leva” da trilha nacional de O Sexo dos Anjos (1989), que logo, logo será dessecado nesta seção. Voltando para Roda de Fogo, a personagem da Mayara teve um grande destaque da novela e acabou rendendo para a atriz a capa da revista Playboy com o slogan “A filha de Tarcísio Meira em Roda de Fogo”.
Com o rock na crista da onda, Capital Inicial foi outra banda desse estilo a integrar a trilha sonora da trama com
“Música Urbana” tema geral e de locações da novela.
Nomes carimbadíssimos em trilhas de
novelas daquela década não faltaram em Roda de Fogo Nacional:
Djavan, com “Segredo”
embalou a personagem Telma, a elegante e sofisticada vivida pela Joana Fomm; Kiko Zambianchi ganhou a incumbência de embalar o romance ao
cubo de Tabaco (Osmar Prado) com suas três mulheres com a música “Alguém”; Wando com “Viver é Deixar Rolar o Sentimento”
embalou o romance do Junior com a Vera, personagens do Cássio Gabus Mendes e da saudosa Cláudia Magno e o Marçal entrou na trilha com o sambão “Facho de Esperança”, tema dos
personagens Gilson e Joana, vividos pelos atores Gilberto
Martinho e da saudosa Yara Cortes.
Finalizo o post com “Você se Esconde” da banda Rádio Taxi, um dos últimos resquícios
de new wave que integrava a trilha. A
música , tema do revoltado Pedro, o filho
bastardo de Renato Villar, vivido pelo
Felipe Camargo , tem uma
pegada interessante que vale muito a pena sempre dar uma revisitada.
Fonte:
Texto
: Evaldiano de Sousa
Pesquisa:
www.memoriaglobo.com.br www.wikipédia.com.br
A novela é espetacular, a trilho sonora é globo de ouro!!! Gostaria de saber por onde anda a atriz Luciene Santana, que fazia o papel da telefonista Linda, a melhor amiga de Bel, que também ficou com tabaco duas vezes.
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