Autor
das melhores novelas da RecordTv – “Essas Mulheres”,
“Vidas Opostas”
e “Ribeirão do
Tempo”
Um dos novelistas de carreira mais reta
da história da nossa tv, Marcílio Moraes
foi galgando a cada novo trabalho status de grande autor chegando em sua melhor
fase nas tramas que escreveu solo para a RecordTv.
Nascido em Petrópolis, no Rio de
Janeiro, em 27 de Julho de 1944, estudou letras na Faculdade Nacional de Filosofia, mas formou-se mesmo em contestação
política, no final dos anos 60. Teve inúmeras profissões como professor,
tradutor, jornalista, crítico de teatro, publicitário, revisor e dicionarista,
até publicar seu primeiro conto em 1969, na revista Cadernos Brasileiros.
No início da década de 70, escreveu, sob
pseudônimo, livros de bang-bang vendidos
em bancas de jornal por todo o Brasil.
Os textos para o teatro começaram em
1974, onde roteirizou O Ator Cara de Bolacha
(1974), A
Vaca Metafísica (1975), Correntes
(1976), Sonata
sem Dó (1977) e Aracelli (1979).
Ganhou prêmios do Serviço Nacional de
Teatro e prêmio de Revelação de autor da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte.
Marcílio
Moraes estreou na teledramaturgia na década de 80, sobre as mãos de dois
grandes novelistas, Dias Gomes e Lauro César Muniz, colaborando nas novelas Roque Santeiro (1985) e Mandala (1987)
do Dias, e Roda de Fogo
(1986), do Lauro.
Em 1990, Marcílio Moraes estreou como titular na trama de Mico Preto,
em parceria com Leonor Básseres e
Euclydes Marinho. A novela, uma
comédia cínica, deixou o público confuso
devido o nítido desajuste entre os
autores. Walther Negrão foi
convocado para recriar e organizar os textos. Mesmo com esse
percalço inicial a novela foi
considerada uma trama inovadora com humor nonsense e transgressor.
Em 1992, voltou a colaborar com seu
mestre Dias Gomes na clássica
minissérie As Noivas de Copacabana, protagonizada por Miguel Falabella.
Com base em duas novelas antigas de Teixeira Filho, em 1993 Marcílio Moraes estreou no horário das
seis na trama de Sonho Meu, que contava a história de uma menina órfã que
encantava todos ao seu redor, inspiração
em A
Pequena Órfã (Da Tv Excelsior
em 1968); e o amor de dois irmãos pela mesmo mulher, a parte extraída de Ídolo de Pano (da Tv Tupi,
em 1974). A novela se afastou do eixo
Rio – São Paulo e centrou suas ações em Curitiba no Paraná. Mesmo com uma trama um tanto confusa no início, a
novela, aos poucos, foi cativando o telespectador e registrou relevante sucesso
com altos índices de audiência em sua segunda metade. Um dos pontos mais
preocupantes da novela era a bigamia da protagonista Cláudia (Patrícia França),
pouco aceita pelo público. Lauro César Muniz que supervisionou o
texto da novela achou por bem antecipar a decisão de Cláudia assumir seu
romance com Lucas (Leonardo Vieira) e enfrentar o processo na justiça.
De
volta ao horário das seis da Globo
em 1995, Marcílio Moraes em parceria
com Margareth Boury e Antônio Mercado, e colaboração Ferreira Gullar e Lílian Garcia, o
remake de Irmãos
Coragem, clássico da Janete
Clair. A novela foi encomendada para
comemorar os 30 anos da Globo, mas infelizmente não chegou nem perto da
repercussão da primeira versão de 1970. Irmãos Coragem foi a novela certa para o horário errado. O Público
das seis não comprava a trama interiorana com requintes de violência.
Em
1998, Marcílio Moraes voltou a
colaborar em um texto de Dias Gomes
na minissérie Dona
Flor e Seus Dois Maridos e fechou a década de 90 supervisionando a temporada de 98 da Malhação,
e dividindo com Lauro César Muniz a
minissérie Chiquinha
Gonzaga (1999), protagonizada por Regina e Gabriela Duarte, um sucesso de
audiência.
A partir dos anos 2000 Marcílio Moraes mudou-se para RecordTv, e na nova emissora teve
a oportunidade de apresentar seus
melhores trabalhos na teledramaturgia, e que são as melhores novelas já
apresentadas na canal.
A Estreia na RecordTv foi em 2005, com Essas Mulheres, que junto com Rosane Lima, juntou três obras de Jose de Alencar - Senhora,
Lucíola e Diva, e transformou a trama em um dos melhores produtos já
apresentadas na nossa teledramaturgia brasileira. A RecordTv acabara de
reascender seu núcleo de teledramaturgia com o sucesso de Escrava Isaura (2004). Com direção segura, reconstituição de época
perfeita e um alto nível técnico a trama
foi comparado às grandes produções globais.
No ano seguinte o autor apresentou a contemporânea
Vidas Opostas,
que diferente das tramas globais mostrou um Rio de Janeiro nada glamuroso.
Apresentou a cidade como ela é realmente, com seus problemas sociais, marcados
pela pobreza e violência, em contraste com a camada mais rica da população. O
Estopim de Vidas
Opostas era o romance do rapaz rico
com a moça favelada que dava o tom da novela. O Sucesso da trama chegou até
abalar os alicerces globais. A novela por duas vezes bateu a Globo na audiência dos capítulos de
duas quartas-feiras seguidas, dia em que a canal exibe o futebol.
No rastro do sucesso de Vidas Opostas,
em 2009 Marcílio Moraes escreveu o
seriado A Lei e
o Crime
com os mesmos elementos da
novela, focando a violência e a luta entre a polícia e bandidos na
cidade do Rio de Janeiro.
Ribeirão do Tempo foi a última trama até então escrita por Marcílio Moraes na RecordTV.
A Novela ficou 11 meses e 15 dias no ar
e é uma das mais longas apresentadas na emissora. Mesmo com 250 capítulos Ribeirão do Tempo não perdeu o fôlego em nenhum momento, e para
isso o autor apresentou no decorrer da história oito assassinatos, três
casamentos, uma avião sabotado, um bomba na prefeitura e um atentado a tiro
contra o detetive Joca, um dos
protagonista da trama vivido pelo Caio
Junqueira. Tudo isso equilibrado de forma bem-humorada com esportes radicais, ecologia, política e crimes
cercados de mistério com a aura de uma cidadezinha do interior, que era uma
espécie de microcosmo do Brasil, uma leve alusão à Asa Branca de Roque Santeiro,
novela do Dias Gomes na Globo,
e que marcou a estreia como colaborador
do Marcílio Moraes.
Depois de Ribeirão do Tempo, Marcílio Moraes
escreveu mais dois seriados para a emissora: Fora de Controle (2012) e Plano Alto (2014),
que teve uma segunda temporada apresentada no final do ano passado.
O Autor ainda tem contrato com a RecordTv até 2019, mas desde 2014 não
escreve nada para o canal. De acordo com informações da imprensa, Marcílio Moraes impôs condições para
voltar a escrever na casa e uma das mais importantes é que seu trabalho não
tenha nenhuma interferência direta da Igreja
Universal, com o que vem acontecendo
com a trama de Apocalipse,
da Vivian de Oliveira. Marcílio
chegou a postar uma mensagem em forma de “código” em suas redes socais – a foto
de uma avião em queda – com a legenda “É isso que acontece quando se dar um avião
nas mãos de uma pessoa que não é piloto!”.
Marcílio
Moraes faz muita falta a teledramaturgia, principalmente no atual momento
desse setor dentro da RecordTv, mas
é fato que todo autor precisa de no mínimo liberdade para criar algo que gere
interesse e contribua a história e para o entretenimento, e não deixa de ser
uma ação digna de reverencias a recusa do autor voltar a escrever e ter seus
trabalhos supervisionados e até alterados por
alguém que não tenha gabarito para tanto.
No momento ficamos com as boas
lembranças de suas tramas e torcendo por uma reprise de Essas Mulheres no horário vespertino da RecordTv, um dos melhores
trabalhos do autor que marcou sua
estreia na emissora.
Fonte:
Texto:
Evaldiano de Sousa
Pesquisa:
www.wikipédia.com.br
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