Com personagens em tom acima e irresistíveis clichês “Todas as Flores” fecha sua primeira temporada em alta
Um novelão aclamado pela crítica e que chegou ao ápice de ser sugerida uma troca entre ela e Travessia, da Glória Perez, Todas as Flores chegou
em sua última leva de capítulos na semana passada e só volta a partir de 05 de abril de 2023.
Para nós que não estamos acostumados a esperar tanto por um final de novela, poderia parecer estranho, mas a
trama foi tão bem esqueletada que a cena
final, com a Maíra (Sophie Charlotte) prestes a voltar a enxergar, deixou o público aquietado. Afinal de contas
esperamos por um ano pelas séries americanas, o que são 4 meses?
João Emanuel Carneiro prometeu e mostrou uma trama bem
desenvolvida, com personagens acima do
tom, mas na medida que a trama pedia, e talvez pelo fato de ter “perdido” o
posto no horário nobre, caprichou em uma trama que a cada leva de capítulos novos só
melhorava, apesar de alguns percalços.
Letícia Colin e Sophie Charlotte na pela da antagonista e protagonista, Vanessa
e Maíra, são os 2 pilares da trama. Enquanto a Letícia Colin pincelou
sua vilã com tintas vibrantes, falando
com os olhos e seus trejeitos, a Sophie explorava a simplicidade dos gestos da
personagem que não enxerga e tinha que driblar essa condição. Os embates cênicos
delas foram incríveis, provando a ótima escalação de duas atrizes que são ícones
da sua geração.
Vale destacar também a
dobradinha Vanessa / Zoé – Mãe e filha que duelam a medida que o roteiro pede.
Letícia e Regina Casé estão numa
sintonia espetacular. Apesar de que a
Regina ficou nos devendo a grande vilazona como foi vendida a Zoé nas chamadas de estreia. Os seus rompantes
de arrependimentos e humanidade, exatamente mais uma vez para servir o roteiro e fazer a
trama fluir, descaracterizaram a grande vilã que Todas
as Flores prometeu .
Alguns atores, que sabemos que podem dar muitos mais, nesta
primeira temporada ficaram com seus personagens um tanto apagados ou cozinhados
em banho-maria , o caso do Humberto do Fábio Assumpção; o Rafael do Humberto
Carrão; A Judith da Mariana Nunes, que virou até meme de tanto
repetir “Tem dedo da Zoé Nisso” entre outros. Eles merecem um
olhar mais generoso do autor na próxima temporada.
Thalita Carauta , catapultada ao posto de “dona da novela” com a exuberância e destaque
da sua Mauritânia, ficou destinada ao concurso da Rhodes, esperando o momento
certo para iniciar o romance com o sobrinho
postiço. Enfim precisa de mais um brilho na próxima temporada também.
No núcleo da organização criminosa do Samsa (Ângelo Antônio),
destaque para Nicolas Prattes como Diego, que já mostrou ser um dos
destaques masculinos da novela, assim como Bárbara Reis, que fez da sua
Déborah, uma personagem muito rica dramaturgicamente.
Na parte social da trama, as interações dos atores deficientes
visuais Camila Alves (Gabi), Cleber Toini (Márcio) e Moira
Braga (Fafá), que também é preparadora de elenco, dão um
toque saboroso e alívio cômico. Se a Maíra carrega o peso dramático da personagem
, eles trazem a leveza e ajudam a
desconstruir o estereótipo do cego dependente e sofrido.
É fato que Todas as Flores que iria para o ar na tv aberta seria totalmente diferente dessa da Globoplay, mas dificilmente seria mais interessante. A ótima escalação e direção do elenco, trama envolvente e produção caprichada, além do formato com uma história mais enxuta e ágil sem dúvidas são o grande trunfo desse projeto, que promete ser um futuro para a teledramaturgia.
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Fonte:
Texto : Evaldiano de
Sousa
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