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Novelas Inesquecíveis – O Bem Amado (1973)

40 anos de um dos grandes sucessos do Dias Gomes

         Em  9 de outubro de 1973, ou seja  há mais de 40 anos terminava  uma das melhores  novelas da história da teledramaturgia brasileira, O Bem Amado do autor Dias Gomes. 
         A novela foi  pioneira em vários aspectos. A  trama foi a primeira  global   apresentada totalmente em cores; abriu as portas do mercado internacional (antes de O Bem  Amado  apenas o texto era comercializado) e foi a primeira usar uma narrativa genuinamente brasileira em seus entrechos.
         Dias Gomes se inspirou no fato parecido ocorrido no Espirito Santo, onde um candidato se elegeu prefeito prometendo a construção de um cemitério na cidade.   A novela foi a transposição para  tv da peça O Bem Amado  e Mistérios do Amor e da Morte , que ele só conseguiu desengavetar em 1969.  

       O Bem Amado conta a história de Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) um político corrupto e cheio de artimanhas, que  tem como meta prioritária em sua administração na cidade fictícia de Sucupira,  litoral baiano, a inauguração do cemitério local. De um lado, é bajulado pelo secretário gago, Dirceu Borboleta (Emiliana Queiroz) , profundo conhecedor dos lepidópteros; e conta com o apoio incondicional das irmãs Cajazeiras, suas correligionárias e defensoras fervorosas: Doroteia (Ida Gomes) , Dulcineia (Dorinha Duval)  e Judicéia (Dirce Migliaccio).
Doroteia é a mais velha, líder na Câmara de Vereadores da cidade. Dulcineia, a do meio, é seduzida pelo prefeito. E Judiceia é a mais nova - e mais espevitada. São três solteironas avessas a imoralidades - pelo menos em público, já que Odorico sempre aparece de noite para tomar um "licor de jenipapo"…
Odorico, Dirceu Borboleta e Zeca Diabo
Foto : http://www.teledramaturgia.com.br/
 A novela teve três grandes personagens que marcaram a carreira de seus intérpretes: O Próprio Odorico Paraguaçu , imortalizado por Paulo Gracindo; Zeca Diabo vivido pelo Lima Duarte e Dirceu Borboleta do inesquecível Emiliano Queiroz.

Foto : http://4.bp.blogspot.com/
    Paulo Gracindo na pele do prefeito foi espetacular, e com certeza o Odorico Paraguaçu foi seu grande papel na tv. Para quem se apaixonou pela verborragia usada no remake de Saramandaia escrito por Ricardo Linhares, basta saber que  ele foi inspirado em Odorico Paraguaçu , um espécie de homenagem ao personagem dentro da trama. Odorico teve um magnetismo tão grande  que em 1980 , sete anos depois do termino da novela, a Globo produziu um seriado com o título de O Bem Amado com quase todo o elenco principal. Odorico Paraguaçu que morrera no último capítulo da novela em 1973, foi ressuscitado no primeiro episódio do  seriado, “desinaugurando” o cemitério de Sucupira. O Seriado passou quatro  anos no ar  com sucesso absoluto em 220 capítulos.  Em 2011,  o filme roteirizado por Guel Arraes e Miguel Paiva virou minissérie na Globo, com Marco Nanini revivendo Odo
Odorico e Zeca Diabo
Foto : http://www.teledramaturgia.com.br
  Lima Duarte, então diretor de tv, havia sido contratado para dirigir a novela anterior O Bofe , do autor Braúlio Pedroso. Antes que seu contrato terminasse com a Globo  ele foi convidado para viver  o Zeca Diabo, seu primeiro personagem na tv e que foi logo  um sucesso arrebatador. Os trejeitos , modo  de falar e até o figurino do personagem teve o “dedo” de Lima, e assim Zeca acabou virando o matador de aluguel mais bonzinho da teledramaturgia brasileira.
Foto : http://bimg1.mlstatic.com/o
   Emiliano Queiroz também foi irrepreensível na interpretação do seu Dirceu Borboleta, com  certeza o personagem mais marcante da sua carreira.
 Um dos pontos fortes de O Bem  Amado eram os cacos e improvisos  permitidos pelo autor. Paulo Gracindo , Lima Duarte e Emiliano Queiroz abusavam desse direito e talvez exatamente por causa dessa liberdade em cena é que  seus personagens  tenham ficado   tão marcantes e inesquecíveis.
A Censura agiu dentro da trama de O Bem  Amado e não permitia que  palavra  “Coronel”  usada como referencia à Odorico Paraguaçu e “Capitão” usada para se referir ao Zeca Diabo,  fossem citadas na trama. O tema de abertura também foi modificado   depois que a censura não autorizou “Paiol de Pólvora”  interpretada por Toquinho e Vinicius de Moraes. A Música foi substituída então por “O Bem Amado” gravada pelo Coral Som Livre
Foto : http://1.bp.blogspot.com
 Não posso deixar de citar outros destaques do elenco : Ida Gomes , Dirce Migliaccio e Dorinha Duval, as irmãs cajazeiras; Sandra Bréa que esbanjou beleza e sofisticação vivendo  Telma , a filha moderna de Odorico; a saudosa Zilka Zalaberry  e sua inesquecível Donana Medrado e Milton Gonçalves vivendo o Zelão das Asas.
Foto : http://www.globomarcaslicenciamento.com.br
Em 2012  chegou às lojas o DVD de O Bem Amado e foi ele que me fez assistir essa trama, afinal em 1973, o autor que vus fala aqui ainda nem sonhava em nascer.  Mesmo sem ter assistido na exibição original, o que muitas vezes da um sabor diferente às novelas, afinal não sabemos o que pode acontecer, etc. Mas O Bem Amado foi mais um  novelão escrito pelo mago Dias Gomes, que sabe como ninguém transformar histórias simples e interioranas em sucesso de crítica e audiência.
“Só fala quem sabe. Não vale promessa. Pague pra ver. A Vida é um jogo, um quebra-cabeça . . . O Bem amado !
Esse era o texto narrado nas cenas dos próximos capítulos, apresentados na época.
Hoje  (19.10) se vivo fosse Dias Gomes estaria completando 91 anos de vida, e nada mais recomendado do que lembrar nesta dada esse “novelão” que nasceu de suas mãos.

Ficha Técnica :
O bem amado
Novela do Autor Dias Gomes
Direção Geral  : Régis Cardoso
Exibição  : 24 de Janeiro à 09 de Outubro de 1973

Foto : http://bimg2.mlstatic.com/o-bem-amado-nove

Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa  : teledramaturgia.com , wikipédia.com


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