Autor na ficção do cotidiano da vida real
Manoel Carlos Gonçalves de Almeida, mais conhecido apenas como Manoel Carlos ou simplesmente Maneco (São Paulo, 14 de março de 1933)
Um
dos autores mais importantes do Brasil, Manoel Carlos, o Maneco , volta ao ar
nesta segunda-feira dia 03 com mais uma novela que promete comover e se tornar
um fenômeno como inúmeras outras que o autor escreveu.
Maneco já confirmou que Em Família será sua
última novela. Aos 81 anos o autor pretende se aposentar depois do fim da
trama. Para homenagear suas “Helenas”
, personagem constante em suas novelas desde Baila Comigo
(1981) , o autor escolheu Julia
Lemmeertz para viver a última delas, fechando um ciclo iniciado com Lilian Lemmertz , mãe de Julia na vida real. Lilian Lemmertz foi a primeira
Helena escrita pelo autor, como já falei
na trama de Baila
Comigo.
Um dos pioneiros da televisão brasileira, iniciou sua
carreira na década de 1950, fez parte no Grande Teatro Tupi, na extinta Tv Tupi, dirigido por Sérgio
Britto, Fernando Torres, e Flávio
Rangel, no ar por mais de dez anos. Com
elenco no qual se destacam Fernanda Montenegro, Ítalo
Rossi, Natália Thimberg, Fernando Torres, Zilka
Salaberry, Aldo de Maio e Cláudio Cavalcanti, o teleteatro apresentou um repertório de mais de 450 peças dos maiores
autores nacionais e estrangeiros. Dirigiu e produziu programas como a Família
Trapo, exibida na Rede
Record no
final dos anos 1960, Esta Noite se Improvisa, O Fino da Bossa (com Elis Regina) e a primeira fase do Fantástico, entre 1973 e 1976.
Em 1978, aos 45 anos o autor estreou em
novelas no horário das seis da Globo com Maria, Maria
baseada no livro Maria Dusá, do autor Lindolfo Rocha. A Novela foi um dos grandes sucessos do horário da
seis marcada por uma brilhante atuação
de Nívea Maria vivendo as duas
“Marias” do título. No final do mesmo ano , Manoel Carlos emplacou outro sucesso no horário, a adaptação de A Sucessora da Carolina
Nabuco. Considerada uma das melhores
produções de época até então, A Sucessora trouxe para o horário das seis um
clima psicológico e suspense bem ao
estilo Hitchcock.
Em 1979, Maneco escreveu algum dos episódios
do Malu Mulher, seriado protagonizado por Regina Duarte e em 1980 colaborou
no texto de Água Viva, novela do autor Gilberto Braga que está sendo reprisada atualmente no horário nobre
do Canal Viva.
Mas foi em 1981 que Manoel Carlos escreveu seu primeiro grande sucesso no horário nobre
global. Nos presentou com Baila Comigo, novela protagonizada pela saudosa Lilian Limmetz interpretando
magistralmente a primeira Helena do autor , além de um grande elenco encabeçado
por Raul Cortez, Tony Ramos, Fernando
Torres e Betty Faria. A Novela marcou o ano de 1981 e imortalizou grandes
interpretações. Em Destaque Tony Ramos
na pele dos gêmeos Quinzinho e João
Victor.
Sol de Verão (1982)
foi a novela seguinte do autor e também
foi apresentada em horário nobre. Uma
novela ensolarada como o próprio nome e a abertura mostravam mesclada com a bela história do surdo-mudo
Abel (Tony Ramos) e a ousada mulher que abandonava um casamento acomodado para seguir seus próprios sentimentos. Irene Ravache foi a estrela da novela,
e muitos a compararam a uma “Helena” do autor, que curiosamente em Sol de Verão batizou sua protagonista de Raquel. Mas a novela
culminou com a morte de Jardel Filho
, um dos protagonistas da novela. A perda do grande amigo fez com que Manoel Carlos não conseguisse terminar
a novela, que foi finalizada por Gianfrancesco
Guarnieri e Lauro César Muniz.
Em 1984, depois de recuperado da morte
do amigo Jardel Filho, Manoel Carlos muda de emissora e escreve para Manchete que depois foi
apresentado também no SBT o seriado Joanna , uma espécie de remake de Malu Mulher, a começar pela
protagonista, Regina Duarte. Na Manchete
ele ainda escreveu a minissérie Viver a Vida (1984); a novela Novo Amor (1986) e a minissérie O Cometa (1986).
Em 1991, Manoel Carlos voltou a Globo
e nos apresentou os mágicos personagens de Aníbal
Machado na novela Felicidade. A trama trazia de volta a personagem
Helena como protagonista, na novela interpretada por Maitê Proença. Como destaque da trama a vilã Débora, vivida pela estreante Viviane Pasmanter e a graciosa Tatiane Goulart , que encantou o Brasil
com a meiga Bia.
Um folhetim leve e charmoso e sem nenhuma pretensão foi História de Amor
, que o autor escreveu em 1995. Regina
Duarte estreava como Helena (A atriz ainda faria mais duas) na trama que
acabou se tornando um grande sucesso do horário. Eu tenho História de Amor com a minha predileta do Maneco, que me encantou
exatamente pela simplicidade.
Em 1997,
Manoel Carlos volta ao horário
nobre em grande estilo com Por Amor , novela
protagonizada por Regina Duarte e
Gabriela Duarte. A trama contou a história da mãe que entrega o próprio
filho para substituir o bebê morto que a filha teve. A História comoveu o Brasil.
No elenco destaque para a dobradinha de mãe e filha na vida real transferida
para a trama, Regina e Gabriela estiveram impecáveis; além de Susana Vieira vivendo
a malvada Branca Letícia de Barros Mota e Viviane
Pasmanter na pele da inconsequente Laura. Apesar do bom trabalho feito na composição da Eduarda, Gabriela Duarte foi execrada pelo
público que não suportava suas reações tão egoísta e de menina mimada.
Laços de Família (2000) foi
outro novelão que o autor escreveu. Arrisco dizer até que o Maneco estava na sua
melhor forma. A trama trazia como Helena toda a exuberância de Vera
Fischer no auge da sua beleza e Carolina
Dieckmann como Camila , a filha chata da protagonista. A Novela prestou um
grande serviço social quando abordou o tema da leucemia, tendo até a cena em
que Carolina Dieckmann raspa a cabeça sendo usada nas companhas de doação
de medula. Na novela a cena rendeu picos de audiência. A Novela marcou a
estreia de Reynaldo Gianechinni e Juliana Paes.
Em 2001,
Manoel Carlos usou o romance
homônimo de Mário Donato para
escrever Presença
de Anita. Na minissérie o autor
resolveu usar a sensualidade como pano de fundo, e assim Mel Lisboa seduziu o Nando (José Mayer)
e o Brasil inteiro quando aparecia de calcinha ou completamente nua. A atriz
logo se transformou em uma “Lolita”. No elenco vale destacar ainda as
impecáveis atuações de Helena Ranaldi,
Vera Holtz e o saudoso Linneu Dias.
Na
novela Mulheres
Apaixonadas (2003), o autor viu pela primeira uma Helena sua não
causar empatia junto ao público. A
Professora do ensino médio vivida pela Crhistiani
Torloni transpirava antipatia e não fazia jus ao título das protagonistas do
autor. Mas isso em nada prejudicou a trama que abordou dos mais diversos temas.
Do alcoolismo ao câncer de mama, do homossexualismo à violência contra a
mulher. Destaque no elenco para Camila
Pitanga, Giulia Gamm e Helena Ranaldi.
Em
2003, Regina Duarte volta a
viver uma Helena do Manoel Carlos (É a sua terceira) em Páginas da Vida (2006). A trama tinha como tema principal a adoção de
uma criança com síndrome de down e os dilemas para inseri-la em uma sociedade
ainda muito despreparada. A atriz mirim Joana Morcazel deu vida a Clarinha. Ela
realmente é portadora da síndrome de down e cativou o Brasil inteiro com sua
interpretação. A Novela causou algumas
polêmicas, como a cena do strip-tease da
Ana Paula Arósio e um
dos depoimentos que eram apresentados no final de cada capítulo em que a telespectadora contava sobre seu
primeiro orgasmo com uma masturbação. Lília
Cabral foi a estrela da novela com a vilã Marta, e Fernanda
Vasconcellos brilhou na pele da Nanda. Sua atuação foi tão marcante que o
autor teve que trazê-la em espírito de volta por exigência do público.
De
volta as minissérie em 2009, Manoel Carlos nos apresentou a visceral
Maysa Matarazzo, uma das cantoras mais importantes e mais polêmicas
brasileiras. Maysa
– Quando fala o Coração foi dirigida
por Jayme Monjardim , filho da Maysa na vida real. O Diretor contou em
entrevistas que deixou o autor a
vontade, que ele poderia escrever sobre qualquer fase da cantora , sem maquiar
ou esconder acontecimentos. A Minissérie é um clássico e marcou a estreia na tv
de Larissa Maciel que incorporou, é
isso mesmo, ela não interpretou , ela incorporou a Maysa , de tão perfeita que estava.
Viver a Vida (2009) foi o
último trabalho do Maneco. O Autor
resolveu inovar e apresentou uma Helena negra e uma das mais novas, vivida por Taís Araújo. Mas a estrela de Viver a Vida foi
Luciana, a antagonista da protagonista. No início da trama ela infernizou a
vida da Helena, mas depois de sofrer um acidente e ficar tetraplégica roubou a
novela e conquistou os telespectadores com a luta e superação da personagem numa atuação impecável da Alinne Moraes. A Helena que
não tinha sido muito aceita pelo público, acabou totalmente suplantada pelo
dilema da Luciana, ou seja o Manoel
Carlos pecou em não acidentar a Helena ao invés da Luciana.
Foto : http://www.celsojunior.net/blog/wp-content/uploads/2009/08/viver-a-vida.jpg |
Em Família
, próximo trabalho do autor está aí , batendo na porta, e nós fãs desse autor que escreve sobre o
cotidiano com uma particularidade impar, vamos poder nos deliciar com mais uma Helena e suas histórias, que
poderiam acontecer em nossa família, no trabalho , ou seja bem do nosso lado.
Boa
Sorte Maneco . E que venha Em Família !
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Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : teledramaturgia.com ,
memóriaglobo.com
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