Uma das novelas menos citadas entre os sucessos
do Gilberto Braga
O
Próprio Gilberto Braga definia a
trama como um trabalho sem qualquer proposta diferente. Terá sido por isso que Louco Amor é uma das menos citadas novelas entre os sucessos do
autor?
Louco Amor foi escrita as pressas com a missão de
substituir Sol de Verão (1982) que foi
encurtada por causa da morte precoce do ator Jardel Filho, protagonista
da trama.
A Trama conta a história da jovem e rica Patrícia (Bruna Lombardi) é
apaixonada por Luís Carlos (Fábio Jr) , filho de Isolda (Nicete Bruno), a empregada
doméstica da família Dumont. Mãe e filho sempre moraram como
funcionários na mansão do embaixador André (Mauro Mendonça) e sua esposa,
Renata Dumont (Tereza Rachel), os pais de Patrícia. Um segredo do passado prende Isolda àquela casa e à sra. Dumont. No aniversário da moça, Luís Carlos é proibido de entrar no
salão por Renata, que somente permite que ele guarde os carros e não se esqueça de sua condição
social inferior.
Com essa situação de injustiça, nasce a raiva e a fúria que irá modificar
inteiramente o relacionamento entre eles: Luís Carlos solta os cães,
que invadem o salão e atacam André, o qual fica coxo em consequência dessa
investida. Para impedir a união de Luís Carlos e Patrícia, Renata manda a filha
para a Europa.
Seis anos depois, Luís Carlos fica sabendo que Patrícia vai
voltar ao país.
A partir daí, iniciam-se a história e o confronto entre dois mundos bastante diferentes. Patrícia
retorna com um filho e é obrigada pela mãe a esconder a paternidade da criança.
Enquanto isso, Luís Carlos se apaixona por Cláudia (Glória Pires), antiga
colega de faculdade,
moça pobre e batalhadora, porém ambiciosa, e que
se envolve por interesse com Lipe (Lauro Corona), filho dos Dumont. Mas Renata
continua a lutar contra a união de sua família com pessoas de classe social inferior, e fará de tudo para impedir
essa união, como já acontecera com sua filha.
Sem nenhum exagero , posso dizer que Louco Amor foi
carregada nas costas por Tereza Rachel.
A Atriz que viveu a grande vilã da trama foi impecável na sua caracterização de
Renata Dumont.
Tônia Carrero havia sido escolhida para viver Renata Dumont, mas pela segunda vez
perdia uma vilã do Gilberto Braga.
Em 1980 , foi Beatriz Segall que
ficou com Lourdes Mesquita, pensada primeiro para Tônia.
Mas como antigamente os vilões
não se davam bem no final das novelas, depois que seu marido morre , o passado
escondido da toda poderosa Renata Dumont vem a tona. A Começar por seu
verdadeiro nome. Renata na verdade se chama Agetilde Rocha , filha de Agenor
Costa (Mário Lago). A vilã foi a responsável
pela morte do irmão de Edgar e André. Ela o namorava quando ele descobriu estar
sendo traído com um garçom. O rapaz não suportou a traição e atirou no amante,
indo preso depois. Acabou se suicidando na cadeia, por se sentir tremendamente
envergonhado. Para se livrar de possíveis transtornos, Agetilde vai para o Rio de
Janeiro refazer sua vida e passa a se chamar Renata. Ela pede que sua então
grande amiga Isolda – as duas eram muito próximas e dividiam um cortiço – crie
seu filho junto com o dela. No final
é revelado que Luis Carlos, o homem que Renata tanto humilhou na verdade é o seu filho. Como castigo, Renata termina a trama na miséria como gerente de uma simplória pensão em Teresópois, região
serrana do Rio de Janeiro.
Na trama vale destacar
também a belíssima atuação de Glória
Pires como Cláudia. A química entre ela e Fábio Jr foi tão grande que depois que os personagens se encontraram
em cena , o público passou a torcer por
Luis Carlos e Cláudia, ao invés de Patrícia, o verdadeiro par romântico de dele
na trama. No final os dois terminam juntos e Patrícia se mostra
uma mulher de caráter duvidoso a procura de homem rico para casar-se.
O Casal formado por José Lewgoy e Lady Francisco foram
responsáveis por bons momentos na novela. Ele um velho esclerosado e ela uma
ingênua manicure, fizeram o maior
sucesso , principalmente Edgar, quando
proferia a frase que virou seu bordão : “E, eu não sei, Gonçalo?”, dito ao seu
mordomo, vivido pelo saudoso Clementino Kéle.
Em Louco Amor , Gilberto usou um dos artifício que mais gosta em
novelas. Desta vez foi : Quem Matou Márcio (Carlos Alberto Ricelli)? Após investigação, o delegado Cunha (Ivan
Cândido) chega ao verdadeiro assassino de Márcio. Na verdade, o alvo sequer era
o rapaz. Foi Fernando (Carlos Eduardo Dolabella) quem manipulou a lancha, mas
ele queria matar Edgar (José Lewgoy), seu sócio. Fernando é preso.
Beatriz Segall caracterizada de
Lourdes Mesquita , sua personagem em Água Viva (1980) ,
voltou em Louco Amor como uma das convidadas da vernissage de Alfredo
(Fernando Torres).
Gilberto Braga mais uma vez apresentou
uma trama sofisticada expondo os conflitos e dramas dos relacionamentos entre
pessoas de classes sociais diferentes. O Autor propunha um pensamento: O Amor
resiste a diferenças sociais tão gritantes ? Em Louco Amor essas
diferenças venceram o amor entre Luis Carlos
e Patrícia, que não terminaram
juntos.
Mesmo não tendo sido um
fenômeno de audiência a novela merece mais menções entre os sucessos do autor.
Ficha Técnica ;
Novela do autor Gilberto
Braga
Direção Geral : Wolf Maia
, José Wilker e Paulo Ubiratan
Exibição : 11 de
Abril a 21 de Outubro de 1983
Capítulos : 168
Fonte :
Texto : Evaldiano de
Sousa
Pesquisa : teledramaturgia.com, memóriaglobo.com
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