Com
pouco mais de um mês no ar, a novela Em Família do autor
Manoel Carlos , vem sofrendo um
bombardeio de críticas devido a escalação supostamente equivocada de seu
elenco. As críticas levam em consideração
a escalação do elenco da terceira fase, que entre outros não
aceitaram Nathalia do Valle mãe da Julia
Lemmertz , ou Gabriel Braga Nunes filho de Ana Beatriz Nogueira.
Sem
querer entrar nesse ponto, pois afinal já vimos principalmente no cinema ,
atores viveram papéis bem mais velhos do que sua idade real e vice – versa, ou
seja, se essa mágica é aceita em Hollywood porque no Brasil Não?
O
que está mais me preocupando em Em Família, é o caminho que a Helena vivida por Julia Lemmertz esta tomando. A
Personagem é tida como bipolar, insensata e mimada no auge dos seus quase 40
anos, e insiste em manter o ódio mortal pelo primo (ex-namorado) que destruíra
seus sonhos quase 20 anos atrás. O Perfil da personagem é difícil, foi pontilhado para causar antipatia mesmo,
mas em outras tramas todas as Helenas´s do autor também carregavam essa carga
dramática, ou um segredo obscuro do passado, e nem por isso o público torceu o
nariz para elas. Como exemplo, temos a Helena vivida pela Maitê Proença em Felicidade (1991).
A Personagem forjou uma gravidez e a morte de um filho que nunca existiu , escondeu a trama
inteira a identidade do pai de sua filha, e mesmo assim o público a venerava. A
Helena de Por Amor (1997) , uma
das três que a Regina Duarte viveu,
também foi capaz de abrir mão do próprio filho, fazendo seu grande amor sofrer,
em nome da felicidade da filha.
Herson Capri , Maitê Proença e Tony Ramos em FELICIDADE (1991) |
A
Helena da Júlia Lemmertz está
caminhando para o hall das Helena´s do autor que o público não engoliu. Nesse
time já existem duas. A vivida pela Christiane Torloni em Mulheres Apaixonadas (2003)
e da Taís Araújo em Viver a Vida (2009).
Christine Torloni recusou o papel da vampira Mina de O Beijo do Vampiro (2002)
que acabou ficando com a Cláudia Raia
mesmo grávida, para viver a Helena que o
Manoel Carlos escreveu em Mulheres Apaixonadas. Mas a Helena era uma mulher
muito complicada, e logo nos primeiros capítulos o público não aceitava suas reações
diante do casamento fracassado e a
tentativa de Téo (Tony Ramos) de salvá-lo.
A personagem chegou a reatar um caso com um namorado do passado, mesmo
sabendo que ele tinha um relacionamento sério com sua enteada Luciana (Camila Pitanga), e ao ser
descoberta queria que todos aceitassem pelo simples fato de ser uma escolha
dela. Nada mais egoísta e mesquinho para uma protagonista.
Já a Helena da Tais Araújo, nem pode ser culpada em 100% por essa rejeição. Na
verdade o grande magnetismo do público com a Luciana , personagem da Alinne Moraes , depois do acidente que
a deixou tetraplégica, e impecável
interpretação da atriz foram os
principais fatores da personagem da Tais ter o posto trocado com sua antagonista. A
Sinopse da trama trazia Luciana como
antagonista da Helena, mas na prática o que ocorreu foi exatamente o contrário.
A Helena acabou recebendo a culpa pelo acidente da colega de trabalho e depois disso
não tinha mais como segurar , o posto de
protagonista já era da Luciana, e não
restava mais nada a fazer.
Resta
agora a Júlia Lemmertz correr a
atrás e tentar salvar sua Helena. Na trama até já existem duas personagens com
um perfil bem aceito pelo público e que podem fácil roubar esse posto de protagonista.
A
Juliana da Vanessa Gerbelli, com o
drama da mulher que ter uma filha a todo custo já é uma das principais
histórias da novela, e o público já se identifica com o sofrimento da
personagem. E Na semana passada Viviane
Pasmanter que vivi a vilã Shirley é outra boa opção. A Personagem
sarcástica, uma mistura de Carminha de Avenida Brasil com
Félix de Amor à
Vida , vem roubando todas as cenas.
Eu
torço para que a Júlia consiga encontrar um tom certo para o personagem,
ou então o Manoel Carlos atenue o gênio da personagem. Afinal a escolha dela
para o papel é uma homenagem a sua mãe ,
a também atriz Lilian Lemmertz que
viveu a primeira Helena do autor na novela Baila Comigo (1981)
, e com a rejeição do público à personagem , a homenagem pode ter sido em vão.
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
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