Nada
como um dia atrás do outro! Acho que essa frase deve está piscando na mente do
autor Benedito Ruy Barbosa, desde
que a Globo o “elevou” novamente ao
horário nobre aprovando a sinopse de Velho Chico para
substituta de A
Regra do Jogo.
Segundo
Silvio de Abreu, responsável pelo
departamento de teledramaturgia atualmente da emissora, as tramas realistas de Babilônia (2015) e A Regra do Jogo é o principal motivo da mudança dos telespectadores
para tramas mais lúdicas como Cumplices de um Resgate no
SBT e OS Dez Mandamentos na Record.
O Clima bucólico rural e toda a aura que cerca esse mundo podem ser o que o
público, cansado de tanta violência da realidade da vida, espera para mergulhar
de cabeça em uma novela.
Benedito Ruy Barbosa de volta ao
horário nobre global é muito mais do que um reconhecimento do grande talento
desse autor, mas soa também com a correção de uma injustiça. Vale lembrar que
desde Esperança (2002), trama do autor que sucedeu o grande sucesso Terra Nostra
(1999), e que naufragou na audiência, Benedito foi “rebaixado” ao
horário das seis com seus remake´s reescritos escritos por suas filhas.
Por
isso iniciei o post como o ditado popular
“Nada como um dia atrás do outro!”. Chegou a hora e a vez do autor que
apresentou clássicos da teledramaturgia nacional e merece todo nosso respeito.
Jornalista
e publicitário, Benedito Ruy Barbosa
chegou à dramaturgia com a peça Fogo Frio, encenada pelo Teatro de Arena, dirigida por Augusto
Boal. Contratado pela Colgate – Palmolive, o autor estreou em novelas na Rede
Tupi adaptando o folhetim A Vingança do Judeu, de J. W. Rochester com o título de Somos Todos Irmãos. Ainda na Tupi escreveu O Anjo e o Vagabundo (1966) com
bastante êxito. Depois de algumas colaborações, adaptou ainda na Tupi a novela O Décimo Mandamento
(1968), mudando-se para a Record ainda em 1968 onde
estreou escrevendo A Última Testemunha. Na Record
ainda dividiu a autoria de Algemas de Ouro com
Dulce Santucci em 1969.
De
volta a Tupi em 1970, foi co-autor
na adaptação de Simplesmente Maria, do original de
Rosamaria Gonzalez, com Bejamim Cattan.
Sua
estreia na Globo foi em 1971, com a
trama educativa e rural Meu Pedacinho de Chão. O Autor começava a escrever
sobre o que conhecia, o universal rural,
a felicidade, os problemas e dilemas do homem do campo. Meu Pedacinho de Chão foi
exibida simultaneamente pela Globo e
a Tv Cultura.
Em
1976, baseado no romance homônimo de Orígenes Lessa, o autor escreveu O Feijão e o Sonho.
Pela primeira vez o horário das seis abandonava as ilusões do século passado e
mostrava uma trama realista.
No
final da década de 70 o autor escreveu ainda À Sombra dos Laranjais (1977) em
parceira como Sylvian Paezzo;
algumas histórias para o Sítio do Pica Pau
Amarelo (1977) e a novela Cabocla (1979) protagonizada por Glória Pires e Fábio Jr, baseado no romance homônimo de Ribeiro Couto.
Benedito
inicia a década de 80 na Rede
Bandeirantes onde escreveu em 1980, a trama de Pé de Vento ,
novela que tinha o intuito de falar sobre o tema esporte, mas acabou mostrando
a história sem o brilho e a maquiagem necessária. Mostrando apenas o lado difícil
dos esportistas brasileiros.
Sem a
possiblidade de escrever sobre o que queria na Globo, foi na Bandeirantes
que o autor teve seu primeiro grande
sucesso em novelas. Os Imigrantes foi considerada uma novela audaciosa
que contava a saga dos imigrantes que chegavam ao Brasil no final do século
XIX. A novela é a segunda maior novelas
em capítulos da história da teledramaturgia, foram 459 capítulos divididos em 6
fases.
Com o
sucesso na Rede Bandeirantes, a Globo tratou logo de recontratar o
autor, que durante toda a década de 80 escreveu tramas para horário das seis
como Paraíso (1982);
Voltei Pra Você (1983); De Quina Pra Lua (1985) como supervisor; Sinhá Moça (1986),
baseada no romance homônimo de Maria
Dezonne Pacheco Fernandes e Vida
Nova (1988).
Novamente
sem conseguir viabilizar uma trama na Globo,
o autor mudou-se para Manchete e trama rejeitada pela Globo acabou virando o maior sucesso da teledramaturgia da década
90. Pantanal ofuscou a trama
global que passava no horário nobre na
época (Rainha da
Sucata). A trama consagrou Cristiana Oliveira e um grande elenco,
e apresentou para o todo o Brasil as belas paisagens pantaneiras.
Adicionar legenda |
Depois
do sucesso de Pantanal, o autor
voltou a Globo, mas dessa vez com status de grande autor do horário nobre e
ganhou em 1993 a chance de escrever sua
primeira novela para o horário. Benedito provou que estava mais do que
preparado e é o autor dos três maiores
sucessos do horário nobre na década de 90 : Renascer (1993), O Rei do Gado (1997) e Terra Nostra (1999).
O
Sucesso de Terra
Nostra fez com que o autor em 2002
resolvesse escrever uma espécie de “Terra Nostra 2” e a apresentou a trama de Esperança,
que falava da imigração não só italiana, como de várias outras nacionalidades,
tal qual acontecera em Os Imigrantes (1981). Porém o estado de saúde do autor e seu
afastamento acabaram fazendo Esperança migrar
para o insucesso e o autor acabou não escrevendo mais para o horário nobre,
sendo rebaixado novamente para o horário das seis com a releitura de vários
sucessos.
A
década de 2000 se inicia e as filhas de Benedito, Edmara e Edilene Barbosa reescrevem sob sua supervisão o remake de
grandes sucessos do autor: Cabocla (2004); Sinhá Moça
(2006); Paraíso (2009) e Meu Pedacinho de Chão (2014).
Em meio a supervisão de seus remakes o autor ainda escreveu a minissérie Mad Maria em 2005, que contava a história da construção da
ferrovia Madeira-Marmoré em plena a Mata Amazônica.
A
história de Velho
Chico já estava reservada para ser
uma das próximas novelas do horário das seis. O Velho Chico do
tema refere-se ao Rio São Francisco, onde em suas margens a história ira se passar.
A elevação da trama para o horário nobre deve ser muito comemorada. É
nossa chance de rever uma boa história interiorana e rural, que só o autor sabe
escrever, mostrando e provando para a Globo
que novos nomes são sempre bem vindos claro, mas o patrimônio cultural da
empresa sempre deve ser respeitado.
Que
venha Velho
Chico, que venha Benedito Ruy
Barbosa!
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Fonte : teledramaturgia.com e memóriaglobo.com
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