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Novelas Inesquecíveis – Fogo sobre Terra (1974)

        Em 1974, Janete Clair  apresentou ao seu público a trama de Fogo sobre Terra e com a novela  voltou  a falar sobre o drama rural, como ela havia feito com sucesso em Irmãos Coragem (1970). Na época em que apresentou O Semideus (1973),  Janete queria fazer a história de Fogo sobre Terra que  tinha o título provisório de Cidade Vazia, mas a ditadura não aprovou a sinopse.


        Fogo sobre Terra completou 42 anos e  me parece mais recente do que nunca, graças ao seu entrecho em que a autora fazia questão de mostrar a luta do povo do campo contra o progresso indiscriminado  que não se preocupava com a natureza que iria destruir ao seu redor.
        Mesmo com  o foco forte nesse mote rural em contra ponto ao progresso, que tinha como representantes os personagens da fictícia cidade de Divineia, que na trama seria inundada e desapareceria do mapa  submersa às águas para a instalação de uma hidrelétrica, Janete não fugiu aos seus clichês,   e Fogo sobre Terra foi bombardeada pela crítica que não aceitava as coincidências absurdas, o excesso de fantasias no texto e o romantismo exacerbado.

        Cansada das críticas e dos cortes impostos pela censura, Janete Clair desabou em várias entrevistas que ficou muito difícil escrever Fogo sobre Terra, e não entendia por que tanta má vontade com uma trama que apenas primava pelo amor do homem pela natureza.

        O personagem do Juca de Oliveira, Pedro Azulão, foi o grande pivô da marcação serrada da censura sobre a trama. Pedro liderava os moradores de Divinéia contra a construção da hidrelétrica. A Censura não aprovava o perfil contestador do personagem e ele tinha que se “emendar”. A Autora pensou em uma morte heroica para Pedro Azulão, mas  as autoridades preferiam que, ele tivesse o perfil mudado e se tornasse uma pessoa mais contida e cordata.  Um dos grandes absurdos que a autora teve que obedecer.  

         Dina Sfat foi o grande destaque de Fogo sobre Terra na pele da exuberante e irreverente  Chica Martins. A Atriz, uma das preferidas da Janete, gravou a novela grávida da sua terceira filha. 

      
        Regina Duarte, que viveu a sofisticada Bárbara, tinha acabado de dar à luz a sua filha Gabriela Duarte há apenas 45 dias quando começou a gravar a trama. A personagem de Regina sofria de um distúrbio psicológico e sempre que ficava nervosa sofria com uma cegueira momentânea.
        Sônia Braga deu vida na trama a personagem Brisa, irmão de Chica. As duas brincavam  de se comunicar entre si através da “língua do P”. A brincadeira virou mania  em todo o Brasil durante  a exibição da novela.


        Uma música da trilha de Fogo sobre Terra acabou ficando mais famosa depois do término da trama. “Uma Rosa em Minha Mão” cantada por Marília Barbosa, de autoria do Toquinho com letra do Vinícius de Moraes,  responsáveis pela trilha da trama,  ganhou uma nova letra e virou a  famosa  “Aquarela” da campanha das Industrias Faber Castell.


        Uma das cenas mais marcantes da trama sem dúvidas foi a que Nara,  personagem da Neuza Amaral, se recusando a sair da cidade de Divinéia morre afagada pelas aguas que inundam a cidade. Neuza Amaral contou em entrevistas que a cena ficou por anos em sua memória, e com certeza na nossa até hoje.
        Uma forte história de amor tendo como pano de fundo os conflitos entre a modernidade urbana e tradição do povo rural, que infelizmente  não foi o  sucesso esperado, devido a grande mutilação imposta pela censura,  mais que valeu pelo cunho social, levantando um bandeira que hoje faz parte da história atual do Brasil.  Talvez a Janete nem saiba, mas Fogo sobre Terra  pode ter sido o primeiro aceno para a convivência mútua do progresso com a natureza.
Ficha Técnica:
Novela da Autora Janete Clair
Direção Geral : Walter Avancini
Elenco:
JUCA DE OLIVEIRA – Pedro Azulão
REGINA DUARTE – Bárbara
DINA SFAT – Chica Martins
JARDEL FILHO – Diogo
FÚLVIO STEFANINI – Gustavo de Almeida
JAIME BARCELLOS – Dr. Heitor Gonzaga
NEUZA AMARAL – Nara
SÔNIA BRAGA – Brisa
MARCOS PAULO – André de Melo
HERVAL ROSSANO – Arthur Braga
EDSON FRANÇA – Nilo Gato
GILBERTO MARTINHO – Zé Martins
ÊNIO SANTOS – Beato Juliano
DARY REIS – Tonho Madeira
IDA GOMES – Frida
GESSY FONSECA – Celeste
ARACY CARDOSO – Drª Lisa
ISAAC BARDAVID – Salin
TAMARA TAXMAN – Jamile
FRANÇOISE FORTON – Estrada-de-Ferro
GERMANO FILHO – Quebra-Galho (Expedito Santos de Matos)
DARCY DE SOUZA – Ivone
LÉA GARCIA – Tiana 
JOSÉ MIZIARA – Amadeu
TONY FERREIRA – Delegado Amaro
LÍCIA MAGNA – Isabel
LURDINHA BITTENCOURT – Sueli
ROBERTO BONFIM – Saul 
EDSON SILVA – Kalin 
IVAN DE ALMEIDA – Moura
MARY DANIEL – Dona Hilda Maria
as crianças
ROSANA GARCIA – Vivi
RICARDO GARCIA – Ônibus
ISABELA GARCIA – Rodoviária
e
ABEL PÊRA – Vigário Luis
ADA CHASELIOV – Maria Paula
ALDO DELANO – Juca
AMELIN FIANNI – Lindalva
ANALY ALVAREZ – Rita
ANTÔNIO VICTOR – Lucena 
CARAPANÃ – Tamaê
CLEYDE BLOTA – Mirtes 
DARTAGNAN MELLO – Bicho-Brabo 
EXPEDITO DE MATTOS – capanga
GENY DO AMARAL – Zoraide
HELIO ARY – Custódio
IVO GIFFONI – hippie
JORGE CÂNDIDO – Ismael
JORGE CHERQUES – Coronel João Aires de Brito 
JOTA BARROSO – dono do restaurante
MARIA ZILDA – Márcia
MOACYR BASTOS – Jairo
MONIQUE LAFOND – Judi
NILTON MARTINS – Januário
PEPA RUIZ – Isolina
PHYDIAS BARBOSA – Vicente
REGINA LINHARES – Mimi
ROBERTO VIEIRA – Cabo Anacleto
TENEN RESENDE – Argentino
VINÍCIUS SALVATORE – Bruno
Exibição : 08 de Maio de 1974 à 04 de Janeiro de 1975
Capítulos: 209

Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa

Pesquisa  : teledramaturgia.com , memóriaglobo.com e Wikipédia.com 

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