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Novelas Inesquecíveis – O Bofe (1972)


        Uma trama inovadora que há 45 anos satirizava a alta sociedade  com excentricidades  saída da cabeça ímpar e inventiva  do autor Bráulio Pedroso.
        O Bofe trazia os principais valores pretensamente dos ricos representados por personagens pobres,  interpretados de uma forma tão visceral que sem dúvidas foram o grande trunfo da novela.
        A Ideia da produção da novela veio baseada no sucesso da trama de Beto Rockfeller (1968), exibida pela Tupi,  também do Bráulio Pedroso  com direção do Lima Duarte. Isso mesmo nosso grande ator Lima Duarte foi diretor antes de estrear como ator. Com base nisso a Globo o contratou e o Lima estreou  na emissora  como diretor em O Bofe. Não sei se teve algo haver, mas o fato é que a novela não chegou nem perto do sucesso da audiência de Beto Rockfeller e acabou sendo a última novela dirigida por Lima, que  em seguida  foi se transformando em um dos grandes astros brasileiros.

        No decorrer da trama,  Bráulio Pedroso foi afastado e Lauro CésarMuniz assume O Bofe,  o que causa um  grande rebuliço, inclusive na  produção da trama. José Wilker  decepcionado  com o viés mais realista dado por Lauro César à novela, pede para ser desligado. Assim o autor faz com que seu personagem, o inesquecível hippie e malandro Bandeira, morra de tanto rir. Pode!?
        Independente da repercussão da trama na época, considerada inovadora com texto peculiar, hoje tida como uma novela cool, como a maioria das escritas  por Bráulio,  e que o público dos anos 70 não se identificou, o grande trunfo de O Bofe foram seus personagens, que talvez  vistos individualmente sejam ainda mais interessantes.

        Claudio Marzo pela primeira vez deixava a figura do galã clássico para dar vida ao caótico artista plástico Demétrius, com uma enorme barba que se entrelaçava aos cabelos. Enfim um grande personagem, que o ator precisava para o seu currículo. Um diversificação que todo ator procura na carreira.

        BettyFaria, sempre linda, deu vida a exuberante viúva Guiomar.  A personagem como a maioria das mulheres brasileiras da época queria ser louras. Assim quase sempre Guiomar aparecia com uma peruca loura, que deixa a Betty  ainda mais maravilhosa.

        Jardel FilhoO Bofe da trama, encantou a mulherada na pele do mecânico que se fazia passar por rico em meio a alta sociedade, arrastando um tapete de mulheres que se apaixonavam por seu falso status e lábia.
        O Bofe apresentou o primeiro personagem da teledramaturgia vivido por um ator travestido de mulher. Ziembinski deu vida a velha senhora Tia Stanislava, mãe da personagem da Betty Faria, que vivia sonhando com um príncipe encantado e fica bêbeda de tanto tomar xarope. A Ideia da personagem foi dada pelo próprio ator. Outra inovação de O Bofe.
        Outros  personagens interessante de O Bofe  era a macumbeira Gonzaguinha, vivida pela Heloísa Mafalda; a socialite Susana, jurada do Programa do Chacrinha, que foi inspirada  na  socialite da vida real Silvia Amélia de Waldner; entre outros.
        Claro que Censura Federal não deixou  de atuar em O Bofe. Eles obrigaram o autor transformar um vigarista em Padre. O personagem do ator  Paulo Gonçalves  dava um golpe e se fazia passar por Padre para se esconder. Como castigo a censura exigiu que o personagem realmente se torna-se padre para se redimir.
        A novela marcou a estreia na Globo do ator José Lewgoy, que já tinha o nome renomado no cinema. Jorge Dória e Marilu Bueno também estrearam na Globo na trama.

        O Bofe teve uma trilha sonora especialmente composta para a trama  com 12 músicas inéditas de Roberto Carlos e Erasmos Carlos, interpretadas por nomes como Elza Soares, Os Vips, Nelson Motta, Djalma Martins e Eustáquio Sena, entre outros.
        Curiosamente, a palavra “Bofe” na época da trama, era uma designação para homem feio desleixado, hoje a expressão significa exatamente o contrário.
A certa altura da trama o público era surpreendido com a frase: “Será que eles vão morrer , ou não!? Isso vocês só vão saber depois dos comerciais!” Isso do nada. Confundido o público  que se perdia dentro da trama.
        A Globo sempre usou o horário das dez na década de 70 para ousar  e experimentar,   e com O Bofe não foi diferente. Porém essas experimentações e ousadia afugentaram o público mais  tradicional que não se identificava com o ousadia que em algumas cenas e entrechos beiravam a audácia. 
Muito mais que satirizar o cotidiano e  a sociedade,  a novela  debochava das manjadas fórmulas folhetinescas, e talvez por isso mesmo  tenha derrubado a audiência da Globo.  
Ficha Técnica:
Novela do Autor  Bráulio Pedroso
Escrita por Bráulio Pedroso e Lauro César Muniz
Elenco:
JARDEL FILHO – Dorival
CLÁUDIO MARZO – Demétrius (Grego)
BETTY FARIA – Guiomar
ZIEMBINSKI – Stanislava Grotoviska
CLÁUDIO CAVALCANTI – Maneco
JOSÉ WILKER – Bandeira
EDSON FRANÇA – Bianco
MILTON MORAES – Sérgio Marreta
RENÉE DE VIELMOND – Débora
ZILKA SALABERRY – Carlota
PAULO GONÇALVES – Inocêncio
ILKA SOARES – Suzana Leopoldina
SUSANA VIEIRA – Marilene
PAULO VILLAÇA – Dr. Paulo
ELIZÂNGELA – Sandra
ANTÔNIO PEDRO – Pedroca
ELOÍSA MAFALDA – Gonzaguinha
MIRIAN PIRES – Consuêlo
MARILU BUENO – Marilu
MARGOT BAIRD – Margot
NILSON CONDÉ – Caíto
ANA MARIA MAGALHÃES – Vilma
VERA MANHÃES – Martinha
DARLENE GLÓRIA – Marina
VALÉRIA AMAR – Adelaide
MYRIAN RODRIGUES – Jô
MÁRCIA RODRIGUES – Katia
BETTY SADDY – Juliana
ANTÔNIO VICTOR – Frei Francisco
GERALDO CARBUTTI – Sacristão Sávio
JUAN DANIEL – Palhaço Popó
TELMO AVELAR – Santelmo
WÁLTER STUART – Signore Gino
MARGARIDA REY – Dona Sara
e
JOSÉ LEWGOY – Barão (noivo francês de Suzana Leopoldina)
LEDA LÚCIA – vendedora de livros
PAULO RAMOS – advogado
TEREZINHA MOREIRA – mulher de Sérgio Marreta
Exibição: 19 de Junho de 1972 à 23 de Janeiro de 1973
Capítulos: 143
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa

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