É 2017 passou muito rápido, já chegou a
hora de fazer aquele resumo do que a teledramaturgia nos apresentou esse ano.
Vou começar pelas séries que, diga-se
de passagem foi um ano bem rendoso nesse gênero. A maioria centradas no humor
crítico, ganharam o público e deixaram o
gostinho de quero mais como Vade Retro e A Fórmula. O Drama e o suspense foram representados pela
Sem Volta, apresentada pela RecorTv no início do ano e que mostrou que a emissora está no caminho certo neste tipo e produção; e Sob
Pressão, sem dúvidas a melhor do ano mostrando todo a situação caótica da saúde
pública brasileira através de dramas vividos por pacientes e médicos na série.
A
Cara do Pai (2016
e 2017)
A Cara do Pai estreou
no finalzinho de 2016 e exibiu seu último episódio da primeira temporada em 01
de janeiro deste ano. Sem muita pretensão o humorístico protagonizado por Leandro Hassum e idealizado por ele e Paulo Cursino, mostra as aventuras de um pai separado e que
vive se metendo em confusões exatamente nos finais de semana em que fica com
filha Duda, a personagem da Mel Maia,
um dos destaques do programa.
Apresentado aos domingos, deu um
novo fôlego ao horário e acabou
credenciando sua segunda temporada no último trimestre, temporada está já
apresentada no GloboPlay. A
Dobradinha Mel Maia/Leandro Hassum é
o grande trunfo do humorístico, a sintonia dos atores como pai e filha foi crucial
para o sucesso da série.
Sem
Volta (04
a 20 de Janeiro de 2017 – 13 episódios)
Sem Volta, co-produção da RecordTv com a Panorâmica e
Chatrone, foi a aposta da emissora em um gênero nunca explorado antes – a
ação misturada ao suspense e drama. A aposta foi certeira, nitidamente
inspirada na série americana Lost, Sem Volta prendeu a
atenção do público que foi seduzido pelo primeiro episódio e não pode mais
deixar de acompanhar e descobrir as emoções seguintes. Os flashbacks mostrando
os antecedentes dos montanhistas
perdidos em meio a expedição deram o clima de folhetim à série. No
elenco destaque para os atores Sílvio
Guindane, Roger Gobeth, Juliana Schalch e Flávia Monteiro, que na pele de
personagens intensos, viscerais e interessantíssimo dentro do contexto da série
deram um show cênico como nunca visto em
seus trabalhos anteriores. Com criação e roteiro do Gustavo Lipsztein, a série
foi um dos bons momentos da RecordTv
na teledramaturgia desde ano.
Vade
Retro (20
de Abril à 29 de Junho de 2017 – 12 Episódios)
Vade Retro, seriado do Alexandre Machado e Fernando Young (mesmos de Os Normais –
2001 à 2003), foi a grande surpresa do ano. Eu confesso que fiquei preocupado
quando a Mônica Iozzi abandonou a
bancada do Vídeo Show para se
dedicar ao projeto. Mas a estreia da série mostrou que eu estava completamente
enganado.
Primando pela marca registrada dos
autores, o humor irônico e a comicidade nos diálogos, Vade Retro apresentou
ainda o diferencial do terror cômico no duelo sofisticado entre o bem e o
mal. Só o texto irrepreensível da
Fernanda e Alexandre já valeria a série, mas o elenco (escolhido a dedo) fez
desse texto um clássico do gênero. Mônica
Iozzi fez uma escolha acertadíssima, brilhou como a advogada do Diabo
Celeste, e a dobradinha com Tony Ramos um dos destaques da
produção. Ele no auge da sua humildade, brilhou com seu Abel Zebu, voltando a
fazer humor (que ele não fazia desde o seriado A Mulher do Prefeito em 2013), deixou a Mônica mostrar tudo que podia
fazer, fazendo com que ela brilhasse de igual para igual.
A
Fórmula (06
de Junho à 24 de Agosto de 2017 – 8 Episódios)
Despretensiosa, A
Fórmula acabou se tornando uma boa opção das quintas à
noite, com texto ágil e as várias possibilidades que o entrecho das
protagonistas em duas fases da vida poderia render. Foi se firmando no decorrer
dos 8 episódios nos deixando com aquela sensação de que foram poucos. Porém
tomando por base a cena final do último episódio, que deixou
no ar a decisão do Ricardo (FábioAssumpção) sobre a fórmula do rejuvenescimento descoberta por Angélica
(Drica Moraes), podemos esperar sim essa segunda temporada. Nem mesmo a polêmica envolvendo o Fábio Assumpção, pouco antes da estreia,
quando ator foi detido pela polícia em uma cidade de interior por perturbação
da ordem, ofuscou a série.
Mas a essência de A Fórmula sem
dúvidas foi a impressionante sintonia
entre Drica Moraes e Luiza Arraes
que viveram a protagonista Angélica em fases diferentes. Com um trabalho
impecável, deixaram nítido para o
público que uma era o complemento da outra, num jogo de cena típico das grandes
profissionais, com trejeitos, perícia e
muito, muito talento. A Luiza então
brilhou de igual para igual com a Drica, que como sabemos, já todo aquele
talento em forma de atriz, mostrando a
grande profissional que está vindo nos próximos anos.
Falando da técnica da
seriado, a abertura marcou com um diferencial, sempre situando o
telespectador no contexto da história , e a inspiradora trilha do final dos
anos 80 com destaque para “Asa Morena” da Zizi Possi e
“Bem que se Quis”, primeiro grande sucesso da Marisa Monte.
Com
uma essência que pondera entre a juventude e experiência, os
autores Marcelo Saback e Mauro Wilson em nenhum momento deixaram
transparecer que uma é mais importante que o outra, ou que uma
elimina a outra. O telespectador é instigado a tomar suas decisões vendo o lado
bom, ruim e vantagens de cada uma.
Sob
Pressão (25
de Julho à 19 de Setembro de 2017 – 9 episódios)
Mostrando a dura e crua realidade da
saúde pública brasileira Sob Pressão tirou o
fôlego do telespectador mesclando o folhetim do drama particular dos médicos e
pacientes e utilidade pública, através
do caos nos corredores do hospital retratado na série.
Sob Pressão, criação do Luiz Norinha, Cláudio Torres e Renato Fagundes, a partir da ideia
original de Mini Kerti inspirada no
livro “Sob
Pressão – A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro” , do Márcio Maranhão. O projeto foi apresentado
originalmente como filme dirigido por Andrucha
Waddington, que inclusive foi apresentado na Tela Quente da Globo
duas semanas antes da estreia da série.
Guel
Arraes, diretor responsável da séries da Tv Globo, foi quem viu o potencial de série que o filme mostrava e
a ideia acabou sendo uma das melhores do
ano. A Série teve um grande sucesso de crítica e audiência e terminou com o público clamando por uma segunda
temporada.
Júlio
Andrade e Marjorie Estiano que viveram os protagonistas da série foram os
únicos, juntamente com o personagem vivido pelo Stepan Nercessian que migraram do filme para a série. Aliás, o casal
Evandro e Carolina, os
personagens do Júlio e da Marjorie,
foram a alma da série, que química entre eles e que interpretações
viscerais de cada um. No elenco do
seriado vale destacar ainda a participação da Ângela
Leal na pele da vendedora de sanduíches Dona Noêmia, o
que me lembrou muito a Dona Xepa da novela homônima da RecorTv que a atriz estrelou em 2013.
A Série não foi
uma novidade em produções da Globo, que já havia apresentado em Mulher (1999) , do Daniel Filho , Antônio
Calmon e Elizabeth
Jhin, série
que também se passava dentro do hospital, mas pelo fato de ter como locação um
hospital particular se distancia muito da realidade mostrada em Sob
Pressão.
Filhos
da Pátria (19
de Setembro à 12 de Dezembro de 2017 – 12 episódios)
Filhos da Pátria, sátira inteligente do dito “jeitinho brasileiro”
pegou carona na trama de Novo Mundo, e centrou a trama numa continuação da
proclamação da república feita na novela.
Com Alexandre
Nero e Fernanda Torres impecáveis como os protagonistas em um tempo
incrível para o humor, Bruno Mazzeo foi feliz ao retroagir
para os anos de 1800 muitos dos acontecimentos retratados nos noticiários
atuais.
No elenco destaque ainda para Mateus Nachtergaele, o que foi nenhuma surpresa; Jéssica Ellen, a Lucélia e Jonny
Massaro na pele Geraldinho.
A
Série me chamou atenção também pela
caracterização dos personagens e cenários nada caricatos, o que seria
esperado em se tratando de uma série de humor, o que a deixou ainda mais semelhante à Novo
Mundo.
Cidade
Proibida (26
de Setembro à 19 de Dezembro de 2017 – 11 Episódios)
Todo o glamour do rio dos anos 50 em
contraste com o seu submundo deram o tom
da série policial. Como os próprios
autores Mauro Wilson e Maurício
Farias (que também
responde pela direção artística) anunciaram nas entrevistas de
lançamento da nova série, Cidade
Proibida mostrou que seu maior trunfo era a época escolhida como espaço do tempo em que
a trama foi contada. A
reconstituição de ruas e biroscas nos deixam no clima da minissérie que
abusou da agilidade e tem uma narrativa que prende o telespectador à frente das
cenas que sem respirar já é surpreendido na cena seguinte.
No
elenco em total sintonia, destaque para a química entre Vladimir
Brichta e Regiane Alves,
cruscial para a empatia do público com os personagens.
Uma
pena que a série apresentada em parceria com Filhos da Pátria
às terças-feiras, acabou perdendo fôlego
e o público a cada episódio, algo
inexplicável levando em conta o conteúdo
tão bem apresentado, principalmente pela ineditismo da temática tomada pelo
canal.
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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