Em 2014, quando o Canal Viva anunciou a reprise de Dancin´Days (1978),
um clássico esperado desde a sua inauguração,
escrevi aqui no blog um post comemorando essa reprise e listando 13
títulos de tramas que mereciam uma reprise, e que com certeza seriam marcadas pelo
sucesso.
De lá para cá, dois desses títulos já foram reprisadas, A Gata Comeu
(1985) e FeraRadical (1987), e com o anúncio de Baila Comigo (1981) para o
segundo semestre de 2018, fazem três.
Vale lembrar que a Canal Viva já confirmou também a reprise de Roda de Fogo
(1986) para próximo semestre,
embora não saiba o porquê, a trama não estava na minha lista inicial.
Assim sobraram desta lista ainda 10
tramas que o Viva está
devendo a seus telespectadores:
Plumas e Paetês (1980),
do Cassiano Gabus Mendes
A espinha dorsal de Plumas e Paetês, a história da
personagem Marcela, vivida pela ElizabethSavalla, era a mesma de uma antiga novela da Tv Tupi, A Intrusa (1967),
que contava exatamente a mesma história. Como pano de fundo desenvolvia-se o
enredo em torno da dura rotina de modelos em busca de ascensão profissional.
Além de Elizabeth Savalla, fazem parte da trama também Cláudio Marzo, José Wilker, Maria Cláudia, Paulo Goulart, Mila Moreira,
Neuza Amaral, José Lewgoy entre outros.
Cassiano
Gabus Mendes reuniu mais uma vez a dupla Eva Wilma e Jonh Herbert, do antigo seriado Alô Doçura, que ele mesmo escreveu
para a Tv Tupi entre os anos de 1953
e 1964. A Dupla formou um trio
inesquecível com Paulo Goulart na
trama. Eva Wilma inclusive, estreava na Globo na pele da Rebeca. A atriz vinha do grande sucesso em
trabalhos na Rede Tupi que fechara
as portas em julho de 1980.
Plumas e Paetês não
foi um dos grandes sucessos do autor e inicialmente não foi bem no IBOPE e Cassiano
Gabus Mendes ainda sofreu um enfarte em 11 de Janeiro de 1981, ficando
impossibilitado de leva-la em diante. Sílvio de Abreu foi o substituto do autor, e assumiu a novela a partir do capítulo
138. Provocou algumas alterações e a concluiu
com uma relevante audiência.
Sétimo Sentido (1982),
da Janete Clair
Na trama de Janete voltava a falar de um tema sempre recorrente em suas
tramas – O Duplo. A Autora se familiariza com histórias de gêmeos e sósias, e
em Sétimo
Sentido juntou isso à paranormalidade,
nos presenteando com uma visceral Regina Duarte vivendo as protagonistas Priscila Caprice e Luana
Camará.
Sétimo Sentido conta a história da marroquina
Luana Camará (Regina Duarte) que volta ao Brasil para tentar recuperar sua
fortuna roubada pela família Rivoredo. No passado, Antônio Rivoredo (Carlos
Kroeber) passou para o seu nome os bens dos pais de Luana, quando estes foram
obrigados a se exilar por problemas políticos, no período Vargas. O patrimônio
da família Camará, no entanto, nunca foi devolvido por Antônio.
No elenco, além
de Regina Duarte e FranciscoCuoco que formaram novamente par
romântico 10 anos depois de Selva de Pedra (1972),
nomes como Carlos Alberto Ricelli, Eva Todor, Natália do Vale, Cláudio Cavalcanti, Armando Bógus, Fernando Torres,
Tamara Taxmann entre outros abrilhantavam a produção.
Influenciada pelo Os
Irmãos Karamazov, do Dostoievsky, Janete Clairapresentou um panorama sobre a paranormalidade que prendeu a
atenção do público, tanto que a trama só deslanchou mesmo a partir da sua
metade, quando Priscilla Caprice assume por completa o corpo de Luana e volta
ao Brasil. Essa possessão por completa foi criticada por estudiosos do
espiritismo que alegavam a impossibilidade de um espírito apoderar-se de
forma tão forte de uma pessoa. Sobre o fato Janete, que além de ter a
assessoria da parapsicóloga Thelma Tabada, afirmou ter estudado durante um ano temas relativos a
paranormalidade, parapsicologia e espiritismo.
Regina
Duarte deu um show à frente das duas personagens.
Com perfis totalmente diferentes, Luana era simples, tímida e contida, enquanto
Luana era uma explosão em forma de mulher, exuberante e sensual, foi
exatamente esse contraponto entre elas que enriqueceu ainda mais o
trabalho da Regina interpretando de forma visceral personagens tão
marcantes na teledramaturgia.
Como
a própria autora declarou na época em entrevistas, Sétimo
Sentido foi uma novela difícil de escrever por causa da
censura e polêmica dos temas. Janete chegou a se afastar da trama
por algum tempo, quando descobriu um doença e teve que se operar. Sem alarde
junto a imprensa, Sílvio
de Abreu assumiu a novela escrevendo os capítulos
com a supervisão da Janete.
Elas por Elas (1982),
do Cassiano Gabus Mendes
Cassiano Gabus Mendes depois de alguns sucessos na Globo se
firmava de vez como autor de tramas leves e divertidas, que padronizaram o
horário das sete, como mais um sucesso no horário. Elas por Elas foi o grande destaque
da teledramaturgia do ano e considerada uma das melhores novelas da década e do
autor até então.
Elas por Elas foi
uma trama divertida e bem amarrada, com um elenco em total sintonia
e o texto impecável do autor, que contou a história do reencontro de sete
amigas 20 anos depois, e esse reencontro acendia vários outros
acontecimentos relacionados e inter-relacionado entre elas.
As amigas eram Márcia (Eva Wilma), a dondoca
entediada com a vida que leva. É dela a ideia de reunir suas antigas
companheiras de colégio: Natália (Joana Fomm), Marlene (MilaMoreira), Wanda (Sandra Bréa), Carmem (Maria Helena Dias), Adriana (Esther Góes) e Helena (AracyBalabanian). Para isso, entra em contato
com cada uma delas e promove uma brincadeira de amigo secreto em sua casa.
Todas comparecem exceto Natália (Joana Fomm), que manda um presente estranho
numa caixa: um pássaro morto.
Em meio ao destaque do elenco feminino com belas e
competentes atrizes muito seguras em cada personagem escrito sob medida para
cada uma, o grande destaque de Elas
por Elas foi o detetive Mário Fofoca, vivido pelo Luiz Gustavo, que se transformou em um dos grandes personagens da
carreira do ator.
Além
da impecável direção e técnica da novela, cacos e improvisos também marcaram a
trama principalmente nas cenas cômicas. Eva
Wilma e Luiz Gustavo, contam
em entrevistas que muitas cenas entre Márcia e Mário Fofoca eram pontuadas por
esses improvisos e enriqueceram em muito a novela.
Sol de Verão (1982),
do Manoel Carlos
A Trama de Sol
de Verão sugeria uma novela alegre e colorida tal
qual sua abertura, apresentando corpos femininos suados ao som de “Tô que Tô”
da cantora Simone, com todas as cores do verão da época.
Mas
ao contrário , Sol de Verão tinha uma trama
densa, que mexia com os padrões morais. A telenovela relata o dilema de Rachel (Irene Ravache) , uma mulher que acaba de sair de um casamento infeliz com Virgílio (Cécil Thiré) .
Rumo ao Rio
de Janeiro, ao lado da mãe e da filha, ela acaba por se
envolver com Heitor (Jardel Filho), um mecânico boêmio e bonachão que nunca havia vivido umcompromisso sério. Paralelo a isso, está o surdo-mudo Abel (Tony Ramos) , que, em busca de
sua mãe, emprega-se na oficina de Heitor.
O Conservador público
das 20h não viu com bons olhos a protagonista Raquel, uma mulher que
resolve abandonar um casamento de anos em busca da felicidade, ou seja
colocando a frente da comodidade de um vida construída o único intuito de ser
feliz. Algo normal nos dias de hoje, mas há trinta anos ...
Infelizmente, Sol de Verão acabou chamando mais atenção fora da trama, com
a morte precoce de Jardel Filho que vivia o protagonista
Heitor, por volta do capítulo 120. O ator morreu de ataque cardíaco em 19
de Fevereiro de 1983. A Morte do ator desestabilizou toda a produção, direção
e elenco da trama. O Autor Manoel Carlos que era muito
amigo de Jardel Filho , não teve mais condições de continuar
escrevendo à trama, e a Globo até pensou em cancelar a novela,
termina-la sem um desfecho, mas uma pesquisa de opinião junto ao público apurou
que eles queriam que a trama tivesse um desfecho , até mesmo em homenagem
a Jardel Filho. Assim Lauro César Muniz e Gianfrancesco
Guarnieri (que fazia parte do elenco) foram chamados para finaliza-la.
Assim foram escritos mais 17 capítulos terminando a trama com 137.
Na
trama vale destacar o sensível trabalho de Tony Ramos , que
deu vida ao surdo-mudo Abel. O Ator foi elogiadíssimo pela magistral
interpretação do personagem, que além da deficiência ainda vivia um dilema ,
descobrir quem era sua verdadeira mãe. Inesquecível nos capítulos finais
a cena em que a Abel e Sofia (Yara Amaral) finalmente descobrem
que são mãe e filho , e caem no choro de emoção.
Estrelada
por Jardel Filho, Irene Ravache, Tony Ramos, Beatriz Segall, Gianfrancesco Guarnieri, Yara Amaral, Cécil Thiré
entre outros, a novela não deixa de ser uma reprise mais que afetiva. Teve seu final tumultuado ,
como não poderia ser diferente devido a tamanha tragédia, mas que
escreveu seu nome na história da teledramaturgia. Não acompanhei por inteiro a
trama , mas pelos capítulos que assisti pela internet Sol de Verão foi um novelão criado pelas mãos do mago do cotidiano Manoel
Carlos.
Pão,Pão, Beijo, Beijo (1983), do Walther Negrão
A Trama de Pão,Pão, Beijo Beijo (1983) já dava gosto de assistir (literalmente)
pela bela abertura, recheada de ingredientes e pães onde era preparado um
apetitoso sanduiche em forma de coração, fazendo alusão ao tema de
abertura “Sandwich de Coração” (Na época ainda se escrevia
Sanduiche em inglês) da banda Rádio Taxi. A Música foi tão
marcante que um dos nomes provisórios da trama foi “Sanduiche de Coração.
Lembro-me
como agora da Elizabeth Savalla no
auge da sua beleza, fazendo pela primeira vez uma vilã; Regina Maria
Dourado, inesquecível na pele da caricata Lara Sereno, além da Família da
Mama Vitória e Soró, vivido magistralmente pelo saudoso Arnaud Rodrigues.
Enfim Pão Pão Beijo Beijo, foi aquele tipo de novela que fica em nossa memória afetiva
e sempre é acionada quando nos deparamos com situações que a lembram.
Na
trama num cruzamento no subúrbio carioca de Madureira, um acidente une
três pessoas completamente diferentes entre si: Ciro (Cláudio
Marzo), um motorista de ônibus; Bruna (Elizabeth
Savalla), moça rica e geniosa; e Soró (Arnaud Rodrigues), um imigrante
nordestino que trabalha carregando mercadorias numa carroça de mão. Como
compensação pelos prejuízos causados pela batida, Ciro e Soró vão trabalhar com
a família de Bruna, que possui uma rede de cantinas italianas.
Uma
história com todos os ingredientes que o Walther Negrão gosta
de trabalha. Lélia Abramo impecável vivendo essa clássica
mãezona italiana conquistou o Brasil. A história do núcleo italiano foi
tão forte que quando a trama foi vendida para fora e em alguns países foi batizada de Mamma
Vitória. No elenco , destaque também
para Elizabeth Savalla, que depois de viver várias mocinhas românticas e
sofredoras na tv, ganhava sua primeira vilã em novelas e foi impecável na
pele da prepotente Bruna. Arnaud Rodrigues conseguiu com o
simplório Soró grande empatia junto ao público. Regina Maria Dourado,
que na época ainda era apenas Regina Dourado, vinha fazendo
pequenas participações em novelas da casa, ganhou a Lála Sereno do autor,
e transformou a personagem em um grande momento seu na tv, mostrando todo
o talento na pele da caricata nordestina.
Mesmo
sendo considerada um dos grandes sucesso do Negrão, Pão Pão Beijo Beijo teve problemas de estrutura em sua narrativa quando o Negrão
fundiu duas histórias que seriam centralizadas no eixo Rio-São Paulo. Antes do
início das gravações as locações de São Paulo não poderia mais ser feitas,
assim o autor teve que centralizar a trama toda no Rio de Janeiro, e as
cantinas da Mamma Vitória, que representava as típicas cantinas paulistas,
tiveram que ser transferida para o Rio também junto com o Condomínio da
Barra da Tijuca, a principal locação do Rio. Curiosamente o núcleo da Cantina
Italiana acabou centralizando a atenção do telespectador e todos acontecimentos
da novela, deixando passar em branco o condomínio da Barra. Ou seja,
quando um autor tem talento e criatividade, mesmo com os percalços que lhe
aparecem consegue fazer um trabalho digno e com maestria.
Vereda Tropical (1984),
do Carlos Lombardi
Primeira novela de Carlos
Lombardi na Globo em autoria solo. Ele já havia
colaborado em Elas por Elas (1982) do Cassiano Gabus Mendes , Jogo da Vida(1981) e Guerra dos Sexos (1983) ambas do Silvio de Abreu. Aliás, foi na fonte de Silvio de Abreu que o autor se baseou para escrever Vereda Tropical um dos maiores sucessos do horário das sete.
Com Vereda Tropical Carlos Lombardi começava uma trajetória de sucessos na teledramaturgia, e imprimia
seu estilo marcado pelos grandes conflitos familiares mesclados com muita
comédia e sensualidade. Lombardi também usou estrategicamente o tema futebol
como pano de fundo da novela. Luca personagem do Mário Gomes era
um aspirante a jogador de futebol. A Ideia foi um dos grandes acertos da trama
, que segurou o fiel público feminino com o romantismo do folhetim, e
chamou atenção do masculino, que começou
a acompanhar a trama para ver a luta de Luca para conseguir chegar
à um grande time. A Trama chegou a dar 62 pontos de audiência, índice altíssimo
para década de 80.
O Elenco foi espetacular, com um grande destaque para Mário
Gomes. O Luca é de longe o melhor personagem vivido
pelo ator. Maria Zilda, Lucélia Santos e a saudosa Geórgia Gomide também fizeram sucesso absoluto com suas personagens.
Lucélia e Maria Zilda trocavam de
papéis levando em conta o trabalho anterior de ambas , a novela Guerra
dos Sexos do autor Carlos Lombardi. Na trama anterior
Lucélia era a vilã e Maria Zilda a mocinha. Geórgia Gomide com sua Bina nos
proporcionou os momentos mais hilários da trama com a cantina que
movimentava a Vila dos Prazeres nos fundos da Fábrica de perfumes CPP . E como
esquecer o Marcos Frota como o Super
Téo?
Mesmo com o humor escrachado da
trama, Carlos Lombardi não
esqueceu os acontecimentos da época, e com as greves das operárias
comandadas por Silvana por melhores condições de trabalho ele tocava em
um assunto em alta nos anos 80 , o poder dos movimentos sindicalistas dentro
das novelas.
Um Sonho a Mais (1985),
do Daniel Más
Um homem considerado o mais rico do mundo e que com
uma doença grave volta ao país natal em uma redoma para morrer em paz. Pelo
menos isso é o que é divulgado, mas na verdade Volpone volta com a intenção de
provar sua inocência na acusação de assassinato do seu futuro sogro há 20 anos.
Este era o mote principal da novela Um Sonho a Mais, do autor Daniel Más com argumento
do autor Lauro César Muniz, baseada na peça Ben
Johnson , Volpone , e que está fazendo neste mês 30 anos de
estreia. Daniel Más, na verdade só ficou até o capítulo 37,
daí em diante Mário Prata assumiu a trama junto com Dagomir
Marquezi.
A Ideia inicial acabou não sendo bem aceita pelo
público e a censura da Nova República acabou não aprovando a comédia
feita em torno dos personagens da trama travestidos de mulher.
Assim personagens como Ana Bella Freire (Ney Latorraca), Florisbella (Marco
Nanini) e Clarabela (Antõnio Pedro) tiveram que sair da trama.
Mesmo com toda essa pressão Um Sonho a Mais pode ser considerada a primeira novela a apresentar
o primeiro beijo entre dois homens em cena. Ney Latorraca, na pele
de Anabela e Carlos Kroeber que vivia o seu apaixonado Pedro
Ernesto, protagonizaram esse beijo. Na verdade não chegou a ser um beijão, foi
uma leve “bitoquinha”, mas um grande passo para humanidade.
Além do Volpone e Anabela Freirre, Ney Latorraca viveu ainda mais três personagens em Um Sonho a Mais : O Médico, Nilo Peixe; O
Motorista escrachado sempre de braguilha aberta, André e o advogado Augusto
Melo Sampaio. Ney Latorraca foi
sem dúvidas o grande destaque dessa novela e praticamente a carregou nas
costas. Mesclando grandes cenas dramáticas com o humor cult instalado na trama
depois das mudanças iniciais, marcaram a interpretação do ator.
Susana Vieira,
que deu vida a cínica Renata, também teve muito destaque. Desfilando um visual
chiquérrimo e no auge da moda da época. Ela apareceu louríssima de cabelos
curtos. A personagem lhe rendeu um ensaio interno em uma das edições da
revista Playboy daquele ano.
Silvia Bandeira,
protagonista da novela, foi escolhida de uma maneira jamais feita antes.
Através de um programa de computador foram jogadas as informações da personagem
Stella, cruzando com características de várias atrizes do casting da Globo.
O programa sugeriu Silvia Bandeira, que curiosamente não tinha
feito ainda nenhuma novela inteira, e tinha ganhado destaque graças ao sucesso
do filme Bar Esperança, no qual havia sido
premiada.
Um
Sonho a Mais pode a ter não ter sido um grande sucesso das sete, mas no
passar dos anos é notável que no mínimo a trama ganhou ares de cult, graças ao
tema delicado e o enredo mais do que interessante.
Selva de Pedra (1986),
da Janete Clair, reescrita por Regina Braga e Eloy Araújo
A
Segunda versão de Selva
de Pedra, um dos grandes
sucessos da autora Janete Clair, Remake reescrito por Regina
Braga e Eloy Araújo trazia Tony Ramos, FernandaTorres e Christiani Torloni , nos papéis de Cristiano, Simone e
Fernanda, que foram vividos na primeira versão por Francisco Cuoco,
Regina Duarte e Dina Sfat.
O Remake de Selva de Pedra foi o primeiro que assisti, lembro que
na época nem sabia o que era um “Remake” , mas minha mãe e umas
vizinhas que assistiam a novela na sala lá de casa, ficavam comparando as
novelas, ou seja eu entendi que a novela estava sendo “regravada”. A
Diferença entre a trama original e o remake é de apenas 14 anos, o menor
tempo de distância até então.
O Remake não
chegou nem perto do sucesso da original, que chegou a dar 100% de audiência no
capítulo em que Simone (Regina Duarte) era desmascarada, mas é o remake de
maior sucesso já produzido se comparado aos outros feitos de obras da autora (Irmãos Coragem em 1995 e Pecado Capital em 1998).
Fernanda Torres viveu sua primeira e única protagonista de
novelas em Selva de Pedra. A Novela foi a
última que a atriz fez antes de entrar de vez no mundo da comédia.
Mais os destaques do elenco dessa versão foram
sem dúvidas Miguel Falabella e Christiani Torloni. Ele viveu
o sem-caráter Miro. Um tipo inesquecível. Já Crhistiani Torloni perdeu
a protagonista, mas roubou a cena como a vilã desiquilibrada Fernanda.
Se a trama tivesse sido
desenvolvida, Selva de Pedra poderia ter ganhado o título de primeira trama com romance
homossexual na história da teledramaturgia. Fernanda (Christiani Torloni) e
Cintia (Beth Goulart) faziam um jogo de sedução entre elas sempre que estavam
sozinhas. A Censura logo bateu em cima e impôs que essas cenas fossem
atenuadas e a trama não se concretizou.
Tal qual acontecera na
primeira versão, o remake inseriu em sua trama o tema sobre a
hemofilia. Na novela Caio, personagem do José Mayer convivia
com a doença, e mostrava que podia ser uma pessoal totalmente
normal e que merecia respeito e aceitação social. A Versão de 1972 , foi
a primeira novela na tv brasileira a tratar na ficção sobre uma doença com mais
intensidade. O Ator Carlos Eduardo Dolabella viveu o Caio
da primeira versão, e o personagem ajudou em muito divulgar aAssociação dos
Hemofílicos.
A Abertura da trama foi considerada muito
moderna para época. No vídeo vários prédios brotavam de um chão árido e em suas
vitrines imagens dos astros da trama eram projetadas. No final visto de
cima os prédios formavam o rosto de Tony Ramos.
Uma ótima opção de reprise para o Canal Viva. Selva de Pedra tem
o perfil do canal, um novelão e com
mais 30 anos da sua exibição
original.
Direito de Amar (1987),
do Walther Negrão
“Feliz 1901, 1902, 1903 , 1904 ...” com esta
frase era selado o amor de Rosália e Adriano, casal que se encontrou na festa
de réveillon de passagem para o novo milênio na novela Direito de Amar. Trama do autor Walther
Negrão , inspirada livremente na rádio novela “A Noiva das Trevas”
de Janete Clair.
Um grande sucesso do horário
das seis dos saudosos anos 80 (Os melhores em se tratando de teledramaturgia)
que consagrou Glória Pires no papel da protagonista. A
personagem de uma jovem menina do início do século cheia de ilusões e
romantismo se transforma em uma mulher decidida , ao descobrir que já é
casada com um homem bem mais velho e o mais terrível da cidade, se vendo
obrigada a lutar por sua “liberdade” de amar. Inesquecível a cena em que
Rosália depois de casar-se com Montserrat ainda na igreja abandona o
altar , dizendo ter se emancipado e agora manda em sua vida. A Rosália
teve uma grande importância na carreira da atriz que logo depois
estreou como protagonista no horário nobre na novela Vale Tudo (1988) , vivendo a grande Vilã Maria de Fátima.
Falando em vilã , Direito de Amar também teve a sua , a invejosa prima
de Rosália, Paula vivida pela Cissa
Guimarães em um grande
momento na TV.
O Saudoso Lauro
Corona, que viveu o galã Adriano , segurou
o personagem com maestria. Além de em boa parte da trama ter sido preterido ao
grande vilão para ficar com o coração Rosália, o personagem passou por várias
revelações bombásticas. Depois de apaixonado por Rosália descobre que ela
é casada com seu pai, descobre que seu pai pode ser o responsável pela
morte da mãe, descobrindo depois que a mesma está viva, é Joana, sua tia
desiquilibrada que mora na mansão e por final ainda fica sabendo que não é
filho de Montserrat e sim de um relacionamento de sua mãe com seu grande amigo
Ramos. O Adriano foi o penúltimo personagem de Lauro na TV, no ano seguinte ele
ainda protagonizou a novela Vida Nova (1988) do Benedito Ruy Barbosa , tendo que abandoná-la
do meio para se tratar das complicações devido do vírus da AIDS , vindo a
morrer em 20 de julho de 1989.
Mas
quem foi feliz mesmo na trama foi Carlos Vereza, que fez do seu Senhor de Montserrat
um dos seus melhores momentos na TV, se não o melhor. O Ator deu um
ar tão sedutor ao personagem , que o público feminino torceu para que Rosália o
perdoasse e eles finalmente se entendesse. O Autor
percebendo essa empatia do público com o vilão , tratou de dosar
ainda mais suas maldades, chegando ao ponto dele chicotear Joana, em um das
cenas fortes da novela. No final o vilão não foi perdoado , e
apesar de ser um franco atirador , em um duelo com Ramos , deixar ser atingido
por um tiro fatal.
Direito de Amar foi marcada por grandes cenas que merecem ser revista no
Viva, como : A Festa do réveillon
de virada do século, O Casamento de Rosália e
Montserrat, As crises de Joana (Ítala Nandi) enclausurada em um dos quartos da
mansão, e duelo final entre Montserrat e
Ramos (Carlos Zara).
Um leque perfeito composto por um bom folhetim , aliados a
uma direção e reconstituição de época impecáveis e um elenco bem escalado, fez
de Direito de Amar essa
novela inesquecível.
O Salvador da Pátria (1989), do Lauro César Muniz
A Trajetória do boia-fria
que virou prefeito de uma cidade. Um dos grandes sucessos do Lauro César
Muniz , O Salvador
da Pátria estreou
na Globo em Janeiro de 1989, e contava a história do boia-fria Sassa
Mutema ( Lima Duarte ) que através de jogos de interesses dos poderosos da
cidade , chegava à prefeito.
Aquela frase escrita nos créditos de encerramento das tramas naquela época onde
dizia : “Qualquer semelhança com fatos e pessoas da vida real, será mera
coincidência” não poderia ter uma aplicação melhor do que na trama
de O Salvador da Pátria .
A
Novela estreou exatamente no primeiro ano de eleições diretas para presidente,
depois do duro regime militar, Lula e Collor eram os principais candidatos, e a
mídia logo ligou a figura do simplório Sassa Mutema a de Lula , acusando
a Globo de apologia a sua candidatura. Mesmo sem a censura
oficial, a alta cúpula da Globoencomendou ao autor mudanças na
sinopse, e assim a novela perdeu o seu “lado” político e focou na trama
policial.
O Salvador da Pátria tem todos os principais ingredientes do
autor Lauro César Muniz, joquetes políticos, armações de
conveniências e organizações criminosas, que ele já mostrara magistralmente
em Roda de Fogo (1987) na
Globo , e depois em Cidadão Brasileiro ( 2006)
e Poder Paralelo ( 2009) e em
Máscaras na Record.
Lima Duarte mais uma vez brilhou na interpretação de tipos
característicos e trejeitados. O Sassa Mutema , quando ainda bóia-fria, era de uma ingenuidade inigualável,
e o ator soube dosar de maneira única essas particularidades.
A novela O Salvador da Pátria foi a seguinte no horário depois
do estrondoso sucesso de Vale Tudo (1988)
do autor Gilberto Braga , e obviamente criou-se a expectativa
do público e principalmente da emissora , que tinha receio da trama não segurar
os índices de audiência. Mas a novela apesar da rejeição inicial , é sim
considerada uma das melhores do horário. A trama que girava em
torno do assassinato de Juca Pirama ( Luiz Gustavo) e Marlene (Tássia
Camargo), que eram assassinados no capítulo 17 , foi a primeira a cativar o grande
público . Luiz Gustavo fez do seu Juca Pirama um personagem
inesquecível. Quem não lembra do seu bordão “Meninos eu vi”. O
Personagem apesar de assassinado , passou a aparecer apenas com a voz a trama
inteira, dando a entender que estaria vivo, mas no final tudo não havia passado
de uma montagem de gravação, ele realmente havia sido assassinado pela
organização do narcotráfico.
Outros destaques da trama foram : BettyFaria , que deu vida a fazendeira Marina Cintra , oposição política de
Severo Branco , personagem do Francisco
Cuoco; Susana Vieira que mais uma vez brilhou na pele da
mulher traída e submissa e Lúcia Veríssimo no auge da sua
beleza como a exuberante Bárbara, que no final é revelada como a grande chefe
da organização criminosa da novela.
O Salvador da Pátria agradou e desagradou à gregos e
troianos, e mesmo sem ser o intuito inicial, se tornou um folhetim
policial bom de se ver , apesar do lado policial ter sido o ponto mais
forte da trama. O Público ficou muito mais interessado em saber se João
Mattos (José Wilker) conseguiria provar sua inocência e quem seria o grande
chefe da organização , do que se ele terminaria com a
Marina Cintra, ou o Sassa Mutema e Clotilde (Maitê Proença) ficariam juntos no
final.
Fonte:
Texto:
Evaldiano de Sousa
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