Autor de clássicos da nossa teledramaturgia como “Vale Tudo”, “Dancin Days”, “Celebridade”, “Paraiso Tropical” entre outras.
Criador de vilões inesquecíveis, como Odete Roitman (Beatriz Segall), o novelista foi um dos maiores nomes da teledramaturgia brasileira. Segundo um sobrinho, autor estava internado desde 22 de outubro após perfuração no esôfago e teve um quadro de infecção generalizada na tarde desta terça-feira (26.10).
Gilberto Braga se consagrou ao escrever sobre a alta
sociedade mostrando toda a sujeira que eles insistiam em jogar para debaixo dos tapetes persas de
suas salas. Isso sem falar nos inesquecíveis “Quem Matou?” que o autor sabe criar como nenhum outro.
O Autor nasceu
no Rio de Janeiro em 1946. Começou como crítico de cinema e teatro, e em 1973
estreou na tv escrevendo o Caso Especial Praias Desertas. Mas eram as novelas que transformariam o nome do autor em um dos
mais conceituados.
Sua primeira
novela foi Corrida do Ouro (1974) em parceria com Lauro César Muniz, e no ano seguinte
colaborou com Janete Clair na trama de Bravo, substituindo a autora na reta final quando ela precisou se afastar para
assumir outra trama.
As adaptações
literárias foram o ponto forte do autor em sua primeira fase com destaque para Helena (1975), do Machado de Assis; Senhora (1975) do José de Alencar e um dos maiores sucessos da
teledramaturgia nacional, a adaptação do romance de Bernardo Guimarães, Escrava Isaura (1976). A novela
foi por anos a produção mais vendida da Rede Globo consagrou Lucélia
Santos e firmou o nome do Gilberto Braga como ótimo
roteirista. Em 1977, outra adaptação do autor de sucesso para o horário das
seis foi Dona Xepa, adaptação da peça de Pedro Bloch, que caiu no gosto
do público e foi mais um degrau subido pelo autor para o
horário nobre.
Em 1978, Gilberto Braga elevado
ao horário nobre apresentou a novela que marcou a história da teledramaturgia
nacional, Dancin´Days, baseada em uma ideia de Janete Clair chamada
“A Prisioneira”. O sucesso de Dancin Days garantiu ao autor permanência no horário nobre e na década de 80 ele
escreveu ainda Água Viva (1980), Brilhante (1981), Louco Amor (1983) e Corpo a Corpo (1984).
Em 1986, o autor escreveu sua
primeira minissérie, Anos
Dourados, considerada um
clássico no gênero e em 1988 baseado no romance de Eça de Queiroz,
adaptou para a tv em forma de minissérie O Primo Basílio, ambas com sucesso indiscutível.
Foi
também em 1988 que o autor parou o Brasil com a pergunta : “Vale
a pena ser honesto no Brasil de hoje?”. Ela foi o mote
principal de Vale Tudo , a novela que mexeu com os quatro cantos do Brasil que
acompanhou a trama da honesta Raquel, vivida por Regina Duarte e
as vilãs Odete Roitmann e Maria de Fátima, personagens da Beatriz
Segall e Glória Pires. O “Quem Matou Odete Roitmann?”
ocorrido na reta final da trama fez com que praticamente todos os brasileiros
apostassem em um nome para o assassino da grande vilã. A Revelação que causou
surpresa, pois naquela época sem internet e sem as notícias automáticas só
ficamos sabendo a identidade realmente quando a cena foi ao ar, Leila, a
personagem da Cássia Kiss, era a responsável pelos tiros.
Na década de 90, Gilberto Braga continuou
na trilogia sobre a corrupção no Brasil em O Dono do Mundo (1991) , trama que chegou a ser inicialmente rejeitada pelo público e Pátria Minha (1994), em que o autor agora ao invés de perguntar,
confirmava que valia a pena sim ser honesto no Brasil.
Em 1992, o autor deu uma grande
contribuição a politica nacional com a Minissérie Anos Rebeldes, que tinha como pano de fundo os anos de chumbo da ditadura
militar, baseada nos livros de Zuenir Ventura e Alfredo Sirks.
A Minissérie fez com que muitos jovens naquela época repensassem o cenário
político e houve quem dissesse que a minissérie foi uma das responsáveis pelos
caras-pintadas terem idos às ruas pedir o impeachment do então Presidente
Fernando Collor de Mello.
E em 1999, em parceira com Alcides
Nogueira e Sérgio Marques, escreveu para o horário das seis a também clássica Força de Um Desejo, uma
novela tão boa que se veiculada no horário nobre com certeza seria mais uma das
clássicas criadas pelo autor.
Os anos 2000 foram marcados por dois sucessos
do Gilberto. Em 2003, o autor juntou três dos atores com quem mais
gosta trabalhar : Malu Mader (Anos Dourados, Anos Rebeldes, O Dono do Mundo,
Labirinto e Força de Um Desejo); Fábio Assumção (Labirinto, Pátria Minha, Força de Um Desejo) e Claudia Abreu (Labirinto, Anos Rebeldes, Pátria Minha e Força de
Um Desejo) e escreveu Celebridade , que tinha como pano de fundo o mundo da Fama. A trinca de protagonistas
foi o grande destaque da novela. O Duelo de vilões entre a cachorra Laura e o
asqueroso Renato Mendes, personagens da Cláudia Abreu e Fábio Assumpção
rendeu cenas inesquecíveis à trama, assim como a surra que Maria Clara (Malu
Mader) dá em Laura entrou para os anais da teledramaturgia nacional.
Três anos depois de Celebridade, Gilberto Braga voltou ao horário nobre com Paraíso Tropical, atualmente em reprise no Canal Viva. A Novela que foi a primeira global a ser
indicada ao Emmy Internacional de melhor novelas,
também é lembrada como a primeira do autor a ter problemas com rejeição
do grande público. Claro que a rejeição nem se compara o que aconteceu com Babilônia, e no decorrer dos capítulos a
trama entrou nos trilhos e terminou com
relevante sucesso. Wagner Moura e Camila Pitanga, que viveram
os vilões Olavo e Bebel , foram o grande destaque da novela.
Em 2011, Insensato Coração foi a primeira novela do autor que acompanhei já via #Twitter ,
e as redes sociais viraram uma espécie de nova medição de IBOPE e
audiência. Ou seja, se não bombava nas redes, provavelmente não decolaria. Foi
exatamente isso que ocorreu com Insensato Coração.
Com uma trama inicial seriada, com histórias que se iniciavam e
terminavam dentro de mais ou menos uma semana, a novela só engrenou mesmo com a
entrada de Glória Pires, que deu vida a Norma que acabou sendo a
grande vítima do vilão Léo, do Gabriel Braga Nunes. Insensato Coração foi a primeira novela do horário nobre a ser chamada oficialmente de “Novela
das nove” ao invés de “Novela das oito” como eram chamadas as tramas
apresentadas no horário até então.
O ultimo trabalho do autor a novela Babilônia (2015), é
considerada uma das mais complexas e problemáticas da história atual da teledramaturgia - a trama foi anunciada como uma grande inovação e
uma novela forte. Foi tão forte que o público ficou amedrontado e fugiu da
trama. As adaptações que o autor foi obrigado a fazer saíram pior que a
encomenda, uma pena. Tinha certeza que o autor conseguiria salvar Babilônia tal qual acontecera com O Dono do Mundo (1991) e Insensato Coração (2011) , duas outras tramas suas que também sofreram para emplacar.
Nos últimos anos o autor tentava emplacar uma
novela ou minissérie que já tinha o
título provisório de Feira das
Vaidades,
baseado no filme americano Vanity Fair, mas que infelizmente nunca foi aprovada pela alta cúpula
da Globo.
Gilberto Braga tem um nome de peso na história da nossa
teledramaturgia, e sem dúvidas ajudou alicerçar esse gênero aqui no Brasil.
Gilberto solidificou o horário das seis, modificou o das 20 para 21 horas,
assinou as principais minisséries brasileiras ,
inovou em todos os sentidos.
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Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
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