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Novelas Inesquecíveis – O Homem que Deve Morrer (1971)


        Um protagonista com a trajetória parecida com a de Jesus Cristo,   uma alegoria  da volta do salvador ao  convívio dos humanos. Esse era o interessantíssimo tema da trama de O Homem que Deve Morrer, novela da autora Janete Clair, que estreava à 46 anos.
        Infelizmente o tema  foi podado pelo censura por ser considerado impróprio e praticamente os 10 primeiros capítulos da trama foram refeitos. Assim Janete Clair inspirada no livro Eram os Deuses Astronautas? do Erick Von Daniken, para relacionar os poderes mediúnicos de Ciro Valdez aos extraterrestres. A novela foi completada ainda com Ciro Valdez incorporando um médico comum.


        Mesmo com todo esse percalço inicial,  O Homem que Deve Morrer foi marcada por um relevante sucesso e um público que se identificou com a trama. Um dos pontos fortes da novela era o fato de ter seu elenco e produção praticamente igual ao de Irmãos Coragem, a trama anterior da autora. Tarcísio e Glória como casal romântico principal, a direção de Daniel Filho e Milton Gonçalves e boa parte do elenco.


        A Trama se inicia na fictícia cidade de  Porto Azul, em Santa Catarina,  onde uma misteriosa luz envolveu Orjana (Neuza Amaral) e seu pai adotivo, o Professor Valdez (Ênio Santos). Os dois desmaiaram e só voltaram a si no dia seguinte. Na mesma noite, três crianças sonharam com uma estranha luz que vinha do céu. Sonhou também um simplório pescador, Mestre Jonas (Gilberto Martinho). Dois meses depois da estranha noite, Orjana apareceu grávida. Bárbara (Zilka Zalaberry), sua mãe, teve para si confirmadas suas suspeitas de que o marido a traía com a filha adotiva do casal. E houve quem afirmasse que Ricardo (Ediney  Giovennazi), o namorado de Orjana, era o pai da criança. Nasce um menino, que recebe o nome de Ciro.
Trinta anos depois, o Dr. Ciro Valdez (Tarcísio Meira), depois de passar um tempo no exterior – sendo inclusive diretor geral de um grande hospital -, volta a Porto Azul para operar o Comendador Liberato (Macedo Neto), e com a intenção de ajudar os mais humildes. Mestre Jonas, o pescador que sonhara na misteriosa noite, faz-se seguidor fiel de Ciro, que todos passam a considerar um santo, por sua grande competência ao clinicar, e por ser o menino da tal história. A trajetória de Ciro em Porto Azul se intensifica quando salva a vida de Otto Frederico von Müller (Jardel Filho), o diretor da mineradora da região.

Encarnando com seus poderes mediúnicos o espírito de um médico oriental, Ciro remove o coração de um jovem negro, Pedrão, e transplanta em Otto, que assim consegue sobreviver. O grande problema é que Otto, um vilão ao estilo nazista, é preconceituoso, intolerante e pérfido, e em vez de ficar agradecido a Ciro por este ter lhe salvo a vida, passa a odiá-lo. Mais ainda quando descobre o amor do médico por sua ex-mulher, Ester (Glória Menezes). Daí em diante, as vilanias de Otto e do advogado da mineradora, Dr. Paulus (Emiliano Queiroz) – eternamente apaixonado por Ester -, passam a ser o grande obstáculo para que Ciro possa cumprir sua missão. Para os maus de Porto Azul, Ciro é um estorvo que precisa ser eliminado, é o homem que deve morrer.

Era também a história de Wanda Vidal (Dina Sfat), uma mulher que sonha com a felicidade, sonha em ser uma atriz de renome , além das tramas envolvendo as três crianças que sonharam na estranha noite: André (Paulo José), Lia (Arlete Salles) e Lucas Pé-na-Cova (Antônio Pitanga).

        Tarcísio Meira novamente brilhava em um personagem forte criado por Janete Clair. Ciro Valdez pode até não ter  sido  a imagem e semelhança de Cristo, mas na trama andou por caminhos  nunca abertos, como dizia um dos temas da novela, e conseguiu apresentar um trabalho crível e bem ao seu estilo galante.


        Jardel Filho criou um excelente Otto Von Muller, considerado até hoje um dos mais cruéis vilões da história da teledramaturgia nacional.


        Dina Sfat, uma das atriz preferidas de Janete, na época da produção de O Homem que Deve Morrer estava grávida da sua segunda filha, mesmo assim a autora não abriu mão do seu amuleto. Assim Dina iniciou a trama grávida, gravou cerca de um mês, se afastou e voltou na reta final da novela. Dina estrelou praticamente todas as tramas de Janete – Estreou em Os Acorrentados (1969),  antes de O Homem que Deve Morrer . Depois vieram Selvade Pedra (1972), Fogo sobre Terra (1974), O Astro (1977) e Eu Prometo (1983).
        Um dos destaques de O Homem que Deve Morrer foi a inclusão de um transplante de coração na história. A Cirurgia havia sido realizada pela primeira vez no Brasil em 1968, pelo Dr. Euriclides de Jesus Zerbini.


        Ruth de Souza, que na trama viveu a personagem Das Dores, contou em entrevistas que foi hostilizada por telespectadores devido a história da sua personagem. Das Dores sabia o grande segredo da trama que poderia salvar a vida do protagonista Ciro Valdez.
        Mesmo transformado o Jesus Cristo em Extraterrestre, O Homem que Deve Morrer conseguiu dar o seu recado e discutiu assunto polêmicos mesmo sob a forte pressão da censura, graças a perícia de Janete Clair, uma das autoras que mais teve  jogo de cintura para contar suas histórias em uma época complicada para a Tv.

Ficha Técnica:
Novela da Autora Janete Clair
Direção Geral: Daniel Filho
Elenco:
TARCÍSIO MEIRA – Ciro Valdez
GLÓRIA MENEZES – Ester
JARDEL FILHO – Otto Frederico Von Müller
CLÁUDIO CAVALCANTI – Baby Liberato (Leandro)
BETTY FARIA – Inês
PAULO JOSÉ – André Vila Verde
DINA SFAT – Wanda Vidal
EDNEY GIOVENAZZI – Ricardo Lopes
SUZANA FAINI – Sônia
LÚCIA ALVES – Tula
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Cesário
IDA GOMES – Júlia
EMILIANO QUEIRÓZ – Dr. Victor Paulus
ARLETE SALLES – Lia Sanches
NEUZA AMARAL – Orjana
ÊNIO SANTOS – Professor Hilário Valdez
ZILKA SALABERRY – Bárbara
MACEDO NETO – Comendador Augusto Liberato
MARY DANIEL – Dona Naná
JORGE CHERQUES – Werner Von Müller Leoschen
LÍDIA MATTOS – Catarina
GILBERTO MARTINHO – Mestre Jonas
ANA ARIEL – Rosa
PAULO ARAÚJO – Daniel
ÁLVARO AGUIAR – Dr. Max
PAULO CÉSAR PEREIO – Dr. Roberto
ÂNGELA LEAL – Ângela
DARY REYS – Coice-de-Mula (Válter Carpinelli)
MIRIAN PIRES – Carolina
JUREMA PENNA – Zoraida
TÂNIA SCHER – Beth
ANTÔNIO PITANGA – Lucas Pé-na-Cova
LÉA GARCIA – Luana
RUTH DE SOUZA – Das Dores
IVAN CÂNDIDO – Godoy
ARTHUR COSTA FILHO – Padre Miguel
MONAH DELACY – Cândida
ARNALDO WEISS – Professor Zacarias Milani
ZENI PEREIRA – Conceição
VINÍCIUS SALVATORE – Delegado
ENOQUE BATISTA – Cabo Farias
FRANCISCO SERRANO – Gustavo
FRANCISCO SILVA – Pepino (Sérgio)
SUZY KIRBY – Sally
LÍCIA MAGNA – Clara
LOUISE MACEDO – Vera
SÔNIA FERREIRA – Dirce
ALAIR NAZARETH – criada de Otto
os meninos
ROGÉRIO PITANGA – Ivanzinho (filho de Otto e Ester, morre no decorrer da novela)
FERNANDO SÉRGIO – Ricardinho (filho de Wanda e André)
FÁBIO MÁSSIMO – Claudinho
e
FERNANDO JOSÉ – Almeida
FLOR DE MARIA
GEÓRGIA QUENTAL 
MARCOS FRANCISCO – Otto (criança)
MARIA DO CARMO VELOSO
PAULO GONÇALVES
RITA DE CÁSSIA
TERCILIANO JÚNIOR – Martins
WALDIR ONOFRE – Pedrão (filho de Conceição, rapaz negro que morre e tem seu coração transplantado por Ciro em Otto)
WÁLTER MATTESCO – Zeca
Exibição: 14 de Junho de 1971 à 08 de Abril de 1972
Capítulos: 258


Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa

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