Hoje o e10blog vai falar da primeira novela da
história da teledramaturgia considerada um fenômeno e um marco para a história
das novelas. Extremamente melodramática a história de Albertinho Limonta em busca dos seus laços familiares
conquistou o público que se sentia na pele do personagem, e transformou O Direito de Nascer uma das primeiras grandes novelas brasileiras.
A trama
era baseada em um original mexicano do Félix
Caignet, e adaptada com maestria por Talma
de Oliveira e Teixeira Filho, e em sua essência era uma história simples
sem segredos guardados para o final na tentativa de prender o público, na
verdade nós já sabíamos toda a história, e o que nos prendia era como cada história de laço
familiar iria ser revelado ou descoberto.
A
novela se passava em Havana,
Cuba, 1899. A jovem Maria Helena de Juncal (Nathália Timberg), filha de um dos
homens mais importantes e poderosos de Havana, Dom Rafael Zomora de Juncal (Elizio
de Albuquerque), está apaixonada por Alfredo Martins (Henrique Martins), filho
de Dom Ramiro Martins, ex-sócio e inimigo do pai da moça. Eles sempre se
encontram às escondidas e a única pessoa que sabe desses encontros é a negra
Dolores (Isaura Bruno), confidente de Maria Helena e empregada dos Juncal há
muitos anos. Em uma de suas conversas, Maria Helena revela o que Dolores já
desconfiava: a menina engravidou de Alfredo. As duas se desesperam, pois Dom
Rafael jamais aceitaria esse neto bastardo.
Alfredo não aceita o filho e sugere aborto,
deixando Maria Helena revoltada, pois quer ter o filho de qualquer maneira.
Seus pais ficam sabendo da gravidez e Dom Rafael, revoltado, exige saber o nome
do amante da filha. Maria Helena não diz, ele a surra e amaldiçoa o próprio
neto. Ao descobrir que Alfredo Martins é o pai da criança, Dom Rafael obriga o
rapaz a casar com sua filha, mas Maria Helena não aceita e ele manda Dolores e
Maria Helena para uma de suas fazendas, onde ninguém poderá descobri-las. Dom
Rafael instrui seu criado Bruno para que o chame apenas dias antes do parto.
A criança nasce, um menino, que é chamado de
Alberto. Dom Rafael ordena que Bruno mate o bebê. Enquanto Maria Helena e
Dolores dormem, Bruno rouba a criança e foge para o cafezal. Dolores desperta e
pressentindo o que está para acontecer, sai correndo pela casa, rouba uma arma
de Dom Rafael e vai atrás de Bruno pelo cafezal. Dolores encontra Bruno com uma
faca tentando matar Albertinho no meio da mata. Ela atira em Bruno, que cai
desmaiado, enquanto ela foge com o bebê. Maria Helena acorda, procura por
Dolores e Dom Rafael diz que ela fugiu com a criança.
Maria Helena volta para sua casa em Havana e não é
mais a mesma menina, está triste e angustiada, não se conforma com o ato de
Dolores. O casal Juncal faz de tudo para que ela se alegre e esqueça do
passado. Maria Helena conhece Jorge Luís (José Parisi), afilhado da Condessa
Victória (Clenira Michel), uma das maiores fortunas de Havana. Apesar de
namorar Emília , melhor amiga de Maria Helena, Jorge Luís se apaixona por Maria
Helena e marcam o casamento. A família Juncal está novamente feliz, pois parece
que Maria Helena encontrou seu caminho. Mas ela conta seu segredo a Jorge Luís
e ele rompe, casando-se enfim com Emília. Dom Rafael fica irado e abandona
Maria Helena na porta de um convento.
Dez anos se passam, Dolores e Albertinho moram
agora em Santiago e começam a surgir problemas: na escola os amigos de
Albertinho vivem dizendo ao garoto que Dolores não é sua mãe pois ela é negra e
ele branco. Apesar de tudo Albertinho ama muito Dolores e a trata como mãe,
Mamãe Dolores. Por uma coincidência, Jorge Luís se encontra com Albertinho
(Amilton Fernandes), que lhe presta um favor. Albertinho convida Jorge Luís
para ir a sua casa. Convivendo com a família, começa a desconfiar que ele é
filho de Maria Helena. Jorge Luís acompanha o crescimento e banca os estudos de
Albertinho em Havana que se torna um famoso médico.
Anos depois, Dom Rafael sofre um acidente grave
precisando de transfusão de sangue. Albertinho, já médico formado, ouve a
notícia no rádio, se oferece como doador e salva a vida do homem, sem saber que
ele é seu avô. Os anos e ironias da vida mostrarão que Dom Rafael, o avô poderoso,
estava errado. O neto bastardo o salva da morte e acaba se casando com sua
neta, Isabel Cristina (Guy Loyp).
Antes da apresentação na tv, a novela já havia
feito sucesso na Rádio Tupi em São Paulo com com Wálter
Forster (Albertinho Limonta), Guiomar
Gonçalves (Mamãe Dolores), Yara Lins
(Maria Helena), Heitor de Andrade
(Dom Rafael) e Norma Lopes (Isabel
Cristina).
O Direito de Nascer teve uma força tão grande que por
anos alguns atores ficaram marcados pelos personagens na trama. Guy
Loup que viveu Isabel Cristina, assinou por muito tempo pelo nome de sua personagem
na trama. A Boina usada por Albertinho Limonta virou moda mesmo a novela sendo
de época, assim como os vestidos de Chita da Mamãe Dolores, febre entre as
donas de casa. Aliás, a trama teve mais 2 outras versões, em 1978 na Tupi e 2001 no SBT,
e a boina sempre voltou à moda quando a novela esteve no ar.
Nathália Timbeg foi
espetacular na pele da sofredora Maria Helena, comovendo o público com seu
sofrimento. Impossível imaginar uma personagem que tenha chorado e sofrido mais
na história das novelas.
O Novelista Teixeira Filho só escreveu os primeiros 15 capítulos da novela,
pois teve que se exilar devido a insegurança política no Brasil. O Autor ficou
seis meses na Argentina.
O último capítulo de O Direito de Nascer foi
marcado por festas sem precedentes, com
todo o elenco da novela no saguão dos Diários
Associados na noite da sexta-feira (13.08.1965), na Rua Sete de Abril, onde
desfilaram em carro aberto pelas ruas centrais da cidade. No dia seguinte no Rio de Janeiro, a festa
tomou proporções de final de copa do mundo, com o estádio do Maracanãzinho lotado
com o povo em uma espécie de hipnose enlouquecido para se despedir do
elenco da novela. Gritavam o nome de
Mamãe Dolores, a atriz Guy Loup
chegou a desmaiar ante a emoção do multidão ao se despedir do elenco que
fizeram parte das suas vidas por meses.
Também houve um festa no Mineirão em Minas Gerais.
Uma
novela nunca tinha tomado tamanha
projeção junto ao público, e até hoje nem tramas fenômenos como Beto Rockfeller (1968), Irmãos Coragem (1970),
Selva de Pedra (1972) ou Roque Santeiro (1985) chegaram perto do que foi a euforia em torno
de O Direito de
Nascer.
Ficha Técnica
Novela da autor Teixeira
Filho e Talma de Oliveira
Baseado no original mexicano Félix Gaignet
Direção Geral: Henrique
Martins
Elenco:
NATHÁLIA TIMBERG – Maria Helena
AMILTON FERNANDES – Albertinho Limonta
ISAURA BRUNO – Mamãe Dolores
GUY LOUP – Isabel Cristina
JOSÉ PARISI – Dom Jorge Luís Belmonte
ELIZIO DE ALBUQUERQUE – Dom Rafael Zamora de Juncal
MARIA LUIZA CASTELLI – Conceição
ROLANDO BOLDRIN – Dom Ricardo de Monteverde
VININHA DE MORAES – Dorinha
HENRIQUE MARTINS – Dom Alfredo Villareal Martins
CLENIRA MICHEL – Condessa Victória de Monteverde
LUIZ GUSTAVO – Osvaldo
ADRIANA MARQUES – Rosário
MÍRIAM KEER – Graziela
VERA CAMPOS – Julinha Monteiro
MARCOS PLONKA – Dom Mariano
LÉO ROMANO – Ramon
JANE BATISTA – Dona Assunção
GENÉSIO CARVALHO – Fabiano
XISTO GUZZI – Dr. Ferrara
AÍDA MAR – madre
DALILA TOMAZ – criada
OSWALDO LOUREIRO
MEIRE NOGUEIRA
AMILTON FERNANDES – Albertinho Limonta
ISAURA BRUNO – Mamãe Dolores
GUY LOUP – Isabel Cristina
JOSÉ PARISI – Dom Jorge Luís Belmonte
ELIZIO DE ALBUQUERQUE – Dom Rafael Zamora de Juncal
MARIA LUIZA CASTELLI – Conceição
ROLANDO BOLDRIN – Dom Ricardo de Monteverde
VININHA DE MORAES – Dorinha
HENRIQUE MARTINS – Dom Alfredo Villareal Martins
CLENIRA MICHEL – Condessa Victória de Monteverde
LUIZ GUSTAVO – Osvaldo
ADRIANA MARQUES – Rosário
MÍRIAM KEER – Graziela
VERA CAMPOS – Julinha Monteiro
MARCOS PLONKA – Dom Mariano
LÉO ROMANO – Ramon
JANE BATISTA – Dona Assunção
GENÉSIO CARVALHO – Fabiano
XISTO GUZZI – Dr. Ferrara
AÍDA MAR – madre
DALILA TOMAZ – criada
OSWALDO LOUREIRO
MEIRE NOGUEIRA
Exibição: 07 de Dezembro de 1964 à 13 de Agosto de 1965
Capítulos : 160
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.memoriaglobo.com.br
www.wikipédia.com.br
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