O Brasil
vivia a euforia da sua primeira eleição direta para Presidente da República
depois de um jejum de quase 30 anos, e CassianoGabus Mendes ousou a apresentar a trama de Que Rei Sou Eu? em 1989 – Um capa e espada que se passava entre 1786 e 1789 no Reino de Avilan, um
fictício país durante a transição da idade moderna, marcada pelos estados
absolutistas comandados com mãos de ferro pelos monarcas – para a idade
contemporânea, inaugurada pela revolução francesa.
Na verdade
Avilan era uma espécie de cópia de tudo que tinha de pior no Brasil, e a novela
acabou se transformando num grito de basta do povo que não aguentava mais tanta
falcatrua.
O Mais
engraçado é que a trama infelizmente se
transformou em atemporal. Assisti à pouco tempo a reprise pelo Canal Viva e foi impressionante como em
25 anos não tinha mudado tanta coisa
assim, e se compararmos com a política
de hoje então!
Política à
parte, Que ReiSou Eu?
foi um grande sucesso do
final dos anos 80 da Globo e
considerada a melhor novela do Cassiano.
A trilha
nacional de Que
Rei Sou Eu? foi quase toda composta especialmente para a trama e
emplacou vários hits nas rádios Brasil afora.
O LP da
trilha nacional trazia Paulo César Grande na capa, que na trama vivia o
rebelde Berthran, e abria a seleção com
o meu conterrâneo Fagner com
“Nossa Luz”, o tema romântico da
também rebelde Aline, primeira protagonista em novelas da atriz Giulia Gamm.
Para a
inesquecível abertura da trama, o Boni,
então manda-chuva da Globo na época, compôs o tema “Rap do Rei” que foi gravado pela Banda Luni, que tinha como
vocalista ninguém menos que Marisa Orth, anos depois revelada
grande atriz e humorista. A Banda Luni ainda fez uma participação
especial na música “Que Rei Sou Eu?”
também composta especialmente para a trama pelo Eduardo Dusek.
Um dos
carros-chefes da trilha e que até hoje toca em todas as rádios do Brasil é “Bye Bye Tristeza” da Sandra de Sá. Quem nunca cantou no tom
mais alto que pudesse esse inesquecível refrão : “Bye Bye Tristeza, não precisa
voltaaaaar . . .”. A música consagrou de vez Sandra de Sá e foi tema da personagem Suzanne, vivida pela Natália do Valle, sem dúvidas o que
mais tocou na trama.
As
personagens femininas foram um dos pontos fortes de Que Rei Sou Eu?. Atrizes consagradas e outras praticamente
estreantes foram impecáveis com
interpretações inesquecíveis. Seus temas musicais também seguiram essa linha
dando ainda mais força dramaturga aos papéis. Loulou Lion, a cigana
inesquecível vivida pela magistral Ítala
Nandi, ganhou “Espanhola” como
tema, clássica composição do Flávio
Venturini e Gutemberg Guarabyra, imortalizada na voz da dupla Kleiton e Kledir.
Claudia Abreu,
como presente pelo destaque da Ana Paula Flores de Fera Radical
(1988), ganhou a “prafentex” Princesa Juliette em Que Rei Sou Eu?, que depois lhe renderia a protagonista de Barriga de Aluguel (1990). A Princesa de Avilan ganhou como seu tema , que embalou a
paixão proibida pelo Pichot (Tata
Gabus) a música “Renascer” na voz inconfundível da Zizi Possi.
Marieta Severo viveu na trama
Madeleine, uma mulher criada no Corte de Avilan, mas logo no início da trama é
jogada junto aos plebeus, onde encontra
ainda mais forças para lutar contra as injustiças. Sua personagem ganhou
como tema “Finge que não Falou” do Nico Rezende. Ísis de Oliveira, atriz constante em tramas nos anos 80 e início de
90, viveu em Que Rei Sou Eu a esfuziante
Lucy, uma dama da corte que não perdoava uma chance de dar uma pulada de
cerca. Curiosamente seu tema musical na voz do Wando tinha um título bem sugestivo : “As Muralhas do Teu Quarto são bem Altas, Mas Eu Posso de Alcançar”.
O Grupo Roupa Nova, recordistas em trilhas de novelas,
também integrou a de Que Rei Sou Eu? com a
música “Chama”, tema do
Bergeron, personagem defendido pelo ator e diretor Daniel Filho.
Cristina Prochaska entrou no decorrer
da trama de Que
Rei Sou Eu para disputar o amor de Bergeron com Madeleine. A
Personagem ganhou como tema a música “Nunca
é Tarde pra Sonhar” na voz da Eddy Benedict.
Os vilões
da trama também tiveram seus temas: Crespi Aubriet, o perverso conselheiro da
coroa vivido pelo saudoso Carlos Augusto
Strazzer, ganhou “Medieval 2”,
composição do Cazuza e Meanda, interpretada por Léo Jaime; Já Pichoet,
o falso rei vivido pelo Tato Gabus
Mendes ganhou um tema muito sugestivo “A
Dama e o Vagabundo” na voz do Zé Lourenço.
Carla Daniel interpretou em Que Rei Sou Eu a taberneira Cozette. Além de Atriz, Carla vez ou
outra atacava de cantora. Assim integrou a trilha com a música “Cigana”, tema das meninas da taberna de
Lou Lou Lion.
Guilherme Arantes entrou na trilha com
“Raça de Heróis” tema do
protagonista Jean Pierre, o verdadeiro herdeiro do trono de Avilan vivido pelo Edson Celulari.
Marcus Viana fecha o post com a
inesquecível instrumental “Flecha”
numa interpretação do grupo Sagrado
Coração da Terra, que serviu de tema geral da trama.
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
Pesquisa: www.memóriaglobo.com.br www.wikipédia.com.br
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