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“Nos Tempos do Imperador” corrigiu alguns erros, porém termina como um exemplo de novela que não deve mais ser feita

 


        Primeira trama totalmente inédita a estrear depois da Pandemia exibida pela Globo, a trama de Nos Tempos doImperador, chegou ao seu final nesta sexta (04.02), mostrando que deu mais trabalho do que fez sucesso.



        A novela  que estreou totalmente gravada, sofreu por causa dessa nova modalidade – Logo em seu primeiros capítulos o público rejeitou o romance extraconjugal de Dom Pedro II (Selton Mello) e Luísa (Mariana Ximenes), ficando do lado de Tereza Cristina (Letícia Sabatella), o mesmo que ocorreu em Novo Mundo (2017), a  outra trama da dupla de autores Alessandro Marson e Thereza Falcão , só que neste  caso,  Domitila (Ágatha Moreira), diferente da Luíza , era pintada como vilã,  e a Princesa Leopoldina (Letícia Collin)  muito mais carismática que a Imperatriz.



        Com isso as tramas paralelas  da trama se tornaram bem mais interessantes  - Como o entrecho do vilão Tonico Rocha, um grande trabalho do Alexandre Nero  ou o casal Nélio e Dolores, mas para a reta final, que tomou ares de principal casal romântico da história, graças ao ótimo trabalho dos seus intérpretes João Pedro Zappa e Daphne Bozaski.

        Mas sem dúvidas o grande erro de Nos Tempos do Imperador foi a interpretação e consequente apresentação equivocada de alguns entrechos , que tocaram o telespectador negativamente relacionados a luta da raça negra,    como o mais  grave e comentado deles  -  o caso do racismo reverso, “sofrido”  pela Pilar, personagem da Gabriela Medvedovski, que coincidência ou não , depois da sequência, sua personagem que parecia ser um dos destaques da trama, acabou ficando em banho maria e perdendo todo  seu brilho, juntando a isso a  falta de química  com seu par romântico Michel Gomes (Samuel).    Curiosamente, desta vez o público não torceu pela mocinha batalhadora, feminista e empoderada e preferiu a sofredora e romântica, vide o sucesso de Dolores (Daphne Bozaski).

        Sobre esse caso do racismo reverso, os autores tiveram inclusive que assumir o erro e se desculpar pelo mesmo na imprensa e redes sociais e a Globo contratou uma equipe de consultores especificamente para essa parte da trama, e  começou uma força- tarefa   para tentar salvar a trama  respondendo a pressão do público e dos próprios  atores negros do elenco para as devidas correções.



        Alessandro Marson e Thereza Falcão acolheram boa parte dos apontamentos, e uma das partes principais, que inclusive foi preciso levar o elenco de volta aos estúdios pra gravações extras,  foi no  entrecho  em que a Princesa Isabel (Giulia Gayoso) era retratada como a grande libertadora dos escravos, mostrando que  para essa libertação bastava apenas uma canetada, o que abemos que não foi.



        Na parte teledramatúrgica da trama , os personagens negros  foram ganhando mais destaque e alçados a finais felizes e mais coerentes,  o caso de Zayla (Heslayne Teixeira), que inicialmente era  a grande vilã e antagonista de Pilar,  no decorrer da trama ganhou redenção e teve um final feliz ao lado do seu amor Guebo (Maicon Rodrigues).  Aliás vale muito parabenizar Heslayne que foi intocável na interpretação e virada da personagem.

        Muitos apontam a pandemia com a grande vilã de Nos Tempos do Imperador, mas acho que nesse ponto a novela se saiu muito bem. As gravações  das cenas de ação , de fora dos estúdios, as que requeriam mais atenção  e cuidados, foram muito bem elaboradas.   A história e o concepção de alguns personagens históricos e que ficaram a dever muito dentro de uma obra de teledramaturgia.



        Dom Pedro II , sempre foi mostrado como um homem soturno, muito diferente do pai Dom Pedro , que de Novo Mundo, interpretado pelo Caio Castro ganhou a empatia do público, mas Nos Tempos do Imperador deu uma pincelada ainda maior que,  somada a interpretação austera de Selton Mello apresentou um Dom Pedro II  enfadonho.

        Tereza Cristina e a Condessa de Barral, apesar de muito bem interpretadas, talvez tenham salvo boa parte da trama por isso, também seguiram essa linha mais séria e centradas.



        Vale frisar que o elenco, mesmo aqueles que tiveram seus personagens prejudicados por algum entrecho equivocado, perfil desinteressante ou o fato da obra totalmente concluída antes de ir para ar ,  em sua maioria estiveram impecáveis – e neste campo vale citar Daphne Bozaski (Dolores), Heslayne Vieira (Zayla) entre outros ,   mas sem dúvidas quem roubou a cena foi Alexandre Nero  com o  perverso Tonico Rocha, que incialmente era um vilão cômico, mas no decorrer da trama o excesso de vilanias o tornou um personagem execrável comparado até a  um certo político da atualidade.  O Quem Matou dando um desfecho final ao personagem foi broxante, mas não alterou em nada  o seu brilho e perfil  tão bem escrito e interpretado.

        Nos Tempos do Imperador mostrou que o telespectador está cansado de novelas com cunho abolicionista que mostram os brancos como os  grandes salvadores da pátria, ou seja Sinhá Moças , Escravas Isauras ficaram no passado , a atualidade cobra histórias fictícias  mais com um fundo realista, nada de só romantismo em cima de histórias que marcaram a humanidade.  Inclusive isso talvez até prejudique a trilogia que os autores pretendem  finalizar apresentando uma terceira novela,   centrada na Princesa Isabel, que já tem um titulo provisório de “A Redentora”.



        Sobre o último capítulo , muito emocionante a cena final com Selton Mello  narrando um texto sobre o Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído por um incêndio em 2018,  enquanto apresentava as reparações e reformas  do prédio que fora a casa onde nasceu Dom Pedro II,  a uma turma de alunos.

Veja Também:

10 Personagens que marcaram NOS TEMPOS DO IMPERADOR 


Seltom Mello 


Mariana Ximenes 


Letícia Sabatella 


Texto:

Fonte: Evaldiano de Sousa

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