Há exatos 10 anos (26.03.2012) estreava no horário nobre
da Globo aquela que seria a novela mais comentada,
aplaudida e aclamada até então. Sucesso de público e crítica Avenida Brasil era o segundo trabalho do João Emanuel Carneiro no horário
nobre e sua consagração como grande autor da casa.
Pouquíssimas vezes na história da teledramaturgia nacional uma novela literalmente parou o Brasil e juntou todos os
tipos de público à frente da tv para acompanhar as aventuras de seus
personagens.
Avenida Brasil inclusive é a primeira dessa era
digital, em que passamos a acompanhar às
novelas junto às redes sociais, e nesse campo a trama foi invencível. A chuva
de #OiOiOi ´s que se aglomeravam nas redes sociais nos primeiros acordes da abertura mostravam a
hipnose que a trama causava. Outras hastag´s também marcaram os 7 meses de
exibição da trama como o #HiHiHi do personagem Nilo (José de Abreu), #MeServeVadia,
que a Nina (DeboraFalabella) proferiu quando foi à forra
na vingança contra Carminha (AdrianaEsteves) e o #ÉtudoCulpadaRrrrita
que a vilã Carminha amargou incessantemente cada vez que um dos seus
planos não dava certo.
O sucesso de Avenida Brasil em pleno ano de 2012 com a proliferação
da internet e da tv por assinatura é ainda mais surpreendente, e torna
seu autor ainda mais inteligente por conseguir manter a trama sempre
interessante em toda sua trajetória. Nem alguns percalços (como o pen-drive da
Nina) ou clichês (O “Quem Matou?” o Max na reta final) tiraram o brilho
da trama. Em 2019, na reprise da trama
no Vale a Pena Ver de Novo, o sucesso se repetiu parando o Brasil nas tardes da
Globo, com sucesso na faixa que não se via desde 2010.
A história da teledramaturgia mostra que é difícil sempre
apresentar uma trama dita “fenômeno” na tv. Dentro da Globo isso ocorreu apenas quatro vezes já contando com Avenida Brasil.
Em
1972, o Brasil parou para acompanhar o drama da Simone Marques (Regina Duarte)
em Selva de Pedra da Janete Clair. No capítulo 152, no ar em 04.10.1972, a noite em
que Simone era desmascarada, o índices de aparelhos sintonizados na trama na
cidade do Rio de Janeiro foi de 100%. Não houve um entrevistada do IBOPE que
tenha dito não está sintonizado em Selvade Pedra.
Treze
anos depois, Roque Santeiro (1985) virou febre nacional ao retratar na pequena
cidade de Asa Branca, transformada no microcosmo do Brasil, uma história
que mostrava que o mito era mais forte que a verdade. Dias Gomes e AguinaldoSilva brigaram pelo sucesso da trama que
imortalizou personagem como a Viúva Porcina (Regina Duarte) e Senhorzinho Malta (Lima Duarte).
Em 1989, três anos depois de Roque Santeiro, foi a vez de ValeTudo, do autor Gilberto Braga, parar de novo o Brasil
à frente da Tv para acompanhar a história de Raquel (Regina Duarte) que
tentava provar que valia a pena ser honesta no Brasil sim! As vilãs Maria de
Fátima e Odete Roitmann, vividas magistralmente pela Glória Pires e Beatriz Segall, foram odiadas (e
amadas) nos quatro cantos do país. O Assassinato da Odete Roitmann faltando
treze capítulos para o final da novela prendeu o telespectador de tal modo que
até hoje é o “Quem Matou?” mais famoso da história da tv.
Assim, apenas 24 anos depois de Vale
Tudo, é que com Avenida Brasil, a Globo conseguiu o
feito de parar o país novamente.
Avenida Brasil pode ser chamada de aquela novela apresentada na época
exata. Focada na classe C (que emergiu após o Governo Lula), o autor fez um bom
uso disso mostrando um panorama socioeconômico do país através dos pitorescos
personagens da trama. Assim como Asa Branca foi em Roque Santeiro (1985), o bairro do Divino, principal locação da
trama, era um microcosmo do Brasil.
Com
excelente direção cinematográfica da Amora Mautner e José Luiz Vilamarim que nos apresentou tomadas e fotografias ainda não exploradas
em novelas até então; o elenco escolhido à dedo e em estado de graças
aliados ao bom texto do João Emanuel, Avenida Brasil foi em seu conjunto da obra uma produto ímpar
apresentado em forma de novela. Mesmo depois de 10 anos, numa época em que tudo
na tv é tão “descartável”, os carismáticos personagens da trama continuam
ainda muito vivos em nossa memória provando o forte apelo popular em forma de
fenômeno que é Avenida Brasil.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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