Novelas divididas em fases são sempre um atrativo, porém também tem seus riscos. Personagens muito cativantes em sua primeira fase, sempre correm o risco na transição dos intérpretes entre essas fases e como a história já mostrou, algumas novelas perdem o fôlego se não for feita com maestria essa transição em todos os campos, elenco, direção e desenvolvimento das tramas. Velho Chico (2016), trama do BeneditoRuy Barbosa, autor original de Pantanal, passou por isso - o público se perdeu entre as fases e ficou impossível engolir o AntônioFagundes vivendo o personagem que foi do Rodrigo Santoro na segunda fase. Outro caso também foi o de Em Família (2014) , última novela do Manoel Carlos, que teve erros gritantes na transição dos intérpretes entre as fases.
Pantanal fechou neste sábado (30.04) suas 2 semanas na segunda fase e já mostrou que vai manter o
ritmo e fôlego da história, e o receio da troca dos intérpretes entre as fases,
foi logo de água abaixo nas primeiras cenas com Marcos Palmeira,
Dira Paes, Camila Morgado , Caco Ciocler peritos ao assumir sem discrepância os personagens da primeira. Um quarteto
que fez valer cada cena desta fase. Além das semelhanças físicas, tiveram o cuidado de manter trejeitos e detalhes que fizeram toda a diferença nesta transição.
E sobre a escalação dos atores da segunda fase vou ter até
que dar o braço a torcer, por que critiquei aqui a escalação da Karine
Teles para assumir o papel de Madeleine feita de forma visceral pela Bruna Linzmeyer. Não via na
Karine força para continuar com a saga
da personagem. Ledo engado! A atriz se mostrou totalmente entregue, e é possível ver os traços da Bruna na interpretação da atriz.
Sobre os novos nomes que entraram no elenco nesta fase, Alanis
Guillen já mostrou a que veio logo em suas primeiras
cenas , apresentando o porquê de ter
sido a escolhida para viver a personagem
tão marcada pela interpretação da CristianaOliveira em sua primeira versão. O que foi a cena da personagem arrancando a orelha do
pescador que tentou ataca-la? Pura tensão e emoção. É um show de interpretação
da Alanis.
Júlia Dalavia é outra atriz que tinha uma tarefa
difícil - reviver a Guta, outra personagem tão marcante na primeira
versão, imortalizada pela Luciani Adami. Porém ela pegou a Guta com unhas e dentes , apresentando uma personagem
forte e praticamente o grito das
mulheres dentro de uma trama cheia de mulheres ainda tão reprimidas por seus
companheiros. Seus diálogos com o pai , Tenório (Murilo Benício) e a mãe Maria
Bruaca (Isabel Teixeira) já entraram para história da teledramaturgia. Um
conflito de gerações que já gerou e ainda promete ainda muito mais “textões”
sobre direitos, feminismo, liberdade sexual entre outros assuntos muito pertinentes.
Eu confesso que ainda não consigo ver o Jove no Jesuíta
Barbosa. Sua química com a Alanis Guillen ou a Julia Dalávia
é perfeita, mas ainda espero por mais alguns capítulos para me identificar com
a interpretação.
No geral, a nova fase de Pantanal mostrou que a novela segue numa boa direção. Bruno
Luperi, que está atualizando a trama escrita por seu avô, mostrou
nesses 2 meses de história que está no caminho certo, de olho na
nostálgica primeira versão e as
atualizações necessárias, que estão fazendo o diferencial desse remake, e
mantendo toda a qualidade que Pantanal merece.
Veja Também:
Trilha Sonora Eterna - Pantanal (1990)
Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
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