Os jovens com muita garra saem às ruas pedindo melhorias para
o Brasil e até um novo presidente! Calma o post de hoje não vai falar sobre o impeachment do então presidente Fernando
Collor de Mello, ocorrido em 1992, o
post é sobre Anos
Rebeldes, uma das minisséries
mais marcantes da história da Globo e da obra do autor Gilberto Braga.
Gilberto
Braga se inspirou nos livros 1968 – O Ano que não Terminou,
da Zuenir Ventura e Os Carbonários do Alfredo
Sirks para contar a história de João Alfredo (Cássio Gabus Mendes) e
Maria Lúcia (Malu Mader) e a trajetória de um grupo de colegas do
tradicional Colégio Pedro II,
desde 1964,
quando se formam e se instala no Brasil o regime de ditadura,
até 1985,
altura em que a política governamental terá já influenciado definitivamente os
seus destinos.
A Minissérie acabou se tornando clássica, não só
pela bela história criada por Gilberto Braga e os nebulosos
anos de chumbo, a impecável reconstituição de época e um elenco
sintonizadíssimo, mas também pela irônica coincidência da sua exibição. A
trama entrou no ar exatamente quando o Brasil sofria com a grande decepção que
havia virado o primeiro presidente eleito por voto direto, e os jovens foram às
ruas pedir o impeachment do Presidente Collor, tal qual aconteceu na
minissérie que pedia o fim da ditadura militar. Os protestos surtiram
efeito e o presidente foi deposto em 29 de setembro de 1992, um mês
depois do término da minissérie.
Mais
curioso ainda é que na sua segunda reprise no Canal Viva a
exibição da minissérie coincidiu com os protestos estudantis pelo Brasil
inteiro pedindo o fim da corrupção que ficou conhecida como a “Revolta do
Vinagre”.
Alguns
personagens da minissérie foram inspirados em personagens da vida real,
como Tetê Medina retratada no Avelar (Kadu Moliterno), apesar
dela nunca ter dito que usou o telex e mala diplomática para denunciar para
imprensa internacional o desmandos da ditadura. O Editor Queiroz, vivido pelo
saudoso Carlos Zara foi inspirado em Ênio Silveira da Civilização
Brasileira, e o protagonista João Alfredo, apesar do autor não confirmar,
tem um livre inspiração no deputado Alfredo Sirkis.
No
post de hoje vamos dissecar a não menos clássica Trilha Sonora da minissérie, uma das melhores já produzidas, com
direção musical de Mariozinho Rocha,
produção de Edom Oliveira e coordenação do próprio Gilberto Braga.
Foram selecionadas músicas representativas do período retratado na trama (anos
60 e 70), nacionais e internacionais, misturando pop com bossa nova e
tropicalismo.
É
a terceira mais vendida entre as trilhas de séries e minisséries da Globo,
126.130 cópias, perdendo apenas para as trilhas de Malu Mulher (2º
lugar) e Anos Dourados (1º lugar).
“Baby”
Intérpretes:
Gal Costa e Caetano Veloso
Compositores:
Caetano Veloso
A protagonista Maria
Lucia, vivida magistralmente pela Malu Mader, que também vinha
na capa da trilha, ganhou com tema a clássica “Baby”, numa interpretação
da Gal Costa e Caetano
Veloso. A composição do Caetano
Veloso, é um marco na música popular brasileira, especialmente por ter
sido um dos primeiros exemplos de música que misturava elementos pop com uma
crítica sutil à superficialidade. A canção foi interpretada por Gal
Costa no álbum “Tropykália”.
“Sapore
Di Sale”
Intérprete
e Compositor: Gino Paoli
“Sapore Di Sale’, interpretada e escrita por Gino
Paoli é uma declaração ao mar, como
o próprio autor declarou em entrevistas na
época. A inspiração foi uma das praias de Capo D’Orlando, província de
Messina, na região da Sicilia, onde havia ficado hospedado para um show no verão
do ano de 1963, quando a música havia
sido lançada.
“Carta
ao Tom”
Intérpretes:
Toquinho e Vinícius
Compositores: Toquinho e Vinícius de Moraes
Outro clássico inserido na trilha é “Cartão ao Tom”,
do Toquinho e Vinícius. A canção é
uma saudosa lembrança de Ipanema,
descrita como um lugar de pura felicidade. A frase 'era como se o amor
doesse em paz' sugere uma época em que até as dores do amor eram mais
suaves e suportáveis.
“Can´t
Take My Eyes Off You”
Intérpretes: Frankie Valli & The Four
Seasons
Compositores:
Bob Crewe e Bob Cláudio
O Casal de protagonistas -
Maria Lúcia e João Alfredo, vividos
pela Malu Mader e o Cássio Gabus Mendes, foram embalados por essa balada apaixonante dos anos 60. O tema foi um dos maiores êxitos de Valli,
alcançando o segundo lugar na Billboard
Hot 100, arrecadando um disco de ouro.
“Mascarada”
Intérprete:
Emilio Santiago
Compositores: Zé Keti e Elton Medeiros
O professor
Avelar e Natália, os
personagens vividos pelo Kadu
Moliterno e saudosa Betty Lago, viviam um romance clandestino, já que ela era casada. Os dois foram acompanhados por
essa faixa na voz do
saudoso Emilio Santiago.
“Alegria,
Alegria”
Intérprete
e Compositor: Caetano Veloso
A Abertura de Anos Rebeldes também ficou imortalizada pela música “Alegria,
Alegria” do Caetano Veloso como pelas gravuras
multicoloridas, moda na época, que estampavam o vídeo.
“Going
Out Ofg My Heart”
Intérprete:
Sérgio Mendes
Compositores: Teddy Randazzo e Bobby Westein
Sérgio Mendes entrou na trilha com essa faixa que
serviu de tema de locação da trama.
“Monday,
Monday”
Intérpretes:
The Mamas e The Papas
Compositor:
John Fellipe
Outro clássico da década “Monday, Monday”, dos The
Mamas e The Papas, enriqueceu ainda mais a trilha.
“There´s
a Kind Of Hush”
Intérprete:
Herman´s Hermits
Compositores:
Les Reed e Geoff Stephens
"There's
a Kind of Hush", canção popular escrita por Les Reed e Geoff
Stephens. Originalmente gravada pelo grupo de Stephens, a New
Vaudeville Band, em 1967 como um número neobritânico de music hall, esta
versão da faixa se tornou um sucesso na Austrália e na África do Sul. No
entanto, no resto do mundo, um cover quase simultâneo foi um grande sucesso
para os Herman's Hermits.
“Soy
Loco por TI América”
Intérprete:
Caetano Veloso
Compositores:
Gilberto Gil e Capinam
Uma das músicas mais representativas do Tropicalismo “Soy Loco por Ti América”, do Gilberto Gil
e Capinam, gravada pelo Caetano
Veloso marcou a trilha. A letra resulta de um pedido de Caetano aos
companheiros Gil e Capinam para que realizassem a composição contendo uma
homenagem a Che Guevara que,
como o país ainda vivia sob a ditadura,
teve o nome substituído também por sugestão de Caetano, pela frase "el
nombre del hombre muerto .
“Discussão”
Intérprete: Silvinha Telles
Compositores:
Newton Mendonça e Tom Jobim
Considerada uma das maiores intérpretes da bossa nova e da MPB, Silvinha Telles emplacou na trilha a faixa “Discussão”.
“Call
Me”
Intérprete:
Chris Montez
Compositor: Tony
Hatch
Esse marcou a
trilha como nenhum. O tema da
bela Heloísa, personagem da Claudia
Abreu, que começa a minissérie
totalmente alienada e termina virando o
grande símbolo protagonizando uma das mais famosas
cenas de Anos
Rebeldes, seu assassinato ao ser parada em um blitz policial dos
anos de chumbo. A cena é muito simbólica e importantíssima para a
história da teledramaturgia nacional.
“Senza
Fine”
Intérprete:
Ornela Vanolli
Compositores: Gino Paoli
Natália, a personagem da Betty Lago, ganhou ainda um tema solo
- Essa faixa da cantora
italiana Ornela Vanolli.
“Guantanamera”
Intérpretes:
Edom e Felipe
Compositor:
Joseito Fernandez
Adaptação
: Héctor Ângulo, José Marti e Pete Seeger
Na penúltima
faixa vem a versão instrumental de “Guantanamera”, da dupla Edom e
Felipe, uma das mais célebres canções
da música cubana, uma adaptação de
uma música de domínio
público feito por Joseíto Fernandez.
“The
House Of The Rising Sun”
Intérpretes:
Edom e Felipe
Compositor:
Alan Price
A trilha fecha com a dupla Edom e Felipe em outra versão instrumental - “The
House of the Rising Sun " canção folclórica tradicional, às vezes
chamada de " Rising Sun Blues". Ela fala sobre a vida de
uma pessoa que deu errado na cidade de Nova Orleans.
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Fonte:
Texto: Evaldiano de
Sousa
Pesquisa : www.memoriaglobo.com.br www.wikipedia.com.br
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