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“Justiça” é um grande marco para a teledramaturgia nacional


        E nesta sexta-feira (23.09) chegou ao fim a minissérie Justiça, da autora Manuela Dias. Muito mais do que uma minissérie inovadora, por sua narrativa, Justiça é um marco sem precedentes para a teledramaturgia nacional. A autora que foi uma aposta da Globo no início do ano com uma releitura do clássico francês Ligações Perigosas , se consagrou de vez com a minissérie que discutiu o verdadeiro sentido da palavra “Justiça”.

        Manuela Dias já consagrada como roteirista de cinema, antes de estrear na tv em carreira solo na minissérie Ligações Perigosas, havia colaborado em alguns episódios de A Grande Família  e também colaborou com as autoras Thelma Guedes e Duca Rachid nas tramas de Cordel Encantado (2011) e Joia Rara (2013).
Vamos agora as minhas impressões finais sobre cada história de “Justiça”:
Eliza, Vicente, Isabela, Regina  . . . (Segunda-Feira)

        A Mais trágica das quatro histórias. Ninguém terminou feliz, foi a vingança mais cruel para todos os personagens. A Cena da morte do Vicente (Jesuíta Barbosa) depois da batida de carro foi tão forte e emocionante, que só ela já valia ter assistido os  cinco episódios.  Mas a história de Elisa e Vicente foi tão bem construída que  à cada episódio  éramos tomados por mais emoção e impacto. O Ciclo vicioso da vingança inicialmente arquitetada por Elisa (Deborah Bloch) acabou perdurando por toda a história e terminando com a Regina (Carla Mardana) treinando tiro ao alvo. Ou seja , a história girou em sentido horário e voltou ao seu começo com mais uma vingança anunciada.
        Em todos os post que fiz sobre Justiça, os elogios ao elenco  esteve presente,  mas não tem como não elogiar um  trabalho tão bem feito como o  da Déborah Bloch, marcada por personagens cômicos, mas que sempre é um espetáculo fazendo drama na tv. Jesuíta Barbosa também sempre impecável, como ele é bom fazendo esse tipo introspectivo.  Porém   nos episódios finais personagens menores foram ganhando mais destaque  e o último episódio teve o brilho   absoluto da atriz Carla Mardina, a Regina.

Fátima, Kellen, Suzy , Douglas . . . (Terça-Feira)

        A história da Fátima (Adriana Esteves) foi a mais terna das quatro. Uma história que começou com violência e ódio, acabou tomando formas baseadas  em respeito e amor. O perdão da Fátima ao Douglas (Enrique Diaz) que desgraçara sua vida e dos filhos no início da trama; o reconhecimento de Douglas do valor da amizade de Fátima e até mesmo a vingança de Suzy/Mayara (Júlia Dalávia) contra Kellen (Leandra Leal) que  acabou nem prejudicando tanto assim a vilã. Ela terminou linda e loura em um hotel de luxo com seu “verdadeiro” amor.
        Por falar em ternura, Adriana Esteves que sem dúvidas foi a grande estrela de Justiça, deu uma intepretação tão terna e crível para a Fátima  que acho que exatamente por isso a personagem foi a que teve maior empatia junto ao público. Um belo trabalho da atriz que finalmente conseguiu elogios sem   comparações com a Carminha de Avenida Brasil (2012).
        Leandra Leal foi um espetáculo em forma do furacão  Kellen. No auge da sua beleza, a atriz deu um show de interpretação com os ensinamentos sensuais da cafetina máster da trama. A atriz se destacou vivendo uma personagem com uma pegada muito sensual e que era uma tipo que ainda não havia em seu currículo.
        E em meio a tantos nomes já consagrados que se destacaram em Justiça  , o jovem Tobias Carrieres, O Jesus, filho da Fátima, foi uma ótima revelação. O Garoto tem futuro viu. Roubou cenas dando um show em parceria com a Adriana Esteves.


Rose, Débora, Celso . . . (Quinta – feira)

        A mais polêmico dos quatro episódios. A trama que conta a história de Rose (Jéssica Ellen) e Débora (Luisa Arraes) foi o que mais ousou ao apresentar cenas que chocaram o telespectador como a do estupro da Débora, jovens comemorando fumando livremente maconha e a emblemática cena final em que a Débora mata seu estuprador com golpeadas de barra de ferro.  Foi de perder o fôlego!
        No elenco o grande destaque da história de quinta-feira foi Vladimir Brichta na pele do bandido  mais boa praça da história da teledramaturgia. O Ator que veio  de alguns anos  fazendo comédia no seriado Tapas e Beijos (2011 à 2015), teve o personagem que mais circulou em todas as histórias. O personagem foi um trabalho impecável do Vladimir que começa a atingir um novo patamar em sua carreira.
        Luisa Arraes e Jéssica Ellen, as estrelas do episódio, defenderam bem suas personagens mostrando que são profissionais que prometem para o futuro.

Maurício, Beatriz, Antenor , Vânia (Sexta-Feira)

        Com um Cauã Reymond em uma interpretação mais contida o episódio de sexta-feira foi o  que teve mais atual de todos : Eutanásia e corrupção na política. Inclusive na cena final em que Maurício (Cauã Reymond) vai visitar Antenor (Antônio Calonni) na cadeia,  o personagem comenta que quem tem dinheiro não fica preso.  Maurício responde com uma mensagem que soou como um grito de esperança de muitos brasileiros: “Isso está mudando Antenor.  Tem muito criminoso do colarinho branco indo pra cadeia!”.
        No meu post de estreia sobre o episódio  da história das  sextas-feiras citei o fato do Cauã Reymond parecer fazer o mesmo personagem de sempre – Aquela pessoa injustiçada e que passa a procurar a qualquer custo sua inocência, como ele fez  A Regra do Jogo (2015) , no seriado O Caçador (2014) entre outros trabalhos do ator. Porém foi um erro baseado em preconceito contra o ator. O Maurício tinha sim esse perfil vingativo por causa do acidente com sua mulher, porém apresentou um personagem totalmente diferente. Como já citei, com uma interpretação mais contida e introspectiva, e exatamente por isso me chamou atenção. Foi um diferencial para o trabalho do Cauã que vem há anos marcando personagens com interpretações viscerais.  Vou bom vê-lo ligado apenas no 110woltts.
        Drica Moraes, como sempre,  um espetáculo em cena, e a Vânia outra rica personagem, dramaturgicamente falando, tão bem construída pela atriz. Destaque também para o Antônio Calonni ,  impecável na pele do candidato corrupto Antenor.
        No final do episódio ( e final do seriado ) uma surpresa. Maurício decide ir embora de Recife e no caminho encontra Débora (Luisa Arraes, do episódio de Quinta), que depois de matar  o homem que lhe estuprou também havia decido ir embora.  Ela pede carona e ele pára lhe perguntando para onde ela vai. Ao responder que vai para qualquer lugar, Maurício abre a porta do carro e os dois seguem juntos.
        Seria esta cena apenas o final feliz da Débora ou uma pista de que teremos Justiça 2?

        Enfim,  o seriado marcado por uma boa audiência e mesmo com  alguns furos na  história e no roteiro, o que é até  aceitável se levarmos em consideração  o ineditismo  da narrativa,  e que em  nada prejudicaram   o resultado e a coerência da história, foi um das melhores produções globais do ano. 


Narrativa, Roteiro, trilha e elenco – O quarteto de sucesso em “Justiça”

“Justiça’ - Episódio da segunda-feira - Impactante e com um gancho espetacular!

Justiça – Episódio da Terça-Feira – Adriana Esteves e Enrique Diaz impecáveis!

Justiça – Episódio da Quinta-feira – O Mais polêmico dos quatro

“Justiça” – Episódio de Sexta-Feira – O Mais fraco dos quatro

“Justiça” vai mostrar mais uma narrativa inovadora para a teledramaturgia

Novas narrativas da teledramaturgia são estradas de mão dupla!


         
Fonte:

Texto : Evaldiano de Sousa 

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