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Enquete e10blog - Melhores do Ano

Novelas Inesquecíveis – O Rei do Gado (1996)


        Mais um grande sucesso do Benedito Ruy Barbosa entrava no ar pela Globo em 1996 em horário nobre. A trama de O Rei do Gado cativou o grande público do início ao fim,   com uma mescla de temas rurais e urbanos mostrado com muita ênfase na segunda fase da novela.

        O Rei do Gado contou a saga das famílias Mezenga e Berdinazzi, vizinhos, e, por causa de uma cerca no limite de suas propriedades, vivem uma guerra sem precedentes. As duas famílias proíbem o amor entre Enrico (Leonardo Brício), filho de Antônio (AntônioFagundes)  e Nena Mezenga (Vera Fischer), e Giovanna (Letícia Spiller), filha de Giuseppe (Tarcísio Meira) e Marieta Berdinazzi (Eva Wilma). Os dois se casam e mesmo depois de casados não conseguem viver esse amor, por isso fogem. O filho de Enrico e Giovanna, Bruno Mezenga (Antônio Fagundes na segunda fase), cresce e se transforma num dos maiores criadores de gado do país, conhecido como o “Rei do Gado”. Ele sabe do ódio que separou as famílias de seus pais, e nunca conheceu os parentes de sua mãe: os avós e os tios, Bruno (Marcelo Antonny), que morreu na guerra, e Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas), que morreu pobre. Só sabe que o outro tio, Jeremias Berdinazzi (Caco Ciocler/Raul Cortez), tornou-se um rico fazendeiro. Mas o velho Jeremias é um homem solitário que não reconhece os Mezenga como membros de sua família, e cujo único sonho é encontrar Marieta – a sobrinha que ele nunca conheceu, filha de seu irmão Giácomo Guilherme – e deixar para ela toda sua fortuna. Mas as vidas de Bruno Mezenga e Jeremias Berdinazzi mudam completamente com a chegada de duas mulheres. Marieta (GlóriaPires), que julga ser a sobrinha desaparecida de Jeremias; e Luana (Patrícia Pillar), uma bóia-fria sem passado por quem Bruno se apaixona.

        O Rei do Gado apresentou uma primeira fase inesquecível e emocionante. Com ares operístico  juntou elementos do teatro e da narrativa audiovisual,  com contrastes de luz que deram uma ressonância de passado às imagens.  Isso somado ao elenco em total sintonia, com destaques para Vera Fischer, Tarcísio Meira, Eva Wilma, Letícia Spiller e Antônio Fagundes que fazia também essa primeira fase vivendo o seu avô. Sem esquecer MarceloAntonny e Caco Ciocler que estrearam na  primeira fase da trama  já dando indícios da promissora carreira que teriam pela frente. Essa primeira fase de  foi transformada em uma minissérie para o festival Banff, do Canadá, onde foi selecionada como obra hors-concours.
        Na segunda fase foi mostrada toda a modernização e a riqueza do interior paulista tendo Ribeirão Preto como a principal cidade de locação da trama. 

        Nesta fase Antônio Fagundes (Bruno Mezenga), Raul Cortez  (Jeremias Berdinazzi) e Carlos Vereza (Senador Caxias) viveram os melhores personagens da suas carreiras.

        Às margens do Rio Araguaia foi outra locação da segunda fase da novela e presenteou o público com imagens belíssimas. Stênio Garcia e Bete Mendes, que viveram Zé do Araguaia e Donana, emocionaram o público com a caracterização dos personagens que nos deixavam em dúvidas sobre o fato deles serem realmente ribeirinhos do Araguaia, de tanta verdade passada no trabalho desses dois grandes astros da tv.

        Patrícia Pillar passou dez dias convivendo com sem-terras para compor a Luana, a ex boia-fria que se transforma em rainha da gado. O Laboratório foi crucial para a composição da personagem que foi o grande divisor de aguas na carreira da atriz.

        Antônio Fagundes vivia com o Bruno Mezenga sua segunda parceira de sucesso com Benedito Ruy Barbosa, iniciada com o Coronel José Inocêncio de Renascer (1993) e que se repetiu em Terra Nostra (1999), Esperança (2002) ,  a minissérie Mad Maria (2005) e Velho Chico (2016).

        Carlos Vereza protagonizou uma das cenas mais emblemáticas apresentadas pela trama. Seu Senador Caxias discursando emocionado sobre a causa dos sem-terra para um plenário ocupado apenas por três colegas – um cochilando,  outro lendo um jornal e o terceiro ao celular. A cena causou protestos de senadores, que a consideraram uma “Distorção da realidade”. A Cena do velório do senador, assassinado num confronto dos sem-terra,  também marcou muito a novela e teve participações especiais dos senadores Eduardo Suplicy e Benedita da Silva.

        Outra trama que chamou atenção em O Rei do Gado  foi a relação doentia entre Léia e Ralf, vividos pela Silvia Pfeiffer e Oscar Magrini. Ela, esposa de Bruno, se envolve com Ralf e passa a sustentar a boa vida do amante. De olho na fortuna do marido de Léia, ele faz de tudo para que a mulher tire o que puder na separação. Ao ser flagrada com o amante, Léia acaba perdendo alguns direitos no divórcio e passa a ser humilhada e violentada por Ralf que não vê-la mais como um gancho para sua ascensão financeira. A história de violência e coerção  marcou a novela em um trabalho impecável dos dois atores. Era a primeira vez que em uma novela  era tocado com mais força  sobre o tema da violência contra a mulher.

        A Reforma agrária, a vida dos trabalhadores do Movimento dos sem-Terra (MST) e a luta pela posse de terras foram amplamente discutidos na novela e tiveram uma repercussão na mídia e na sociedade em geral jamais vista. Pela primeira o assunto tomava o horário nobre de uma grande emissora, se tornando um momento importante para o Brasil.
        O Rei do Gado foi eleita a melhor novela do ano de 1996  pelo Troféu Imprensa, assim como Raul Cortez o melhor ator. Raul também foi eleito o melhor ator pela APCA; Leonardo Brício, melhor ator coadjuvante;  Walderez de Barros, melhor atriz coadjuvante,  Caco Ciocler, revelação masculina e Tarcísio Meira ganhou um prêmio especial pela primeira fase da trama.

        Emílio Orciollo Neto  e Lavínia Vlasak estrearam na tv na trama de O Rei do Gado.
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        A trilha volume 1 de O Rei do Gado bateu um recorde de vendas que há anos pertencia a trilha internacional de Dancin´Days (1978). O CD/LP vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e teve praticamente todas as suas faixas tocadas nas rádios nos quatro cantos do país.  O Volume 2 também teve uma boa vendagem. Trazia na capa  a dupla sertaneja da trama formada por Pirilampo e Saracura, vividos por  Almir Sater e Sérgio, que cantaram 7 das 12 canções do CD/LP.
        O Rei do Gado foi reprisado duas vezes no Vale a Pena Ver de Novo, e em ambas as exibições foi considerada um sucesso de audiência. Na primeira reprise em 1999, chegou a dar mais pontos que a novela das seis exibida na época, Pecado Capital (1998/1999). Na segunda reprise, em 2015, a trama bateu várias vezes a temporada de Malhação e  seu  último capítulo deu mais audiência que Além do Tempo, novela das seis exibida na época e o Jornal Nacional. A novela foi reprisada também pelo Canal Viva em 2011.

        Outros atores que fizeram um trabalho impecável na trama: Fábio Assumpção (Marcos Mezenga), Jackson Antunes (Regino), AnaBeatriz Nogueira (Jacira), Walderez de Barros (Judite), Mariana Lima (Liliana), Ana Rosa (Maria Rosa), Iara Jamra (Lurdinha) entre outros.

        A Cena que encerrou a novela foi entregue para Antônio Fagundes e Raul Cortez, que na pele do Bruno e Jeremias brindavam, já embriagados de vinho, a união de suas famílias, porém mesmo assim não selavam a paz propriamente dita.
        Sobe um letreiro com o dizeres:
Deus, quando fez o mundo, não deu terra pra ninguém, porque todos os que aqui nascem são seus filhos. Mas só merece a terra aquele que a faz produzir, para si e para os seus semelhantes. O melhor adubo da terra é o suor daqueles que trabalham nela.”
        A Câmera volta para Bruno Mezenga e Jeremias Berdinazzi , em meio ao cafezal, como se os dois estivessem discutindo novamente, deixando no ar a pergunta : “Vai começar tudo de novo?”

        O Rei do Gado foi um grande momento da teledramaturgia no campo da audiência, produção, texto e elenco que estavam numa  total sintonia. Uma trama que mesclou o bucólico com problemas de uma dura realidade  e que fez o público se render aos encantos de mais uma trama rural do mago desse tipo de novela, Benedito Ruy Barbosa.
Ficha Técnica:
Novela do Autor Benedito Ruy Barbosa
Direção Geral: Luiz Fernando Carvalho
Elenco:
ANTÔNIO FAGUNDES – Bruno Mezenga
PATRÍCIA PILLAR – Luana (Marieta)
RAUL CORTEZ – Jeremias Berdinazzi
GLÓRIA PIRES – Rafaela / Marieta
FÁBIO ASSUNÇÃO – Marcos
SÍLVIA PFEIFER – Léa
CARLOS VEREZA – Senador Roberto Caxias
STÊNIO GARCIA – Zé do Araguaia
BETE MENDES – Donana
LAVÍNIA VLASAK – Lia
GUILHERME FONTES – Otávio
OSCAR MAGRINI – Ralph
JACKSON ANTUNES – Regino
ANA BEATRIZ NOGUEIRA – Jacira
ALMIR SATER – Aparício (Pirilampo)
SÉRGIO REIS – Zé Bento (Saracura)
WALDEREZ DE BARROS – Judite
MARIANA LIMA – Liliana
ANA ROSA – Maria Rosa
ARIETHA CORRÊA – Chiquita
EMÍLIO ORCIOLLO NETO – Giuseppe
MARA CARVALHO – Bia
IARA JAMRA – Lurdinha
MARIA HELENA PADER – Júlia
PAULO CORONATO – Dimas
LEILA LOPES – Suzane
LUIZ PARREIRAS – Orestes Couto Maia
LUCIANA VENDRAMINNI – Marita
AMILTON MONTEIRO – Detetive Clóvis
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Delegado Josimar
TADEU DI PIETRO – Delegado Valdir
FRANCISCO CARVALHO – Mauriti
ANTÔNIO POMPEO – Dominguinhos
COSME DOS SANTOS – Formiga
ADHENOR DE SOUZA – Lupércio
primeira fase
TARCÍSIO MEIRA – Giuseppe Berdinazzi
EVA WILMA – Marieta
ANTÔNIO FAGUNDES – Antônio Mezenga
VERA FISCHER – Nena
LEONARDO BRÍCIO – Enrico
LETÍCIA SPILLER – Giovanna
MARCELLO ANTONY – Bruno
CACO CIOCLER – Jeremias
MANOEL BOUCINHAS – Giácomo Guilherme
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Toni Vendacchio
OSMAR DI PIERI – Bepo
YAMAY KENICHE – Tetsuo
MII SAKI – mulher de Tetsuo
SÔNIA TOZZI – Gema (moça que Bruno conheceu na Itália)
ANTÔNIO CASTIGLIONE – Bruno Mezenga (criança, filho de Enrico e Giovanna)
e
ADILSON BARROS – motorista da fazenda de cana
ALTAMIRO MARTINS – tabelião
ARMANDO VALSANI – cantor
ÁTILA IÓRIO – caiçara
BETO BELLINI – jagunço
CARLOS TAKESHI – Olavo (piloto de Bruno Mezenga)
CAROLINA BRADA – sem-terra, do grupo de Regino
CELSO FRATESCHI – motorista
CHICA XAVIER – freira que cuida de Luana
CHICO EXPEDITO – Pedro Chiaramonte
CLARA GARCIA – recenseadora do Censo Agrícola na fazenda do Jeremias
CLÁUDIO CAPARICA – sacristão que avisa o Senador Caxias da ausência do noivo Marcos no seu casamento com Liliana
CLÁUDIO TOVAR – Fernandinho (costureiro do vestido de noiva de Liliana)
CYRIA COENTRO – Maria da Luz
DAN STULBACH – repórter no caso do desaparecimento de Bruno
DAVID Y. POND – líder do grupo extremista japonês
DAVIS OTANE – sem-terra do grupo de Regino
DÉCIO TROTA – tocador de bandolim
EDMILSON CAPELUPPI – violeiro
EMÍLIO FONTANA – delegado
ERALDO RIZZO – representante dos ingleses
FLÁVIO ANTÔNIO – Dr. Castanho
GENÉZIO DE BARROS – líder dos sem-terra
GILLES GWIZDEK – comprador do barco de Léa Mezenga
GISELE SUMMAR – empregada do Senador Caxias
GUILHERMINO DOMICIANO – policial
HÉLIO CÍCERO – Walfrido
HENRIQUE LISBOA – carteiro
IBERTO PEREZ – senador
ILVA NIÑO – Joana
JAIRO MATTOS – Fausto (advogado de Jeremias)
JOSÉ MARINHO – jagunço
JULIANA MONTEIRO – sem-terra do grupo de Regino
JULIO FERNANDO – policial Chico (trabalhava com o delegado Josimar, que investigava a morte de Ralph)
JURANDIR OLIVEIRA – líder dos sem-terra
LIANA DUVAL – Quitéria (empregada do Senador Caxias)
LUCÉLIA MACHIAVELLI – Geni (mulher de Mauriti)
LUÍSA FIORI – Gema
LUÍS DE LIMA – médico
LUIZ BACELLI – oficial
LUIZ CARLOS ROSSI – representante dos ingleses
LUIZ SERRA – fazendeiro
MALU VALLE – apresentadora de TV
MARCELO DECÁRIA – praça
MARCELO GALDINO – Geraldino (cuida do barco de Léa Mezenga)
MARCOS ANTÔNIO LAURO
MARCOS VINÍCIUS GOMES
MARIANA PEREIRA – Rafaela (criança)
MARIA RIBEIRO – prostituta
MERCEDES DE SOUZA – parteira
MILTON GONÇALVES
NELSON BASKERVILLE – repórter
NEUZA BORGES – Marta
NEWTON MORENO – sem-terra do grupo de Regino
NINO VALSANI – cantor
PAULO GOULART – juiz
PEDRO GABRIEL – Uerê (Rafael, filho de Magu e Zé do Araguaia)
POENA VIANNA – sem-terra do grupo de Regino
REGINA DOURADO – Magu (índia com quem Zé do Araguaia tivera um filho, Rafael)
RENATO MASTER – Delegado Bordon
RICARDO HOMUTH – piloto de helicóptero
ROGÉRIO MÁRCICO – Olegário (administrador das fazendas de Jeremias, pai de Otávio)
RONEY VILELA – Genivardo
SÉRGIO MILLETO – Dr. Arnaud
SILVIA ANDRO
SÍRIA BETTI – Inês (mãe de Gema)
TÁCITO ROCHA – promotor
TANAH CORRÊA – juiz
TONINHO FERRAGUTTI – acordeonista
VENERANDO RIBEIRO – delegado no Araguaia
WALD STERN – alemão
ZÉLUIZ PINHO – Jaú (peão velho)
Exibição: 17 de Junho de 1996 à 15 de Fevereiro de 1997
Capítulos: 209
Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa

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