Quando falamos em “Fenômeno da
Teledramaturgia Nacional” em relação a uma trama que se destaca em
audiência e empatia do público como
ocorreu por último agora com Os Dez Mandamentos, a expressão se torna até um
exagero se lembrarmos da novela que dividiu a teledramaturgia em antes e
depois.
Beto Rockfeller,
novela idealizada por Cassiano Gabus
Mendes, e escrita por Bráulio Pedroso,
é considerada a mãe dos modelos das novelas atuais, mostrando um novo padrão de
textos, interpretações e criação de personagens.
A Rede Tupi que concorria na época com as
superproduções da TV Excelsior, viu
sua audiência crescer satisfatoriamente assim que o público começou a se ver em
Beto Rockfeller e nos vários
outros personagens da trama.
Beto Rockfeller abandonou a linha de
atitudes dramáticas artificiais que
marcavam o gênero da telenovela na época, e apresentou uma linguagem
coloquial com diálogos que rompiam os
padrões estabelecidos . Na verdade a
novela não mudou só os diálogos e sim a estrutura das histórias de
teledramaturgia a partir de então.
Mesmo
sendo uma ficção, a novela dava ao público um gosto de realidade,
principalmente pelo fato de alguns assuntos que aconteciam no cotidiano, eram comentados pelos personagens de Beto Rockfeller,
tal qual fazemos com amigos e vizinhos.
Luiz Gustavo foi consagrado
pela crítica e pelo público ao viver Beto Rockfeller, o primeiro protagonista anti-herói
e que fugia dos padrões dos mocinhos extremamente justos perpetuados pelo
gênero. O maniqueísmo da trama passou a fazer parte integrante do perfil do próprio
personagem. Alberto – ou Beto – é um
charmoso representante da classe média-baixa que mora com os pais, Pedro (Jofre
Soares) e Rosa , e a irmã, Neide (Irene Ravache), no bairro de Pinheiros, em
São Paulo, e trabalha como vendedor em uma loja de sapatos na Rua Teodoro
Sampaio. Com sua intuição, perspicácia e malandragem, o vendedor Beto se
transforma em Beto
Rockfeller, primo em terceiro grau de um magnata norte-americano, e
consegue penetrar na alta sociedade, através de sua namorada rica, Lu (Débora
Duarte), filha dos milionários Otávio (Walther Foster) e Maitê (Maria Della Costa). Assim, ele
consegue frequentar as badaladas festas e as rodas da mais alta sociedade
paulistana.
A trama deu chances aos
atores de dar uma interpretação mais crível e moderada aos personagens,
diferentemente das exageradas ao qual estávamos acostumados. O próprio Luiz Gustavo declarou em entrevista,
que fazia questão de dar ao Beto Rockfeller a
interpretação mais simples possível e próxima de personagens da vida real. E
foi exatamente essa simplicidade que tornou explicito o talento de muitos dos
atores da novela que pela primeira vez mostravam sem exageros a perícia de seus
trabalhos.
Sem a obrigação de marcação
de câmeras e ganchos “puxados” finalizando os capítulos, os atores tinha mais liberdade em cena,
pudendo mostrar um trabalho artístico também na Tv.
Beto Rockfeller, apesar de nunca ter
tido sua trilha lançada, também inovou nesse campo. Abandonou os temas
instrumentais e apresentou músicas
nacionais e internacionais de sucesso na época com interpretações de Luiz Melodia, Erasmo Carlos, Bee Gees e The
Beatles entre outros.
Porém o sucesso de Beto Rockfeller teve sua contramão.
O “espichamento” da trama que ficou 13
meses no ar somando 230 capítulos, acabou deixando em exaustão o autor Bráulio Pedroso, que foi substituído por
uma trinca de autores liderada por Eloy
Araújo; o diretor Lima Duarte, foi substituído por Walther Avancini, e alguns atores do elenco tiveram que entrar em
férias fazendo com que seus personagens ganhassem “férias” também na novela. Para fechar esses buracos de personagens que
ficaram , o então diretor Lima Duarte,
chegou a viver cinco personagens em participação especial.
Até o protagonista Luiz Gustavo se afastou da novela,
alegando cansaço, e só voltou a gravar os capítulos finais.
Mesmo esses percalços,
serviram de ensinamentos para as próximas produções, mostrando que as emissoras
precisavam de uma melhor estrutura de bastidores para suas novelas. Felizmente essa barriga de Beto Rockfeller em nada prejudicou o sucesso do conjunto da obra da
novela.
No rastro do sucesso da
novela foram lançados o filme Beto Rockfeller (1970)
e A Volta de
Beto Rockfeller (1973), uma espécie
de continuação da novela, ambos sem muita repercussão.
Beto Rockfeller foi à primeira novela a apresentar tomadas aéreas e
também a primeira a inserir, mesmo que não oficialmente, merchandising. Como Beto bebia muito, sempre
tomava em cena um remédio para ressaca. A empresa Engov
então pagava 3 mil cruzeiros a Luiz Gustavo, cada vez que o personagem mencionava o nome do
remédio em cena.
Outro fato inédito ocorrido
em Beto
Rockfeller foi o encontro de Lu,
personagem da Débora Duarte, com Heloísa, a personagem da Aracy Balabanian, em Antônio Maria,
trama do horário das sete da emissora na época. As duas se esbarravam ao irem
visitar uma cartomante. A cena foi apresentada em ambas as novelas e foi mais
uma inovação apresentada pela trama de Bráulio
Pedroso.
Hoje existem pouquíssima
imagens da trama de Beto Rockfeller. Na época a Rede Tupi, que já entrava em crise financeira, fazia de tudo para
conter despesas e reaproveitava as fitas, regravando capítulos em cima dos já
apresentados. A trama do Bráulio Pedroso
seria uma ótima opção de remake para o horário das onze da Globo. Certamente o público se apaixonaria novamente pelo dúbio
protagonista e os personagens apaixonantes que o cercam.
Este é o último post de
2015 da seção “Novelas Inesquecíveis”
e escolhi falar do clássico Beto Rockfeller para
relembrar a importância dessa trama para as novelas atuais, que mesmo criada
quase por um improviso, depois que Cassiano
Gabus Mendes viu uma cena inusitada em uma boate da qual era dono da época,
nasceu um dos personagens mais aplaudidos e consagrados da história da Tv.
Ficha
Técnica:
Novela do Autor : Bráulio Pedroso
Idealizador : Cassiano Gabus
Mendes
Autores substitutos : Eloy Araújo
, Ilo Bandeira e Guido Junqueira
Direção Geral : Lima Duarte e
Walter Avancini
Elenco:
LUIZ
GUSTAVO – Beto Rockfeller
BETE MENDES – Renata
DÉBORA DUARTE – Lu
ANA ROSA – Cida
PLÍNIO MARCOS – Vitório
IRENE RAVACHE – Neide
WÁLTER FORSTER – Otávio
MARIA DELLA COSTA – Maitê
MARÍLIA PÊRA – Manuela
RODRIGO SANTIAGO – Carlucho
YARA LINS – Clô
JOFRE SOARES – Pedro
ELEONOR BRUNO – Dirce
WALDEREZ DE BARROS – Mercedes
RUY REZENDE – Saldanha
WLADIMIR NIKOLAIEF – Lavito
HELENO PRESTES – Tavinho
PEPITA RODRIGUES – Bárbara
MARILDA PEDROSO – Mila
RENATO CORTE REAL – Bertoldo
ETTY FRASER – Madame Waleska
LIANA DUVAL
ALCEU NUNES – Polidoro
LUÍS AMÉRICO – Tomás
ESTER MELLINGHER – Tânia
GÉSIO AMADEU – Gésio
ZEZÉ MOTTA – Zezé
MARILU MARTINELLI
OTHON BASTOS
JAYME BARCELLOS – Fernando
LOURDES MORAES – Magda
LUÍSA DI FRANCO – Bia
RAFAEL LODUCA – Vicenzo
DALVA DIAS
ROBERTO MIRANDA
MARTHA OVERBECK
DIAS BARRETO – Secundino / Domingos
LIMA DUARTE – Secundino / Domingos / Duarte / Manoel Maria / Conde Wladimir
BETE MENDES – Renata
DÉBORA DUARTE – Lu
ANA ROSA – Cida
PLÍNIO MARCOS – Vitório
IRENE RAVACHE – Neide
WÁLTER FORSTER – Otávio
MARIA DELLA COSTA – Maitê
MARÍLIA PÊRA – Manuela
RODRIGO SANTIAGO – Carlucho
YARA LINS – Clô
JOFRE SOARES – Pedro
ELEONOR BRUNO – Dirce
WALDEREZ DE BARROS – Mercedes
RUY REZENDE – Saldanha
WLADIMIR NIKOLAIEF – Lavito
HELENO PRESTES – Tavinho
PEPITA RODRIGUES – Bárbara
MARILDA PEDROSO – Mila
RENATO CORTE REAL – Bertoldo
ETTY FRASER – Madame Waleska
LIANA DUVAL
ALCEU NUNES – Polidoro
LUÍS AMÉRICO – Tomás
ESTER MELLINGHER – Tânia
GÉSIO AMADEU – Gésio
ZEZÉ MOTTA – Zezé
MARILU MARTINELLI
OTHON BASTOS
JAYME BARCELLOS – Fernando
LOURDES MORAES – Magda
LUÍSA DI FRANCO – Bia
RAFAEL LODUCA – Vicenzo
DALVA DIAS
ROBERTO MIRANDA
MARTHA OVERBECK
DIAS BARRETO – Secundino / Domingos
LIMA DUARTE – Secundino / Domingos / Duarte / Manoel Maria / Conde Wladimir
Exibição: 04 de
Novembro de 1968 à 30 de Novembro de 1969
Capítulos: 230
Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : Wikipédia.com, teledramaturgia.com
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