“O prazer de não ter que se sentar em frente ao computador e ter a
cabeça livre para pensar o que se quiser, é inigualável. Sinceramente, não
conheço nada melhor, nem sexo”
Um dos mais conceituados autores de novelas falando sobre o prazer ao
ver uma obra sua finalizada.
Este
é Silvio de Abreu , que atualmente
assumiu o fórum de novelas da Tv Globo
e é o responsável pelo Departamento de
Teledramaturgia da emissora, e já nos proporcionou viajar com as melhores
tramas de novelas desde a década de 70.
Silvio de Abreu nasceu em São Paulo, em
20 de Dezembro de 1942, se formou em cenografia pela Escola de Artes Dramáticas
de São Paulo, e antes de escrever estreou como ator no teatro na peça Tchin-Tchin , ao lado de Cleyde
Yáconis e Stênio Garcia; no cinema com Vera
Fischer em A
Super Fêmea e em novelas como A Muralha (1968) , Os Estranhos
(1968) e A Próxima Atração (1970).
Sua
estreia como autor de novelas se deu em 1977, na Rede Tupi , dividindo com Rubens
Edwald Filho à adaptação de Éramos Seis, que acabou se tornando um grande
sucesso e credenciando os autores para uma contratação na Rede Globo.
Silvio de Abreu estreou na Globo em
1978 com a trama de Pecado Rasgado. Em 1980, depois de substituir Cassiano Gabus Mendes com muita
eficácia em Plumas
e Paetês, o autor começava imprimir seu estilo em Jogo da Vida (1981), novela que teve um argumento da Janete Clair.
Mas
a consagração do autor veio em 1983, com
a estreia de Guerra
dos Sexos, um fenômeno em forma de novela, que com humor descarado e
comédia pastelão, conquistou o público e consolidou o estilo do Silvio de Abreu.
Seguindo
essa linha o autor ainda nos presenteou com Cambalacho (1986)
e Sassaricando (1987) também marcadas pelo sucesso.
O
autor iniciou os anos 90 promovido.
Deixou o horário das sete, que lhe consagrara, e estreou em horário nobre com Rainha da Sucata,
novela protagonizada por Regina Duarte.
A Trama teve alguns percalços iniciais, com certeza devido a inexperiência do
autor no horário, que resolveu fazer rir num horário que não tinha essa
tradição. Detectado o problema, o autor sabiamente mudou o foco da trama e
transformou Rainha
da Sucata em folhetim recheado de
dramas e foi aclamado novamente pela crítica e pelo público.
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Ainda
na década de 90, Silvio de Abreu
escreveu a minissérie Boca do Lixo, a novela Deus nos Acuda (1992), voltando ao horário das sete, e em 1994 reescreveu novamente com Rubens Edwald Filho uma nova adaptação
de Éramos Seis,
para o SBT.
Em
1995, o autor volta ao horário nobre com a trama de A Próxima Vítima, uma novela
policial onde o telespectador além de descobrir quem era o serial killer , tinha que adivinhar que
seria a próxima vítima. A novela se tornou sucesso imediato e é um das mais
lembradas do autor no horário.
Seguindo
o mesmo estilo policial, em 1998 o autor escreveu Torre de Babel, uma das novelas que
mais chocou o público. Esse choque inicial fez com que o autor tivesse que
adaptar à trama e cortar alguns “excessos”.
Em
2001, o autor voltou às tramas de comédia rasgadas que lhe consagrou no horário
das sete e apresentou As Filhas da Mãe. Infelizmente a trama ficou
marcada apenas pelo seu luxuoso elenco encabeçado por Fernanda Montenegro. Os atores já estavam pré-escalados e ganharam os personagens levando em
consideração as características pessoais de cada um.
Em
2005, o autor voltou ao horário nobre novamente e nos apresentou Belíssima,
outra trama com um mote policial, e que com personagens inesquecíveis marcou o ano.
Cinco
anos depois o autor continuou no horário nobre com a trama de Passione (2010) , novamente falando sobre segredos de família
e assassinatos.
Em
2012, o remake de Guerra dos Sexos, reescrito pelo autor, foi a novela das sete mais aguardada do ano,
devido a referência anterior, onde se apostou novamente no sucesso que seria.
Ledo engano! O Remake ficou muito abaixo
do esperado e não chegou nem perto do sucesso que foi a original.
Um dos pontos mais fracos apontados pela imprensa foi o fato do texto
que tinha como mote principal a luta entre o homem e a mulher pelo poder, nos
dias de hoje pareceu datado, depois de tantas conquistas em pé de igualdade dos
dois sexos. Vale ressaltar que o autor ficou em dúvidas sobre que novela
reescreveria. Cambalacho também
estava no páreo e foi preterida por Guerra
dos Sexos.
O
Fato é que em seu conjunto da obra ,
Silvio de Abreu é um dos nomes
mais importantes na autoria de novelas brasileiras. Seja em suas tramas de comédia pastelão, em
sua primeira fase, passando pelas tramas policiais com influência do cinema
americano, ou nos temas fortes e sociais que tocou como a violência, uso de drogas e homossexualidade entre outros. O
autor nos presenteou com tramas que fizeram rir, se emocionar e repensar atitudes.
No
posto de diretor de departamento de teledramaturgia da Globo, foi sua a ideia de voltar ao horário nobre uma trama rural,
trocando a ordem de apresentação do horário, que já estava programada a
primeira novela da Maria Adelaide Amaral.
Silvio de Abreu apostou todas as fichas na próxima trama do
autor Benedito Ruy Barbosa, Velho Chico,
que vai contar uma história de amor à
beira do Rio São Francisco. A mudança
foi acertada depois do fraco desempenho de A Regra do Jogo, que foi sucessora de Babilônia (2015), e ambas
não agradaram o público do horário. Com
o retorno de Benedito ao horário, Silvio e a Globo apostam menos na realidade e mais no clima bucólico.
Uma
pena é que a frente do departamento, Sílvio de Abreu declarou que não pretende
mais escrever novelas, o que será uma pena. Já sinto-me órfão das tramas do
autor, e finalizo o post com um pedido
de #VoltaàsNovelasSilviodeAbreu !!
Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : teledramaturgia.com ,
memóriaglobo.com
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