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Enquete e10blog - Melhores do Ano

Novelas Inesquecíveis – Bravo! (1975)


        Há exatos 41 anos estreava a primeira e única novela da autora Janete Clair no horário das sete. Bravo! protagonizada por Carlos Alberto, foi uma  espécie de revitalização dos horários de novelas da Globo. Dias Gomes fora “rebaixado” para o horário das dez com Roque Santeiro (1975) e Janete Clair que tinha suas tramas melodramáticas sempre apresentadas no horário nobre veio para o horário das sete.
        A Autora acabou nunca se conformando com esse dito “rebaixamento”  mais mesmo assim fez de Bravo um dos grandes sucessos do horário das sete, e declarou em entrevistas que mesmo com toda essa aura em torno da novela, gostou de escrevê-la principalmente pelo fato dela ter a música como pano de fundo.
        Como por uma obra do destino, Janete Clair foi vingada pela própria censura que tantas vezes podou e prejudicou suas tramas. Roque Santeiro, a primeira versão de 1975 foi vetada pela censura poucas horas antes de ir ao ar, assim a Globo precisava de uma sinopse escrita às pressas para substituir a novela. Janete escreveu Bravo até o capítulo 106 deixando a trama nas mãos do Gilberto Braga, e apresentou a trama de Pecado Capital (1975)  um dos seus maiores sucessos em substituição a  trama vetada.  Voltou em grande estilo ao horário que lhe consagrara, e nunca mais foi “rebaixada”.

        Bravo contou a história do maestro Clovis do Lourenzo (Carlos Alberto) que para os outros era  um gênio da música. Para si mesmo, ele é um fracasso, pois não consegue compor uma obra-prima musical à altura de seu talento. Até agora só conseguiu escrever quatro peças sofríveis que serviram apenas para deixá-lo mais frustrado. O sucesso continua, promovido pela televisão, que transmite seus concertos. Mas o maestro não suporta mais a contradição em que vive.
        Temperamental como devem ser os gênios, intolerante com as pessoas e insatisfeito consigo mesmo, Di Lorenzo andava casado das bajulações da popularidade, que atribuía mais à influência de sua rica família do que ao próprio talento. Até que Clóvis conhece Cristina (Aracy Balabanian), moça pobre que viera do interior para trabalhar numa editora. Ingênua e desinformada, ela o toma por um escritor fracassado e, por piedade, começa a relacionar-se com ele. O maestro, que pela primeira vez não é tratado como gênio, apaixona-se por Cristina e, apesar do susto da moça ao conhecer sua verdadeira identidade, acaba casando com ela. Mas ele tem ainda que lidar com os problemas da filha, a jovem Lia (Bete Mendes), que não aceita a união do pai com Cristina.

        Carlos Alberto estava longe das novelas há 2 anos e declarou em entrevistas que o seu conhecimento em músicas clássicas deve ter pesado na sua escolha para viver o protagonista. O Ator ensaiou as marcações de maestro  com Júlio Medaglia, e em nenhuma das cenas de concertos foi preciso de dublê.


        Aracy Balabanian que viveu a protagonista feminina da trama e par romântico de Clóvis, chegou a ser agredida em um aeroporto por fãs do Maestro que não aceitavam o fato da personagem não perdoar a mentira de Clóvis.
        Neuza Amaral, que vivia Fabiana,  a irmã de Clóvis, sofria uma cirurgia de operação plástica na vida real. As cenas da operação da atriz, feitas pelo cirurgião Paulo Barbosa, foram usadas na trama como se Fabiana, a personagem,  também  tivesse feito a cirurgia.
        Os concertos do Maestro Clóvis di Lourenzo eram sempre um espetáculo à parte principalmente nos bastidores. Ao longo da novela além dos gravados no Theatro Municipal do Rio, várias capitais do Brasil receberam os concertos gravados para apresentação na trama. No último capítulo, Carlos Alberto na pele do maestro rege a Orquestra Armorial em um concerto no Recife. Uma multidão se aglomerou para as gravações e incrivelmente  ficaram em silêncio  quando o diretor gritou : Gravando!.

        A trilha sonora de Bravo tinha como responsável o Maestro Júlio Medaglia, e surpreendeu em vendagens quando a Globo lançou a trilha internacional com as músicas clássicas eruditas apresentadas na trama. Foram mais 200 mil exemplares do LP, algo inimaginável para época.  Anos depois a Globo continuou lançando compilações de músicas clássicas intituladas de Bravo, mas nada tinha a ver com a novela.

        Janete Clair havia preparado um final trágico para o maestro Clóvis, que seria seguido por Gilberto Braga. Mas a empatia do personagem junto ao público fez com que a Globo intervisse, e o personagem teve uma final feliz, clássico dos finais das novelas das sete.
        A autora contou a história de amor dos protagonistas como um concerto que se dividia em 5 partes conforme a sinfonia criada pelo maestro: Romanza, Adágio, Allegro, Fuga e Gran Finale.  A mudança de um movimento para o outro se fazia com o aparecimento de uma partitura na tela.

        Bravo! Foi idealizada para divulgar a música clássica erudita em um horário popular. A ideia foi abraçada de uma maneira tão  fácil que até a própria emissora se surpreendeu. O público se apegou de tal forma a história de amor  do Maestro em forma de sintonia e  se encantou com trilha que embalava essa história.
        Mesmo sendo lembrada como uma novela que a Janete não queria escrever, Bravo também entrou para o hall das grandes novelas da autora , que conseguiu dosar seu melodrama clássico do horário nobre mostrando uma leve história de amor no horário das sete regada a música clássica.

Ficha Técnica:
Novela da autora Janete Clair
Colaboração do Gilberto Braga
Direção Geral : Fábio Sabag e Reynaldo Boury
Elenco:
CARLOS ALBERTO – Clóvis di Lorenzo
ARACY BALABANIAN – Cristina Lemos
NEUZA AMARAL – Fabiana
BETE MENDES – Lia
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Edu Ribas
ARLETE SALLES – Myrian Serpa
GRANDE OTHELO – Malaquias
CLÁUDIO CAVALCANTI – Maurício
ÍTALO ROSSI – Paes Duarte
LUÍS DE LIMA – Nelson Bávaro
MARCELO PICCHI – Rick
REYNALDO GONZAGA – Jorge
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Rudy
DAISY LÚCIDI – Lolô 
BIBI VOGEL – Alice
BRANDÃO FILHO – Santiago
ANTÔNIO PATIÑO – Salgado
HELOÍSA HELENA – Eugênia
TEREZA CRISTINA ARNAULD – Sheyla
JORGE CHAIA – Guido di Lorenzo
LÍCIA MAGNA – Marta di Lorenzo
LUPE GIGLIOTTE – Dalva
ROBERTO MAYA – Dr. Sérgio
RODOLFO SICILIANO – Orlando
MONIQUE LAFOND – Betinha
SUZY ARRUDA – Lady Mildred / Beth Bochecha
JOYCE DE OLIVEIRA – Alcinda
FERNANDO JOSÉ – Josué
e
ABEL PÊRA – Frederico Vieira
ACELINO BOEIRO – Guilherme
ADA CHASELIOV – Ida
APOLO CORRÊA – Detetive Paquito
ARNALDO HAUEN – Lourival
CAUÊ FILHO – tio de Cristina
DURVAL PEREIRA – maestro aposentado, amigo de Clóvis
ÉLCIO FERNANDES – Detetive Sampaio
ELISA FERNANDES – Ângela
FRANKLYN DIAS – advogado da família di Lorenzo
GEYR MACEDO SOARES – Henry
HUGO SANDRES – Frederico Vieira Jr.
ILKA SOARES – Selma (amiga pianista de Clóvis)
IRMA ALVAREZ – Suzy
JOTA BARROSO – Vitório
LUIZ FELIPE – Tiquinho
MAGNUS MEDEIROS – Wálter
MARALISI TARTARINI – Nina
MARIA DA GLÓRIA – Jandira
MARIA TERESA BARROSO – Isaura
MARY DANIEL – Noêmia
MAYSA como ela mesma
NORMA BLUM – Elvira (musicista cadeirante)
PEPA RUIZ – Dona Maria da Penha
SAMIR DE MONTEMOR – Abud
SÉRGIO FONTA – Carlinhos
VALENTINA DE GODOY – Cora
YARA CÔRTES – Dona Celina

Exibição: 16 de Junho de 1975 à 31 de Janeiro de 1976
Capítulos: 198



Fonte :
Texto : Evaldiano de Sousa

Pesquisa : teledramaturgia.com.br, memóriaglobo.com 

Comentários

  1. Está aí uma novela que eu gostaria de aaaassisde novo simplesmente linda.
    Porque vocês nao fazem o reprise da novela O Bravo

    ResponderExcluir
  2. Qual o nome/autor daquela Ave Maria que ele rege no final? Não a encontro na trilha sonora da novela. Obrigada.

    ResponderExcluir

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