Que as
novelas desde os seus primórdios sempre
lançaram moda, isso é fato. Mas além do
penteado da Solange de Vale Tudo (1988),
os turbantes da Viúva Porcina de Roque Santeiro (1985) ou o estilo indiano de Caminho das Índias (2009), as novelas também foram responsáveis pelo
surgimento , divulgação ou revitalização
de ritmos musicais que marcaram
sua época.
No
post de hoje vou relembrar alguns desses ritmos através das aberturas das novelas:
Bravo (1975)
Bravo , trama da autora Janete Clair com colaboração de Gilberto Braga, levou aos telespectadores o universo da música erudita através da
história do maestro vivido na novela pelo saudoso ator Carlos Alberto. O LP da
trilha que trazia as músicas eruditas vendeu inacreditáveis 200 mil cópias , o
que surpreendeu os executivos da Som
Livre. Anos depois outros volumes de LP´s com músicas clássicas intitulados
de “Bravo!” foram lançados. A
Coletânea não tinha mais nada a ver com a trama.
Dancin´Days (1978)
A
Elite urbana carioca e a brasileira se renderam
a discoteca quando Dancin´Days, do autor Gilberto Braga invadiu o horário nobre. O Autor em entrevistas para
o site memória globo comenta que pensava que escrevia uma novela que falava
sobre a luta de duas irmãs por uma filha, mas na verdade ele mesmo descobriu
que escrevia a história da era disco no Brasil e da mulher que usava uma meia de lurex. Alusão a inesquecível cena do
retorno de Julia Mattos, a personagem da Sônia Braga vestida de top, calça de cetim e as meias que viravam febre nacional
tal qual a discoteca da trama. O ritmo da Disco Music bombava no exterior e o
diretor Daniel Filho sugeriu a
Gilberto que incluísse o ritmo como pano de fundo da trama. Não deu outra. A
trama é um dos maiores sucesso da teledramaturgia nacional e o ritmo da
discoteca não poderia nos
ter sido apresentados da melhor
maneira possível.
Kananga do Japão (1989)
O
Samba de gafieira era um dos principais personagens da trama de Kananga do Japão, do autor Wilson
Aguiar Filho. A novela mostrava um painel carioca dos anos 30, tendo como
um dos seus principais cenários o Grêmio Recreativo Kananga do Japão, uma casa de shows noturna famosa por suas
rodas de samba de gafieira. A Abertura
que foi coreografa por Carlinhos de
Jesus, trazia um casal dando um show de samba de gafieira tendo como pano
de fundo vários dos mais importantes acontecimentos na história daquela década
de 30.
Rainha da Sucata (1990)
A
Lambada nasceu no início da década de 80 no norte do pais e mesclava carimbó e
a guitarrada. Foi influenciada também por ritmos como a cúmbia e o merengue. O Kaoma foi um dos principais
representantes do ritmo no Brasil e se imortalizou com o hit “Chorando se foi” , mas sem sombra de
dúvidas a Lambada só se transformou em fenômeno nacional depois que o Magal gravou “Me Chama que Eu Vou” para a abrir a trama de Rainha da Sucata, do autor Sílvio de Abreu, no ar em 1990. A
música chegou aos quatro cantos do país, revitalizou a carreira do Sidney Magal e transformou a Lambada em
ritmo obrigatório em todas as rodas de festas do país.
Explode Coração (1995)
A
novela Explode
Coração, da autora Glória
Perez, no ar em 1995, trouxe para a nossa tela os costumes, figurinos,
dança e o ritmo cigano de volta com
força total.
Salsa e Merengue (1996)
Miguel Falabella estreou como autor de
novelas em Salsa
e Merengue, novela que tinha como pano de fundo esses dois ritmos
calientes. A Abertura nos remetia a um show de Salsa embalado pela música
“Maria” do Rick Martin, regravada com a inserção de uma nova estrofe especialmente para a abertura da
novela. A Salsa é uma mescla dos ritmos mambo, chá-chá-chá e rumba cubana. O
ritmo surgiu depois que a Banda La
Sonora Mantaceira saiu de Cuba fugindo da
revolução e se instalou no
México. Na década de 40 sofreu influência do merengue da Republica Dominicana.
Kubanacan (2003)
A
confusa trama de Kubanacan, escrito pelo Carlos Lombardi, trouxe de volta as paradas
clássicas músicas latinas. Tanto a trilha nacional como a internacional foi
recheada de sucessos em regravações como
“Canavalera” , “Quizás, Quizás, Quizás”, “Mambo
nr. 5”, “The Loog Of Love
(Cassino Royale)” entre outros.
Caminho das Índias (2009)
Em
2009 o Brasil se rendeu ao ritmo indiano assim que Caminho das Índias, novela da autora Glória Perez entrou no ar. A
Dança chegou até entrar como um dos ritmos da Dança dos Famosos , quadro de competição do programa Domingão do Faustão, tamanho o
sucesso popular que o ritmo se
transformou. A Globo lançou um CD da
trilha só com músicas indianas que teve vendagem tão boa quanto o Nacional,
Internacional e de ritmo de samba lançados. Músicas como “Beedi” o tema de abertura, “Chori Chori Se”, “Nagada Nagada” e “Karja Re”
invadiram as rádios do Brasil.
Cheias de Charme (2012)
O
Tecnobrega chegou com tudo vindo direto
do Pará depois que a novela Cheias de Charme, dos autores Felipe Miguez e Isabel de Oliveira estreou na tela da Globo. Até então considerado um ritmo
típico representado por nomes como a Banda
Calypso e Gabi Amarantos, se
transformou em sucesso absoluto nas casas de shows depois que a Chayanne,
personagem da Cláudia Abreu na
novela, virou estrela nacional junto com
as Empreguetes. O ritmo não só serviu de
pano de fundo musical para a trama como
também inspirou figurinos e cenários,
trazendo o tecnobrega para dentro das nossas casas.
Avenida Brasil (2012)
Dança
original da Angola, O Kuduro foi amplamente divulgado e virou sucesso em países
que falam a língua portuguesa. No Brasil, o ritmo se transformou em sucesso depois que João Emanuel Carneiro escolheu a música
“Vem Dançar com Tudo” que
originalmente se chamava “Vem Dançar
Kuduro” para tema de abertura da
trama. A Canção cantada no ritmo Kuduro na voz de Robson Moura feat Lino Krizz
se transformou em sucesso nos quatro cantos do país e o “Oi Oi Oi” marca registrada da novela que se transformou em
fenômeno.
Fonte:
Texto : Evaldiano de Sousa
Pesquisa : memoriaglobo.com.br ,
teledramaturgia.com.br
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