Com uma trama simples sem novidades e texto quase infantil, Pega-Pega acabou
se transformando em um fenômeno de audiência ultrapassando o recorde de Cheias de Charme (2012) há cinco anos.
Acho que o grande trunfo da trama foi
mesmo seu elenco, que transformou alguns
personagens na alma da novela com um crescimento dramaturgo e grande empatia
junto ao público. O Caso de Maria Pia e Malagueta, personagens da Mariana Santos e Marcelo Serrado, e
Sandra Helena e Aguinaldo, da Nanda
Costa e do João Baldasserini.
Mesmo sem um casal de protagonistas que
funcionasse, Eric e Luiza, os
personagens do Mateus Solano e Camila
Queiroz, que desde o primeiro capítulo deixaram nítida a
falta de química entre eles, e eu particularmente sempre vejo os trejeitos do
Félix (Personagem do Mateus em Amor à Vida) nos personagens do Mateus Solano, e assim não consegui engolir ele como galã. A Camila Queiroz sozinha até a funcionou, sua personagem foi se
transformando no decorrer da trama e de princesinha do Carioca Palace termina a
trama como grande empresária do ramo hoteleiro,
mostrando um amadurecimento em
seu terceiro trabalho na tv.
A
falta dessa empatia com o casal
principal, fez o público se apegar aos outros personagens e eleito os casais acima já citados como os melhores da novela.
Mariana
Santos como a Maria Pia foi a grande revelação da trama. Em seu primeiro
personagens em novelas, depois do sucesso em humorísticos, a atriz foi perita
em dosar as vilanias num tom cômico agradável e sem exageros que transformaram
a personagem na estrela da novela.
A Sandra Helena foi a grande personagem
da Nanda Costa pós-Marena de Salve Jorge.
Muito criticada em sua primeira
protagonista na trama de Glória Perez, a atriz ainda não tinha conseguido emplacar uma personagem com destaque e empatia junto ao público até
então. A Sandra Helena sambou na cara da sociedade e deu outro status a atriz
que mesclou com maestria a sensualidade e comicidade da linda de bonita que
abalou os alicerces do Carioca Palace.
Outros destaques do elenco: Irene Ravache como Sabine; Marcelo Serrado como Malagueta; Marcos Veras como Domênico; Marcos Caruso como Pedrinho; Valentina Herssage como a Bebeth; Nicette Bruno e Cristina Pereira também
brilharam e transformaram Elza e
Prazeres nas tias mais queridas do Brasil; Vanessa Giácomo como Antônia e Guilherme
Weber com o afetado Douglas.
Alguns Percalços da novela: Além da
falta de química do casal principal; o fato de segurar dos grandes atores
fazendo figuração para o desenrolar de uma história na reta final também foi
injusto e talvez um dos deslizes da trama. ÂngelaVieira e Reginaldo Faria, como Ligia e Athayde terminam preso na reta
final. Ela pela morte da Mirela, esposa do Eric e ele por ter manipulado as
provas e julgamento para esconder a culpa da mulher. Tiveram um final apoteótico
para compensar a figuração de luxo que fizeram a trama inteira. A prisão do
Athayde ainda deu uma alfinetada nas regalias dos presos importantes nas
prisões, com o flagra do banquete do personagem em sua cela neste último
capítulo.
Sem levantar bandeiras com polêmicas
alarmantes, a autora foi muito inteligente ao tratar da identidade de gênero
através do núcleo das drag queens capturando a atenção da população para uma
parcela que ainda sofre com muita
discriminação. Neste núcleo destaque para Gabriel
Sanches que deu vida a Rúbia/Flávio com maestria mostrando todo o glamour e
dramas ligados ao entrecho. Mesmo dosado no humor, o núcleo durante a trama,
deu muita tapa com luva de pelica na cara da sociedade. Cláudia Souto ainda
fechou o assunto com chave de ouro criando um surpreendente casal gay no final formado
por Douglas (Guilherme Weber) e Delegado Siqueira (Marcelo Escorell).
E como o crime não compensa ... com um
final coerente todos os ladrões do Carioca Palace foram condenados, assim como
Sabine (Irene Ravache) pelo rapto do Dom (David Júnior) e Ligia (Ângela Vieira) e Athayde (Reginaldo
Faria) pela morte da Mirela.
Pega Pega foi uma
novela de tramas e entrechos fracos, sem
ganchos ou sobressaltos, mas Claudia
Souto criou personagens tão interessantes, interpretados de maneira tão crível e visceral, que
compensaram, e fizeram a trama valer a
pena.
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Fonte:
Texto:
Evaldiano de Sousa
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