Segundo Sol em seu
conjunto da obra vai terminar como uma trama que ficou devendo em certos pontos, mas alguns atores fizeram da trama um palco, e com
o rico texto do João Emanuel Carneiro, imortalizaram seus personagens com uma interpretação e caracterização crível dentro do contexto
baiano da trama e do roteiro algumas vezes complexo.
Um misto de atores já consagrados e outros com
menos bagagem, que souberam ou tiveram a
chance de brilhar tanto quanto o sol
dentro da trama.
João Emanuel Carneiro que já nos presenteou com personagens
inesquecíveis como a Preta e a Bárbara, Tais Araújo e Giovanna Antonelli em Da Cor do Pecado (2004); a Flora, da Patrícia Pillar em A Favorita (2008);
a Carminha, Adriana Esteves de Avenida Brasil (2012) entre outros, com Segundo Sol apresenta
mais um leque de grandes personagens com
perfis bem delineados e que ficarão sem
dúvidas marcados na nossa memória e na teledramaturgia nacional.
Laureta / Adriana Esteves
Logo
que começaram as primeiras chamadas de Segundo Sol com a Laureta, a grande vilã vivida
pela Adriana Esteves, foi
inevitável começar as comparações com a
Carminha, personagem que a atriz imortalizou na trama de Avenida Brasil, também do João
Emanuel Carneiro. Seria dessa vez finalmente que Adriana conseguiria viver
uma personagem tão boa quanto? Felizmente todas as expectativas sobre a Laureta se concretizaram. Adriana Esteves brilhou e embora com características pontuais que lembram a
Carminha, a Laureta ganhou vida própria
e em nenhum momento perdeu o fôlego dentro da trama. Suas frases de
efeito ganharam o Brasil, as dobradinhas em cenas inesquecíveis com Karola
(Déborah Secco), Remmy (Vladimir Brichta) e Ícaro (Chay Suede) entre outros
motivos fizeram da personagem a
grande estrela de Segundo Sol.
Karola / Déborah Secco
Déborah
Secco foi muito criticada inicialmente
pelo perfil da Karola , que muitas vezes
destoava do clima baiano da história, muito fake
entre os outros personagens. Nunca percebi isso na interpretação da Déborah dada à personagem,
Karola seguia a linha da moça pobre deslumbrada com dinheiro e seu
visual gritava isso. Mas independente disso, a Karola foi uma das personagens
mais niveladas de Segundo Sol e construída de uma forma ímpar até culminar no surto que a personagem teve
na reta final chegando ao ápice de se mutilar cortando os próprios cabelos. Foi uma
sequência emblemática, totalmente dentro do contexto e que, se alguém ainda
tinha alguma dúvida, provou a grande profissional e atriz que é Déborah Secco com essa já
inesquecível Karola.
Rosa / Letícia
Colin
Com
certeza a Rosa é o divisor de águas na
carreira da Letícia Colin, mostrando
o amadurecimento profissional da atriz que desde seus primeiros papéis
mostrava o grande talento nato para interpretar. Depois do fenômeno que foi a
Leopoldina de Novo Mundo (2017), a Rosa tomou o público de assalto e logo em suas
primeiras cenas se tornou a grande
estrela de Segundo
Sol, inclusive com isso percebido até pelo próprio autor, que a
certa altura da novela deu uma desacelerada na Rosa com o intuito de fazer a
protagonista Luzia conseguir pelo menos um holofote. Foi inútil! A Rosa já
tinha ocupado o posto e ninguém a tiraria de lá. A personagem dúbia, brincou e rolou na trama,
com entrechos que o público rejeitou, mas nem por isso a abandonou. Letícia Colin deu a grandes cenas de Segundo Sol um toque que só ela
conseguiria, uma credibilidade com um misto de entrega sanguínea que poucas
atrizes adquirem no decorrer da carreira. Cenas como a sua expulsão de casa,
pelo pai agressor; seus embates com a Laureta (Adriana Esteves) e a da revelação do grande segredo que ela
escondeu para conseguir ganhos financeiros (a identidade da mãe do Valentin),
foram alguns do momentos cruciais de Segundo Sol e que a
atriz engrandeceu com seu talento.
Remy / Vladimir Brichta
O Remy
do Vladimir Brichta foi aquele
personagem que de tão bom e bem feito conquistou o público e um lugar até o fim
da trama. Desde as primeira cenas de Segundo Sol já se
sabia que o Remy morreria por volta do capítulo 80 e não voltaria à trama, porém o carisma e o trabalho
impecável do Vladimir acabaram transformando o mau-caráter em um dos mais
queridos pelo público e uma peça chave para o desenrolar dos acontecimentos. O
Remy até morreu, mas ganhou uma sobre
vida e novos entrechos com o falso
assassinato. Numa trama recheada de
ótimos vilões e personagens dúbios marcantes, é um grande feito do ator sobre o
texto do Jec conseguir marcar de uma forma tão sólida o sucesso e empatia do
Remy.
Ícaro – Chay
Suede
Chay Suede é capixaba, mas depois do Ícaro de Segundo Sol muita gente ficou em
dúvidas sobre o fato do ator não ser realmente da Bahia, devido a tamanha transformação e credibilidade que o ator
empregou ao viver o marrento baiano Ícaro. Os detalhes do personagem ,
figurino, trejeitos, impostação de voz no Baianês da trama tudo com uma perfeição que mostra todo o empenho e entrega do ator ao imortaliza-lo. A Química com Letícia Colin foi imediata e embora a
imprensa aponte que os dois não terão o final feliz , até aqui o casal oficial
de Segundo Sol foi Rosa e Ícaro.
Roberval / Fabrício Boliveira
Depois
de muita repercussão pela falta de atores negros em núcleos principais de uma
trama centrada na Bahia, Fabrício
Boliveira , independente da raça, foi um
dos astros da trama na pele do Roberval. Embora o personagem tivesse muitos altos e baixos com a história da vingança contra os Athayde que
passou boa parte da trama rodando em círculos, o ator brilhou em grandes momentos da trama
dividindo cenas fortes e pertinentes com a Fabíula
Nascimento (Cacau), Caco Ciocler
(Edgar), Claudia di Moura (Zefa) e Odilon Wagner (Severo).
Edgar / Caco Ciocler
E por
falar na família Athayde de Segundo Sol,
esse núcleo teve a maioria dos destaques com personagens loucos ou
insanos e que foram se transformando ou adaptando-se aos acontecimentos até se
encontrarem como família dentro da história. O Edgar, do Caco
Ciocler, de um parasita na primeira
fase da novela chegou à figura do homem que deixava de ser uma marionete nas mãos do pai para ser uma pessoa
com vontade própria. E no caso do
Ciocler vale destacar ainda a composição física do ator para encarnar o
personagem, que também foi uma transformação. Ele vinha de um personagem com um
perfil maios largado em Novo Mundo (2017) e teve que se adaptar para compor o charme
que o personagem quarentão precisava ter. O Caco Ciocler vive
praticamente um ou mais
personagens por ano, mas sem dúvidas o Edgar será um dos inesquecíveis em seu
currículo.
Zefa / Claudia
di Moura
Cláudia di Moura é uma das revelações
de Segundo Sol na pele da doce e sofredora Zefa – apesar de mais de
30 anos de carreira dedicados ao teatro.
Sua personagem na trama mostrou que a
atriz já deveria ter migrado à muito tempo. Sua propriedade ao dar vida a
simplória porém importante Zefa foi um dos pontos altos e enriquecedores do
núcleo dos Athayde, embora sempre submissa,
o público sabia que ela era o
ponto de equilíbrio da família e foi ao seu ápice quando a Zefa tomou as rédeas
da casa com o tão aguardado tapa no
Severo (Odilon Wagner), representando o basta nas humilhações e submissões que
ela engoliu por anos. Espero que a Globo
não cometa o grande erro de deixar a Cláudia di Moura voltar para o teatro
tão cedo.
Severo / Odilon
Wagner
Sem
dúvidas o Severo é o melhor personagem da Odilon
Wagner desde Por Amor (1997), trama onde ele
viveu Rafael, um homem que se descobria bissexual na reta final da novela. É
mais um personagem rico e austero como a maioria que o Odilon viveu, porém com
muito mais peso e importância dentro de uma trama e diretamente ligado aos
acontecimentos. O Severo representou dentro de Segundo Sol a corrupção e o elo de destruição de
uma família, sempre humilhando os
filhos, a neta, a mãe dos filhos, enfim um personagem execrável que só um ator
do talento e imponência do Odilon
Wagner tinha os requisitos para viver.
Cacau / Fabíula Nascimento
Centro
da disputa entre os irmãos Edgar (Caco Ciocler) e Roberval (Fabrício
Boliveira), Cacau, a personagem da Fabíula Nascimento, foi uma coadjuvante quase sem peso na
primeira fase de Segundo Sol, mas ganhou luz própria na segunda e se tornou uma
das grandes personagens da trama. Movida
pela culpa por ter abandonado a sobrinha Manu (Luisa Arraes) ainda criança ou
por ter abandonado Roberval no passado
por causa de Edgar, seu patrão na época. Mesmo assim, foi uma personagem solar cheia de vida e outra
caracterização de uma nata baiana (Fabíula nasceu em Curitiba). Fabíula que tem
um histórico de grandes coadjuvantes que crescem muito em cena, desde que
estreou em A Favorita, faz da Cacau mais uma para essa lista.
Menção
Honrosa para: Maria LuísaMendonça (Karen), Giovanna
Lancellotti (Rochelle), Armando
Babaiof (Ionan), Roberto Bonfim
(Agenor), Kelzy Ecard (Nice), Luis Lobianco (Clovis), Thalita Carauta (Gorete) e Davi Queiroz (Badu).
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Fonte:
Texto: Evaldiano de Sousa
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