Humor e situações engraçadas sempre
marcaram o horário das setes – autores como Silvio de Abreu e CassianoGabus Mendes perpetuaram essas
características no horário com o humor
pastelão de luxo de tramas como Guerra dos Sexos (1983),
Cambalacho (1986) e Sassaricando (1987),
do Silvio; e humor inteligente e
sofisticado de Ti Ti Ti (1985)
, Brega e Chique (1987) e Que Rei Sou Eu? (1989)
do Cassiano, mas é muito importante
saber diferenciar humor inteligente e
sarcástico de um estilo infantilóide com
situações cômicas fracas até para as tramas infantis do SBT.
Salve-se quem Puder, a nova trama das sete, do
autor Daniel Ortiz, que está prestes
a completar um mês no ar, segue esse caminho perigoso – flertando com humor,
mas de forma tão infantil que já está cansando.
Na semana passada duas cenas
protagonizadas por Vitória Strada
foram a gota d´agua, e me fizeram ver que a novela precisa urgentemente esquecer
essa veia cômica perigosa e crescer, se transformando em uma trama de humor
sim, porém adulta.
Kira ou Cleide, a personagem da atriz,
ficou aos prantos ao descobrir que havia esmagado os ovos da galinha, preocupado em ter virado
uma serial killer assassina de pintinhos e, o que foi aquele show circense da personagem
escorregando e caindo na armadilha dos filhos do Alan (Thiago Fragoso), uma
literal luta no sabão , geleia ou sei lá o que. Engraçado claro que foi, mas
para uma novela das sete global, é um
nível ainda muito baixo. Aliás dentro desse histórico de humor de Salve-se Quem Puder,
apesar de todos os núcleos ainda estarem neste clima – como a Alexia (DéborahSecco) e Zezinho (João Baldasserini), Alexia e Renatinha (Juliana Alves), entre outros, a personagem mais over e acima
do tom nesse quesito ainda é a Vitória
Strada. Em um mês de trama, a personagem já deveria ter entrado no tom, a
não ser que a ideia do autor seja a mesma dos autores de Verão 90, que mesmo com a enxurrada
de críticas à suas protagonistas Lidiane e Manuzita, as personagens da Claudia Raia e Isabelle Drumond, entrou
na brincadeira e o tom alto acabou sendo
o grande charme delas.
A Vitória
Strada vem de um histórico de mocinhas românticas, suas duas personagens
anteriores, e a Kira seria um divisor de águas para mostrar novas facetas do
seu talento, mas no nível que está, a Kira é mais uma personagem do Zorra do
que de uma novela das sete.
É muito importante que Salve-se Quem Puder esqueça essa obrigação de ser cômica e mescle essa comicidade com seus entrechos mais densos – Como a relação
mãe e filha entre Luna (Juliana Paiva) e
Helena (Flávia Alessandra) e o romance da Luna com Téo (Felipe Simas), que já
vimos, mesmo em pouquíssima cenas, que a
química do casal é gritante.
O Humor no horário das sete é sempre
bem-vindo, mas somado a coerência é crucial para o bom desenvolvimento de uma
trama.
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Fonte:
Texto : Evaldiano de
Sousa
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