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Enquete e10blog - Melhores do Ano

10 Flop´s do horário da Oito da Globo que o e10blog quer ver na Globoplay



        Em quase 70 anos da teledramaturgia  nacional  temos centenas de títulos que marcaram o gênero, considerados  marcos e clássicos das telenovelas que nunca serão esquecidas,  e sempre que lembradas e / ou reprisadas é sucesso absoluto.

        O e10blog é fã incondicional das novelas,   independente da sua repercussão, sucesso e /ou audiência, confesso até que as tramas consideradas “flop´s” , que dificilmente foram reprisadas, e se foram  apenas uma vez  e certamente não serão mais, são o xodó do blog.

Agora com o projeto de resgate do acervo da Globo , com uma trama antiga sendo disponibilizada a cada 15 dias  na plataforma de streaming do Canal, a esperança de rever clássicos considerados “flop´s” reacendeu, e neste post vou lista 10 títulos considerados assim do horário das 8,  que eu espero que Globoplay disponibilize logo, logo.

 

1 – Espelho Mágico (1977)



        Em 1977 , Lauro César Muniz, sempre um inovador, escreveu para o horário  global das 20 horas Espelho Mágico, a novela que mostrava os bastidores do mundo artístico em todos os seus níveis. Usando de uma metalinguagem, a novela acabou ficando incompreendida pelo grande público, que misturava os personagens da trama com os personagens de “Coquetel de Amor” novela que era gravada dentro de Espelho Mágico.

        A Novela  foi uma inovação para época. Em 1977 pouquíssimas revistas cobriam o mundo da tv e seus bastidores, e os telespectadores já tinham a curiosidade pela vida real dos personagens da TV. A intenção da trama era quebrar aquela lenda de que os astros da tv são pessoas inalcançáveis , e que na verdade são de carne e osso assim como todo mundo. A Novela primava pela particularidade de cada ator que participava de “Coquetel de Amor” , frisando suas famílias , relacionamento e os problemas do dia-a-dia.

        Vários dos atores escalados para a trama , concederam depoimentos verídicos para serem exibidos  no decorrer da novela. Muitos desses depoimentos o autor Lauro César usou pra criar a trama do respectivo personagem do ator. Assim, Glória Menezes e Tarcísio Meira viveram  realmente um famoso casal de atores na novela como na vida real. Essa narrativa dos bastidores da TV,  logo desagradou ao público culminando em uma baixa audiência. O autor então abandonou a proposta inicial dando enfoque aos problemas particulares dos “atores” .  Nesta fase brilhou Lídia Brondi, intérprete da Beatriz principal responsável pela crise do casal da teledramaturgia brasileira. Isso dentro da novela , claro.

        A novela teve uma elenco estrelar que ia desde Tarcísio Meira e Glória Menezes,  Juca de Oliveira e Yoná MagalhãesLima Duarte e Daniel Filho , Mauro Mendonça e Pepita Rodrigues à Carlos Eduardo Dolabella e Sônia Braga.  A Novela foi a primeira de Tony Ramos e Vera Fischer na Globo.

 

        Nelson Caruso, Jorge Botelho, Maria Lucia Dahl , a diva do teatro Bibi Voguel e a estrela pornô Sylvia Kristel fizeram participações especiais vivendo eles mesmos.

 

2 – Os Gigantes (1979)



         Os Gigantes – trama do autor Lauro César Muniz,  protagonizada por Dina SfatTarcísio Meira e Francisco Cuoco,   trazia a  eutanásia   pela primeira vez abordada em uma novela como entrecho folhetinesco, levando o público  ao questionamento e discussão sob o ponto de vista científico ético e religioso. A novela começou falando de doença, dor, hospital, tensão, passou por aborto, brigas familiares processos e  culminou com o suicídio da protagonista. Nada mais desinteressante e baixo astral para uma trama.

        Assim Os Gigantes foi  taxada de depressiva e acabou se tornando um fardo para o autor, diretores e a própria Globo. Lauro César foi levado à exaustão e não terminou a trama,  foi demitido antes do seu término, e  contratado pela Tv BandeirantesDina Sfat foi a imprensa manifestar publicamente seu descontentamento com a destino da personagem, e enfim, a atrama foi finalizada por um autor desconhecido, totalmente diferente da sinopse original.

 

 

3 – Coração Alado (1980)



        Coração Alado, do Gilberto Braga ,      apresentou a primeira cena de estupro da teledramaturgia nacional. Vívian, a protagonista vivida por Vera Fischer, era estuprada pelo cunhado Leandro, personagem do Ney Latorraca.  A Cena apesar de ter  sido considerada um marco, também sofreu rejeição por parte do público e literalmente  “apagada”  da história da trama e da teledramaturgia da Globo.

  O outro ponto polêmico da trama  foi a suposta masturbação  de Karany, a protagonista vivida pela  Débora Duarte. A autora pedia no texto uma  cena forte  e assim Karany era mostrada em cima de uma cadeira com closes no rosto quase em êxtase da Débora. Em seguida ,  close nos pés da personagem em movimentos circulares. A Cena foi exibida no capítulo do dia 24 de Fevereiro de 1981 , depois da exibição sumiram o script e fita da gravação da cena.

        O grande destaque do elenco foi Aracy Balabanian, na pele da sofrida Maria Faz Favor  e Jardel Filho, que fazia seu algoz o Barão de Von Strauss. Inclusive o ator Jardel Filho foi o ganhador do Troféu Imprensa de melhor ator de 1981.

        O Primeiro capítulo de Coração Alado mostrou a encenação da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém em Pernambuco. Com mais de 400 atores e 1200 figurantes a encenação foi montada especialmente naquela época para as gravações da novela.

 

4 – Sol de Verão (1982)



         Sol de Verão , novela do autor Manoel Carlos de 1982  e uma das poucas sem a personagem Helena como a protagonista.

        A Trama de Sol de Verão sugeria uma novela alegre e colorida tal qual sua abertura, apresentando corpos femininos suados ao som de “Tô que Tô” da cantora Simone, com todas as cores do verão da época.

        Mas ao contrário , Sol de Verão teve  uma trama densa, que mexia com os padrões morais.  A telenovela relata o dilema de Rachel (Irene Ravache) , uma mulher que acaba de sair de um casamento infeliz com Virgílio (Cécil Thiré) . Rumo ao Rio de Janeiro, ao lado da mãe e da filha, ela acaba por se envolver com Heitor (Jardel Filho), um mecânico boêmio e bonachão que nunca havia vivido um compromisso sério. Paralelo a isso, está o surdo-mudo Abel (Tony Ramos) , que, em busca de sua mãe, emprega-se na oficina de Heitor.

        O Conservador público das  20h não viu com bons olhos a protagonista Raquel, uma mulher que resolve abandonar um casamento de anos em busca da felicidade, ou seja colocando a frente da comodidade de um vida construída o único intuito de ser feliz. Algo normal nos dias de hoje, mas há  quase  quarenta  anos  chocou.

        Sol de Verão acabou chamando mais  atenção  fora da trama,  por causa da  morte precoce de Jardel Filho que vivia o protagonista Heitor,  por volta do capítulo 120. O ator morreu de ataque cardíaco em 19 de Fevereiro de 1983. A Morte do ator desestabilizou toda a produção, direção   e elenco da trama. O Autor Manoel Carlos que era muito amigo de Jardel Filho , não teve mais condições de continuar escrevendo Sol de Verão, e a Globo até pensou em cancelar a novela, termina-la sem um desfecho, mas uma pesquisa de opinião junto ao público apurou que eles queriam que a trama tivesse um desfecho , até mesmo em homenagem a Jardel Filho. Assim Lauro César Muniz e Gianfrancesco Guarnieri (que fazia parte do elenco) foram chamados para finaliza-la.  Assim  foram escritos mais 17 capítulos  terminando  a trama com 137.

        Em Sol de Verão vale destacar o sensível trabalho de Tony Ramos , que deu vida ao surdo-mudo Abel.  O Ator foi elogiadíssimo pela magistral interpretação do personagem, que além da deficiência ainda vivia um dilema , descobrir quem era sua verdadeira mãe. Inesquecível  nos capítulos finais a cena em que a Abel  e Sofia (Yara Amaral) finalmente descobrem  que  são mãe e filho , e caem no choro de emoção.

       

5 -Champagne (1983)



        “Um clima de festa no ar. Um brinde para você na nova novela das oito”

        Com esse slogan  Globo anunciava sua nova novela das oito e marcava com Champagne a estreia do autor Cassiano Gabus Mendes no horário nobre.  A Ideia da emissora era ressuscitar o horário das dez, assim escalou Janete Clair, que subiu do horário das oito para o das dez com Eu Prometo; e Cassiano Gabus Mendes consagrado com suas comédias românticas no horário das sete,  foi promovido para o horário das oito.

        Infelizmente Champagne ficou muito abaixo da audiência esperada, e em fevereiro de 1984, quando a Globo perdeu a transmissão do Carnaval Carioca para Rede Manchete foi a gota d´agua. A Novela teve seu pior índice. A Globo nunca mais deixou de transmitir o carnaval.

        Mas o que faltou a Champagne? Será que o Cassiano Gabus Mendes não estava preparado ou não tinha o perfil para escrever para um horário tão cruel? Consagrado com vários sucessos do horário das sete, Cassiano apresentou um leque de situações em Champagne e um emaranhado de personagens que acabaram se perdendo dentro da trama. O autor podou a comédia romântica que lhe consagrara, certamente por achar que o horário não cabia.  

 

 

6 – Louco Amor (1983)



        O Próprio Gilberto Braga definia a trama como um trabalho sem qualquer proposta diferente. Terá sido por isso que Louco Amor é uma das menos citadas novelas entre os sucessos do autor?

       Louco Amor foi escrita às pressas com a missão de substituir  Sol de Verão (1982) que foi encurtada por causa da morte precoce do ator Jardel Filho.

        Sem nenhum exagero, posso dizer que Louco Amor foi carregada nas costas por Tereza Rachel. A Atriz que viveu a grande vilã da trama foi impecável na sua caracterização de Renata Dumont.  

        Na trama vale destacar também a belíssima atuação de Glória Pires como Cláudia. A química entre ela e Fábio Jr foi tão grande que depois que os personagens se encontraram em cena ,  o público passou a torcer por Luis Carlos e Cláudia, ao invés de Patrícia, o verdadeiro par romântico  dele na trama.  No final ,  os dois terminam juntos e Patrícia se mostra uma mulher de caráter duvidoso a procura de homem rico para casar-se.

O Casal formado por José Lewgoy e Lady Francisco foram responsáveis por bons momentos na novela. Ele um velho esclerosado e ela uma ingênua manicure,   fizeram o maior sucesso , principalmente Edgar,  quando proferia a frase que virou seu bordão : “E, eu não sei, Gonçalo?”, dito ao seu mordomo, vivido pelo saudoso Clementino  Kéle.

Gilberto Braga mais uma vez apresentou uma trama sofisticada expondo os conflitos e dramas dos relacionamentos entre pessoas de classes sociais diferentes. O Autor propunha um pensamento: O Amor resiste a diferenças sociais tão gritantes ? Em Louco Amor essas diferenças venceram o amor entre Luis Carlos  e Patrícia, que  não terminaram juntos.

 

7 – Partido Alto (1984)



 Partido Alto, primeira  novela do autor,  em dupla com   Glória Perez, tinha com uma das tramas a história de Jussara, personagem da Betty Faria que  era apaixonada por samba. No final da novela,  Jussara sai como destaque principal da escola fictícia da trama.

O Samba e o  breakdance até se misturaram na trama, porém juntar Aguinaldo Silva e Glória Perez não foi um boa ideia.

Confusa atração assinada pela dupla – ele estreando como novelista. A novela pecava pelo excesso de tramas e pela precariedade de suas soluções. A falta de sintonia entre os autores ficou evidente. A dupla se desfez e Glória conduziu o texto até o final. Porém, a falta de critério inicial se projetou até o fim. Só mesmo a Globo com sua produção impecável evitou que a novela se tornasse intolerável.

 

8 - Corpo a Corpo (1984)



         Um suposto pacto com o diabo  foi o mote principal e a trama que mais chamou atenção dentro da novela Corpo a Corpo, do  Gilberto Braga.

        Débora Duarte  no auge da sua beleza e ascensão de carreira viveu uma de suas melhores personagens em Corpo a Corpo à protagonista Eloá, e Flávio Galvão, que interpretou o Raul, o suposto “Diabo” sem dúvidas fez um dos seus poucos papéis marcantes na tv. A Química entre eles deu o tom certo a cada cena.

               

        Zezé Motta e Marcos Paulo viveram na trama os personagens Sônia e Claudio. Ela, uma mulher negra de classe média e ele,   o herdeiro dos Fraga Dantas. No decorrer da trama eles se apaixonaram e o romance inter-racial  causou polêmica e não foi bem visto nem pelo grande público. Dentro da novela a pressão familiar fez com  que Sônia terminasse com Cláudio, mas como numa obra do destino, o sangue de Sônia é usado em transfusão para salvar a vida de Alfredo Fraga Dantas (Hugo Carvana), o homem  que lhe hostilizara.

                Corpo a Corpo  teve ótimos  personagens e entrechos criados pelo autor, todos  muito bem costurados ao suposto pacto com o diabo, que despertou a   curiosidade  tanto quanto um “quem matou?”.    

  

9 – Mandala (1987)



        Em 1987, Dias Gomes apresentou no horário nobre global  e em plena a ainda vigente Censura Federal, a trama da novela Mandala, que transpassava para os dias atuais o Mito de Édipo, tendo como ponto de partida  a tragédia grega Édipo Rei de Sófocles.

        A Trama muito ousada para época, tratava de temas como paranormalidade, incesto, uso de drogas, bissexualidade, política  e jogos ilegais. Mandala era nitroglicerina pura, a Censura claro interferiu diretamente na trama , e Dia Gomes teve que atenuar vários temas antes mesmo da estreia, e conseguiu a duras penas pôr  a trama no ar. 

        Porém a censura voltou a intervir quando Édipo e Jocasta, personagens do Felipe Camargo e Vera Fischer, iriam se beijar pela primeira vez. A Censura considerava a cena um desrespeito ao telespectador pelos personagens serem mãe e filho. A Globo e Dias Gomes alegaram que ambos não sabiam da condição de mãe e filho,  e que  no entanto o incesto apenas pelo beijo não ficaria exposto. A Censura aceitou e liberou a cena, mas com a certeza de  não haver apelo sensual ou sexual envolvendo os apaixonados.  E Assim foi Édigo e Jocasta nunca concretizaram seu amor na novela.

          A Primeira fase da novela  foi muito elogiada pela crítica e também perseguida pela censura. O Forte apelo político  foi cortado pelo censores   e o autor teve que fazer vários ajustes. Giullia Gam estreou na novela  vivendo a Jocasta desta primeira fase , já mostrando um talento promissor. Nesta mesma fase Gianfrancesco Guarnieri viveu o personagem Tulio Silveira, pai de Jocasta, que era um dramaturgo comunista que enfrentava problemas  com a polícia e o governo. O personagem  foi inspirado no  saudoso ator e dramaturgo Mário Lago.

        Mesmo com a trama confusa depois da transposição para os dias atuais, o elenco de Mandala foi um dos melhores já reunidos por Dias Gomes, e segurou o texto do autor com unhas e dentes.

 

10 – O Outro (1987)



        Um dia entre os meus muitos twitter´s diários ao mencionar uma personagem vivida por Malu Mader  na novela O Outro, a inesquecível Glorinha da Abolição, um dos primeiros grandes papeis da atriz, fui surpreendido com uma resposta que dizia, que O Outro era a novela que até  a Globo fazia questão de esquecer. Obviamente isso me instigou  -  A  trama se desenrola entre os diferentes mundos de dois homens idênticos fisicamente.

        O empresário milionário Paulo Della Santa   e o  negociante Denizard de Mattos, ambos vividos pelo Francisco Cuoco.

Aguinaldo Silva foi acusado de que O Outro seria uma releitura de Vidas Cruzadas, trama que Ivani Ribeiro escreveu para a Excelsior em 1965. Mais o próprio autor declarou que não estava escrevendo um título original, e que havia se inspirado em obras como  Kagemusha de Akira KurosawaO Duplo de Dostoievski,  O Segundo Rosto de Frankenheimer  , e   O Terceiro Homem de Carol Reed.   A Casa de Criação Janete Clair, uma espécie de escola de autores criada na década de 80 também acusou o autor de plágio, alegando ter uma sinopse de uma novela indêntica a de O Outro só esperando aprovação.  Talvez tantas acusações de plágio seja o motivo da Globo tentar  deixar a trama esquecida dentro da história da teledramaturgia.

A Novela pode até não ter sido um grande sucesso do horário nobre, e nem ser  uma das pérolas escritas pelo Aguinaldo Silva, mas O Outro teve seus encantos, e o esquecimento certamente não lhe é merecido.

 

Veja Também:

10 fLOPS DO hORÁRIO DAS SETE QUE QUEREMOS VER NA gLOBOPLAY 


10 Flop´s do horário da seis que o e10blog quer ver na Globopolay 


Fonte:

Texto : Evaldiano de Sousa

Pesquisa : www.memoriaglobo.com.br www.wikipedica.com.br

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